QUESTÃO DE FÉ?
É
costumeiro ouvirmos várias pessoas afirmando que não acreditam na viabilidade
do projeto socialista. Como argumento, para fundamentar essa colocação, é comum
dizerem que o socialismo não é viável, dentre outras razões, em função da natureza
egoísta de cada ser humano, incapaz de controlar suas ambições, sem se dar
conta do caráter dessa ambição. Sem dizer se essa ambição, inerente ao homem,
seria material-acumulativa, como soe acontecer na sociedade capitalista, ou se
essa ambição poderá ser intelectual, de feição científica, estética, artística...
Não
percebem os defensores dessa afirmação que, justamente por egoísmo, é que
devemos ser socialistas. Expliquemos melhor, caso seja verdade a afirmação de
que ao capitalismo só pode suceder o socialismo ou a tragédia total, ou seja, a
inviabilização completa da vida, até por um ato de preservação do nosso “eu vivo”, da vida de nossa família, de
nossos amigos, é compreensível repudiar a idéia de sucumbirmos, em decorrência
da célere marcha do sistema socioeconômico vigente para o abismo.
Insistimos
em dizer que o socialismo, ao invés de um simples sonho, de um desejo, de uma
utopia, é, antes de tudo, a única resposta que poderá se opor a um desfecho
trágico. Dessa maneira, o socialismo deixa de ser uma questão de fé para se
apresentar como um imperativo histórico.
A tomada de
consciência desse imperativo, torna-se um elemento de importância fundamental,
para que possamos responder à crise do capitalismo com um projeto socialista.
Como ponto de reflexão, devemos levar em consideração que, por milhares e
milhares de anos, as sociedades primitivas, viveram o comunismo, desconheceram, portanto, a propriedade privada dos meios
de produção, e consequentemente, a desigualdade social. Esse comunismo primitivo
só desmoronou em função das profundas precariedades em que estava assentado,
isso é bom ressaltar.
Uma
sociedade igualitária, nos dias de hoje, dar-se-ia sobre as bases de uma
economia extremamente desenvolvida, e isso, permitiria uma vida de super
abundância, ao contrário da sociedade de escassez vivida por tão longos anos,
nas referidas sociedades primitivas, cujos remanescentes ainda são presentes em
alguns povos, seja no Brasil, na África ou na Ásia como se pode constatar.
Devido à
nossa cultura judaico-cristã, somos levados a imaginar que o socialismo seria a
repartição do pão, seria a régia administração da escassez. Tal pensamento peca
pela mais profunda inverdade. Portanto, os argumentos levantados, tanto na
rejeição das propostas socialistas, como na fundamentação positiva, dessa
proposta, merecem ser amplamente discutidos de forma não preconceituosa e
totalmente desarmada, afinal, dessa
discussão depende o nosso futuro, o futuro de nossa família, o futuro da
humanidade e a possibilidade ou não, da subsistência da própria vida, no seu
sentido mais lato.
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