terça-feira, 31 de janeiro de 2012

CARTA MARCADA

            É com muito cinismo, verdadeiro descaramento, que a burguesia nos trata, usando fartamente o contributo de políticos, tribunos, jornalistas e outros prepostos, para nos fazer de idiotas. Olhemos bem, e vejamos uma de suas lorotas espalhadas por todo recanto através de todos os meios que ela, a burguesia, dispõe. Dizem eles: o poder emana do povo e em seu nome será exercido, e anunciam que essa formulação é um princípio básico da “nossa” Constituição chamada de Carta Magna.
            Não precisa ser tão esperto para perceber que governo e poder são coisas diferentes, e que, mesmo limitados, mesmo subalternos, os governos são escolhidos através dos arranjos da burguesia, cabendo ao povo optar entre candidatos que não passam de cartas marcadas.
            Aqui ou acolá, ocorre de um candidato surpreender os donos do poder e se sagrar governo em um município, estado ou na presidência. Quando tal fato ocorre e esse suposto governo tentar levar avante uma política que entre em choque com os interesses do sistema capitalista, o que se vê na história, é que o poder trata de banir o hipotético governo popular para, assim, resguardar os interesses da burguesia.
            Dessa maneira, o sistema demonstra de forma clara, quão mentirosa é a afirmação de que o poder emana do povo e em seu nome haverá de ser exercido. É lastimável que um dos temas mais encantadores que preferem os bacharéis é repetir, de bom grado, o cinismo explícito do discurso do sistema e dessa forma prestar um inestimável serviço à ordem vigente, em prejuízo dos interesses reais do povo.
            Ao denunciar esse descaramento, aproveitamos para denunciar o comportamento de partidos que se auto-proclamam de esquerda, fazem eco a tais mentiras e cultuam a ordem jurídica desse sistema, limitando-se a denunciar aqui e ali, alguns excessos, porém negando-se a denunciar a própria essência do sistema que manipula a população particularmente em período eleitoral, levando a cabo um jogo de cartas marcadas, onde, a rigor, só existe um ganhador, representado por uma das facções do sistema. 

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A FORÇA DO DINHEIRO


            É muito claro que a “mola do mundo capitalista é o dinheiro”. Assistimos fatos que deixam isso comprovado. Há poucos dias um jovem rico, dirigindo embriagado um automóvel de alto luxo, chocou-se com vários carros e provocou a morte de uma senhora. Ele cometera toda sorte de agressão, mesmo assim, não demorou preso, pois pagou a sua fiança e foi colocado em liberdade.
            Um pobre ciclista que venha a cometer algum delito de trânsito, e que seja preso, terá que continuar, pois lhe faltarão com certeza, o dinheiro da fiança, assim como, advogados qualificados para vir em seu socorro, como aconteceu com o motorista do carro de luxo.
            Temos presenciado o testemunho de quanta força tem o dinheiro, pouco importando os direitos humanos. Na ocupação de “Pinheirinhos” no Estado de São Paulo, 1.600 famílias foram expulsas dos seus barracos de forma truculenta para cumprir-se uma ordem judicial.
            Esses poucos exemplos tão constantes nas nossas vidas, mostram com toda clareza que o direito maior não é a vida e sim a propriedade dos que detém fortunas.
            Não devemos continuar de braços cruzados, assistindo à caminhada criminosa desse sistema que, em busca do lucro, tudo destrói.
            Só uma força poderá deter a força do dinheiro, ou seja, deter a força do capital, e essa força tem nome e endereço, pois ela é o povo que, se consciente, não permitirá tantos abusos e tantas crueldades. Por essa razão, é que todos nós, explorados, oprimidos e humilhados por esse perverso sistema, devemos abrir os nossos olhos e reparar em nosso redor a crueldade que nos é imposta.
            A tomada de consciência é, portanto, o caminho que teremos para conquistar uma nova ordem econômica e social, baseada na justiça. Para tanto é necessário nos libertarmos das futilidades que o próprio sistema divulga. Ao invés de nos prostrarmos diante dos aparelhos de televisão para que não tenhamos tempo de discutir os nossos problemas, devemos estar bem atentos e nos transformarmos em gente consciente e nunca um bando de pessoas permanentemente enganadas. 

