sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Triste Papel




            Na metade da década de vinte do século passado, consumou-se a derrota da revolução socialista em escala mundial. A contrarrevolução se estendeu por todo o universo, inclusive fez-se presente, após sangrentos embates, na recém surgida URSS.
             O imperialismo foi vitorioso e, ao lado desse fato, prosperou a contrarrevolução travestida de esquerda sob o rótulo do “marxismo-leninismo”. Braço dessa política contrarrevolucionária foi a Terceira Internacional e, em menor escala, o trotskismo. É necessário deixar claro que, Stálin e Trotsky, depois da derrota da revolução, constituíram-se em produto dessa derrota, cujo resultado apresenta-se hoje, retratado no extremo estado de pauperização do movimento socialista e na hegemonia política do capitalismo em escala mundial.
            Para a sobrevivência do capitalismo, concorreram e concorrem a direita explícita e as posturas assumidas pelo stalinismo-trotskismo. Proclamando a falsa ideia de que existia um mundo socialista, representado por Estados policiais, que não passavam dos limites do capitalismo de Estado e que serviam tão somente às castas burocráticas incrustadas nesses países, a esquerda direitosa, além de assassinar o socialismo científico, promovendo sérias distorções conceituais, contribuiu para difundir lendas e fraudes, nada convenientes à causa revolucionária.
             Já se disse que revolucionária é a verdade e que seria com ela que deveríamos ter todo o compromisso e nunca propagar tantas mentiras políticas que só serviram e servem a manutenção da ordem econômica e social vigente.
            Assim sendo, esses senhores da esquerda direitosa, sob o manto do “marxismo-leninismo” ou do “marxismo-leninismo-trotskismo” têm prestado um triste papel para manter a ordem vigente, que nos arrasta para a tragédia total.
            Recentemente, a Coréia do Norte, Estado extremamente policial, calcado no capitalismo de Estado, lançou ao espaço um foguete de longo alcance e essa proeza foi festejada por setores da esquerda direitosa, como um ato a serviço da causa socialista, o que é uma monumental mentira. Não deveríamos ter nunca compromisso com a fraude, entretanto, essa atitude comprometida com a mentira vem se arrastando por esses longos anos de stalinismo-trotskismo em seu triste papel.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

A capitulação semântica




            A esquerda majoritária há muito abandonou o socialismo. Trocou o princípio do antagonismo de classes pelo discurso social-patriota, imposto pela burguesia à Segunda Internacional. Isso a levou a abandonar o caminho da insurreição socialista para assumir-se como defensora da pátria.
Por ironia da história, a Terceira Internacional, criada pelos bolcheviques, após o triunfo de 1917, para combater o social-patriotismo da Internacional anterior, terminou, com a derrota da Revolução Mundial e a consolidação do stalinismo, convertendo-se num novo antro do social-patriotismo.
O princípio da contradição capital/trabalho, burguesia/proletariado, foi substituído pela contradição “nação opressora versus nação oprimida” e, sob essa bandeira, a esquerda convencional, produziu agrupamentos patrióticos esquecendo-se da singela lição de que “o proletariado não tem pátria”.
            Essa distorção fez surgir  uma esquerda acentuadamente direitosa. Depois da queda do Muro de Berlim, ela que se apoiava no fraudulento discurso da existência de dois mundos, o mundo capitalista e o mundo socialista, convivendo pacificamente, ficou sem discurso. A partir daí, ela mergulhou totalmente no rumo da capitulação e aderiu aos truques semânticos patrocinados pela burguesia.
Não fala mais, a esquerda direitosa, em burguesia, prefere vociferar contra as elites, que é um vocábulo politicamente impreciso. Ao invés de capitalismo que expressa o conceito de um sistema de classes, prefere, até com certo pedantismo, falar em capital, que é apenas parte desse sistema e, portanto, insuficientemente claro aos olhos e ouvidos dos trabalhadores. Outra expressão sofisticada, longe do alcance dos trabalhadores é contra-hegemonia, que objetiva dizer, contra o poder da “elite”.
Para maior pesar, essa esquerda procura se abastecer no velho discurso burguês dos iluministas do século XVIII, lançando mão da expressão “república” e mais abusivamente ainda, lançando mão da palavra “cidadania”, como forma de diluir o caráter de classe da sociedade. 

