É natural que a esquerda direitosa, de conteúdo nacional-reformista
ou social-patriota, esteja se sentindo um tanto órfã diante da morte do Cel.
Hugo Chávez, afinal, essa esquerda, indigente, anda sem referências políticas,
qual naufrago, agarra-se a tábuas que lhes parecem seguras.
Era Chávez, combativo? Sim! Era ele um palanqueiro? Sim! Entretanto,
não devemos esquecer que uma das suas características era ser midiático e corajoso.
Entretanto, o seu perfil político era o antiamericanismo e não levantava a voz
contra o capitalismo. Nada dizia que desaprovasse o imperialismo inglês,
francês, alemão, italiano, belga ou japonês. Em decorrência disso, ele
procurava fazer alianças com o fascismo iraniano e sírio. Era justamente o seu
antiamericanismo que fazia convergir para ele, toda uma esquerda mal informada
e prostrada diante da hegemonia política da burguesia imperialista.
O povo pobre da Venezuela está em prantos diante da morte
de Chávez, pois via nele a figura paterna
que usando o dinheiro do petróleo, promovia um trabalho de ações sociais,
mitigando o sofrimento daquela gente. Essa conduta paternalista, vamos
encontrar, em Getúlio Vargas, que se converteu em ídolo das classes
trabalhadoras brasileira disposta a identificá-lo como “pai dos pobres”, quando
na verdade era “mãe dos ricos”.
Em uma escala maior, tivemos na Argentina, a figura populista,
de Juan Perón e sua mulher, Evita, cujos discursos eram dirigidos aos descamisados,
aos despossuídos. Ora, não se faz triunfar a causa da justiça social através de
governos. A transformação social, dar-se-á, apenas por via das massas populares
insurgidas. Não se presta bons serviços à causa da igualdade social,
alimentando ilusões e fantasias. Temos que ter bem claro, que a luta pela
emancipação humana, deve partir do princípio mater de que é o capitalismo o nosso inimigo e nunca,
particularizá-lo de forma tão reducionista, como é o antiamericanismo.
O antiamericanismo incorre no grave erro de não perceber
que o imperialismo é produto do desenvolvimento capitalista. Assim sendo, é no
anticapitalismo que está a luta consequente contra o imperialismo, e é por essa
razão que insistimos em dizer: ser antiamericano não é ser anticapitalista,
vide os casos do Talibã, do Irã, da Síria e do fundamentalismo islâmico de caráter
fascista.
Que mereça Hugo Chávez, as nossas reverências pelo que
ele foi, tudo bem! Mas não podemos acatar os seus limites políticos, quando se
colocava como adepto de um socialismo que se apoiaria em uma distorcida combinação
de Marx com Jesus. Muito menos devemos aceitar a sua confusa ideia de um
socialismo, do séc. XXI. Um socialismo bolivariano, cujo o guia exemplar seria
o herói da luta anticolonial Simón Bolívar.
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