Dizem
que o PT mudou após chegar ao poder. Esta afirmação incorre em dois graves
erros. O primeiro é de desconhecer que esse partido mudou para poder chegar ao
governo. Dizendo melhor, não mudou depois, mudou antes. O segundo equívoco,
muito frequente, inclusive entre os chamados cientistas políticos, é não
perceber a diferença abissal entre governo e poder.
Quando
do surgimento do PT, nos ocorreu a esperança de que essa agremiação politica,
impulsionada pela intuição e pelo sentimento de classe, poderia encarnar a
defesa dos interesses históricos das classes trabalhadoras que é, em principio,
a superação do capitalismo.
Em
1984, escrevemos e publicamos, um artigo de jornal, com o seguinte titulo: “PT,
uma proposta e muitos riscos”. Dizíamos então, que se poderia ir para o gueto
da intolerância e do sectarismo ou poderia ocorrer a sua cooptação pela
burguesia, o que de fato veio a acontecer, quando se assumiu o caminho único da
institucionalidade e se derivou para o fisiologismo.
Quando
das campanhas, Lula, presidente, se cantava o Lula Lá e, nós, caepistas, saímos às ruas com Lula Cá,
através de modestos panfletos. Dizíamos, então: não queremos Lula Lá no
Planalto dividindo a mesa com banqueiros, industriais, agropecuaristas, importadores
e exportadores... enfim com a burguesia. Queríamos Lula Cá, nas fábricas, nos
sindicatos, nas comunidades, nas ruas. Não queríamos ver o PT fugir dos seus
destinos para se envolver em episódios do tipo: assassinato de Celso Daniel e
do Toninho, do PT. Não queríamos ver o PT ligado a tantos escândalos,
ressaltando-se o Mensalão e o esquema da Petrobras. Não queríamos ver o PT
dizendo que tem um projeto que agrada personagens da escória política como
Sarney, Barbalho, Calheiros, Temer, Jucá, Collor, Maluf...
Sob
o argumento de que a agremiação em causa promove um serviço de assistência aos
pobres, amenizando-lhes os seus sofrimentos, esquecem de dizer que a maior dádiva
que se poderia destinar às classes populares, seria a conscientização politica,
levando-as a ver que se vive no capitalismo e nele não existirá conquistas
definitivas para os trabalhadores.
Por
seu turno, é bom que se afirme: a tarefa de governar o capitalismo é da
burguesia e de seus prepostos. Não existe, no âmbito desse sistema socioeconômico,
a possibilidade de se governar para os pobres. Não existe a livre escolha.
Quando um governo concede dez para os desfavorecidos, concede um milhão para os
ricos. Dessas circunstâncias, governo nenhum poderá fugir e caso pretenda, será
deposto pelo poder, e sobre isso, a história está repleta de exemplos.
Não
nos apetece, ver um metalúrgico e retirante ladeado por políticos cuja marca é
o fisiologismo. Um partido que realmente
se coloque na perspectiva histórica dos trabalhadores não deveria e nem deve
“estar lá” e sim devia e deve estar cá, nas fábricas, nos sindicatos, nas
comunidades, nas ruas, bradando: não queremos apenas míseros ganhos, queremos
aquilo a que realmente temos direito. Queremos as riquezas que produzimos,
queremos um mundo de igualdade, justiça e paz, e esse mundo não poderá ser
alcançado nos marcos do capitalismo. Fora o Capitalismo! Viva a vida!
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