A miséria
assistida
Há uma diferença abissal
entre marxistas e cristãos, diante da pobreza e da miséria. Enquanto os cristãos
buscam administrar a miséria promovendo campanhas assistencialistas que tornem
a vida dos deserdados menos cruel, os marxistas têm como proposta a erradicação
da pobreza e da miséria atacando a causa. Os cristãos, por mais de dois
milênios, levam a cabo várias campanhas do tipo: a sopinha dos pobres, cobertor
para os desvalidos diante do impiedoso frio, albergue para os desamparados e
outras iniciativas do gênero que, se servem para minorar o sofrimento imediato
de uma pequena parcela da população carente, servem muito mais para assegurar às
almas caridosas, uma compensação na “vida eterna”.
Os gestos caridosos
dos cristãos têm permitido que alguns deles galguem a posição de santos no
reino celestial, numa prova concreta de que investir na miséria, torna-se pelo
prisma religioso, um bom investimento para quem o pratica. Enquanto isso, os
marxistas preocupam-se com a desconstrução do sistema capitalista como causa da
pobreza e da miséria. Mas eles, os marxistas, não pretendem salvar o povo de
suas agruras e, ao invés de sopas, cobertores, albergues, preferem ministrar
doses maciças de conscientização, pois entendem que a humanidade só pode se
livrar das chagas sociais que se abatem sobre a pobreza e a miséria, quando a
massa de explorados e oprimidos tomar consciência de que seus sofrimentos só
podem ser abolidos a partir da ação libertadora dos próprios explorados.
“A obra de libertação
dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores” ou não haverá
libertação. A postura do petismo e de outros demagogos vai no sentido de buscar
administrar a pobreza e a miséria, e dela tirar dividendos políticos, como é o
caso da campanha Bolsa Família. Daí, a indecente colocação, dos candidatos
petistas que se propõem, demagogicante,” cuidar do povo como Lula ensinou”.
Isso é sumamente imoral, e é assustador que essa posição política, de caráter
demagógico e paternalista, seja assumida por pessoas que no passado recente se
reivindicavam socialistas revolucionários.
Essas questões e
tantas outras têm que ser refletidas, sob pena de nos afundarmos, como tem acontecido
diante do discurso falacioso verbalizado pela esquerda direitosa tão bem
representada pelos partidos PT-PCdoB-PSB.
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