sexta-feira, 30 de novembro de 2012

“A fome tem pressa”



            É claro que quem tem fome tem pressa. Ninguém de bom senso pode desmentir. Foi partindo daí que o inesquecível Betinho conclamou a todos para a formação de Comitês da Cidadania, cujo objetivo seria acudir os milhões de famintos do Brasil. Setores classe da média, tocados por esse apelo, formaram comitês e se lançaram na tarefa de colher donativos que deveriam chegar para os famintos.
Sob o argumento de que, “quem tem fome tem pressa”, estava embutida uma proposta nada interessante. Propunha-se a suspensão da atividade política, para nos lançarmos em socorro assistencialista de combate a fome. É sensato, porém, que diante de um problema que nos incomode, busquemos a causa. Tentar combater a fome sem buscar erradicar a causa e demover os fatores que a produz, é um caminho fadado ao insucesso.
Ora, sabemos que a fome, assim como outros problemas sociais, tem como causa a vigência de um capitalismo exaurido, cuja alma é a busca de lucro para uns poucos. Sendo assim, deve ser prioridade para os que querem erradicar as mazelas sociais, dar duro combate ao sistema socioeconômico que produz essas mazelas, o Betinho, na sua santa ingenuidade, nos propôs centrar esforços numa política essencialmente assistencialista, dentro da milenar tradição cristã que se caracteriza por administrar a miséria, enquanto nós, socialistas, nos empenhamos em combater a causa e assim erradicá-la.
            Os Comitês da Cidadania deram margem para o posterior programa Fome Zero e este desembarcou de malas e bagagens no tão propalado Bolsa Família. Em todos esses momentos, ficou bastante patente que se optou pelo caminho do gerenciamento da miséria ao invés de se buscar a sua erradicação como pretendem os verdadeiros socialistas. Ora, buscar a erradicação da desigualdade e, por conseguinte, da pobreza e da miséria, nos leva a implementar uma política explícita de caráter anticapitalista. Não podemos, nem devemos ludibriar a boa fé de tantos, nos empenhando tão somente em combater os efeitos, e aí reside o ponto central da questão. 

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

A festa dos inocentes





Parodiando Herbert Marcuse, poderíamos afirmar que a massa do povo, incluindo-se, é claro, a tão falada massa proletária, se encanta com pequenos ganhos obtidos no seu dia-a-dia, sejam esses ganhos fruto de sua luta ou obtidos como dádiva “generosa” dos senhores do poder.
Um diminuto espaço para morar, uma geladeira, um freezer, uma TV LCD e, (suprema felicidade!) um automóvel, são elementos suficientes para levar as camadas populares ao conformismo e à fácil cooptação política pela classe ora dominante.
Tal comportamento das massas populares não é próprio apenas do Brasil, e sim, de todos os recantos do mundo. Aqui, tivemos o exemplo patente do populismo lulo-petista, oferecendo ao capitalismo a paz social para que pudesse usufruir grandes lucros sem nenhuma ameaça.
Respeitando os pilares fundantes da política econômica implantada pelo Plano Real, o lulo-petismo teve condições de implementar algumas políticas sociais que implicaram em pequenas melhorias na condição de vida das massas e isso tem sido razão para que elas levem a cabo a festa dos inocentes que se expressou na vitória eleitoral da candidata Dilma Rousseff em 2010 à Presidência da República e a de Fernando Haddad a prefeito de São Paulo.
 Não percebe o povo, incluindo-se, como já foi dito, a massa proletária, que ele tem direitos históricos muito maiores do que as migalhas que lhe são ministradas pelo sistema capitalista no Brasil através do governo lulo-petista. Não percebe, que do ponto de vista histórico, tem o povo o direito supremo de libertar-se dos grilhões de um sistema cuja alma é a busca incessante de lucros e foi, justamente o lucro, medula do capitalismo, que foi assegurado à burguesia, nesses últimos anos, especialmente na gestão petista, que tão bem se aproveitou o velho sistema.
Diante desses fatos, resta-nos a nós, socialistas revolucionários, a tarefa de despertar as massas populares de sua inocência e nunca acalentar suas fantasias como tem feito o PT, o PCdoB e o PSB que funcionam como o braço esquerdo do sistema. 