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

A CARA FEIA DA MENTIRA




            Vai encarar?
            Alguns dizem que somos os donos da verdade. Isso é um horror. Não somos donos dela e nem sequer seus sócios majoritários. Muito longe disso!
            De qualquer forma seria importante que os nossos oponentes deixassem de lado a maldade e parassem de espalhar ideias horríveis no seio do povo trabalhador. Lembremos que, para destruir uma mentira bastou que fosse provado ser verdade que a Terra era redonda e não quadrada, semelhante a uma mesa, como diziam os desinformados.
            Foi necessário, para os que interessam construir o IMPÉRIO DA MENTIRA, dizer que sempre existiram ricos e pobre, e isso é uma mentira muito grande. Eles construíram o Império da Mentira com muita rapidez para que desse sustentação à desigualdade. Parece brincadeira, mas é o contrário, a verdade é que tem pernas curtas e a mentira tem pernas longas e fortes, pois é desse império que vem a sustentação do mundo da desigualdade, que tem reinado nesses milênios.
            Quem sustenta o IMPÉRIO DA MENTIRA? As lendas, as fantasias, as crendices, as bravatas que repetimos sem pensar. Mentimos de peito estufado, como se estivéssemos falando a verdade.
            A pobreza, a miséria e a desgraça social, têm dois firmes pilares: a mentira de um lado e a lei do chicote do outro. São esses eles que mantém o império da crueldade.
            A enganação aparece logo quando nossa família nos ensina: olha, papai do céu briga! Papai do céu sabe tudo, inclusive o que você possa estar fazendo às escondidas! Dos castigos de Deus ninguém escapa, pois ele está sempre pronto e vigilante.
            Quando a mentira fraqueja, vem o braço do chicote. É a “Lei de Chico de Brito” que mantém bandidos pobres na cadeia e bandidos ricos bem longe delas. Não defendemos a bandidagem. É preciso estar ao lado da verdade e para isso temos de enfrentar a figura do cão.
            Temos assim, dois gigantes invisíveis que dirigem nossas vidas. Eles são mentirosos, mas nós não enxergamos e até temos medo de enxergá-los. O único caminho é afugentar a mentira e o chicote pregando a verdade e só poderemos ser felizes.  

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

DEPOIS DO FIM DO MUNDO




Em sentido figurado, podemos afirmar que o fim do marxismo foi anunciado tantas vezes, quantas vezes foi o fim do mundo pelos apocalípticos. O primeiro anúncio do fim do marxismo partiu de certo senhor de nome Eugênio Duhring. A Engels foi dada a tarefa de responder a esse senhor, e daí nasceu um dos maiores clássicos da literatura socialista, sob o título de Anti-Duhring, e Duhring desapareceu de cena.
Outro momento de comoção foi o advento do imperialismo como decorrência do desenvolvimento do capitalismo que trouxe algumas mudanças de natureza quantitativa. Sociedades de capital aberto, diminuição da fome na Europa Ocidental e o crescimento da atividade parlamentar, foram essas novidades que provocaram certa confusão.
Eduardo Bernstein anunciou que o marxismo teria que ser revisado, pois fora concebido em outra fase do capitalismo, quando não se conhecia esses novos fenômenos. Ainda bem que ele mereceu pronta resposta, dentre outros, da genial Rosa Luxemburgo.
Disse ela: as sociedades de capital aberto não significam a democratização do capital em oposição à concentração deste, como houvera anunciado Marx. Essas sociedades serviam e servem para que o grande capital se aposse das poupanças feitas pelas massas populares, na vã ilusão de se tornarem, também, capitalistas. Quanto à tese do Sr. Bernstein de que a miséria crescente, anunciada por Marx, como característica do capitalismo, havia diminuído, Rosa mostrou que ela havia apenas sido transferida geograficamente. Quanto à via eleitoral, como meio para impor a superação do capitalismo, esse senhor demonstrava não entender a diferença entre governo e poder.
Noutro momento, o marxismo foi descaracterizado com a imposição do “marxismo-leninismo” que substituiu os princípios do socialismo cientifico por um conjunto de dogmas. Na verdade, quem mais andou perto de impor o fim do marxismo, foram os 90 anos de hegemonia do stalinismo, e aí estamos certos de que o fim do socialismo, sua derrota completa, será, inevitavelmente, o fim do mundo.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Papai Noel existe




