Coerência
Um setor dito de esquerda defende a
tese de que, no Ceará, o inimigo maior é a oligarquia dos Ferreira Gomes. Esse
segmento faz uma grave inversão de raciocínio. Ao invés de compreender que é o
sistema capitalista quem produz as oligarquias, imagina o contrário, ou seja,
seriam as oligarquias geradoras desse sistema.
Ora, se considerarmos que a
oligarquia citada seja de fato o inimigo principal, a coerência levaria esse
grupo a apoiar as prováveis candidaturas de Eunício Oliveira (PMDB) e Roberto
Pessoa (PR) para o Governo do Estado, pois são essas candidaturas capazes de
derrotar o candidato dos Ferreira Gomes, e isso seria um fato bastante
espantoso, embora não tenha acontecido,
pela primeira vez, neste Estado.
Depois do Ceará ter sido dominado,
politicamente, pela oligarquia dos Acioly, tivemos um outro momento em que se
estabeleceu uma aliança política, sob a liderança dos empresários do Centro
Industrial do Ceará (CIC), cujo objetivo era a derrubada da oligarquia dos
coronéis.
Tendo
Tasso Jereissati como candidato a governador, formou-se uma coligação cuja
proposta era o mudancismo. Essa aliança política “anti-oligárquica” foi
vitoriosa e instalou-se o chamado governo das mudanças, empenhado em desfazer a
política clientelista e estabelecer um governo modernizante. Essa experiência
se esgotou e o seu resultado final foi justamente a chegada ao governo dos Ferreira
Gomes.
Observa-se, pois, que as oligarquias
reais ou presumidas vão e vêm e o sistema socioeconômico, o capitalismo,
permanece inabalável, uma vez que não existe uma política que arregimente a
população em torno do seu real inimigo, que, no caso, é o próprio capitalismo.
Esses exemplos históricos, que não
se limitam ao Estado do Ceará, bem poderiam servir como fonte de ensinamentos,
de tal forma que nos capacitasse em nos livrar da mesmice, cuja tônica é
eternizar uma prática constante de oposição aos sucessivos governos, deixando
de lado a luta principal, a luta pela superação da ordem socioeconômica
vigente.
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