sexta-feira, 30 de abril de 2010

Dela não nos livramos!

Grande parte da população Crê que está distante da política. Não percebe, essa maioria, que a política está presente na vida de todos nós. A casa que nós moramos tem tudo a ver com a política habitacional. A feira que nós fazemos tem tudo a ver com a política salarial ou a política de emprego e renda. A nossa integridade física tem a ver com a política de segurança. A comida que consumimos tem a ver com a política de abastecimentos e preços. E assim vai. A política está presente em nossas vidas a todo o momento e, por sua vez, ninguém vive sem um discurso político na ponta da língua.
Senão vejamos: perguntemos a um simples trabalhador rural por que existe a fome e ele fará, com certeza um discurso político dizendo: “acontece que o povo não quer mais trabalhar e daí existir a fome nesse meio de mundo”. Isso é uma legítima falação política, embora as pessoas não percebam. Continuando na nossa pesquisa, abordemos uma senhora e perguntemos: por que existe tanta violência? E ela de pronto irá responder: “A falta de Deus em nosso coração”. Ao professor, que se pretende politizado, perguntemos qual é a causa de nossas mazelas sociais e ele dirá:” tudo é culpa do imperialismo ianque, que rouba nossas riquezas e nos mantém como um país semicolonial”.
E assim, podemos concluir que todos, desde o mais simples trabalhador ao brilhante letrado, tem o seu discurso, pois ele é inevitável. Resta saber se somos ou não portadores de um discurso correto ou se patinamos em cima de equívocos. Nas falas a que nos referimos, existem sim, os mais contundentes equívocos. Cabe-nos, pois, construir um discurso que realmente corresponda à verdade política. Somente assim é que poderemos nos libertar dessa situação de atropelos e inseguranças. Um projeto político correto teria de sair da compreensão de que vivemos no sistema capitalista e ele está completamente exaurido, incapaz de resolver qualquer uma das mazelas sociais que nos afligem. Partindo daí, haveremos de formular o discurso da verdade, o discurso anticapitalista.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Frente e Verso

Aproximam-se as eleições. Para Presidente tentam nos impingir uma polarização tipo José Serra e Dilma Rousseff. Trata-se de frente e verso de uma mesma moeda. Dilma e Serra não extrapolaram os limites de uma política de administração do capitalismo. Nem sequer existe divergência que possa ser levada em consideração. É direita contra direita, na acepção rigorosa da política. Os segmentos mais conscientes devem repudiar essa tentativa de nos impor uma escolha que nada mais é do que permanecer no âmbito da ordem vigente.
Algumas pessoas em repudio a essa grotesca e esperta artimanha tem optado pela candidatura de Marina da Silva. È claro que, no que concerne a questão ambiental, há diferenças consideráveis entre as duas candidaturas citadas e a candidatura postulada pelo Partido Verde. Mas é bom deixar bem claro que o preservacionismo que Marina propugna dar-se-ia, tão somente, no âmbito do capitalismo. Ela seria então uma candidata representando uma proposta, cujo eixo é o impraticável desenvolvimento sustentável, que se adequaria perfeitamente a ordem econômica e social vigente.
Dentre as candidaturas postas, eis que surge a candidatura de Plínio de Arruda Sampaio. Trata-se de uma candidatura que tem um perfil qualitativamente diferente. Plínio de Arruda, tem uma posição explicitamente anticapitalista, ou seja, ele defende a tese de que as mazelas sociais, inclusive as agressões ao meio ambiente não poderão ser resolvidas no âmbito dessa mesma ordem assegurada pelos outros candidatos citados.
Plínio, como nós, compreende que o governo Lula pratica uma política populista, cujo resultado final é administrar, com certa habilidade, a pobreza e a miséria e assim, evitar tensões sociais para melhor garantir os vultosos lucros à grande burguesia. É claro, que não é isso o que devemos querer. Nosso propósito caminha no sentido da plena emancipação dos despossuídos do jugo capitalista e pela construção de uma sociedade, que administrada sob o signo dos interesses da humanidade haverá de nos assegurar justiça e paz.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Sono Tranqüilo

