É
verdade, o CAEP não tem o glamour da academia burguesa. Não tem o charme que
nos conferem os títulos de bacharel, mestre, doutor e pós-doutor. Não tem
aceitação e o louvor, quase unânime, da sociedade. Não é alvo dos mimos e do
financiamento que a burguesia “generosa” confere aos seus graduados.
Porém,
o CAEP sabe estabelecer a diferença entre a forma e o conteúdo. Sabe distinguir
o que é poder e o que é governo. Tem clareza da gênese do Estado e sabe do seu
conteúdo de classe. É informado de que a propriedade capitalista dos meios de
produção se dá pela apropriação direta, chamada de propriedade privada, e sua
apropriação indireta pela burguesia, através do seu aparelho de Estado. Não se
deixa enganar pela lorota que é a de chamar a propriedade estatal de
propriedade pública, propriedade do povo. Não aceita o logro de considerar que
o “petróleo é nosso”; que “a Amazônia é nossa"; que o Banco do Brasil é de
Maria, Pedro, José, Tereza... Refuta, com toda veemência, a falsa contradição
entre o público e o privado, no âmbito do capitalismo. Denuncia a farsa de que
“o poder emana do povo e em seu nome exercido”.
É
fato que o CAEP não tem o glamour que o império da mentira confere a alguns,
enquanto a burguesia se encharca nos seus vultosos lucros.
A
verdade histórica não é conferida, no capitalismo. As honras são destinadas à
mentira, como elemento útil à sustentação desse sistema socioeconômico. Isto se
dá, porque a verdade tem um perfil herético. Não foi considerado herege Galileu,
ao afirmar que a Terra era móvel? Não foi jogado na fogueira Giordano Bruno,
por rejeitar os dogmas da Santa Madre Igreja? Não foi execrado pela academia de
ciências, Charles Darwin, ao proclamar a improcedência da criação divina da
vida?
Sem
a mentira, sem a fraude, sem as ilusões e fantasias, a desigualdade social não
se manteria de pé. A verdade, e somente ela, tem a prerrogativa de promover a
revolução, a transformação. Em razão desse fato é que ela, a verdade, ao contrário
do que se diz, tem pernas curtas. Enquanto a mentira tem pernas longas e
robustas.
Essa
é a realidade que clama por reconhecimento. Mas a mentira tem em seu favor as
palavras dos bispos, dos generais, dos doutos, que lhe conferem o glamour.
Reverter esse quadro e desvendar a natureza cruel da sociedade em que vivemos é
a nossa grande tarefa, tangendo para bem longe a fraude, apesar do seu inegável
glamour.
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