DIREITA? QUE DIREITA?
É comum
ouvirmos comentários de pessoas do PT e do PCdoB, nos seguintes termos: “é preciso
cuidar, a direita está à espreita e quer voltar ao poder”. É claro, que alguns
fazem esse comentário de boa fé. É claro, também, que outros o fazem de má fé. Antes, devemos desfazer um erro. Governo e poder são coisas diferentes. Como temos
mostrado, governos vão e vem, enquanto o poder (o Estado), é permanente. Os
governos têm, como função gerenciar, episodicamente, os interesses do capitalismo,
ou seja, têm a missão de gerenciar a desigualdade. Quando determinados governos
colidem com os interesses da burguesia, esses governos são depostos . Os
exemplos são fartos e, dentre eles, temos, a ressaltar, o caso do governo João
Goulart, deposto por um golpe de Estado, levado a cabo pela burguesia, que soube
usar as suas forças policiais e militares.
Fica evidente que o poder é o
Estado e suas instituições. Sua função, no capitalismo, é preservar os
interesses desse sistema. Os processos eleitorais não põem em disputa o poder,
de fato. Não votamos para escolher o Estado Maior das Forças Armadas, nem para o
judiciário. Não escolhemos os que exercem funções, ditas como de Estado. Feitas essas observações, voltemos à questão
inicial que seria o perigo da direita. Cabe-nos formular uma pergunta: não
serão componentes da direita fisiológica
os senhores José Sarney, Renan Calheiros, Jader Barbalho, Romero Jucá, Michel
Temer, Fernando Collor, Paulo Maluf...? Essa gente não é apenas de direita,
como direita eram Ulisses Guimarães, Mario Covas, Franco Montoro, Tancredo
Neves... Acontece, que esta direita tinha um perfil nitidamente ideológico,
enquanto o primeiro grupo citado, tem a inequívoca marca do fisiologismo e, não foi com a direita
ideológica que o petismo se entendeu, pelo contrário, foi com a escória da
direita fisiológica que eles se mancomunaram.
Como, diante desse quadro real de nossa
conjuntura política, podemos imaginar que existe uma disputa entre direita e
esquerda? É evidente que existe uma
acirrada disputa entre um setor da direita explícita contra outro setor de
direita, representado, acentuadamente, pelos partidos PT, PCdoB e PSB, o que
vem confundindo muita gente. Negar esses fatos significa querer tapar o sol com
a peneira. O carimbo de esquerda só se aplica àqueles que, de forma explícita e
direta, se colocam em oposição, não aos fortuitos governos, mas ao capitalismo.
Isso sim, é usar, com todo rigor necessário, o conceito de esquerda, o resto é
falácia.
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