LADRÃO OTÁRIO?
As palavras
otário, bobo, vacilão e outras do gênero, servem para classificar aqueles que,
no mundo do crime, não souberam tirar as devidas vantagens. Foi com muita
surpresa que lemos de uma renomada jornalista da “Folha de São Paulo” a
afirmação de que o ex-guerrilheiro, “ex-marxista-leninista-maoista”, herói da
Guerra do Araguaia, envolvido no maior dos escândalos dessa pútrida república,
O MENSALÃO, sr José Genuíno, deveria ser
inocentado pois continuava pobre, não havia feito fortuna, como os demais.
O mínimo
que se poderia dizer de tal argumento é que se trata de uma afirmação bastante
hilária. É de se pensar, até, que esse sr José Genuíno, não seguiu os passos
dados pelos seus parceiros mais espertos.
Destaque-se a conduta do sr Antonio Palocci, que num curto prazo de
quatro anos, conseguiu amealhar uma fortuna de vinte milhões de reais. Neste
caso, temos o roubo lícito, ou seja, aquele ilícito praticado dentro dos
conformes das leis burguesas. Tanto é lícito o seu abominável comportamento,
que ele participa ativamente do comando junto ao sr Lula e a sra Dilma, sem que
seja censurado.
Valeria a
pena tentar auditar o volume de riquezas acumuladas pelo sr José Dirceu, na sua
“consultoria”, que não passa de um eufemismo, para o desonroso tráfico de influência?
E o que dizer do modesto e caipira professor Delúbio Soares, que passou a
incorporar a seus bens e aos da família, alguns bons quinhões? Seriam esses
senhores, os chamados larápios espertos, enquanto pessoas como José Genuíno,
até pelo seu temperamento, pouco audacioso, apesar de sua comprovada
participação no crime, um mero otário?
A triste
verdade é que aqui e ali, ouvimos afirmações do tipo: “ora, camarada, temos
trinta, quarenta e até cinquenta anos de militância, e o que fizemos?” Por uma
razão ou por outra, a sonhada revolução “foi para o brejo”. Por uma razão ou
por outra, fomos, acachapantemente derrotados. Hoje, a burguesia oferece alguns
bons trocados em pagamento pelos serviços que lhe pudemos prestar. E não seria
um ato de “inteligência” nos negarmos a esse benefício em troca de duvidosos
princípios, sejam eles, revolucionários ou morais?
Como
sabemos, não conquistamos o poder, mas conquistamos o governo, e no exercício
da tarefa de governar os negócios do capitalismo, bem que nos cabe, algumas
parcelas de vantagens. Aos graúdos, grandes montantes. Aos medianos, algo
razoável. E aos “otários”, do tipo José Genuíno, um pouco ou quase nada em
troca da imensa infâmia por ele praticada.
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