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A Batalha Eleitoral

                                                    
            Dentro das regras do jogo do sistema, nenhum postulante de esquerda a quaisquer das prefeituras poderá fazer um milímetro a mais do que faria um competente postulante da direita. As vitórias eleitorais das “esquerdas” têm revelado que em nada contribuíram ou contribuem para a causa socialista. Pelo contrário, há um empenho dos eleitos em demonstrar que o capitalismo é viável, desde que bem administrado, e uma legião de militantes de esquerda transforma-se em office boys e office girls do sistema vigente.
         Em Fortaleza, temos dois exemplos gritantes. Maria Luiza elegeu-se prefeita, em 1985, na pretensão de que tudo iria mudar. É verdade que sua campanha não foi de caráter anticapitalista. A ênfase era a moralização com a promessa de que elaboraria um dossiê das falcatruas correntes na prefeitura. Eleita, Maria Luiza foi alvo da mais exacerbada oposição, não faltando aquela implementada pelo PCdoB, capitaneado à época, pelo hoje, senador Inácio Arruda.
         Somando-se, a inabilidade, a falta de recursos para um razoável gerenciamento, o amadorismo e a incompetência, a Administração Popular da Maria Luiza foi um desastre e em nada contribuiu para a criação de uma consciência socialista. Todo o insucesso, porém, foi por ela debitado ao inimigo, como se ao inimigo não coubesse, justamente, a tarefa de inviabilizar o nosso projeto.
         Anos depois tivemos a eleição da não menos aguerrida Luizianne Lins, dessa vez com algumas diferenças de conduta. Ao invés do conflito com a Câmara Municipal, sabidamente fisiológica por sua maioria, escolheu-se o caminho do compadrio. Depois, nenhuma palavra, nenhum gesto que viesse contribuir para a formação de uma consciência anti-sistema, apesar dela se dizer socialista. Por sua vez, uma legião de militantes foi chamada a se ocupar da tarefa de administrar a desigualdade e até tentar fazê-la bela e isso foi uma lástima.
         Novamente foi posta a batalha eleitoral. Quem aproveitou o ensejo para denunciar os embustes da burguesia? Quem ousou dizer ao povo que a questão central não é de governo e sim do sistema capitalista?

