Em determinado momento, Karl Marx
afirmou: “Não existem, na História, problemas que ela não possa resolver”. Isso
é uma verdade, porém, devemos ter bem claro o conceito de resolver, o conceito
de solução. Usando um exemplo extremo, podemos dizer que diante de uma dor de
dente, podemos, como solução, disparar um tiro no ouvido. É evidente que a dor
de dente deixou de existir, entretanto, não consideramos essa solução a mais
feliz.
Dessa
forma, é que devemos ter em conta que o capitalismo produz uma situação de
crise, a tal nível que haverá de ser resolvida, seja pela superação e a
construção de uma nova ordem econômica e social, o socialismo, ou seja pela
tragédia total que leve ao fim da própria raça humana. Vemos que ambas as
hipóteses se enquadram na colocação feita de que, a História não se expõe
problemas que não possa resolver, como costumava declamar o “nosso” intelectual
marxista-leninista-trotskista, imaginando que solução tem como único conteúdo
uma natureza positiva, e isso não é verdade.
O mesmo
raciocínio se aplica a expressão mudança. Ora, mudar é uma condição permanente
da própria existência. Tudo existe em movimento, tudo existe em constante
mudança. Porém, nem toda mudança é interessante, é louvável. Mudar de uma casa
confortável para uma tapera, não pode ser considerada uma boa mudança. Então,
torna-se necessário que acoplemos à palavra mudança, alguma colocação
esclarecedora do que realmente pretendemos.
É um equívoco,
apesar de poético, se afirmar: “Nada é impossível de mudar”. Não é que a
afirmação não tenha procedência, muito pelo contrário, mas nosso objetivo maior
não é simplesmente o de promover mudanças. Do ponto de vista econômico e
social, o capitalismo pode nos oferecer um leque enorme de mudanças formais,
sejam elas positivas como propõem os reformistas, sejam elas negativas, como
ocorre nos momentos de crise. Por sua vez, existe a mudança que extrapola os
limites estritamente formais, produzindo, essencialmente, uma nova realidade.
Uma mudança de qualidade, a que chamamos de revolução, é que deverá ser este o
nosso propósito, pois somente ela poderá arrancar a humanidade do desfecho trágico
para o qual o capitalismo nos arrasta.
Mestre Gilvan, meu guru ! Impossível não haver congruência com o que pensamos !
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