A cultura de esquerda costumava
denunciar a burguesia como classe degenerada. Ficou célebre o filme do cineasta
Marcello
Mastroianni, “A Doce Vida”. Nesse filme, passa-se a ideia de que a burguesia vivia
uma situação de angústias e de vazios, sem conhecer o amor e outros sentimentos
nobres. A imagem de uma burguesia padecendo graves problemas existenciais e de
uma classe operária imune a qualquer forma de corrupção era corrente.
Essa visão, tão maniqueísta, expressão
de uma divisão entre demônios e divindade, esquece que a obra de perversão do
capitalismo, permeia todas as classes e camadas sociais. Na verdade, com muita
frequência, a classe operária afoga as suas amarguras nas mesas dos botequins e
é comum cultivarem a pornografia e outras formas de rebaixamento no trato com
os seus pares. O papel corruptor dos valores e do comportamento das pessoas,
nesse sistema exaurido, atinge a todos sem distinção de classes e camadas
sociais, vale repetir.
Tanto é assim que por ocasião das
campanhas eleitorais, nós que abraçamos candidaturas comprometidas com a luta
socialista, ao tentarmos distribuir os nossos panfletos somos, muitas vezes,
contestados pelos políticos eleitores que se
colocam da seguinte forma: Ora, se fosse
dinheiro ao invés de papel, eu votaria no seus candidatos.
Fica
implícito nessa postura, que o dinheiro pode vir do tráfico de drogas, dos
desvios do erário, ou de outros atos criminosos. Mesmo nos segmentos mais
letrados, e que se presumem mais esclarecidos, é comum ouvirmos quando pedimos
um voto, a seguinte pergunta: e o que eu
ganho com isso?
Não é por
outra razão que Maluf, figura carimbada da corrupção, sempre se elege como
deputado mais votado do Brasil. Não é por outra razão, que figuras denunciadas
por práticas de corrupção, terminam como candidatos que obtêm grandes votações. Há políticos de
carreira que mentem e roubam. Porém, há políticos eleitores que também mentem e se põem à
venda a preços módicos. Vale refletirmos sobre essa questão!
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