segunda-feira, 30 de junho de 2014

Alternância no poder?



Alternância no poder?

A burguesia domina o mundo através de mentiras políticas. Dentre elas, está essa lorota de que, na democracia burguesa, existe alternância de poder. Já dissemos que o poder não é rotativo, o que é rotativo são os governos. Esses governos representam propostas de políticas econômicas. Enquanto isso, o poder representa a própria natureza da economia o que, no nosso caso, é a economia capitalista.
            Uma pergunta torna-se pertinente: onde estão os cientistas políticos, daqui e dali, que não denunciam essa grotesca fraude, que confunde governo com poder? Onde estão os “marxistas-leninistas” e os “marxistas-leninistas-trotskistas” que não protestam contra esse embuste da cavilosa burguesia?
            Temos dito que as tão veneradas universidades, no capitalismo, têm dois objetivos precípuos. O primeiro deles é formar técnicos e cientistas que deverão prestar seus serviços ao sistema. Lembremos que o bombardeio atômico de Hiroshima e Nagasaki não teria sido possível não fosse o empenho e a eficácia de técnicos e cientistas, provindos das academias e bem remunerados. O segundo objetivo das universidades é formar ideólogos para bem servirem às classes ora dominantes, defendendo, conceitualmente, a ordem estabelecida.
            A burguesia, repetimos, ampara-se no império da mentira. Algumas delas têm raízes milenares. Outras são mais modernas. Existem aquelas produzidas pela grande Revolução Francesa que, ainda hoje, povoam a cabeça dos chamados políticos progressistas e de seus inúmeros bacharéis, mestres, doutores e pós-doutores. Dessas mentiras modernas destaca-se uma pérola, o famoso “Estado de Direito”. Ora, no capitalismo, o Estado é o guardião da ordem socioeconômica vigente e, assim sendo, não passa de um Estado de direitA, conservador.
            O estado burguês apresenta-se de duas formas: o estado de exceção, chamado de ditadura, e o Estado de Direito, dito democrático e isso é, do ponto de vista da sua essência, um falso conceito e ele faz a cabeça da maioria dos intelectuais, inclusive os ditos “marxistas-leninistas” e “marxistas-leninistas-trotskistas”.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

A mentira do Cardeal



A mentira do Cardeal

Devemos ter em conta que uma mentira descarada e estapafúrdia, dita por um cardeal, tem muito mais valor e credibilidade do que uma grande verdade dita pelo simples sapateiro. Da mesma forma, uma mentira descabida, proferida por um douto professor da Universidade de Frankfurt, tem milhões de vezes mais aceitação do que uma verdade proferida por um simples pedreiro. Uma bravata fantasiosa, de um destacado general de cinco estrelas, tem apoio bem maior do que uma verdade dita por uma simples costureira. Um discurso enganoso, proferido por um literato, sobrepõe-se à verdade de um mero motorista.

Tudo isso se deve aos nossos preconceitos, e é justamente por conta desses preconceitos e das lendas, fantasias e descaradas mentiras que esse sistema capitalista se mantém de pé. Fosse descortinada a verdade, o aludido sistema desmoronaria. Daí a necessidade que tem a burguesia exploradora em construir uma cultura granítica fundada na desfaçatez, na enganação, na ilusão.

Cabe a nós, socialistas, fazer todo empenho em desconstruir esse emaranhado de mentiras e lendas, para que possamos enxergar a realidade e nos dar conta de que a desigualdade e a injustiça devem ser varridas, para que possamos ter uma outra sociedade, calcada na igualdade, na verdadeira fraternidade e na paz social a que temos todos o direito. Vemos que a nossa tarefa, enquanto socialistas revolucionários, que buscamos a transformação radical da sociedade, exige muito empenho e tenacidade, pois as cabeças do nosso povo trabalhador, dos nossos jovens, das donas de casa, estão possuídas de um sem número dessas mentiras e ilusões.

Desmontar o império da mentira que dá sustentação ao capitalismo, não é um trabalho tão fácil assim, uma vez que os que cultuam a mentira, como, regra geral, os cardeais, os pastores, os catedráticos, os literatos, e outras tantas pessoas influentes e socialmente prestigiadas, têm muita credibilidade junto ao povo. Mesmo assim não devemos abdicar da nossa tarefa de transformar o povo explorado e oprimido em gente consciente, mesmo que para tanto nos sejam exigidos esforços e sacrifícios, uma vez que a causa da libertação merece o nosso empenho urgente nessa tarefa.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Tentemos responder



