Recorremos
aos fatos ultimamente ocorridos nos países árabes, para refutar o argumento de
figuras “marxistas-leninistas” que não têm a necessária clareza dos fatos e nos
dizem: a época das insurreições passou, hoje apresenta-se para nós o caminho
das vitórias institucionais para que, a partir delas, atinjamos os objetivos
socialistas.
Trata-se de uma infeliz ilusão no
caminho constitucionalista para o socialismo. Dão como exemplo o coronel Hugo
Chávez na Venezuela, figura raivosa diante do imperialismo ianque, mas que
desconhece o imperialismo como produto do desenvolvimento capitalista, estando,
portanto, presente em todos os recantos e nunca confinado nos limites de um
único país, embora observemos o papel de polícia que exerce o chamado Império
do Norte. Por sua vez, ressaltam o “avanço”
do socialismo constitucional através dos processos na Bolívia, no Equador, no
Paraguai e assim por diante.
Não refletem esses senhores “marxista-leninistas”
que o socialismo insurrecional que desmantelou, por completo, os estados
burgueses, em alguns países, terminou por ser derrotado em decorrência do fato
principal dessas insurreições terem acontecido na periferia do capitalismo.
As insurreições árabes, o rápido
movimento de rebeldia na Inglaterra, os sinais de insubmissão na França, na
Grécia, na Espanha, demonstram, de forma cabal, que o caminho da insurreição
não ficou no passado, considerando ser a insurreição um movimento em busca da
ruptura. Quando os insurretos estão desarmados de um projeto de transformação,
essas insurreições confundem-se com meras rebeliões e terminam por se
circunscrever no âmbito da política burguesa, empalmando a bandeira das
liberdades democráticas e das reformas sociais, no âmbito do próprio sistema. Os
exemplos dados desmentem totalmente a tese de que insurreição é coisa do
passado. Por sua vez, a realidade mostra a total inviabilidade de um socialismo
constitucional, calcado nas regras jurídicas do próprio capitalismo, como soe
acontecer nos exemplos dados.
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