segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Netos ou bisnetos


Dentre os vários discursos equivocados praticados, até de boa fé, por uma pretensa esquerda desinformada ou má informada, registramos um que tem ares de altruísmo e desprendimento. Trata-se da enganosa afirmação de que a nossa luta por um mundo fraterno, de justiça e paz, poderá não ser uma conquista da nossa geração, mas certamente será dos nossos netos ou bisnetos.
A grande verdade é que esse discurso não oferece nenhuma sustentação, não passando, pois, de uma descabida presunção. Nada é eterno, que não seja o movimento. Tudo é finito, tem o seu “prazo de validade” e isso se aplica a tudo, inclusive ao capitalismo. Ele, inicialmente progressista e revolucionário, no decorrer de sua acelerada caminhada chegou, nos dias de hoje, ao seu momento de exaustão, de total esgotamento. Esse fato impõe para a humanidade um dilema: ou esse sistema socioeconômico dá lugar a um novo sistema ou teremos a tragédia total que poderá ser a extinção da vida. Diante disso, levanta-se a pergunta: será que a humanidade terá condições de superar o capitalismo em tempo historicamente hábil? Ou seja, será que se pode evitar a tragédia total de que tanto falamos?

Para que logremos esse tento, para que exista a vitória contra o colapso da vida, é necessário que se tenha força política capaz de evitar a grande tragédia a que o capitalismo celeremente nos arrasta. É necessário que se tenha força para alcançar essa vitória e é preciso que isso, que essa força se conquiste a tempo. Dessa maneira se estabelece uma louca corrida contra o relógio da história, pois sabemos, e sabemos muito bem, que a sanha predatória do capitalismo não nos dá trégua e talvez não existam nossos netos ou bisnetos para desfrutar de uma conquista que não tivemos. O discurso desprendido que lega aos descendentes um inevitável paraíso é irreal, é sonhático, pois esse paraíso poderá existir ou não, tudo dependerá da correlação de forças no confronto final entre a revolução e a contrarrevolução, e essa realidade é implacável e irrevogável.

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