quarta-feira, 30 de abril de 2014

Comunismo Troncho



Comunismo Troncho

            A palavra troncho quer dizer torto, fora do prumo, desajeitado. Recentemente, tivemos a oportunidade de assistir a um programa de debate entre o dirigente “comunista” do PCdoB, Aldo Rebelo e diversos jornalistas, no programa “Roda Viva”. Não vimos, em nenhum momento, esse senhor referir-se às classes e camadas sociais que compõem esse país chamado Brasil.
            Fica claro que, para esse dirigente, “comunista”, existe apenas uma categoria política: país. Dessa forma, abstrai, vergonhosamente, o fato de existirem, como já dissemos, classe sociais com interesses antagônicos, no seio desta festejada nação. Aliás, a burguesia sempre recorre a essa abstração. Diz ela: o país está crescendo, o país está ganhando, o país está perdendo e assim por diante, quando deviam dizer que é o capitalismo que está crescendo, está ganhando ou está perdendo. Isso é uma forma clássica de esconder a verdade que existe por trás dessa colocação patriótica.
            Ora, é bom deixar claro, e bem claro, que existe uma intimidade simbiótica entre pátria e patrão. Devia ficar claro, que a chamada “pátria amada idolatrada” é a pátria deles, dos negócios deles, dos ganhos deles. Entretanto, ao invés dessa revelação quanto ao fato de que cada país, no capitalismo, é formado por classes e camadas sociais diferentes, o que existe é um sistemático engodo, uma sistemática enganação, uma densa cortina de fumaça. Seria tarefa dos comunistas e socialistas dizer para o povo o verdadeiro sentido de pátria e comungando com a afirmação de Karl Marx e Friedrich Engels dizer, peremptoriamente: “O proletariado não tem pátria”. Ao invés disso, temos organizações que se reclamam socialistas e até comunistas, mas se prestam a massificar as tagarelices burguesas e esconder a realidade.
            O PCdoB, do sr. Aldo Rebelo, que antes era apenas um partido social-patriota, transformou-se em partido fisiológico que se alimenta nas tetas do Estado capitalista e rejeita qualquer postura anticapitalista. Esses senhores deram-se ao trabalho de se transformar em especialistas em esportes e reclamar, em nível federal, estadual e municipal, em que se dêem vitórias das coligações de “esquerda", sua participação nas secretarias voltadas para essa atividade.
            Isso é muito estranho, ou seria a atividade esportiva um novo caminho para o socialismo? Isso não nos parece verdadeiro, pois tudo se reduz a interesses menores como seja o de tirar proveitos em benefício de seus restritos interesses partidários. Trata-se, pois, de um “comunismo” totalmente troncho e o seu caráter oportunista deve ser veementemente denunciado para que o povo trabalhador não seja enganado de forma tão vil.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Ser de esquerda não é...



Ser de esquerda não é...

            ... comprar ou vender gato por lebre. Não é cultivar mentiras, fantasias e fraudes. Não é ser cúmplice das atrocidades cometidas, ontem e hoje, em nome do socialismo ou do comunismo. Não é esquecer os princípios revolucionários para substituí-los por dogmas despidos de todo e qualquer fundamento. Não é se julgar pertencente ao “povo eleito de Deus” e considerar os demais como infiéis, portanto, dignos de serem abatidos. Não é acreditar que a forma sobrepõe-se ao conteúdo; ou seja, acreditar no rótulo sem atentar para a substância. Não é apoiar-se em dúzia e meia de chavões e em dúzia e meia de xingamentos e desaforos. Não é assumir o nacionalismo em detrimento do internacionalismo.
            O que será, então, ser realmente de esquerda? Em primeiro lugar, é ser explicitamente anticapitalista, sem nenhuma meia palavra, sem nenhuma tergiversação. É considerar que a contradição maior do capitalismo reside na dicotomia capital versus trabalho. É ter claro o caráter de classe do Estado e não confundir governo com poder. É se colocar na condição de militante que possa levar a cabo um trabalho de persuasão, de convencimento, respeitando o atraso e a confusão política que a ideologia burguesa impõe ao nosso povo. É reconhecer a impossibilidade de humanização do capitalismo e reconhecer, também, da impossibilidade de se chegar à transformação social através do caminho gradualista. É ter clareza de que revolução é muito mais do que uma simples luta armada. Ela é, antes de tudo, transformação, mudança qualitativa e radical. É não compactuar com as mentiras e embustes que passaram a constituir a cultura de uma pretensa esquerda, de um pretenso socialismo. É reconhecer que o pior inimigo é o falso amigo e que, portanto, uma esquerda que não passa de uma direita travestida, é o inimigo que merece o nosso combate.
            Assim como não é biólogo aquele que diz sou biólogo; assim como não é um químico aquele que diz sou um químico, pois não se trata, nos dois exemplos, de profissões de fé, da mesma forma não é, necessariamente marxista, aquele que diz sou marxista, quando toda a sua construção teórica, todos os seus valores políticos, repousam no equívoco ou na negação pura e simples dos princípios revolucionários.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