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

BANCO PALMAS


            Num bairro da periferia de Fortaleza, que se caracteriza pela presença de uma população carente, surgiu a proposta de organizar um Banco Popular, que se prestasse a socorrer pessoas em estado de necessidade, efetuando empréstimos a juros baixíssimos.  A ideia prosperou e mereceu o apoio e os aplausos da população em geral e a boa vontade das entidades filantrópicas. Na verdade a iniciativa é digna de aplausos, mas é necessário procurar situar a sua natureza. Trata-se de uma ação de resistência à miséria que é produzida pelo sistema capitalista.
            Buscando diminuir o sofrimento, o citado Banco não deixa de prestar um grande serviço ao próprio capitalismo, quando atenua situações de sofrimento da população excluída ou à beira disso.
            Não se trata de uma organização que tenha por objetivo a denúncia necessária contra o capitalismo. Trata-se de uma atitude que tendo por objetivo servir a esse próprio sistema merece os afagos de grandes instituições como o BNB, a UFC, e outras instituições do mesmo naipe. Até setores progressistas, ao invés de ver na experiência apenas uma iniciativa de resistência, chegam a imaginar que se trata de uma experiência de caráter mais avançado. Isso porque a maioria das pessoas confunde obras sociais com socialismo. Ora, as obras sociais são aquelas voltadas para a população, especialmente a população carente sem, contudo, ultrapassar os limites do sistema vigente. Enquanto isso, o socialismo propriamente dito, é um projeto de transformação radical da sociedade e isso faz a diferença.
            É justamente pelo caráter estritamente de resistência que essas iniciativas merecem os nossos aplausos, mas merecem também a nossa advertência de que tais atitudes, se não avançarem rumo à denúncia e à oposição ao sistema capitalista, que é a causa de seus sofrimentos, estaremos aplaudindo uma iniciativa que, em última instância, faz a alegria da burguesia na medida em que acalenta os desafortunados, evitando que sua possível indignação venha à tona e coloque em risco os seus interesses. 

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

LUTANDO NA ESPANHA


            Por obra dos noventa anos de hegemonia stalinista a nossa história ficou marcada por grandes tragédias e uma sucessão de derrotas da proposta socialista. Dentre as múltiplas derrotas que nos impôs a caminhada stalinista, a Revolução Espanhola merece ser conhecida, ao invés de se colocar uma pedra em cima desse episódio como fizeram os partidos comunistas e seus assemelhados, para que nós não tomássemos conhecimento do vil papel levando a cabo contra a humanidade usando, indevidamente, o carimbo do marxismo-leninismo de diversas cores. Quem da nossa esquerda dentre os aguerridos ativistas que se apresentam como legítimos revolucionários conhecem esse episódio chamado Guerra-Civil espanhola, onde o socialismo foi apunhalado pelas costas pelo vil punhal da GPU, ou seja, a polícia política soviética? É hora de rompermos o tapume que esconde a verdade histórica, que esconde de nós o episódio ilustrativo do golpe de 1964, sobre o qual pouco se sabe, pois pouco se discute. Tapume que esconde a experiência do Chile, da Indonésia, da Guatemala, da revolução boliviana de 1952, da Guerra Civil na Grécia, da Revolução Chinesa, da Revolução Cubana, do genocídio praticado em nome do comunismo no Camboja.       
            A vitória e consolidação do stalinismo, cujo berço foi o X Congresso do Partido Comunista russo em 1921, reduziu a esquerda mundial a cultores de dogmas e, quanto à História, essa dispensou todo o rigor no sentido de silenciá-la ou distorcê-la. Daí termos chegado a um estado de pobreza política nunca esperado. Temos uma esquerda, modo geral, não conhece a História, particularmente, aqueles episódios mais gritantes, mais elucidativos, como é o caso da Revolução Espanhola, que padece da ausência de literatura capaz de trazer à tona as verdades ali ocorridas. Por essa razão é que estamos festejando o relançamento do livro Lutando na Espanha, escrito por um militante socialista George Orwell, e o recomendamos a todos que tenham a pretensão de conhecer os fatos e processar uma militância consequente.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