É claro que o “bom” velhinho existe para as crianças ricas, crianças da classe média e filhos de poucos assalariados. Para a multidão de pobres e miseráveis o Papai Noel não passa de um velhinho cruel que povoa o imaginário dessas crianças. Porém tudo termina numa tremenda frustração. Só temos que lamentar. O capitalismo é assim mesmo, bom para uns poucos e razoável para um punhadinho de aquinhoados. Para o resto da população, para o povão o máximo que ele pode reservar é o menos ruim. Transporte menos ruim, moradia menos ruim, escola menos ruim, hospital menos ruim, salário menos ruim...O bom mesmo fica restrito, como já dissemos, à burguesia e setores da classe média. Por outro lado, Papel Noel existe sim, não só como fantasia e sim como um grande vendedor que trás lucros para os comerciantes de plantão.


segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

QUEREM NOS FERRAR...



            Acabo de ler uma mensagem de um certo companheiro para outro, dizendo: “abra os olhos, a direita quer nos ferrar.” Ficamos perguntando, mas qual direita? Talvez esse companheiro, amedrontado com o fantasma de uma certa direita, não leve em consideração que direita é um termo que deveria ser aplicado aos que defendem a manutenção do capitalismo a qualquer custo. Por sua vez, se haveria de pensar que a esquerda estaria representada pelos que se opõem, de forma clara e objetiva, ao capitalismo.
            Porém, não é isso o que acontece com a esquerda nitidamente direitosa representada pelo PT, PCdoB, PSB. Essa esquerda direitosa não passa de direita e o que se conclui é uma titânica luta entre uma direita explícita e outra travestida de esquerda.
            Existe um adágio popular que afirma ser, o falso amigo o pior inimigo. Na verdade, o falso amigo sob a roupagem do “marxismo-leninismo-trotskismo” foi e é responsável pela manutenção do sistema capitalista. Dessa maneira era preciso dizer: cuidado, a direita moderada e a extrema direita tem ambas um bem sucedido propósito: “o de manter o sistema capitalista de pé a qualquer custo, mesmo que isso implique na destruição da vida, na tragédia total.”
            Observava-se uma imperiosa necessidade de se rever conceitos e sustar tantos equívocos, sob pena de caminharmos, irreversivelmente, para a tragédia que celeremente o capitalismo nos arrasta. Assim sendo, não será essa esquerda direitosa que nos há de evitar a consumação da tragédia. Não.  Não é essa esquerda direitosa, linha auxiliar de sustentação desse sistema exaurido que haverá de nos permitir conquistar uma nova sociedade calcada na igualdade e na justiça. Para se ter, entretanto, essa esquerda anticapitalista, precisamos resgatar a verdadeira literatura socialista, distorcida pelo stalinismo através da Academia de Ciências da URSS. Ao invés de aceitarmos a distorção que nos leva a crer que a vida política gira em torno da contradição, nação opressora versus nação oprimida, estabeleça-se o principio de que a vida política gira em torno da contradição capital versus trabalho.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

ELES NÃO FALAM




          Dentre os partidos que se reivindicam “marxistas-leninistas” ou mesmo “marxistas-leninistas-trotskistas” é costumeiro ouvirmos que a nossa participação no processo eleitoral, deve-se ao fato de podermos denunciar o capitalismo. A triste realidade é que essa denúncia não se observa. Diante dos problemas sociais, que vão da natalidade, à saúde, à segurança , ao desemprego, ao uso das drogas...  O que vemos e ouvimos são tagarelices, tanto dos partidos da direita explícita, quanto dos partidos que se autoproclamam de esquerda.
        Explorando a desinformação reinante no seio do povo, esses senhores limitam-se a tratar as questões sociais, unicamente, pelo prisma administrativo. Diante do problema da saúde, propõem a construção de um, dois, três mil hospitais; o mesmo raciocínio dá-se no quesito educação quando ouvimos com insistência a proposta de construção de escolas em tempo integral e outras conversas. A violência crescente tem sido tratada da mesma maneira, sugerem-se penitenciárias, delegacias e o aumento do efetivo policial.
        Em outras palavras, quão é lastimável vermos e ouvirmos essas campanhas eleitorais sem que nelas sejam denunciadas as causas que movem as inúmeras e incontáveis desgraças sociais. Eles não ousam dizer que a solução está na desconstrução do capitalismo. Agem como se não houvesse classes e camadas sociais distintas, como se não houvesse tantas e quantas desigualdades.
      Assim sendo, ao invés de aproveitar os processos eleitorais para uma denúncia consistente do capitalismo como causa de tantas iniquidades, procuram-se outros caminhos, procuram-se outros rodeios de forma que tais atalhos, deixem intocáveis o capitalismo. E isso é, como já dissemos, extremamente penoso, na medida em que se foge da verdade para acalentar a massa do povo com promessas, lendas e mentiras e, dessa forma, assegurar a manutenção do capitalismo ao invés de tentar construir uma cultura política de natureza anticapitalista como se faz necessário.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