“O petróleo é nosso”



“O petróleo é nosso”

As terras da pátria são do patrão; as fábricas da pátria são do patrão; as minas da pátria são do patrão; os bancos da pátria são do patrão; o grande comércio da pátria é do patrão. Isso nos leva a concluir que a pátria é, antes de tudo, do patrão. Mas, espertamente, os patrões, no caso, a burguesia, semeia a ideia de que “o Brasil é um país de todos”; diz, descaradamente, que o Banco do Brasil é do Antônio, do Pedro, da Maria... Em outras palavras, é do interesse da burguesia que tenhamos o sentimento patriótico, pois esse sentimento serve muito bem aos interesses deles e, para isso, não deixam de cantar que “nosso céu tem mais estrelas, nossas várzeas têm mais flores, nossos bosques têm mais vida, nossa vida mais amores”.
Uma das lorotas dessa infame campanha patriótica veio à luz através da luta em torno do “Petróleo é Nosso”, quando, na verdade, todas as riquezas estão em mãos da burguesia. Por ingenuidade e desinformação, o povo despossuído acreditou na veracidade dessa campanha. Mas, quem levou a sério, e muito a sério, a ideia de que o petróleo é “nosso” foi o PT, que, durante sua gestão, permitiu o definhamento da Petrobrás e o exercício de atos considerados ilícitos. Em função disso tramita, no Congresso, a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar os fatos e o PT se movimenta para desfigurar a investigação, incluindo os escândalos relacionados aos governos de São Paulo e de Pernambuco, criando o seguinte clima: Caso vocês queiram pôr a nu as nossas falcatruas, nos empenharemos em desnudar vossas maracutaias.
Por si só, essa conduta merece nossa rejeição, pois calcada na chantagem que possibilite a impunidade para ambas as partes, quer dizer, para os petistas e os tucanos; ou melhor, para os petralhas e os tucanalhas.
Lembramos o fato de que o PT, quando se lançou como um Partido dos Trabalhadores, se propunha em ser uma agremiação diferente; porém, ao invés de defender os interesses históricos da classe laborial, cultiva uma estreita intimidade com políticos da estirpe de Michel Temer, José Sarney, Jader Barbalho, Renan Calheiros, Regis Jucá, Paulo Maluf, Collor de Melo e outras figurinhas carimbadas do fisiologismo.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Ao Michael Bocádio