Tentemos responder

Sim, ao invés de nos entregarmos ao furor da paixão, é muito mais sensato e consequente nos empenhar em responder, de forma serena e construtiva, alguns questionamentos gritantes que a História nos propõe, nos dias de hoje:
1). Não tinha absoluta razão Leon Trotsky, em 1904, quando profetizou, através de sua obra “Nossa tarefa política”, que o modelo de partido proposto por Vladimir Lenin nos levaria ao substituísmo?
2). Não tinha ainda razão Leon Trotsky quando denunciou o caráter blanquista do modelo leninista de partido, exposto na obra “O que fazer?”, de 1902/03?
3). Vladimir Lenine não concordou com Rosa Luxemburgo, na crítica à sua proposta de modelo partidário, ponderando que ele se aplicava unicamente à realidade russa, não tendo, portanto, nenhum valor universal?
4). Como, então, Lenine e Trotsky procuraram universalizar o modelo bolchevique de partido, modelo esse que ainda hoje perdura nas organizações de matrizes stalinistas e stalinistas-trotskistas?
5). Trotsky de 1917 não renegou o Trotsky marxista e profético de 1904, quando se passou, de armas e bagagens, para o bolchevismo?
6). Não foi uma atitude despida do menor vestígio de verdade Leon Trotsky se dizer leninista desde sempre?
7). Quando Lenine afirmou, em 1919, que a Revolução Russa vivia um dilema: “Ou avança a revolução socialista na Europa ocidental ou pereceremos”. Tinha ele razão ou não?
8). A revolução mundial não avançou. Não se confirmou a profecia de Lenine? Colocando melhor: não pereceu a Revolução Russa face à derrota da revolução mundial?
9). Em 1920, não houve várias greves operárias em protesto aos caminhos que vinham tomando o processo revolucionário russo, liderado pelos bolcheviques?
10). Que tratamento mereceu dos bolcheviques esses movimentos grevistas, senão a repressão e a calúnia?
11). Quando, em 1921, por ocasião do X Congresso do PC russo e, diante de uma situação extremamente crítica, foram tomadas medidas no sentido de suprimir, em caráter emergencial, toda e qualquer liberdade política, não houve advertência de figuras como Alexandra Kollontai, Julio Martov, Plekanov, Pavel Axerold, que aquelas medidas eram suicidas?
12). As medidas de exceção, que suprimiam as liberdades políticas, impondo o monolitismo, o partido único, a imprensa única e instituindo a polícia política, os campos de concentrações e execuções sumárias dos dissidentes, não foram denunciadas como ações que sepultariam a revolução?
13). Não dá para enxergar que o Estado soviético era um poder político em mão de um único partido e de que nunca houve um Estado operário, ou melhor, nunca houve uma ditadura do proletariado e, sim a ditadura de um partido único?
14). Não se conclui ter inexistido qualquer forma de estado operário, quando essa classe não tinha nenhuma ingerência nas políticas estatais?
15). Quando da insurreição do soviete de Kronstadt, fruto da insatisfação do operariado, não se procedeu uma dura repressão comandada por Trotsky sob alegação caluniosa de que aquele soviete tornara-se contrarrevolucionário?
16). Posteriormente, Trotsky não foi expulso do partido e depois da URSS, sob acusação de ser agente do inimigo, tal qual acontecera com Kronstadt?
17). Em seguida a Trotsky, não foram caluniados e executados Zinoviev e Kamenev, sob o mesmo argumento?
18). Na sequência desses fatos também não foi caluniado e executado Bukarin, autor da tese da “construção do socialismo em um só país”?
19). Por que Vladimir Lenine, vivo, não rompeu com as resoluções do X Congresso?
20). Por que não reconheceram, Lenine e Trotsky, a derrota naquele momento da revolução socialista e não promoveram um recuo tático, de forma a evitar prejuízos tão profundos?
21). Era justo uma “vitória” a qualquer preço, fundada em um tresloucado voluntarismo que atropelava as mais comezinhas leis da história?
22). Qual o custo social e político dessa falsa vitória a ser, hoje, contabilizado?
23). Não dá para concluir que o stalinismo não foi só um produto da contrarrevolução, como se tornou a sua mais eficaz força operadora?
24). Seria possível, ao capitalismo exaurido, gozar de tanta hegemonia política, hoje, sem a convergência das duas grandes forças da contrarrevolução, quais sejam: a direita explícita e a direita travestida de esquerda, usando os carimbos de “marxismo-leninismo” ou “marxismo-leninismo-trotskismo”?
Observamos que questionamentos não faltam. Diante deles, em nada contribui a fúria dos beatos. Não deveremos considerar inimigos os que questionam, mas sim, os que se ausentam dos questionamentos, inviabilizando o livre debate, como sempre fizeram os diversos agrupamentos stalinistas, sejam eles os ortodoxos, os maoístas, os kruchevistas, os fidelistas ou os trotskistas dos mais diversos matizes.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