CONLUIO



            Para nós, não é novidade os expedientes usados pela burguesia para usufruir lucros enganando o povo. O período eleitoral é farto nas promessas vãs. Em Fortaleza, a prefeita Luizianne Lins do PT, soube se entender muito bem com fornecedores e empreiteiros junto à Prefeitura.
            Tanto é assim, que durante os seus anos de mandato sempre foi bem agraciada na coleta de recursos para as campanhas eleitorais. Uma das bandeiras da “socialista” Luizianne Lins era a de ter evitado o aumento da tarifa nos transportes coletivos da cidade de Fortaleza. Tratava-se de um acordo entre prefeita e empresários. Ela promovia a diminuição de taxas e impostos para que os empresários pudessem manter os mesmos preços em suas tarifas. Esse jogo terminaria logo depois de passadas as eleições, quando novo acordo seria feito e seria permitido o aumento das taxações. Mas os empresários, diante da derrota eleitoral da prefeita, resolveram entrar na Justiça solicitando um aumento de R$0,25 na passagem e essa solicitação foi atendida com todo apreço que “merecem” os empresários nesse sistema capitalista.
            Sai a “socialista” Luizianne Lins e entra o “socialista” Roberto Claudio e tudo fica a mesma coisa: lucros para os capitalistas e sacrifícios para as massas populares. É em razão desse jogo sujo que eles promovem, que nós denunciamos, o discurso fraudulento que diz ser possível erradicar as desgraças sociais mudando apenas os governos. Refutamos os que dizem existir alternância de poder, no âmbito do capitalismo. Não é verdade que exista esse tipo de alternância. Muda-se de um governo para outro, entretanto, conserva-se o poder na mão dos capitalistas.
            Governos vão e vêm e o capitalismo continua garantindo fartos lucros para a burguesia enquanto tentam enganar o povo com pequenas migalhas. Exemplo patente está nos governos petistas. Dizendo representar os interesses dos trabalhadores, o ex-metalúrgico Lula da Silva, empenhou-se em garantir os interesses da burguesia e assegurar a paz social necessária a esse sistema cuja característica é a busca do lucro, a qualquer custo, para um punhado de pessoas, enquanto a imensa maioria é levada ao permanente sacrifício. Mais uma vez o povo foi vítima de uma fraude e isso tem que parar.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Mutretas e picaretas




            Quando Inácio Lula da Silva, o metalúrgico, dirigia o Partido dos Trabalhadores, cuja marca era a de que seria um partido diferente, que praticaria também uma nova política, fiel à máxima do capitalismo de que o sistema é bom desde que bem gerenciado, o nosso metalúrgico cunhou o slogan: “o modo PT de governar”. Esse modo haveria de tornar o capitalismo justo e palatável ao gosto de todas as classes e camadas sociais. Estaria feito, então, o grande milagre social.
Não bastasse esse discurso, Lula se ocupava em expor as mazelas do capitalismo, atribuindo-as à mazelas de governos, dizia ele: “o que falta é vergonha na cara”. A cada desacerto, falcatrua, irregularidade o nosso metalúrgico berrava a todos pulmões: “são maracutaias, negócios desonestos, praticados contra o povo”. Não se contendo diante de tantos malfazejos, denunciou com toda veemência: “no Congresso existem mais de trezentos picaretas”. Ora, logo que Lula chegou ao governo, ao invés de cessarem, proliferaram as tão denunciadas maracutaias. Foi o tão escandaloso mensalão, prática desonesta e obscena, capitaneado pelo chefe petista da quadrilha, José Dirceu, e formada por tantos outros delinquentes. Diante do escândalo, Lula teve o desplante de vir a público dizer: “Isso se chama caixa dois, e todos os partidos praticam”. Mas o PT não seria um partido diferente? Isso pouco importa, e se sucederam as maracutaias: Valdomiro, na Casa Civil, “sanguessugas”, no Ministério da Saúde, a palhaçada dos aloprados, novo escândalo na casa Civil, com Erenice, invasão de sigilo fiscal e por último o escândalo do “Porto Seguro”.
            Quanto aos picaretas, Lula se deu muito bem com eles. Tornou-se notória sua aproximação com figuras como: José Sarney, Jader Barbalho, Renan Calheiros, Romero Jucá e outros tantos mestres da picaretagem. Com eles, Lula soube muito bem se entender e trocar valorosos favores às expensas dos interesses maiores da população. Correram livres as mutretas e “nunca antes na história desse país” os picaretas entenderam-se tão bem.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Alternância no Poder?