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

FOMOS ENGANADOS






            Mesmo os mais sensíveis e mais atentos de nossa sociedade capitalista não escaparam da enganação, do logro político, como haveremos de ter a oportunidade de ver no decorrer dessa nossa exposição. Pois vejamos:
            Lembro muito bem, quando aos 15 anos de idade, fazendo a quarta série do então curso ginasial, fiquei deslumbrado com os Iluministas representados pelo genial quarteto: Rousseau, Montesquieu, Voltaire e Diderot. Do Voltaire, chamou-me profundamente a atenção sua frase quando, referindo-se à Santa Madre Igreja Católica, conclamou: “esmagai a infâmia”. Do mesmo admirável personagem, chamou-me, também, a atenção uma frase a ele emputada, tomada emprestada de um velho abade comunista: “A felicidade só poderá existir quando o último nobre for enforcado nas vísceras do último clérigo”. Por seu turno, ainda tenho bem vivo na memória o gesto de bravura assumido pelo Conde de Mirabeau, diante da guarda do Rei que pretendia encerrar os trabalhos da Assembléia Constituinte, na França revolucionária, desalojando os seus participantes, e ele, com toda altivez, descrita pelo meu professor de história, teria dito ao comandante da guarda de sua Majestade: “Ide e dizei ao Rei vosso amo, que aqui estamos pela vontade do povo, e daqui não sairemos senão pelas forças das baionetas”.
            Com que tristeza, anos depois, vim tomar conhecimento de que o Conde de Mirabeau não passava de um canalha e, nessa condição, vendeu-se ao Rei e passou a prestar-lhe serviços  vendendo informações e fazendo uso de sua soberba oratória, em favor do soberano.
            Feitas essas digressões, partamos para o que mais nos interessa, que é a tomada de consciência da verdade histórica e essa tomada de consciência traz fortes doses de amarguras decorrentes das sucessivas desilusões, face às fantasias que, em algum momento, cultivamos ou, na hipótese muito mais grave, permanecemos acalentando, para o infortúnio do nosso destino, seja pessoal, seja histórica.
            Como dissemos de início, os mais sensíveis, os mais preocupados em desvendar os mistérios da vida política, foram vítimas, num primeiro momento, do grande engodo que a Revolução Francesa nos deixou de herança. Já o seu formidável lema abalava as nossas entranhas promovendo justas comoções: Igualdade, Liberdade e Fraternidade. Junto a esse genial lema, dotado de tantas esperanças e promessas, seguiam-se todo um discurso e propostas calcados em plenos valores humanitários. O valioso direito de ir e vir, o voto universal, os direitos natos do homem, a proclamada cidadania, o festejado Estado Democrático de Direito, eram elementos tão fortes que ainda hoje alimentam os discursos proferidos por bacharéis e até por políticos que se reclamam de esquerda. É inegável o caráter progressista do discurso burguês lastreado nos grandes Iluministas que traduzia as promessas do novo mundo capitalista, naquela ocasião. Eram progressistas, ressalte-se, em relação aos anos de trevas da Idade Média, e tão somente.
            No século XIX começa a desabrochar um novo discurso, esse sim, de caráter intrinsecamente humanista, pois se propunha a denunciar o nascente capitalismo e a se opor peremptoriamente à exploração do homem pelo homem. Nos seus primórdios, o discurso socialista padecia de uma grande parcela de ingenuidade quando se apoiava numa apreciação idealista da história e propunha a construção de uma sociedade igualitária como produto de pactos provindos da tomada de consciência. Ao mesmo tempo apostavam no testemunho, no exemplo de pequenas experiências igualitaristas como instrumentos de persuasão capaz de abolir as iniquidades do capitalismo e construir uma sociedade de irmãos.
            Na esteira desse socialismo idealista e ingênuo, nasceu um socialismo dotado de fundamento científico que punha de lado o idealismo para se apoiar em premissas consistentes, fornecidas pelo estágio de desenvolvimento da filosofia na Alemanha, da política na França e da economia política na Inglaterra. Sob esse tripé: filosofia, economia e política, brotou o socialismo científico, cujos mestres maiores, no seu primeiro instante, foram Karl Marx e Friedrich Engels, dentre outras talentosas figuras que contribuíram para aplainar caminhos, como foram os casos de Ludwig Feuerbach, na filosofia e de Moses Hess, nas suas várias formulações teóricas.
            É oportuno revelar que Moses Hess, foi o conversor de Friedrich Engels à causa comunista e foi dele que Karl Marx tomou emprestada a afirmação de que a “religião é o ópio do povo”, isso porém é outra história, servindo apenas para ressaltar que o comportamento beatificador do stalinismo produziu muitos falsos “milagres”.
            A partir desse momento de grandes revelações teóricas, nova realidade se colocou perante a história. O velho discurso dos Iluministas do século XVII e XVIII haveria de dar lugar aos novos pensadores e militantes da causa da humanidade, os socialistas, que se pautavam pelos princípios do saber científico. O novo discurso mereceu a adesão de grandes figuras dotadas de relevantes talentos, porém, no confronto dramático, em 1912/13, entre o nacionalismo burguês e o internacionalismo proletário, base de sustentação para o advento de uma nova ordem, aconteceu a acachapante vitória do social-patriotismo e a mais dolorosa derrota da causa socialista, justamente na Europa Ocidental, que seria o berço natural do socialismo tal como prenunciavam, com toda justeza, Marx e Engels, juntos a uma legião de notáveis socialistas.
            Esse fato extraordinariamente desastroso, a derrota do socialismo na Europa Ocidental, mudou radicalmente o rumo da história quando, a partir da vitória da Revolução Russa em 1917, pretendeu-se virar o jogo, estimulando uma desejada ressurreição da revolução mundial abatida. Esse propósito, entretanto, não se consumou, e então consolidou-se, em escala mundial, o discurso social-patriota que substituiu o conceito de luta de classes por uma pretensa contradição entre nações opressoras e nações oprimidas, como eixo da história, dando margem ao fortalecimento do nacionalismo, categoria política totalmente estranha ao ideário socialista, isso para sermos generosos, condescendentes com uma posição política de tão prejudicial influência tendo em vista os nossos propósitos revolucionários.
            Os encantados, num primeiro momento, com o discurso liberal-humanista da velha burguesia, buscaram, parte deles, aderir ao discurso socialista e deu-se então um segundo momento histórico de desbragada enganação. O socialismo revolucionário de Marx e Engels havia dado lugar ao dogmatismo empreendido pelo stalinismo através da Academia de Ciências da URSS e levado a todos os recantos do mundo pelos chamados Partidos Comunistas, filiados à Terceira Internacional, cujo princípio maior passou a ser o de resguardar os mesquinhos interesses da União Soviética, “pátria mãe” do socialismo, no dizer da burocracia moscovita, mesmo que isso implicasse, como implicou, em prejuízo ao avanço da revolução social.
            O esteio, ou melhor, a linha mestra do discurso “socialista” sob a sombra do stalinismo, consistia em dizer que existiam dois mundos: um decadente, o mundo capitalista; o outro ascendente, o mundo socialista. Com a queda do muro de Berlim esse discurso foi desmascarado e a esquerda convencional, de matriz stalinista, ficou desprovida de discurso e prostrou-se aos pés das academias burguesas fazendo delas um presumido centro do saber político e isso é mais uma perversa distorção de graves consequências.
            No decurso de nossa longa caminhada histórica, viveu-se, pois, ora seguindo Moscou, ora seguindo Pequim, ora seguindo Havana, o grande logro que representou o discurso stalinista dos dois mundos. Uns poucos procuraram fugir dessa enganação e encontraram um discurso de natureza idealista, que imputava os descaminhos da revolução socialista a obra de traição de uma dúzia e meia de degenerados e esse discurso, também, carecia de fundamento científico e resvalava para o mais puro idealismo, dando relevância absoluta aos aspectos morais, atropelando as circunstâncias históricas e o quadro da realidade objetiva que levou a revolução socialista na Rússia à mais completa derrota seguida do maior processo de degradação, com cruéis consequências, até os dias de hoje, para a humanidade.
            Em síntese, podemos dizer que fomos enganados quando acreditamos no discurso liberal-burguês. Fomos enganados quando acreditamos no discurso dos dois mundos. Por fim, alguns de nós, fomos enganados quando aceitamos o discurso idealista da revolução traída, do Estado Operário degenerado e da revolução política que haveria de depurá-lo. Observamos que se abateu sobre muitos, verdadeiros círculos de ferro que nos confinaram na mais lapidar ignorância política, embora ela possa ser poliglota e ungida, em muitos casos, pelos unguentos da erudição, hoje sob os rótulos dos mestrandos, doutorandos, pós-doutorandos e pós,pós,pós-doutorados, estuário da mediocridade e do charlatanismo. Tudo isso se deu, apesar do empenho, da boa fé, da bravura, da tenacidade de muitos. Triunfou a mentira e apoiada sobre ela, é que a burguesia, hoje, vive seu momento áureo de hegemonia política, muito embora padeça de sucessivas crises econômico-financeiras decorrentes de suas próprias contradições.
            Cabe atentar para o fato de que, muitas vezes, o apego afetivo aos credos, impossibilitou e tem impossibilitado ter clara a verdade histórica. Basta de tanto logro, a história clama por intervenções políticas conscientes e consequentes a serem levadas à prática, em tempo hábil, de salvar a humanidade da tragédia total que o sistema capitalista nos arrasta.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