A capitulação semântica

A capitulação semântica

A esquerda majoritária há muito abandonou o socialismo. Trocou o princípio do antagonismo de classes pelo discurso social-patriota, imposto pela burguesia à Segunda Internacional. Isso a levou a abandonar o caminho da insurreição socialista para assumir-se como defensora da pátria.
Por ironia da história, a Terceira Internacional, criada pelos bolcheviques, após o triunfo de 1917, para combater o social-patriotismo da Internacional anterior, terminou com a derrota da Revolução Mundial e a consolidação do stalinismo, convertendo-se num novo antro do social-patriotismo.
O princípio da contradição capital/trabalho, burguesia/proletariado, foi substituído pela contradição “nação opressora versus nação oprimida” e, sob essa bandeira, a esquerda convencional produziu agrupamentos patrióticos, esquecendo-se da singela lição de que “o proletariado não tem pátria”.
Essa distorção fez surgir uma esquerda acentuadamente direitosa. Depois da queda do Muro de Berlim, ela, que se apoiava no fraudulento discurso da existência de dois mundos, o mundo capitalista e o mundo socialista, convivendo pacificamente, ficou sem discurso. A partir daí, ela mergulhou totalmente no rumo da capitulação e aderiu aos truques semânticos patrocinados pela burguesia.
Não fala mais a esquerda direitosa em burguesia; prefere vociferar contra as elites, que é um vocábulo politicamente impreciso. Ao invés de capitalismo, que expressa o conceito de um sistema de classes prefere, até com certo pedantismo, falar em capital, que é apenas parte desse sistema e, portanto, insuficientemente claro aos olhos e ouvidos dos trabalhadores. Outra expressão sofisticada, longe do alcance dos trabalhadores é contra-hegemonia, que objetiva dizer contra o poder da “elite”.

Para maior pesar, essa esquerda procura se abastecer no velho discurso burguês dos iluministas do século XVIII, lançando mão da expressão “república” e, mais abusivamente ainda, lançando mão da palavra “cidadania”, como forma de diluir o caráter de classe da sociedade. 

Cultura stalinista

Cultura stalinista
                                                                                                                                             
Com a derrota da revolução socialista em escala mundial, na década de vinte do século passado, surgiu um fenômeno político que recebeu o nome de stalinismo. É necessário deixar claro que esse fenômeno não foi criação de psicopatas, figuras diabólicas. Isso não! Ele foi produto de uma situação histórica, sem que se possa negar o papel de bandidos, traidores, traídos, heróis e mártires nesses processos.
O advento do stalinismo gerou situações absurdas. A primeira e a mais grave delas foi a de que, derrotada a proposta socialista, colocou-se em seu lugar a construção do capitalismo de Estado. Essa construção do capitalismo teve um custo social extremamente alto, e tudo foi feito sob os carimbos do socialismo e do comunismo.
Atropelando os princípios mais primários do marxismo, foi formulada a tese da “construção do socialismo em um só país”. Promulgada essa “sentença”, a URSS autoproclamou-se “pátria mãe do socialismo” e, concomitantemente, revogou todos os princípios da democracia política, legados pela revolução democrática burguesa. Estabeleceu o mais completo totalitarismo e passou a considerar todo e qualquer dissidente como “inimigo do povo”, “sabotadores”, “divisionistas”, “agentes do imperialismo” e outras acusações do gênero. Os dissidentes, enquadrados nessas acusações, de forma unilateral e arbitrária, eram perseguidos, presos, torturados e, muitas vezes, executados.
O Partido Comunista russo autoproclamou-se “o povo eleito de Deus” e, todo aquele que não rezasse em sua cartilha, deveria ser jogado no “fogo do inferno”. Tudo se tornava justo em nome da “causa” da qual eles, os stalinistas eram, e ainda são, os mais fiéis representantes.
Esse quadro político permitiu que se criasse uma prática baseada nos mais torpes métodos. No começo, foram os famosos processos de Moscou e, depois, essa prática se espalhou mundo afora. Mentindo, caluniando, desqualificando e, sobretudo, conspirando em torno de projetos no sentido de conquistar eventuais aparelhos, sejam eles partidários, sindicais, institucionais, o stalinismo instituiu a pratica da má conduta.