A depender dessa esquerda convencional da qual fazem parte o PT, o PC do B e similares, a burguesia pode dormir o seu sono tranqüilo. Primeiro ela não é explicitamente anticapitalista, nem na teoria e muito menos na prática. Na melhor das hipóteses diríamos que essa esquerda convencional é de caráter evolucionário.
Acreditam a maioria e fingi acreditar os vivaldinos, que delas se locupletam que de “vitoria em vitoria” alcançaram o grande objetivo de termos uma sociedade sem a exploração do homem pelo homem e que respeito a natureza.
Ora, tem-se fartamente demonstrado que o socialismo evolucionário nos leva a sucessivos desastres, pois é sabido que a burguesia quando dá com uma mão tira muito mais com a outra e que não poderemos conquistar uma sociedade igualitária sem que haja rupturas. Comecemos por lembrar que a serviço da desigualdade existe o poder de Estado que é um conjunto de instituições e aparatos que servem para a manutenção chamada ordem capitalista. Temos dito e repetido, que governo é apenas governo e que o poder é coisa bem distinta. Conquistar governos, não significa conquistar o poder. E quando acontece dos governos conflitarem com o poder, estes depõem o governo, o põem fora. A história é rica de exemplos. A começar pelo governo do senhor João Goulart, no Brasil; o governo do Salvador Allende, no Chile; o governo de Sukarno, na Indonésia; de Juan Torres, na Bolívia e por aí seguem os exemplos contundentes que essa própria esquerda evolucionária, na sua credulidade ou no seu oportunismo preferem calar.
Enquanto isso, a pretensa esquerda revolucionaria, praticamente se abstém de fazer uma campanha eficaz para impopulariza realmente o capitalismo. Esquece que o povo é a única força capaz derrotar esse sistema e que, para tanto, é necessário que ele, o povo, tenha consciência do seu real inimigo. Tivemos o exemplo do PSTU, por anos a fio agitou a bandeira do “Fora ALCA e o FMI”, que o governo Lula tratou de esvaziar completamente, deixando esse partido, presumidamente revolucionário, sem nenhum discurso.

terça-feira, 20 de abril de 2010

A fórmula da trapaça

O Partido dos Trabalhadores, quando surgiu, dizia que seria um partido diferente. Aliás, o seu único propósito explícito era o de ser diferente, sem dizer, contudo, em que consistiria essa tal diferença. Somente após chegar ao governo foi que podemos descobrir a originalidade do PT, que seria, tão somente, “a formula da trapaça”. Em que consiste tal fórmula? A bem da verdade, ela não é nova, já foi experimentada ou levada à pratica, por grandes populistas como foram Juan Perón na Argentina e Getúlio Vargas no Brasil. A essência da trapaça consiste em assegurar aos banqueiros e aos grandes capitalistas, nacionais e internacionais, segurança e lucros, enquanto o governo populista administra as tensões sociais praticando políticas compensatórias para a massa do povo mais desprovido, ao mesmo tempo que engessa as centrais sindicais e centrais estudantis, submetendo-as ao silêncio e ao imobilismo.

Por essa razão é que a burguesia, particularmente os banqueiros e empreiteiros, enchem os cofres do PT com generosas doações. E, como temos repetidamente dito, não é com os políticos ideológicos dos partidos de direita que o governo petista procura se harmonizar. Muito pelo o contrário, o partido dito dos trabalhadores, pratica uma estreita comunhão com que existe de pior entre os políticos fisiológicos da velha burguesia, como são Paulo Maluf, Oreste Quércia, José Sarney, Jader Barbalho, Romero Jucá, Renan Calheiros e outros tantos tipos desse mesmo naipe.

A trapaça tem sido muito boa para os negócios da burguesia e tem semeado ilusões no seio das massas populares como evidencia os altos índices de aprovação ao governo petista. Caberiam as organizações que se reivindicam de esquerda fazer uma veemente denúncia desses fatos. Porém, partidos como PC do B, PSB, e o próprio PT tornaram - se partidos da ordem capitalista e, portanto, elementos de sustentação dessa vergonhosa trapaça. Em troca dos seus prestimosos serviços lhe são reservados milhares de cargos “em comissão” no vasto aparelho de Estado. Isso é simplesmente imoral.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Plinio Presidente!