“OS FERREIRA GOMES”

    Passaram-se as campanhas eleitorais de 2012. Praticamente não se ouviu falar no capitalismo, causa de nossos problemas sociais e ambientais. Não ouvimos falar nas verdadeiras causas de nossas desditas e isso é do interesse da burguesia.

Para a manutenção do sistema socioeconômico vigente é de vital importância que todas as questões sejam tratadas como de natureza estritamente administrativa. Os discursos descambavam para a prática constante da demagogia, do logro e da fantasia.
O mais criminoso de tudo, consistia no fato de que esse comportamento não somente era levado a cabo pelos segmentos de direita explícita. A esquerda direitosa, há muitos anos, assumiu a postura política em dizer que o capitalismo seria bom e exequível, desde que administrado com honestidade e a devida competência. Trata-se de uma grosseira mentira. Governos vão e vêm e o sistema capitalista, em seu momento de exaustão, permanece produzindo e multiplicando desgraças sociais e ambientais. Mas a esquerda direitosa, para sobreviver, necessita de um discurso em que esteja colocada a figura de um inimigo, cujo papel seja o de substituir o capitalismo.

O stalinismo aboliu a luta de classes e nomeou a contradição: nação opressoras versus nação oprimida. Elegeu o imperialismo norte americano como causa do mal, ao invés de tê-lo visto como produto. Em nível doméstico, a esquerda direitosa, criou uma falsa dicotomia entre dois projetos: o neoliberal e o nacional desenvolvimentista, frente e verso do capitalismo.

Enquanto isso, em nível do Ceará, e mais especificamente em Fortaleza, a esquerda direitosa liderada pelo PT, descobriu que o recém aliado, os Ferreira Gomes, eram encarnação do mal. Trata-se de um artifício para prosseguir a velha política de se furtar a verdadeira contradição da sociedade socioeconômica vigente. Ao invés de burguesia e classes trabalhadoras, passa-se a ter, “os petralhas versus tucanalhas” e, de repente, erige-se uma oligarquia e, como outrora fizera Quixote, atacam-se moinhos de vento.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

O PIOR INIMIGO




     É muito comum se ouvir que o pior inimigo é o falso amigo. Quanto ao inimigo, nós, podemos estar preparados para enfrentá-los e nos protegermos de suas investidas. O contrário disso, ocorre com o falso amigo, ele pode, partilhar nossas mesas, comungar do nosso convívio e isso, nos desarma completamente, ao ponto de confiarmos a esse falso amigo tarefas de nossa estrita confiança. Do falso amigo podemos ouvir opiniões, conselhos, e os considerarmos legítimos e sinceros.
     Os trabalhadores, do mundo inteiro, tiveram como íntimo parceiro um falso amigo: o Partido Comunista. Por não perceber que se tratava de um falso amigo, milhões e milhões de trabalhadores, consideraram os discursos e as propostas desse partido, como se fossem do seu interesse. O inimigo sempre foi e é, a burguesia. Ela é o inimigo declarado, ostensivo, e devemos estar atentos. O mesmo não se dá com os falsos amigos.
      A missão política da classe burguesa é manter de pé, a qualquer custo, o capitalismo. Para cumprir essa tarefa ela, a burguesia, se apóia em vários discursos soberbamente mentirosos.  Caberia aos socialistas denunciarem essas mentiras e difundir mensagens educativas para os trabalhadores, baseadas na verdade histórica. Entretanto, não foi isso o que realmente aconteceu e vem acontecendo. A esquerda, de matriz stalinista, portou-se e se porta como falso amigo, contribuindo, por via de suas mentiras, com a sustentação desse sistema sócio econômico, jogando um papel sumamente perverso quando, também, mente e desinforma as classes trabalhadoras.
     Em face desse quadro tão adverso, devemos fazer todo o empenho no sentido de refutar os discursos mentirosos da burguesia e, ao mesmo tempo, refutar os discursos enganosos dos falsos amigos representados por várias correntes, ditas de esquerda, que até usam os rótulos de socialistas e comunistas. Devemos ter em conta que a verdade é revolucionária, e a mentira dos inimigos e dos falsos amigos serve para dar sustentação  a esse sistema sócio econômico exaurido.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

