Voltando
ao assunto
É com tristeza que observamos a miopia e até mesmo a
cegueira dos devotos “marxistas-leninistas-trotskistas” em relação a questões
fundamentais da teoria socialista. Estamos nos reportando à definição de
Estado. Já, em 1847/48, o Manifesto Comunista, subscrito por Karl Marx e Friedrich Engels,
dizia que a instituição em foco era um comitê dos patrões a serviço do
capitalismo. Após essa afirmação, Engels, em sua obra “Origem da Família, da
Propriedade Privada e do Estado”, vem afirmar o caráter de classe desse
aparelho político. Depois, Vladimir Lenin volta a tratar da questão, dizendo
que o Estado é um instrumento político de dominação de classes.
Pois bem. Apesar da questão ter sido tratada por grandes
expoentes do socialismo, de forma a denunciar a verdadeira essência da referida
instituição, a esquerda direitosa prefere a conceituação burguesa de Estado,
apresentando-o como uma força a serviço da sociedade, independente de classes e
camadas sociais. Cinicamente, a burguesia afirma que o poder emana do povo e,
em seu nome, será exercido.
Diante
dessas balelas burguesas, a esquerda direitosa aprofunda a fraude quando opõe o
público ao privado, quando defende a propriedade estatal sem denunciar o
caráter de classe do Estado, ou seja, a propriedade privada dos meios de
produção eles opõem à propriedade estatal, considerando que o Estado é público,
o que é um desbragado erro.
Devemos
opor a propriedade privada dos meios de produção à propriedade social desses
meios. Daí advém a palavra socialismo: igual a socialização dos referidos
meios.
A
dicotomia público/privado não extrapola os limites do capitalismo. Trata-se de
formas diferentes da propriedade burguesa. A diferença é de forma e não de
conteúdo, enquanto a proposta do socialismo revolucionário é de uma mudança
qualitativa da propriedade em questão.
Será
que é correto, para um socialista, respaldar os conceitos burgueses? Será que
devemos acreditar que o Banco do Brasil é de Maria, Pedro, José...? Será que é
justo aceitar a afirmação de que o petróleo é nosso? Não dá para enxergar que essas
armadilhas se prestam a dar sustentação ao capitalismo? Não é hora de ver que a
sobrevivência desse sistema e sua hegemonia política, têm como causa maior, o
papel que jogou e joga essa esquerda desinformada e mal informada? A quem
interessa cultivar o “marxismo legal”, que se mantém sob os umbrais da
Academia? Que medo faz, para a burguesia, uma “esquerda” envolta em tanto
primarismo?
Ao
invés dos insultos pessoais que temos recebido como resposta, seria ótimo se os
que discordam do que foi dito fundamentassem suas discordâncias políticas e
ideológicas. Só assim haveremos de romper com o atraso, com os equívocos e,
dessa forma, daremos nossa contribuição à luta anticapitalista.
PS –
Quando falamos em estatizar, devemos perguntar a quem pertence o Estado no
âmbito do capitalismo. Isso é fundamental.
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