Não é que se tenha esperanças no processo eleitoral. Quem conhece a historia, bem sabe que governos vão e vêm e as mazelas sociais continuam. Mas a campanha eleitoral é um momento em que podemos abrir uma discussão em torno do caráter perverso do sistema capitalista. É hora de chamar o povo trabalhador, a dona de casa, o estudante para abrir os olhos e ver que as querelas e o bate boca entre candidatos, não diz respeito aos verdadeiros interesses da grande massa popular. Isso deve ficar bem claro para todos nós.
Para as eleições presidenciais deste ano teremos na candidatura de Plinio de Arruda Sampaio a grande oportunidade de praticar o voto de protesto, o voto consciente. Teremos a oportunidade de dizer que no capitalismo só é possível ao povo ter, no máximo, salários menos ruins, transportes menos ruins, saúde menos ruim, educação menus ruim, moradia menos ruim... A boa escola, saúde de qualidade e outros tantos direitos e muitos privilégios são destinados unicamente à burguesia. Assim, entra governo e sai governo e a historia continua a mesma. Portanto, devemos denunciar esse fato e, como já dissemos, a campanha eleitoral pode se tornar uma ótima oportunidade para isso.
Plinio de Arruda Sampaio é um socialista revolucionário. É um homem que tem historia e coerência. É, explicitamente, anticapitalista e essa é uma grande razão para nos juntarmos em torno do seu nome para Presidente, muito embora saibamos que uma candidatura dessa natureza deva enfrentar muitos obstáculos a começar pelo exíguo tempo que disporá na televisão. Enfrentaremos, porém, esses obstáculos. Iremos de estado por estado, de cidade por cidade, de bairro por bairro, de casa por casa, conversar com o povo e convidá-lo, para nessas eleições, abrir os olhos e enxergar o fato de que há uma diferença estrondosa entre os nossos candidatos e os outros que não passam de serviçais do sistema capitalista.
Mas não basta votar em Plinio para Presidente. O nosso voto, o voto consciente, deve se estender aos nossos candidatos aos cargos legislativos. Devemos marcar o numero 50, que é o numero do Partido Socialismo e Liberdade (P-SOL), de cima a baixo

sexta-feira, 9 de abril de 2010

“Brasil - um país de todos”

Estávamos diante da televisão quando se repetiu, pela milésima vez, o slogan do governo Lula: “Brasil um país de todos”. A compositora e sambista Adelitta Monteiro não conseguiu conter a sua indignação. Disse ela na ocasião: “é muito descaramento, é muito cinismo dizer que o Brasil é de todos. Ora, de quem são as terras do Brasil? De quem são os bancos endinheirados? De quem é o agronegócio? De quem é o grande comércio? De quem são as minas e os minérios senão da burguesia fartamente enriquecida? Para a grande maioria, mais das vezes, não resta nada além de uns palmos de terra que um dia lhe servirão de removível sepultura e ainda têm a desfarçatez de proclamar que esse Brasil, cantado em prosa e versos, nos pertence.”

Isso é fazer a massa de trabalhadores, estudantes e donas de casa de idiota. Isso mesmo. Desde cedo a velha burguesia, usando os mais diversos instrumentos, trata de nos transformar em idiotas políticos para assim poder perpetuar seus privilégios.

Sendo assim, cabe-nos um só caminho: desfazermo-nos das ilusões, das mentiras tão bem plantadas em nossas cabeças. Temos que abrir os olhos, e nos tornar gente consciente e, isso significa enxergar que esse imenso Brasil, “a pátria amada”, tem seus donos e que não passamos de despossuídos. É bem verdade que alguns milhões de deserdados recebem migalhas através de campanhas compensatórias - tipo “Bolsa Família”, que serve muito bem para evitar tensões sociais e comprar o apoio dos desvalidos.