            A burguesia domina o mundo através da mentira política. Dentre elas, está essa história de que na democracia deles, na democracia burguesa, existe alternância de poder. Já dissemos que o poder não é rotativo, o que é rotativo são os governos. Eles representam propostas de políticas econômicas. O poder representa a própria economia, o que no nosso caso é a economia capitalista.
            Mas uma pergunta torna-se por demais pertinente: onde estão os cientistas políticos daqui e dali que não denunciam essa grotesca fraude? Onde estão os “marxistas-leninistas” que não protestam contra esses embustes da esperta e cavilosa burguesia?
            Temos dito que as tão mitificadas universidades, no sistema capitalista, têm dois objetivos precípuos. O primeiro deles é formar técnicos e cientistas que deverão prestar serviço aos negócios do sistema. Lembremos que o bombardeio atômico de Hiroshima e Nagasaki, não teria sido possível, não fosse o empenho e a eficácia de técnicos e cientistas, bem remunerados. O segundo objetivo das universidades, é formar ideólogos para bem servirem as classes ora dominantes, defendendo conceitualmente a ordem por eles estabelecida.
            A burguesia, repetimos, ampara-se no império da mentira. Algumas delas, têm raízes milenares. Outras são mentiras modernas. Existem aquelas produzidas pela festejada Revolução Francesa que ainda hoje povoam a cabeça dos chamados políticos progressistas e de seus inúmeros bacharéis, mestres, doutores e pós-doutores. Dessas mentiras modernas destaca-se uma verdadeira pérola, o famoso “Estado de Direito”. Ora, no capitalismo, o estado é o guardião da ordem burguesa, da exploração do homem pelo homem, e assim sendo, não passa de um estado de direita. Eles separam o estado em duas categorias: o estado de exceção chamado de ditadura e o Estado de Direito chamado democracia e isso é, do ponto de vista da essência, um caviloso e falso jogo de conceito que fazem a cabeça da maioria dos intelectuais, inclusive os ditos “marxistas-leninistas”.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

