A burguesia é muito esperta. Para
dominar o mundo ela semeia alguns discursos que são bastante massificados.
Diante das absurdas mazelas sociais ela faz a seguinte colocação: necessitamos
elaborar políticas públicas. Com políticas públicas bem elaboradas e a vontade
política de realizá-las, tudo se resolverá. Assim sendo, não precisamos
questionar o sistema sócio econômico vigente, o capitalismo. Tudo poderá se
resolver dentro dos seus limites.
Esse tipo
de discurso só interessa à burguesia, mas, em torno dele, se enfileira uma
legião de pessoas que se propõem trabalhar na elaboração dessas políticas
públicas de caráter salvador. É bem verdade que um grande número de militantes
da “boa causa” é encharcado pelos discursos burgueses, enquanto alguns são
tangidos pelo oportunismo, na medida em que a formulação de políticas públicas
tem se prestado a ser cabide de emprego para um bom contingente de pessoas.
Há que se desmascarar essa manobra que redunda
em nos afastar da questão central. Urge, também, entender que, nas fronteiras
do capitalismo, não há salvação. É claro que não se pode abandonar a luta
cotidiana por situações menos penosas, mas a denúncia do capitalismo como matriz
dos males sociais não pode ser negligenciada.
A burguesia consegue massificar
seus discursos enganosos e enquanto isso, a esquerda, por sua maioria, termina
por se tornar porta voz do engodo.
Daí a necessidade de se construir uma esquerda
explicitamente anticapitalista cuja tarefa maior seja desnudar a realidade e por
abaixo a fraude dos discursos correntes.
Já se disse
que a verdade é transformadora, mas não é fácil agitar a bandeira da verdade
diante do assombroso e massacrante domínio
da mentira, desmentindo a lenda, dita e repetida, de que a mentira tem
pernas curtas. Pernas curtas tem a verdade política que é reprimida e cerceada
constantemente, pois ameaça os privilégios de uma minoria ardilosa.
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