segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

“O tempo está acabando”


Como marxistas, poderíamos iniciar esse artigo citando Marx ou Engels. Entretanto, pretendemos fazer nossa abordagem citando o Santo Papa Francisco, que, movido pela sensibilidade aguçada, dá-se conta de que nada é infinito, tudo está fadado a desaparecer. Dentro dessa percepção, o Papa conclui que o mundo está na iminência de mergulhar no colapso, caso a humanidade não intervenha, em tempo hábil, para mudar esse destino. Vejam que falamos em tempo hábil, e isso quer dizer: antes que seja tarde.
Esse discurso confronta com aquele outro tão frequente, quanto inconsistente, quando alguém num gesto de altruísmo, desprendimento, afirma: devemos lutar para dar um paradeiro no capitalismo predatório e o superando construirmos um mundo de justiça e paz, para depois acrescentar: tal mundo poderá não ser para nós, mas poderá ser para nossos filhos, netos ou bisnetos. Trata-se de um discurso infundado, pois o tempo está acabando e qualquer postura que não leve em consideração esse fato é destituído de fundamento.
É uma ironia ver legiões inteiras de “marxista-leninistas” ou trotskystas, cultivando esse equivoco, legando a salvação da humanidade a uma imprecisa posteridade, sem se dar conta de que a realidade urge que se conscientize o mundo quanto à catástrofe que se avizinha.
Esse papel de esclarecimento do drama histórico que atravessamos, haveria de ser obra daqueles que se autoproclamam de esquerda. Ao invés disso, por sua maioria, eles se ocupam em levar a cabo duras lutas pela conquista dos aparelhos burocráticos, sejam eles sindicais, estudantis, partidários ou institucionais.

A população desinformada busca a salvação individual, quando não se prostra diante das promessas místicas, e outros se rendem ao uso das drogas ou caem na epidêmica depressão emocional. Não percebe, a maioria, que não existe salvação individual. Ou nos salvamos todos, ou não se salvará ninguém. Eis uma lição que se deve levar em consideração, no devido tempo, para que se possa evitar que se consuma o tão apregoado fim da vida.

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