MALEFÍCIOS DAS ACADEMIAS


MALEFÍCIOS DAS ACADEMIAS

            Temos, insistentemente, procurado desnudar as academias da mística que as envolvem, mostrando que as escolas, especialmente em nível superior, no sistema capitalista, têm dois objetivos centrais: formar quadros qualificados para servir aos negócios da burguesia e bacharéis e doutores prontos a defenderem a ideologia burguesa lançando mão, inclusive, do prestígio que a academia lhes empresta. Agora, queremos falar de uma academia em particular, que causou e continua causando malefícios incomensuráveis aos legítimos interesses da humanidade.
            Trata-se da Academia de Ciências da URSS. Essa academia foi montada com o objetivo de desconstruir os princípios do socialismo científico e elaborar um conjunto de dogmas para vendê-los como se fossem a forma mais avançada da ciência socialista. Foi nessa Academia que se formaram os prepostos dos interesses políticos da casta burocrática soviética, e através de um eficiente trabalho de lavagem cerebral, ela formou uma legião de pessoas que se prestaram à tarefa de frear processos revolucionários ou distorcê-los, transformando algumas revoluções vitoriosas, como foram os casos da China e Cuba em baluartes do ideário soviético.
            Usando o prestígio da revolução socialista na Rússia, a casta burocrática soviética emprestava a uma gama de pessoas uma parcela enorme de autoridade política, uma vez que essas pessoas, munidas da nova versão distorcida de socialismo, contavam com as bençãos de Moscou e, particularmente, contavam com as bençãos e o prestígio que lhe conferia a já citada academia soviética, processando essa vergonhosa tarefa de transformar o socialismo em letra morta, para erigir um saber que se imputava como avançado e isso não passava de uma fraude que proporcionou e nos proporciona graves prejuízos.
            Hoje, resta-nos a gigantesca tarefa de remover todos os entulhos políticos e ideológicos, não só os elaborados pelas academias burguesas, como e sobretudo, os entulhos produzidos pela nefasta Academia de Ciências da URRS.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

O DISCURSO BURGUÊS


O DISCURSO BURGUÊS

            A burguesia espalha no seio das massas populares, letradas ou iletradas, discursos mentirosos, como forma de manter o capitalismo. Dentre os discursos fraudulentos espalhados pela burguesia, através dos seus prepostos, um poderia ser considerado como o discurso central. Ele procura, com êxito, difundir uma grande mentira, quando diz: “O capitalismo é bom, desde que governado de forma competente e honesta”.
            A esse discurso mentiroso, aderiu a esquerda convencional que se atém a combater um chamado capitalismo selvagem, para colocar em seu lugar, um presumido capitalismo civilizado, isso através de reformas que tornem esse sistema palatável.
             Ora, muitos não entendem e outros fingem não entender que o “capitalismo civilizado” dos países nórdicos e outros países ricos, seria impossível de existir, caso não existisse o propalado capitalismo selvagem, presente em quase duas centenas de países, afetando uma população de bem  mais de 6 bilhões de pessoas, contendo nessa cifra o espantoso número de 2 bilhões de seres humanos submetidos à condição de miseráveis.
            Vê-se pois, que o discurso do bom gerenciamento do capitalismo, de forma a torná-lo “justo”, é um discurso dotado de total má fé. É necessário e urgente, que os verdadeiros socialistas, se disponham a desconstruir esse tão nocivo discurso que, infelizmente, está na cabeça e na boca do povo, por obra e graça de um trabalho sistemático feito pela burguesia, através das instituições: família, escola, igreja, mídia e o papel que jogou e joga a esquerda direitosa, representada, no Brasil, pelo PCB de outrora e hoje pelos partidos PT, PSB e PCdoB.
            Em certo momento, o revolucionário russo, Vladimir Lênine, disse que o papel dos verdadeiros socialistas, é dizer ao povo que suas crendices, são crendices; suas fantasias, são meras fantasias; o seu atraso, é apenas atraso; usando, para tanto, uma pedagogia eficaz, de forma a desconstruir a cultura que lhe foi imposta pelas classes exploradoras, com o objetivo de manter de pé esse sistema que só beneficia a burguesia comparsas.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

