Somos, enquanto
marxistas, absolutamente, contra o sacrifício desnecessário, o sacrifício do
penitente que resvala para o autoflagelo, a partir da ideia mística de que o
“sofrimento do corpo ameniza os pecados da alma”. Esse conceito de sacrifício
sempre se prestou aos interesses das classes exploradoras, na medida em que a
massa de sofredores possa se sentir bem, dentro daquele pensar bastante
popular: “pouco importa o sofrimento, pois Deus esta vendo e haverá de me
destinar a felicidade após a morte”. Apesar de refutar esse tipo de sacrifico
calcado no autoflagelo, nós, socialistas revolucionários, sabemos que é
inevitável o sacrifico para a conquista do objetivo maior que é a libertação da
humanidade dos grilhões do capitalismo.
Quem conhece a história
do movimento socialista, verá que bem antes do socialismo marxista, militantes
revolucionários, além dos menores e constantes desconfortos, chegaram ao ponto
de sacrificar suas vidas na luta pela justiça e pela paz. Exemplo digno de ser
ressaltado encontra-se na “Conspiração dos Iguais” quando, em torno de um
manifesto igualitarista, um grupo de revolucionários, já em 1796, urdia um
plano para deposição do governo burguês e a instalação de um governo do povo. Esses conspiradores,
logo que descobertos foram levados aos cárceres e o seu líder maior, Graco
Babeuf, foi decapitado. Diante do tribunal que o sentenciou, Graco, pronunciou
um destemido discurso de fé em seus propósitos.
São quase infindáveis os
testemunhos de sacrifícios necessários à conquistas de nossos objetivos
socialistas, desde o sacrifício da vida aos de menor monta, como uma longa
caminhada, um jejum compulsório, noites mal dormidas, múltiplos desconfortos...
estão na lista do fazer militante.
O sacrifício de um
domingo de lazer, por um dia de intensa panfletagem, deve ser considerado, pelo
militante ganho para a causa, como algo que acalenta nossos corações ávidos na
busca da felicidade social plena, que só poderá acontecer com a superação do
capitalismo. A isso podemos dizer: bendito sacrifício, pois foi o preço imposto
na nossa busca de um objetivo superior a cada um dos nossos anseios menores,
enquanto indivíduos. O que foi dito pode ser reduzido à reafirmação de que não
faz sentido o autoflagelo místico, entretanto se impõe o sacrifício indispensável
para a causa socialista quando o momento exige.
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