É
corriqueiro ouvirmos o seguinte discurso: o PT era um partido de perfil
socialista, mas, quando chegou ao poder, ele mudou. Primeiro, é necessário
entender que chegar ao governo nada tem a ver com chegar ao poder. O poder é o
Estado, e ele tem caráter permanente. Os governos existem para gerenciar,
eventualmente, os negócios do sistema socioeconômico vigente que, em nosso
caso, é o capitalismo. Temos dito, insistentemente, que governos vão e vêm e o
sistema continua, em sua essência, o mesmo. Quando ocorre de algum governo
entrar em conflito com o poder, ele é deposto. A História está repleta, quanto
a isso, de exemplos.
Feita
essa observação, é fácil concluir que o PT não chegou ao poder, mas, tão
somente, ao governo. Por outro lado, não é acertado dizer que ele mudou depois
de conquistar sua vitória eleitoral. Isso não. O PT mudou para conseguir
governar. Com esse propósito, publicou sua “Carta ao povo brasileiro” que, na
verdade, era destinada ao grande capital. Nessa carta, o citado partido deixava
claro que a burguesia não tinha de que ter medo, o leão era mansinho. Em seguida, o PT pagou muito caro, em moeda
corrente, para ter um rico e insuspeito industrial na chapa de Lula, na
condição de vice.
Ao
lado dessas providências, fez as suas promessas. Garantiu manter-se fiel ao Plano
Real. Garantiu que o Banco Central haveria de ser dirigido por um banqueiro da
confiança do capital financeiro internacional. Garantiu evitar comoções
sociais, mantendo os trabalhadores imobilizados pelas centrais sindicais,
fazendo o mesmo com as centrais estudantis.
Dessa
forma, o PT e seus assemelhados não mudaram quando conquistaram o governo, isso
é preciso deixar bastante claro. O PT, pelas mãos de seus dirigentes, vendeu
sua alma ao diabo e, nesse processo de triste capitulação, sobressaíram-se as
figuras de José Dirceu, Luiz Gushiken, José Genuíno, Gilberto Carvalho, Delúbio
Soares, Luís Pereira e outros trânsfugas, se é que esses senhores, algum dia,
foram, de fato, socialistas revolucionários.
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