Nos anos da ditadura, existiam dois partidos: ARENA
e o MDB. O primeiro representava os golpistas mais conservadores. O segundo
reunia os que achavam que o Estado de Exceção havia cumprido a sua missão de
afastar o “perigo vermelho” e que era hora de reinstalar o “Estado Democrático
de Direito”.
Houve um momento em que o MDB batia a ARENA
governista nos grandes centros urbanos, mas perdia nos “grotões”, especialmente
no nordeste. Diante desse fato, o político Tancredo Neves, afirmou que a ARENA
era o partido dos grotões, onde existia menor nível de informação e de
independência, enquanto prevalecia o maior grau de controle do coronelismo.
Hoje, alguns repetem o argumento de que o nordeste
dá sustentação ao PT e seus aliados como: Sarney, Temer, Barbalho, Calheiros,
Collor, Maluf... Existem os que acusam o PT de usar uma imensa compra
institucionalizada de votos através do Bolsa Família, transformada em grande
reduto eleitoral.
Não se pode negar a vulnerabilidade de uma
população carente, na linha do desespero. Marx, no Manifesto Comunista,
referia-se aos excluídos, ao lupem, dizendo que sua precariedade levava a que
eles pudessem se vender em troca de um prato de lentilha (feijão). Não obstante
a procedência desse argumento, não podemos dar guarida às manifestações
fascistas que, abstraindo as condições de vida da população nordestina,
resvalem para o racismo, querendo imputar a eles a condição de sub-raça.
Entretanto, por conta desse nosso justo repúdio,
não podemos deixar de ver que a vulnerabilidade política dos contingentes mais
necessitados pode tornar esse público alvo fácil da chantagem e do terror, tão
vastamente praticado pelo petismo, sem que essa constatação se preste a
legitimar a outra ala da burguesia, pronta a patrocinar políticas comprometidas
com o sistema.
A reflexão isenta, é a forma mais consequente para
analisar as eleições de 2014. Afinal, nós nos posicionamos: “nem petralhas,
nem tucanalhas”, somente o povo consciente poderá nos levar ao caminho da
emancipação.
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