O CAMINHO DAS URNAS


            Diz-se que o poder vem do povo e em seu nome é exercido. Isso é uma grande mentira e temos insistido em denunciá-la. O poder é o aparato de Estado. Forças Armadas, Polícias, aparelho Judiciário, aparato Administrativo, constituem o poder real, e esse poder não é colocado nas disputas eleitorais.
            Confundindo deliberadamente a massa do povo iletrado, letrado e bem letrado, o sistema, ou seja, o capitalismo, nos faz crer que governo é poder, e a partir daí diz: a democracia implica na alternância de poder. Vejamos dois exemplos: na Inglaterra há alternância de governo, uma hora é o Partido Trabalhista que governa, e noutra é o Partido Conservador. Nos Estados Unidos uma hora tem-se o Partido Republicano e noutra o Partido Democrata no exercício do governo. É alternância que se dá nos chamados Estados Democráticos, mudam os governos, porém, permanece a máquina do poder, ou seja, permanece o Estado.
            Depois de nos enganar dizendo que governo é poder, eles aplicam outra grande mentira que consiste em dizer que o caminho do poder está nas urnas, e com isso eles fazem passar a ideia de que mudando o governo, estaremos mudando o próprio sistema capitalista em que vivemos. A grande verdade é que os governos servem de escudo para proteger o poder, e o poder se presta a proteger os interesses da burguesia. Nos levam a crer que nossas insatisfações se devem aos maus governos e que basta encontrar governos capazes de proporcionar a justiça e a paz e isso é impossível, enquanto perdurar o sistema capitalista.
            O jogo deles é simples, vocês está insatisfeito? Está indignado? Então atira pedra no governo, xinga o governo, mas deixa o sistema capitalista em paz. E assim, eles vão perpetuando a desigualdade e a cada dia um punhado de pessoas acumula maiores fortunas, enquanto crescem as desgraças sociais, e o caminho para enfrentar essa situação é se libertar das mentiras e compreender que o inimigo maior da massa do povo é o capitalismo, pois é esse sistema a única causa das imensas mazelas sociais que vivemos.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

REINA O FISIOLOGISMO

        No trato dos interesses do sistema capitalista, faz-senecessário que existam políticos, tribunos, prepostos que se empenhem nadefesa do sistema, tendo essa tarefa como um dever ideológico. São pessoas
que centram suas atividades em fazer apologia do capitalismo e tentar esconder seus malefícios. Deles há alguns que chegam a dizer que o capitalismo tem um lado cruel, mas não há outra saída senão conviver com as mazelas sociais ministrando medidas que possam atenuar o sofrimento da maioria.
           Na história recente do Brasil, houve um momento em que muitos políticos assumiram a postura de militantes ideológicos. O MDB, por exemplo, durante a ditadura, se colocou como um reduto de democratas
dispostos a lutar pelo Estado Direito. 
          Revelaram-se grandes quadros de natureza ideológica, como foram exemplos, Ulisses Guimarães, Franco Montoro, Mário Covas, Tancredo Neves, Jarbas Vasconcelos, Paes de Andrade e outras figuras.
           Esse conglomerado de políticos ideológicos foi tragado pelo vendaval do fisiologismo que teve sua expressão maior na eleição de Fernando Collor.
          Os fisiológicos, contrariamente dos ideológicos, colocam os interesses privados, de grupos ou famílias, em primeiro lugar. E esse grupo fisiológico conseguiu sepultar a imensa maioria dos políticos ideológicos, dando lugar a uma safra de inescrupulosos, carreiristas e corruptos como bem passou a ser o novo PMDB, com José Sarney, Jader Barbalho, Renan Calheiros, Romero Jucá, Michel Temer e outros do mesmo naipe. Chegou a hora da cafajestada, da corrupção, dos répteis rastejando pelos corredores do
Estado em busca de vantagens.
            Doloroso é ter visto florir o Partido dos Trabalhadores e com ele a esperança de ter nascido uma força política que encarnava os interesses históricos das classes trabalhadoras. Mas o curioso, entretanto,
é que o PT fez questão de se afastar do velho MDB ideológico, para processar o mais íntimo casamento com a corja dos políticos fisiológicos e com eles dividir as benesses, os favores e a corrupção que no momento político são tão pródigos.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

