Nenhuma cidade brasileira, de
inequívoco conteúdo capitalista, poderá ser chamada de “espaço de convivência
cidadã”. Esse discurso procura desconhecer a existência de classes sociais com
interesses conflitantes e antagônicos. Quase a totalidade dos candidatos que
concorrem às eleições evitam falar a verdade. Alguns mentem por conveniência,
como é o caso dos políticos burgueses que têm, por obrigação, a tarefa de enganar
o povo. Enquanto isso, regra geral, os candidatos ditos de esquerda omitem
verdades com o claro intuito de não perder votos e mentem para ganhá-los. É
compreensível que os partidos da ordem sócio-econômica vigente, pratiquem a demagogia,
a enganação. Esperava-se, que partidos ditos socialistas e comunistas tivessem outra
conduta, e fizessem o discurso da verdade. Isso implicaria em dizer para o povo
que os processos eleitorais, no capitalismo, se prestam, tão somente, a disputas
de governos em todos os níveis, sejam eles federal, estaduais ou municipais.
Nos processos eleitorais, disputam-se
apenas governos, e há uma diferença abismal entre governo e poder. A burguesia diz
que no “Estado democrático de direito” existe alternância de poder e isso é uma
desbragada mentira. Eleitores não são chamados para votar em juízes, oficiais
das Forças Armadas e policiais, nem em qualquer um dos que compõe a lista de servidores
que operam o real poder de Estado no interesse do sistema vigente.
Essa questão, de importância
fundamental, não é tratada junto ao povo e o que observamos é o fato de existir
no seio das camadas sociais bem letradas, letradas e iletradas, a ilusão de que
governo é poder, sem observar o quanto de enganoso existe em tal afirmação.
Caberia portanto, aos partidos ditos comunistas e socialistas desconstruírem
este e outros tantos discursos enganosos, propalados pela burguesia na
intenção, bem sucedida, de manter de pé a ignorância política, pois dela emana
a sustentação de um sistema sócio-econômico que só produz graves e cruéis
mazelas sociais. Em razão desses fatos, devemos repelir com toda veemência, o
discurso de que as cidades são espaços de convivência harmoniosa e poética,
abstraindo-se o fato, essencial, de que nelas existem diferenças de interesses
entre as classes e camadas sociais que as compõem.
Socialista verdadeiro não deve fugir de suas responsabilidades, perante a história. Nosso compromisso é infinitamente maior, que um simples processo eleitoral. Não deveríamos, desperdiçar uma das poucas oportunidades que temos de mostrar ao povo, as mazelas causadas pela tirania do sistema capitalista. Isso, lamentavelmente não vem sendo feito.
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