Qual
chicote?
A
que nível deplorável de rebaixamento político chegou a nossa pretensa “esquerda”.
Há anos, revogou por completo o princípio da luta de classes e de seus
interesses históricos, para se confinar nos limites de escolha entre quem é o
melhor para governar o capitalismo. Insistem no argumento de que existem, no
Brasil, dois projetos em pugna: o projeto do mal, chamado de neoliberal e o
projeto do bem, de caráter nacional-desenvolvimentista.
Não
discutem a natureza de classe do Estado e se colocam como estadistas, na
presunção de que o Estado é do povo, é coisa pública, e a propriedade privada é
da burguesia.
Nada
mais enganoso do que essa suposição. Há muito, os grandes clássicos do
socialismo revolucionário deixaram transparente que o Estado é um instrumento
político de dominação de uma classe sobre o conjunto da sociedade.
O
grande objetivo do movimento socialista não é a conquista do menos ruim. Não
podemos ficar restritos à escolha do chicote que açoita com mais ou com menos
intensidade. O fato de, em momentos dados, termos que escolher entre o ruim e o
pior, não pode se constituir na bússola do nosso caminhar político; eis a
verdade que nos interessa e nunca a eterna vocação em vestir a camisa do
populismo, ora com o peronismo na Argentina, ora com o getulismo no Brasil, ou
com o Estado paternalista de hoje, que concede migalhas às massas
trabalhadoras, enquanto permite vivo e lucrativo o velho capitalismo.
Nosso
propósito, reafirmamos, não é a conquista da exploração, pretensamente
suportável. Nosso objetivo é suprimir, totalmente, a exploração do homem pelo
homem, e isso não se dá pelo caminho gradualista, senão pela ruptura total com
a ordem socioeconômica vigente, fato que só poderá ocorrer com a acumulação de
forças, rumo à conquista do socialismo.
Carros,
geladeiras, razoáveis padrões de consumo, os países capitalistas mais
desenvolvidos souberam oferecer às suas respectivas massas de trabalhadores,
logrando dois níveis de ganhos. O primeiro deles, turbinando as suas indústrias
e, o segundo, cooptando os trabalhadores para o seu projeto político de
manutenção do capitalismo e não é isso que devemos pretender. Não se trata, pois,
de escolher, como já foi dito, o chicote; trata-se de suprimi-lo e, para tanto,
torna-se necessário clareza política, determinação e coragem para desfazer as
lendas que tão bem servem para a perpetuação desse sistema socioeconômico
exaurido.
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