A ELEIÇÃO DE OBAMA


A ELEIÇÃO DE OBAMA
            O capitalismo, apesar de exaurido, exerce uma hegemonia política quase absoluta, em escala mundial. Não existem movimentos anticapitalistas que mereçam ser citados. Ontem, 06/11/2012, tivemos uma renhida disputa eleitoral nos EUA. Disputavam duas grandes correntes políticas: uma de extrema direita, representada pelo Partido Republicano e outra de direita moderada, representada pelo Partido Democrático.
            O extremo direitismo dos republicanos, vai tão longe que eles, em campanha, não se cansavam de acusar Barack Obama de socialista e, até mesmo de bolchevique. Assim faziam porque as massas populares norte americanas, foram ganhas, política e ideologicamente, para o mais ferrenho e obstinado anticomunismo. Para esse trabalho de lavagem cerebral foi de grande importância a contribuição que deu o stalinismo-trotskismo, quando de forma equivocada, negou-se reconhecer em tempo hábil, a derrota da revolução socialista em escala mundial e, especificamente, na própria Rússia.
            Usando, indevidamente, o carimbo de “marxismo-leninismo”, ou mesmo de “marxismo-leninismo- trotskismo”, esses senhores se negaram a ver que ao invés de socialismo o que se construía na URSS era o capitalismo de Estado, com as todas suas desastrosas consequências.
            Diante desse quadro, sumamente desastroso, a burguesia internacional, após criar um cordão de segurança anticomunista, através da implantação dos chamados Estados de Bem Estar Social, levou avante, um eficaz trabalho de propaganda, expondo o totalitarismo praticado naqueles países que compunham um pretenso mundo  socialista. Fieis as resoluções tomadas no X Congresso do Partido Comunista russo em 1921, os marxistas-leninistas-trotskistas, levaram até as últimas consequências, a completa supressão do livre debate, a imposição do partido único, enfim, o Estado policial. Diante disso, espertamente, as forças políticas do capitalismo exibiam aquele quadro como decorrência natural e imperativa do movimento socialista, e contra aqueles absurdos, eles exibiam a democracia burguesa amplamente exercitada nos países capitalistas avançados como os Estados Unidos, a Europa Ocidental e o Japão, isso após a Segunda Grande Guerra.
            Ninguém fez tanto pelo “anticomunismo” como esses longos anos de stalinismo e aí está, o mais avançado país capitalista, acerbamente dividido entre uma direita fascista e outra moderada, como bem retrata a eleição de Barack Obama.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