STALISNISMO GRANÍTICO


            É evidente que os elementos de construção do stalinismo têm raízes profundas. Nos anos de 1912/13, criaram-se as condições para o seu surgimento, quando no cenário mundial impôs-se um conflito entre o nacionalismo (burguês) e o internacionalismo (proletário). A tão esperada vitória do internacionalismo proletário, acalentada por figuras das mais qualificadas do movimento socialista, não aconteceu.
            Triunfou o nacionalismo, sucumbiu, naquele momento, o internacionalismo proletário. Ou seja, venceu a contra-revolução. Não é que não tenha havido movimentos de resistência. Não foi somente a insurreição russa de 1917, outros episódios fizeram-se presentes além das tentativas de insurreição processadas na Alemanha, assim como, a insurreição na Hungria.
            Apesar da resistência, a revolução socialista foi derrotada em escala mundial e sobre suas cinzas construiu-se aquilo que historicamente passou a ser chamado de stalinismo. A causa foi a derrota da revolução mundial. O momento de crise maior, rumo à consolidação dessa derrota, deu-se no X Congresso do Partido Comunista da URSS quando foi aprovada uma resolução que continha os seguintes elementos: primeiro e fundamental, a imposição do monolitismo, ou seja, a construção de um partido mono-granítico. Além dessa medida funesta, seguiram-se a imposição do partido único, a proibição do direito de tendência, a supressão da livre imprensa, a criação dos campos de concentração para os dissidentes, fossem eles socialistas ou direitistas. Esse processo é que deve ser chamado de stalinismo e assumiu a sua feição mais granítica quando a contra-revolução mostrava-se consolidada sob as mãos facínoras de Stalin. Vale a pena esclarecer que a forma mais granítica do stalinismo ainda não se dá sob a batuta cruel de Stalin. O trotskismo quando formulou as teses da Revolução Traída, Revolução Desfigurada, Estado Operário Degenerado e imputou esse fenômeno ao próprio Stalin pós a morte de Lênin, tem dado o seu testemunho granítico no caminho da supressão do livre debate. 

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A FOME CONTINUA

            Temos lembrado que a fome é mais antiga que o próprio homem. Os ancestrais da humanidade padeciam desse mal tão funesto. Com o advento do capitalismo nasce uma esperança de que o desenvolvimento das forças produtivas elimine esse grande carrasco da humanidade. Eduardo Bernstein, socialista alemão, chegou a proclamar ter se iniciado um processo de diminuição da fome até o seu final. Para isso ele construiu um esquema demonstrando a fome decrescente, exibindo gráficos que mostravam os países da Europa Central passando pela diminuição da fome. Pretendeu esse senhor ter desconstruído a tese marxista da fome crescente, assim como, pretendeu desmontar a tese da insurreição dos oprimidos e de outras postulações do velho marxismo. Coube a Rosa Luxemburgo dizer que o Sr. Bernstein, não entendia que a fome houvera se transferido dos poucos países da Europa Ocidental, para muitos países de outros continentes, e que a insurreição, o anti-poder, continuavam na ordem do dia.
            Na década de 50 do século XX, brilhou no céu um grande talento que se propôs a lutar contra a fome sem observar que tal evento só poderia ser conquistado caso uma nova ordem econômica e social abolisse a desigualdade capitalista. Tratava-se do grande tribuno, jornalista e político Josué de Castro, que nos trazia esperança de derrotar a fome mesmo dentro dos limites do sistema vigente.
            Tive o privilégio, lá pelos idos de 1958, ouvir Josué de Castro vociferar contra a miséria e a fome, sem falar que eram produtos legítimos do sistema capitalista, e querer exterminar essa e outras chagas sociais, não poderia ter êxito, caso não se propusesse a desmantelar a causa desses males.
            Nessa mesma época, tornou-se best-seller o livro de Josué de Castro, Geografia da Fome, quando o geógrafo deu-se ao trabalho de apresentar o mundo dividido em faixas demográficas, em que se exibia a miséria e a fome. Tal obra, porém, como tantas outras fantasiosas, caiu no esquecimento, pois lhe faltava a proposta concreta de impor uma saída socialista.