Ao Michael Bocádio

Camarada Michael,
                                                   
Fiquei sensibilizado com a sua declaração de que precisamos preservar um espaço aberto e, sobretudo democrático, onde as diferenças possam vir à luz sem que haja a excludência e as ofensas desrespeitosas.
Nos meus 55 anos de militância socialista não tive a oportunidade de encontrar a chamada “democracia proletária”. Regra geral, revistas, jornais e outras mídias dos mais diversos grupos “marxistas-leninistas” e “marxistas-leninistas-trotskistas” têm uma postura de exclusão. Nada publicam que contrarie o discurso oficial e único do agrupamento.
Recentemente, fui vítima de um ato de exclusão por parte do jornal eletrônico “Correio da Cidadania”. Após ter publicado um artigo sob o título: “Aos trotskistas”, a direção do referido jornal foi pressionada para que eu não dispusesse mais daquele espaço tão importante. Essa atitude de excludência, essa atitude antidemocrática é de natureza stalinista, ou seja, é uma atitude que conserva fidelidade às resoluções do X Congresso do PC Russo, de 1921, aprovadas sob o patrocínio de Vladimir Lenin e Leon Trotsky, e que tinha a pretensão de ser temporária.
O monolitismo apoiado no discurso único, no partido único, na imprensa única, tomou formas bastante agudas com a plena consolidação do stalinismo em suas diversas roupagens, inclusive o stalinismo trotskista. E, quando vejo você, camarada Michael, clamar pelo livre debate, isso me traz alegria e espero que essa postura ganhe espaço e a democracia proletária passe a existir de fato.
Temos uma lista quase infinda de questões a serem respondidas, com a máxima urgência e seriedade, e isso só pode ser feito através do livre debate, respeitoso e sem preconceitos.
Diante de nós, socialistas revolucionários, existe o dever de responder aos seguintes questionamentos: Como se explica a sobrevivência do sistema capitalista, completamente exaurido e despido de qualquer proposta de esperança? Será justo imputar essa indevida sobrevivência à competência política do inimigo sem nos reportarmos à incompetência dos que sempre ostentaram o título de “marxistas-leninistas” ou “marxistas-leninistas-trotskistas”? Não é de bom alvitre parar de atribuir ao inimigo às razões dos nossos inúmeros insucessos? Não é oportuno deixar claro que o papel do inimigo é ser inimigo e que eles não mandam flores?
Além dessas, meu caro Bocádio, se seguem outras tantas interrogações que merecem a atenção de nossa parte e a coragem de cortar, na própria carne, para que a verdade histórica possa ser desvelada e as lendas, mentiras e fraudes sejam expurgadas do nosso pensar e do nosso fazer.


Fortaleza, 24 de abril de 2014.


Gilvan Rocha
Presidente do CAEP -
                          Centro de Atividades e Estudos Políticos

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Alternância no Poder?



Alternância no Poder?

                                                                                    
            A burguesia domina o mundo através de mentiras políticas. Dentre elas, está essa lorota de que, na democracia burguesa, existe alternância de poder. Já dissemos que o poder não é rotativo, o que é rotativo são os governos. Esses governos representam propostas de políticas econômicas. Enquanto isso, o poder representa a própria natureza da economia o que, no nosso caso, é a economia capitalista.
            Uma pergunta torna-se pertinente: onde estão os cientistas políticos, daqui e dali, que não denunciam essa grotesca fraude, que confunde governo com poder? Onde estão os “marxistas-leninistas” que não protestam contra esse embuste da cavilosa burguesia?
            Temos dito que as tão veneradas universidades, no capitalista, têm dois objetivos precípuos. O primeiro deles é formar técnicos e cientistas que deverão prestar seus serviços ao sistema. Lembremos que o bombardeio atômico de Hiroshima e Nagasaki, não teria sido possível, não fosse o empenho e a eficácia de técnicos e cientistas, provindos das academias e bem remunerados. O segundo objetivo das universidades é formar ideólogos para bem servirem às classes ora dominantes, defendendo conceitualmente, a ordem estabelecida.
            A burguesia, repetimos, ampara-se no império da mentira. Algumas delas têm raízes milenares. Outras são mais modernas. Existem aquelas produzidas pela grande Revolução Francesa que, ainda hoje, povoam a cabeça dos chamados políticos progressistas e de seus inúmeros bacharéis, mestres, doutores e pós-doutores. Dessas mentiras modernas destaca-se uma pérola, o famoso “Estado de Direito”. Ora, no capitalismo, o Estado é o guardião da ordem socioeconômica vigente e, assim sendo, não passa de um Estado de direita, conservador.
            O estado burguês apresenta-se de duas formas: o estado de exceção, chamado de ditadura, e o Estado de Direito, dito democrático e isso é, do ponto de vista da sua essência, um falso conceito e ele faz a cabeça da maioria dos intelectuais, inclusive os ditos “marxistas-leninistas” e “marxistas-leninistas-trotskistas”.