A lição de casa




            Essa expressão, fazer a lição de casa, corresponde dizer: cumprir com as obrigações que nos são impostas por diversas vias, circunstâncias e conveniências.
A burguesia, enquanto classe social, fez e faz, competentemente, a lição de casa. No primeiro momento histórico, ela buscou abrir caminhos para o seu fortalecimento e logo que fortalecida, através do capitalismo mercantilista, soube estabelecer uma aliança histórica em torno da implantação do absolutismo, condição básica para o seu maior crescimento. Soube, ainda naquele momento, patrocinar as grandes navegações e, através delas, de certa forma conquistar o “Novo Mundo” e estabelecer contato com o Oriente.
Enriquecida, após muitos anos de atividade comercial e pelo incremento das manufaturas, a burguesia tratou de conquistar novos patamares e galgar melhores posições econômicas, sociais e políticas.
De forma brilhante, através dos seus intelectuais, conseguiu conceber um projeto de nova sociedade tão bem, doutrinariamente, desenvolvido pelos “iluministas”. Construídas as linhas mestra de um projeto econômico e social de acordo com seus interesses, a burguesia ocupou-se em conspirar contra a velha ordem feudal e buscou implementar insurreições que lhe levassem ao poder político. Conquistado o poder, tratou de levar a cabo duas grandes tarefas concomitantes: primeiro, consolidar esse poder; segundo, tornar universal a nova ordem econômica, política e social, a ordem capitalista, tomando-se a Revolução Francesa como referência. O comportamento inglês foi completamente diferente no quesito “universalizar o capitalismo”. Os ingleses foram ferrenhos e ativos inimigos da revolução burguesa na França.
É oportuno esclarecer que a caminhada evolutiva do capitalismo não se deu de forma retilínea e antecipadamente planejada. Não! Na medida em que as questões eram postas, a burguesia procurou responder satisfatoriamente aos seus interesses imediatos e históricos.
No exemplo francês não houve um planejamento político, mas a elaboração antecipada de um bem delineado projeto de uma nova ordem. Esse projeto, construído pelos já citados iluministas, somado a outros fatores, deu à Revolução Francesa a oportunidade de se tornar a revolução clássica burguesa.
Voltemos, porém, à nossa abordagem que, mesmo procurando ser didática, não pretende atropelar a complexa realidade histórica, presumindo existir uma linha reta sem os devidos percalços. Isso, jamais! A simplificação de que lançamos mão, tem o objetivo único de estabelecer uma linha de raciocínio que nos enseje entender o transcurso evolutivo da história, livres das idas e vindas, dos ziguezagues e dos múltiplos acidentes e dramas.
Quando a burguesia chegou ao seu estágio superior de desenvolvimento, com o imperialismo, ela teve que enfrentar dois grandes problemas que lhes eram inerentes: tinha que enfrentar as suas profundas contradições fazendo uso, em última instância, do confronto bélico, tanto na Primeira como na Segunda Grande Guerra Mundial, para resolver, suas pendências, mesmo com altos custos sociais. Outra tarefa vital para a burguesia na sua fase imperialista, era derrotar o movimento socialista que propunha um novo projeto de sociedade e a consequente desconstrução do capitalismo. Dessa segunda tarefa, ela se desincumbiu impondo ao movimento socialista sua completa descaracterização, levando-o ao social-patriotismo que ainda hoje perdura com muita força.
Após essa espetacular derrota do movimento socialista, em 1912/13, veio um segundo momento de confronto que vai de 1917 a 1923, quando uma nova leva revolucionária se levanta e, mais uma vez, a burguesia lança mão de sua sagacidade política no manejo dos meios que dispunha e consegue impor uma nova derrota ao socialismo em dramáticos embates quando estava em jogo o destino imediato da proposta revolucionária, particularmente o destino da URSS. Dessa segunda derrota brotou um fenômeno histórico de gravíssimas consequências: o stalinismo.
É necessário ressaltar que fortes elementos causadores dessa nova derrota têm suas raízes em 1912/13 quando vicejou no seio da esquerda social-democrata, o social-patriotismo, que desarmou politicamente a classe trabalhadora tornando-a presa fácil da contra-revolução.
O socialismo, enquanto projeto de nova sociedade, foi engessado pelo stalinismo transformando a sua ciência em um amontoado de dogmas e os chamados partidos comunistas em organizações de caráter social-patriota. Por sua vez, a comunhão de interesses entre o imperialismo, capitaneado pela burguesia, e a burocracia stalinista em evitar, a qualquer custo, o avanço da revolução mundial, levou o movimento socialista a uma situação de derrota quase absoluta e, consequentemente, permitiu que a burguesia desfrutasse nos dias de hoje, um momento de inimaginável hegemonia.
