Em
nome de Deus
Segundo o filósofo alemão Ludwig Feuerbach, o homem criou
Deus tangido pela necessidade de explicar a existência, tanto dele próprio como
da natureza e dos seus fenômenos. Por que existo? Por que penso? Por que chove?
Por que trovoa? O porquê das enfermidades? O porquê do sonho?
Esse conjunto de interrogações não podia ser respondido
pelo homem, despossuído do nível necessário do saber. Assim, nasce Deus como
fruto da impossibilidade humana de explicar a existência e os seus fenômenos. É
Ele, Deus, um imperativo dos limites do conhecimento.
Por milhares e milhares de anos, a relação homem/Deus
teve um conteúdo estritamente místico, sem nenhum outro propósito, senão o de
responder as questões postas diante de si, sem que houvesse condições para
compreender a realidade, como o simples fenômeno da chuva.
Somente milhares de anos depois é que o conceito de Deus
passou a ter um infame uso político. Com o advento da propriedade privada e o
surgimento da sociedade dividida em classes e camadas sociais, é que surgem
instituições religiosas, surge a Igreja, com o seu conjunto de doutrinas e uma
corporação de profissionais da “fé”, os sacerdotes, organizados
hierarquicamente e possuídos de valores que os tornavam próximos de Deus e, em
Seu nome, ditavam presumidas verdades.
Notemos que a religião nasce com o próprio homem e suas
interrogações, enquanto, com a Igreja, a história é outra. Ela surge
recentemente, ou seja, tem dez ou doze mil anos, o que é bem pouco tempo em
relação às centenas de milhares de anos de existência da raça humana. O
surgimento da instituição Igreja, pois, decorre da necessidade de uma classe social
dispor de meios para legitimar a desigualdade.
Em nome de Deus, sustentaram-se vários impérios baseados
no trabalho escravo. Foram os longos anos da teocracia, quando o poder político
era determinado pela vontade dos céus e, em nome dessa vontade, eram praticados
os mais hediondos crimes.
Vamo-nos ater aos momentos mais recentes, como a história
da força política da Igreja Católica Ocidental, por exemplo. Vamos ver quantos
crimes foram cometidos em nome de Deus. Por ocasião das Cruzadas, o roubo, o
estupro, o assassinato, eram práticas isentas de punição, uma vez que os
Cruzados estavam amparados na vontade divina. Tratando-se, ainda, da Igreja
Católica, não podemos deixar de registrar os crimes da Santa Inquisição. Nos
dias de hoje, vemos atos de suprema barbaridade quando, populações inteiras,
são massacradas em nome de Deus, como vem ocorrendo entre os fundamentalistas
islâmicos.
Esses fatos mereceriam reflexões mais rigorosas, uma vez
que não é somente a violência física que se pratica em nome de Deus, pois,
também, assistimos a uma massa de povo, pobre, ser saqueada pelos vendilhões da
“fé”, prometendo o reino de Deus, enquanto aumentam as suas fortunas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário