COBERTOR CURTO
No
capitalismo, para a imensa massa do povo pobre e miserável, a vida se constitui
na inglória tarefa de querermos nos cobrir com cobertores bastante curtos. Isso
quer dizer, quando cobrimos a cabeça, temos os pés descobertos e quando cobrimos
os pés, passamos a ter a cabeça e até os braços descobertos.
É assim que
funciona o sistema capitalista. A burguesia inaugura um suntuoso hospital e
clama ao mundo inteiro: “eis aí o quanto o sistema socioeconômico está voltado
para atender as necessidades do povo.” Exemplo patente é o Hospital da Mulher
em Fortaleza. Não dizem eles, quantas empreiteiras ganharam fortunas nas obras
sobrefaturadas. Não dizem, via de regra,
que o monumental prédio que custou uma fortuna não dispõe de equipamentos suficientes
para atender os necessitados. Quando tem equipamentos, falta o corpo técnico
capaz de operacionalizar os instrumentos de que dispõe. Quando tem tudo
funcionando naquele hospital, dezenas de milhares de postos de saúde não têm o
funcionamento necessário, pois ali faltam, desde o médico, o enfermeiro, o
técnico, e, sobretudo, medicamentos.
Por sua vez, quando se despende uma atenção
maior para a saúde, eis que faltam os meios necessários para a construção de
escolas, contratação de profissionais e compra de equipamentos. O curto lençol
do capitalismo, para atender as inúmeras demandas das massas necessitadas,
terminam por não poder cumprir as imensas solicitações no campo da segurança
pública, deixando de promover concursos e treinamentos capazes de possibilitar
um mínimo de tranquilidade.
Não
bastassem essas carências, outras tantas se apresentam: são as malhas viárias,
em estados deploráveis; são os portos, sem condição de carga e descarga; são os
aeroportos, sucateados, e assim se vai o curto cobertor.
Cabe,
porém, uma pergunta: para onde vão os bilhões de riquezas produzidas nesse
mundo a fora? A maior parte vai para os bolsos dos capitalistas, que não param
de acumular riqueza, enquanto o mundo acumula fome, favela e miséria. Outra
parte das riquezas são gastas para a manutenção do permanente estado de guerra
em que vive o sistema capitalista, desembolsando fortunas para custear as suas
forças armadas, estejam elas ativas ou inativas.
É
necessário acrescentar que uma legião imensa de pessoas se ocupam no triste
oficio de trabalhar e nada produzir, como acontece com as máquinas burocráticas
das empresas, repartições e ministérios. Somente uma outra sociedade, uma
sociedade voltada para o real bem estar da população, poria fim a esse infernal
quadro da existência humana.
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