            Vejamos a grande ironia da história, tão pródiga no seu mister. A burguesia foi revolucionária nos seus primórdios, logo, progressista. Quando atingiu a fase imperialista, ela iniciou o seu processo de crescente exaustão. Antes, tinha uma proposta e um discurso que interessavam a maioria da humanidade; hoje, ela não dispõe de nenhum discurso que possa lançar esperança de solução a problemas graves como: a miséria crescente, a violência, a destruição da natureza e tantos outros, decorrentes de sua própria existência.
Enquanto isso, o socialismo detém como bandeira a única proposta capaz de levar reais esperanças ao conjunto da humanidade. Isso é deveras irônico: uma classe social como a burguesia, exaurida e sem discurso, é politicamente hegemônica. Enquanto isso, a esquerda verdadeiramente socialista, está confinada em pequenos guetos e quando ousa levantar a cabeça é perseguida pelos diversos herdeiros de Stalin e pelas forças da burguesia.
A resposta para essa intrigante questão está no fato de que os noventa anos de dominação stalinista e a aliança estabelecida por ela com o imperialismo para sustar qualquer possibilidade de vitória da revolução mundial, levantou barreiras quase intransponíveis à causa socialista.
A chamada esquerda “marxista-leninista” transformou-se em legiões de militantes presos aos dogmas e substituindo o princípio da luta de classes pelo obsceno “princípio” de nações opressoras versus nações oprimidas, dando respaldo ao tão nefasto nacionalismo que contaminou gravemente essas legiões. O subproduto desse desvio político/ideológico é o obtuso antiamericanismo, que ultrapassa às raias do absurdo, quando vê, com mal dissimulada simpatia, o teocrático fascismo iraniano, pelo simples fato dele, assim como a Síria e o Bin Laden, terem posições anti-americanas, esquecendo o fato de que ser anti-americano não implica em se ser anticapitalista, posição essa indispensável aos que pretendem a emancipação humana.
Ora, a barreira imposta pelo conluio imperialismo/stalinismo que nos reduziu a tão brutal situação de indigência teórica, quando os dogmas substituíram os princípios e os militantes tornaram-se beatos acríticos, só pode ser removida caso estejamos dispostos a promover um profundo trabalho de auto-crítica, cortando na própria carne.
Essa tarefa, porém, requer um grau de coragem muito maior do que foi demonstrado por muitos militantes de esquerda, mundo a fora, diante dos cárceres, das torturas, da clandestinidade ou do exílio. A tarefa de demover a barreira que nos foi imposta implica em dispormos a nos desfazer de deuses, mitos e dogmas, construídos para inibir qualquer iniciativa ou posição que possam ser consideradas heréticas, pois prevalecia e prevalece, nos mais diversos grupos de viés stalinista, o catecismo inconteste e isso tem que ser superado.
Vale refletir sobre o fato de que a burguesia, como já dissemos, cumpriu e cumpre o seu papel histórico. Hoje, esse papel é o de preservar a nau capitalista flutuando, mesmo seriamente avariada, evitando o seu naufrágio. Para os reais marxistas fica claro que se trata de uma tarefa impossível a eternização do sistema sócio econômico vigente. Não é de bom alvitre, porém, que o capitalismo sucumba, arrastando consigo a própria humanidade. Queremos o fim do capitalismo, sim, mas ele só nos interessa na medida em que seja sucedido pelo socialismo e nunca pela tragédia total.
            Por seu turno, estamos convencidos de que a tarefa, a lição de casa, da esquerda socialista, seria impor reais derrotas à burguesia. No entanto, cabe perguntar: Foi isso o que aconteceu na Espanha, em 1936? Na Alemanha, diante da ascensão do nazismo hitlerista? No Brasil, quando do golpe em 1964? No Chile de Allende, em 1973? Na Indonésia de Sukarno, em 1965? Na China de Mao, que se tornou, desde priscas eras, num estado policial, para depois desembocar no capitalismo de estado? É justo que vivamos de migalhas, confundindo restritas vitórias eleitorais, que em nada ameaçam o capitalismo, como se elas representassem pungentes avanços? E o que dizer da gloriosa e heróica, “Guerra de Libertação Nacional” vietnamita, onde hoje se exibe, em suas avenidas e estradas, propagandas de empresas imperialistas, enquanto exporta para a China mão de obra barata? Por fim, cabe indagar: a esquerda, por sua esmagadora maioria, fez ou faz a sua lição de casa?
Esses e tantos outros episódios que formariam uma lista quase infinda, demonstram que a história do socialismo representou uma sucessão de derrotas políticas  e ao invés de se procurar delas tirar os necessários ensinamentos, preferiu-se e prefere-se o caminho irresponsável e desvairado do triunfalismo totalmente infundado.
