De
armas na mão
A
situação de atraso da “esquerda” levou a que se pensasse existirem duas
posições em disputa. A tese do caminho pacífico para o socialismo era
considerada revisionista e reformista. Do outro lado, os oponentes dessa tese
imaginavam que ser revolucionário era se propor à luta armada, tão somente.
Essa
dualidade suscita vários esclarecimentos, dentre eles o de se ter a clareza de
que uma posição nacional-reformista poderia ser defendida de armas na mão; como exemplo foram os
grupos armados que confrontaram a ditadura. Ora, o nacional-reformismo nada tem
de socialista, ou seja, nada tem de revolucionário. Não seria um fuzil que
haveria de determinar o seu caráter “avançado”.
Os
grupos da luta armada se colocavam numa posição blanquista. Isso quer dizer
que, como o revolucionário francês Auguste Blanqui, eles imaginavam que um
grupo de heróis fosse capaz de libertar o povo, esquecendo que a libertação dos
trabalhadores deverá ser tarefa da própria classe, e nenhum partido ou grupo
poderá substituí-la. Por outro lado, a proposta de Moscou em se chegar ao
socialismo, por vias institucionais, foi responsável por desfechos muito mais sangrentos
do que os da luta armada. Exemplo disso foram os golpes de Estado no Brasil, na
Indonésia e no Chile, para citarmos os mais relevantes.
Uma
abordagem sobre o caminho insurrecional que se propõe a enfrentar a violência
do Estado burguês contra os interesses populares, não deve ser uma resolução, a
priori, de partidos ou movimentos. Os caminhos de uma insurreição popular serão
decididos pelos próprios insurretos, e tudo haverá de se dar conforme as
circunstâncias, conforme a correlação de forças.
Somente
a organização autônoma dos movimentos populares é que levará à verdadeira
conquista de sua emancipação. Quando tuteladas, as experiências feitas, em nome
do socialismo, redundaram no capitalismo de Estado, este de caráter
totalitário, revogatório das conquistas históricas, trazidas pela democracia
política, com direitos como o de ir e vir, de organização e de expressão. A
revogação desses direitos redundou no totalitarismo, ou seja, no fascismo, que
impõe um discurso único, um partido único, uma imprensa única e, infelizmente,
isso foi feito em nome do socialismo, o que resultou no quadro que hoje
vivemos, cuja expressão é a hegemonia absoluta do capitalismo imperialista e a
ausência quase absoluta de movimentos anticapitalistas.
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