A lealdade e a retidão passaram a ser coisas da “moral pequena burguesa” e, assim, implantou-se um fazer que revelava e revela a degeneração do proceder político, comportamentos próprios da contrarrevolução, cujo um dos pilares é o stalinismo nas suas mais diversas roupagens, inclusive o stalinismo-trotskismo.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Democracia burguesa



Democracia burguesa

Um dos grandes legados históricos deixados pelas revoluções burguesas foi a democracia política. Tal fato, a implantação de amplas liberdades, não provinha de um gesto magnânimo ou de um gesto maquiavélico da burguesia ascendente. Amplas liberdades eram necessárias para que a nova ordem, a ordem capitalista, pudesse se realizar de forma plena, sem as amarras da velha ordem feudal. A democracia política, decorrente das revoluções burguesas, não foi renegada pelos socialistas revolucionários da estirpe de Marx, Engels, Rosa, Martov, Plekhanov, Lenin, Trotsky, Franz Mehring e alguns outros. Não. A democracia política, como legado histórico, foi cultivada pelas hostes socialistas, mas os socialistas deixaram bastante claro que, aos trabalhadores, não convinha apenas a democracia política; necessária era a conquista da democracia social (social democracia).
É indizível a influência positiva que tiveram, mundo afora, as revoluções burguesas, particularmente a Revolução Francesa, com ênfase para os iluministas, pois inspiraram todo o movimento progressista que se dera naquela época. Para citar poucos casos, basta que nos lembremos dos conspiradores decembristas de 1825 que, inspirados na Revolução Francesa, tramaram um golpe de força contra o tzarismo. Os casos são múltiplos, ressaltando-se os nossos conspiradores mineiros que, espelhados na literatura progressista da França, levaram avante um plano cujo propósito seria, dentre outros, a Proclamação da República e teve, como figura de destaque, o mártir Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Outro exemplo histórico, de profunda significação, foram os “jacobinos negros”, no Haiti, quando, libertando-se do colonialismo, tentaram estreitar os seus laços com o que havia de mais progressista na história daquele momento, a Revolução Francesa.
Em razão da indiscutível força moral e política do processo revolucionário burguês, que pôs por terra o velho feudalismo, é que toda a sua herança no quesito democracia política foi incorporada ao pensar socialista. Para tragédia da humanidade, a revolução socialista, derrotada na década de vinte do século passado, produziu uma inominável extravagância histórica, quando a plena vitória da contrarrevolução em escala mundial levou a que a revolução socialista, na URSS, fosse completamente inviabilizada, instalando-se, ali, a contrarrevolução, assumindo a denominação de stalinismo.
A Rússia, país retardatário, semifeudal, não somava as condições objetivas, por si só, para permitir o avanço de um projeto socialista. Ali, a revolução socialista só poderia ter progresso caso acoplada ao sucesso revolucionário na Europa Ocidental.
Já em 1919, Lenin dizia: Ou a revolução socialista avança no Ocidente, ou pereceremos. A revolução não avançou e a URSS pereceu, enquanto projeto socialista. Por amarga ironia da história, coube à URSS cumprir as tarefas próprias da revolução burguesa. Dizendo melhor, coube à URSS construir o capitalismo de Estado. Isso teria menores danos caso a derrota fosse assumida e se reconhecesse o triunfo das forças imperialistas. Ao invés disso, o capitalismo de Estado, a contrarrevolução, foi tocada sob o carimbo do socialismo e do comunismo.
Mas o que de fato ocorreu? As conquistas democráticas, legadas pelas revoluções burguesas, como o voto universal e secreto; o direito de ir e vir; a liberdade de opinião e de organização; assim como, no campo jurídico, a premissa de que cabe a quem acusa o ônus da prova; ninguém é considerado culpado até prova em contrário; ninguém deve ser preso senão por ordem judicial ou flagrante delito; ninguém deve permanecer preso sem culpa formada, e outras tantas conquistas, foram plenamente revogadas e isso tem um nome, totalitarismo, ou melhor, fascismo, e ele veio se dar justamente onde se pretendia ter havido uma revolução socialista. Ora, como nos dizia Rosa Luxemburgo: Pode haver liberdade política sem socialismo; porém, não pode haver socialismo sem liberdade política. Isso deixa bem claro que, na URSS, “pátria-mãe do socialismo” não existiu outra coisa senão o totalitarismo e aqui cabe-nos afirmar que uma pretendida democracia proletária só existiu em pequenos lapsos de tempo. Regra geral, o que se viu e o que se vê é o exercício político do totalitarismo, a negação completa da democracia.
Assim sendo, para infelicidade nossa só temos a democracia burguesa, pois inexiste a democracia proletária, seja nos países indevidamente ditos socialistas, seja nos partidos e movimentos que se autoproclamam “marxistas-leninistas” ou “marxistas-leninistas-trotskistas”. Os verdadeiros socialistas não se propuseram em revogar o legado político das revoluções burguesas; se propuseram, sim, a superar a democracia burguesa, através de um patamar superior que combinasse a liberdade política com a democracia social. Portanto, é uma aberração se pretender denunciar a democracia burguesa, contrapondo-a o totalitarismo representado pelo partido único, o discurso único, a imprensa única e outros componentes da supressão completa das liberdades.