Não tínhamos como discordar da nossa querida compositora e sambista cuja indignação motivava-a compor mais uma de suas peças de samba que havemos de vê-la cantar para afugentar a desinformação e o deboche que eles não têm nenhum pejo em exercitar. Somente e tão somente, quando o povo trabalhador, o letrado ou iletrado, quebrar as amarras da alienação e se transformar em uma massa de gente consciente é que podemos dar uma virada histórica e proclamar: “Brasil, um país de quem trabalha” inserido num mundo de iguais, de justiça e paz.

terça-feira, 6 de abril de 2010

O golpe Bonapartista

A burguesia representa uma extrema minoria de pessoa. Essa minoria não poderia dominar politicamente a imensa maioria dos despossuídos não fosse o uso de suas varias instituições, ou melhor, o uso do chamado aparelho de Estado. O legislativo, o judiciário, o sistema de ensino, o aparato administrativo, a polícia e as forças armadas, são os instrumentos que a burguesia usa para manter a massa de trabalhadores e excluídos subjugados aos seus objetivos.
A instituição que exerce mais ostensivamente o poder é representada pelos políticos de carreira. Caso as coisas não andem bem a população descarrega o seu repúdio nos políticos. Em síntese o discurso é simples, e se constitui em dizer que o sistema capitalista é bom, porém os seus políticos são maus.
Em fins da década de 50 e início dos anos 60, observou-se uma grande comoção social no Brasil. De repente passamos a ter dois blocos políticos. Um deles defendia a necessidade de um elenco de reformas, AS REFOMAS DE BASE, cujo objetivo seria o de adequar o crescimento do capitalismo no Brasil. O outro bloco se opunha firmemente a essas reformas; temia que elas pudessem desaguar num processo revolucionário como ocorrera em Cuba no início de 1959.
O bloco reformista era capitaneado pelo PTB, mas, sobretudo, pelo velho PCB. Esse bloco pretendia arregimentar as massas populares com o objetivo claro de pressionar os conservadores dizendo: as massas estão aí, a cada dia mais inquietas, a cada dia mais explosivas, façamos pacificamente as reformas antes que as massas tomem o caminho da insurreição.
Na verdade, apesar da influência das revoluções cubana e chinesa, faltava-nos organizações revolucionárias que se dispusessem a propor às massas o caminho da revolução socialista. Aprofundados os conflitos, criou-se uma situação pré-revolucionária, um dilema: revolução ou contra revolução. Foi aí que a burguesia lançou mão do seu braço armado e promoveu o golpe contra-revolucionário de 1964, que teve a inequívoca participação indireta da esquerda reformista.

Rasga Trapo

O nome dele era realmente José Benedito da Silva. Não sabemos porque ele recebeu esse apelido de Rasga Trapo. A verdade é que quase por toda vida não foi chamado pelo seu verdadeiro nome. Isso, porém, é de pouca importância, o fato é que Rasga Trapo celebrizou-se por sua coragem física. Não era perverso. Era destemido, temerário. Muitos foram os episódios de sua vida em que a coragem quase suicida foi posta a prova. Entretanto, Rasga Trapo tremia de medo de assombração. Temia qualquer fantasma dos muitos que povoavam sua mente. Pouco adiantava, ou melhor, era inútil dizer para aquele homem que fantasmas não existiam e que, na absurda hipótese de existir, ele era incapaz de promover qualquer tipo de agressão além de assustar pessoas. Rasga Trapo continuava irredutível. Enfrentava um batalhão, mas fugia de qualquer presumido fantasminha.

Há uma semelhança extraordinária entre rasga trapo e grande parte de nossa esquerda. Esta, em diversos momentos, enfrentou heroicamente os esbirros e torturadores do sistema, embora, negasse em desfazer-se das crendices impostas pela burguesia. Mostram-se incapazes de encarar as inúmeras inverdades construídas pelo sistema vigente cuja característica é a divisão da sociedade em classes e camadas sociais.

Ora, uma sociedade que impõe uma cruel desigualdade que castiga uma imensa maioria não poderia manter- se de pé não fosse a construção e manutenção desse imenso Império da Mentira. Ele contém as mais descabidas cretinices que vão desde a popular condenação da cobiça à sofisticada propalação de um chamado Estado de direito tão festejado pelos bacharéis e políticos da burguesia.

Temos repetido que o Estado é um instrumento de classe. Ele existe para impor os interesses de uma classe sobre outra. Assim sendo, o Estado burguês não passa de um estado de direita, essa é uma das verdades que devia ser encarada pelas esquerdas ditas socialistas ou comunistas. Essa coragem, porém, tem faltado e assim como Rasga Trapo essa esquerda continua cultivando fantasmas.