Há um
segmento da esquerda que se coloca no campo de uma presumida corrente
revolucionária. Esses militantes se definem como anticapitalistas e, assim, se
colocam diante de quatro paredes, evitando explicitar essa posição em suas
intervenções públicas.
Ao invés
de pronunciar o seu presumido anticapitalismo publicamente e de forma clara e
direta, esses companheiros derivam para a poesia, tão bela quanto
previsivelmente equivocada, em muitos casos. Tomemos, como exemplo, a
afirmação: Nada é impossível de mudar. Politicamente, a afirmação comete dois
erros: O primeiro é o de que, na verdade, tudo muda constantemente. O segundo é
o próprio conceito de mudança. Ela pode ser para melhor ou para pior. Ela pode
ser uma mudança meramente formal ou uma mudança de qualidade.
Por sua
vez, o referido segmento político anunciava o perfil de uma campanha eleitoral
apoiada no seguinte binômio: A ética e a sustentabilidade. Isso se encaixa
muito bem nas postulações de Marina Silva e, nunca, de uma posição realmente
socialista, pois esta tem, como fundamento, o anticapitalismo explícito, claro,
sem nenhum contorcionismo.
Mas, por
que agem assim esses camaradas? Encravados no seio da classes média, onde
cultivam o seu eleitorado, eles temem assustar os seus eleitores com um
discurso de caráter revolucionário. Assim sendo, procuram navegar através da
poesia e da ambiguidade, reservando o seu anticapitalismo para os espaços
restritos.
Infelizmente,
essa posição é de caráter oportunista. É uma manobra possuída de esperteza que
lhes rendem votos e lhes reservam lugar nos umbrais do Parlamento, em prejuízo
real do socialismo.
Não
tratamos de uma questão menor. Sabemos o quanto necessário e urgente é a tarefa
de desnudar o capitalismo diante dos olhos do povo, e, a atitude de escamotear,
por conveniência, só contribui para a manutenção desse aludido sistema
socioeconômico.
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