Temos repetido, que a escola,
enquanto instituição, surgiu há cerca de dez mil anos, com o advento da
propriedade privada e a consequente divisão da sociedade em classes e camadas
sociais. A escola nasce com dois objetivos fundamentais: o primeiro deles é
preparar mão de obra qualificada para servir aos interesses da classe
dominante; o segundo objetivo, é criar quadros que representem e defendam a
ideologia que consagra a propriedade privada como legítima e irrevogável.
Hoje, em
pleno século XXI, como costumam falar os que imaginam ser o tempo um fator
político e histórico, não percebendo que se trata apenas de uma convenção, a
escola mantém como traço fundamental, os dois objetivos aludidos, pouco
importando se se trata de uma escola pública ou privada.
Ultimamente,
temos assistido a uma escalada desenfreada de criação de cursos universitários
em todos os recantos. Fiel ao propósito primeiro de formar mão de obra
especializada e, portanto, de maior valorização no mercado de trabalho,
sucedem-se as ofertas de cursos superiores que pretendem habilitar os seus
discípulos para uma melhor disputa de empregos. A avalanche universitária tem
sido tanta, que se observa uma verdadeira enxurrada de títulos conferidos a uma
imensa legião de pessoas. São os bacharéis, os licenciados, os mestres, os
doutores, os pós-doutores e os pós-pós-doutores.
Essas
titulações marcadas por leviandades e até mesmo por severos rasgos de
irresponsabilidade, têm assumido um caráter de verdadeira inundação de títulos.
Além da banalização, chega-se ao cúmulo de atribuir classificação acadêmica a
pessoas que não a merecem, levando a graves distorções. Para ilustrar, basta que nos reportemos ao caso
dos bacharéis de direito que não logram aprovação na OAB.
O
procedimento, de conferir massivamente diplomas em vários níveis, tanto peca
pelo seu caráter mercantilista, como cria uma dificuldade concreta para que os
titulados dêem-se conta do seu real baixo nível de conhecimento e, assim, não
se proponham a aprender tudo aquilo que lhes falta, tudo aquilo que as
universidades não puderam e não poderiam dar.
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