A essência, a alma do capitalismo é
a busca incessante e voraz do lucro para uns poucos. Não está esse sistema
socioeconômico voltado para a construção do bem estar social. Gritante é o caso
das regiões do semi-árido nordestino, especialmente do Ceará, assaltado,
periodicamente, por episódios cruéis de estiagem.
Anos passados foi criado o
Departamento Nacional de Obras Contra a Seca – DNOCS, que não conseguiu
contornar o problema, muito menos resolvê-lo. Para além da construção de alguns
reservatórios d’água(açudes) e a criação de poucos núcleos de perímetros
irrigados, esse departamento tem servido sim, como moeda de troca no cenário
político, uma vez que se presta às barganhas do governo com os partidos
fisiológicos, em especial o PMDB, íntimo parceiro do PT.
O cenário interiorano no Estado do
Ceará é lastimável, ou seja, é de “cortar coração” no dizer do humilde povo
cearense. O rebanho bovino é dizimado pela fome e tende a se agravar ainda mais
com a sede. Algumas cidades estão prestes a sofrer o colapso no abastecimento
d’água potável para o consumo da população. Enquanto isso, os partidos
políticos, regra geral, comportam-se como se a seca não existisse. Logo eles,
que não se cansam de se colocarem como representantes do povo e guardiões do
seu bem estar. Vê-se que isso é uma falácia, uma deslavada mentira, pois essas
agremiações, por sua maioria, ficam contidas nos estreitos limites das
sucessivas disputas institucionais e se negam, como deveríamos esperar de
algumas delas, a uma postura clara e corajosa de denúncia pelos descasos e pela
insensibilidade verificada através de seus comportamentos, diante do trágico
quadro.
É a seca um fenômeno puramente
climático no seu desdobramento e nas suas consequências sociais? Cremos que
não, sem desconhecer o papel que a natureza joga, devemos estar atentos para o
inequívoco fato de que a seca é, nos seus efeitos, uma questão de natureza
política e social e, por esse prisma, é que deve ser tratada.
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