SOCIALISMO SABOR BURGUÊS


SOCIALISMO SABOR BURGUÊS

            Há muito, a esquerda direitosa tem se empenhado em professar um socialismo sabor burguês. O primeiro representante dessa corrente foi o sr Eduard Bernstein, dirigente da Segunda Internacional. Dono de um bom cabedal intelectual, ele formulou a tese do Socialismo Evolucionário. Argumentou que o socialismo revolucionário, defendido por Marx, merecia revisão, pois o capitalismo havia chegado à sua fase imperialista e isso mudava as regras do jogo.
            O Socialismo Evolucionário era visto com simpatia, por setores da burguesia. Esse socialismo punha de lado as rupturas radicais. Defendia o discurso de que a igualdade social seria conquistada gradualmente. Felizmente essa posição foi rechaçada pelos socialistas revolucionários daquela época, destacando-se a figura de Rosa Luxemburgo. No entanto, vale considerar que a tentativa de se modelar um socialismo sabor burguês, ressurge com o advento do stalinismo. Nessa ocasião, rebaixa-se o discurso socialista para agradar os setores da burguesia com quem haveria de construir as chamadas frentes populares.
            Stálin, morto, surgiu o stalinismo na versão kruchevista que reassumia o discurso sabor burguês do “caminho pacífico para o socialismo”. Os partidários dessa formulação política, acusavam a outra facção, aquela que defendia o movimento armado, como aventureiros, e o que se viu foi o fato do propalado “caminho pacífico” redundar em episódios de violência que custaram muito mais sangria do que a “aventura” da luta armada.
             Após a monumental queda do Muro de Berlim, houve o esvaziamento completo do velho discurso da esquerda direitosa de que haveria dois mundos: um capitalista e outro socialista em franca concorrência, sobretudo através da corrida armamentista. O discurso dos dois mundos, mostrou-se uma fraude e ao invés de se fazer uma análise crítica da Revolução Russa e do stalinismo, o que vimos foi a adesão total da esquerda, em geral, ao caminho institucional, como forma gradualista de se chegar à superação do capitalismo. A burguesia agradece!

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

QUESTÃO DE FÉ?


 QUESTÃO DE FÉ?
            É costumeiro ouvirmos várias pessoas afirmando que não acreditam na viabilidade do projeto socialista. Como argumento, para fundamentar essa colocação, é comum dizerem que o socialismo não é viável, dentre outras razões, em função da natureza egoísta de cada ser humano, incapaz de controlar suas ambições, sem se dar conta do caráter dessa ambição. Sem dizer se essa ambição, inerente ao homem, seria material-acumulativa, como soe acontecer na sociedade capitalista, ou se essa ambição poderá ser intelectual, de feição científica, estética, artística...
            Não percebem os defensores dessa afirmação que, justamente por egoísmo, é que devemos ser socialistas. Expliquemos melhor, caso seja verdade a afirmação de que ao capitalismo só pode suceder o socialismo ou a tragédia total, ou seja, a inviabilização completa da vida, até por um ato de preservação do nosso “eu vivo”, da vida de nossa família, de nossos amigos, é compreensível repudiar a idéia de sucumbirmos, em decorrência da célere marcha do sistema socioeconômico vigente para o abismo.
            Insistimos em dizer que o socialismo, ao invés de um simples sonho, de um desejo, de uma utopia, é, antes de tudo, a única resposta que poderá se opor a um desfecho trágico. Dessa maneira, o socialismo deixa de ser uma questão de fé para se apresentar como um imperativo histórico.
            A tomada de consciência desse imperativo, torna-se um elemento de importância fundamental, para que possamos responder à crise do capitalismo com um projeto socialista. Como ponto de reflexão, devemos levar em consideração que, por milhares e milhares de anos, as sociedades primitivas, viveram o comunismo, desconheceram, portanto, a propriedade privada dos meios de produção, e consequentemente, a desigualdade social. Esse comunismo primitivo só desmoronou em função das profundas precariedades em que estava assentado, isso é bom ressaltar.
            Uma sociedade igualitária, nos dias de hoje, dar-se-ia sobre as bases de uma economia extremamente desenvolvida, e isso, permitiria uma vida de super abundância, ao contrário da sociedade de escassez vivida por tão longos anos, nas referidas sociedades primitivas, cujos remanescentes ainda são presentes em alguns povos, seja no Brasil, na África ou na Ásia como se pode constatar.
            Devido à nossa cultura judaico-cristã, somos levados a imaginar que o socialismo seria a repartição do pão, seria a régia administração da escassez. Tal pensamento peca pela mais profunda inverdade. Portanto, os argumentos levantados, tanto na rejeição das propostas socialistas, como na fundamentação positiva, dessa proposta, merecem ser amplamente discutidos de forma não preconceituosa e totalmente  desarmada, afinal, dessa discussão depende o nosso futuro, o futuro de nossa família, o futuro da humanidade e a possibilidade ou não, da subsistência da própria vida, no seu sentido mais lato.