Os equívocos políticos, em suas mais diversas versões: o maoísmo, o fidelismo, o kruschevismo e mesmo o extravagante nazi-fascismo, expressão exacerbada da contra-revolução, produziram e produzem grandes legiões de beatos, abnegados, heróis e mártires. Esse fato não faz com que os equívocos deixem de sê-los e por conta da qualidade moral dos seus devotados militantes devam ser tratados com generosidade, aquiescência.
É oportuno e necessário esclarecer que reconhecer as sucessivas derrotas do movimento socialista, não implica em se ser derrotista. Implica em assumi-las e buscar situar as suas verdadeiras causas, evitando suposições infundadas, do tipo “revolução traída”, “revolução desfigurada”, no caso da URSS. Tratando-se do Brasil, diante do golpe de 1964, devemos repelir a tese de que: “o golpe nasceu em Washington”. Isso corresponde dizer, com certo acento nacionalista, ter sido a causa da nossa derrota naquele momento o comportamento reprovável do inimigo que “rasgou a constituição e atropelou a legalidade”. Inimigos não traem, essa deveria ser uma lição elementar. Imputar ao inimigo a causa de nossa derrota é fugir da necessária auto-crítica, é deixar de assumir as nossas responsabilidades.
Expurgar o idealismo filosófico, o triunfalismo, as fantasias, as ilusões, o seguidismo acrítico, a veneração religiosa, os preconceitos, as práticas caluniosas e outras tantas manifestações de rebaixamento político e ideológico é uma tarefa urgentíssima e, só procedendo dessa forma, seremos capazes de romper o círculo de ferro político-ideológico imposto pelo conluio imperialismo/stalinismo.
Pretendemos, como temos feito, apontar o que para nós parece ser a saída. Trata-se de empreender esforços para responder de forma abalizada ao seguinte questionamento que, embora parcialmente respondido, persiste: o que nos cabe fazer? A resposta seria: devemos lutar para construir outra esquerda, disposta a restabelecer a livre discussão, sepultada que foi de forma brutal a partir de 1921, quando, no X Congresso do Partido Comunista da URSS, por proposta de Lênin e Trotsky, que pretendia ser uma medida transitória, foi suprimido o direito de tendência e instituído o monolitismo que se tornou universal por conta do papel assumido pela Terceira Internacional, ao corromper-se, o que ocorreu um pouco depois de sua fundação.
Estamos convencidos de que sem a construção dessa outra esquerda, desfeita de suas marcas direitistas ou direitosas, não será possível sair dessa situação de profunda derrota a que fomos submetidos.
Em outras palavras, diríamos: a construção de outra esquerda calcada nos princípios do socialismo científico, construídos por Marx, Engels, Plekhànov, Lênin, Rosa, Trotsky, Martov, Kautsky, Labriola, Franz Mehring e poucos outros próceres,  é a tarefa que se impõe, e buscar cumpri-la é fazer a lição de casa.
Isso é necessário, caso levemos em consideração o fato de que o socialismo é apenas uma possibilidade e nunca uma fatalidade imposta pelas contradições do capitalismo tão aguçadas presentemente.
O socialismo, para se impor como saída para o nosso impasse histórico, precisa ter força para fazê-lo e, assim, fica evidente a necessidade de apressar os passos uma vez que estamos diante da célere marcha do sistema vigente para o colapso.
Os fatos conflituosos da nossa realidade global estão continuamente em marcha, pouco importando se despertarmos ou não, em tempo, historicamente hábil, para intervir evitando a grande tragédia, qual seja: a destruição da vida. 

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

A INSURREIÇÃO ESTÁ VIVA!




            Recorremos aos fatos ultimamente ocorridos nos países árabes, para refutar o argumento de figuras “marxistas-leninistas” que não têm a necessária clareza dos fatos e nos dizem: a época das insurreições passou, hoje apresenta-se para nós o caminho das vitórias institucionais para que, a partir delas, atinjamos os objetivos socialistas.
            Trata-se de uma infeliz ilusão no caminho constitucionalista para o socialismo. Dão como exemplo o coronel Hugo Chávez na Venezuela, figura raivosa diante do imperialismo ianque, mas que desconhece o imperialismo como produto do desenvolvimento capitalista, estando, portanto, presente em todos os recantos e nunca confinado nos limites de um único país, embora observemos o papel de polícia que exerce o chamado Império do Norte.  Por sua vez, ressaltam o “avanço” do socialismo constitucional através dos processos na Bolívia, no Equador, no Paraguai e assim por diante.
            Não refletem esses senhores “marxista-leninistas” que o socialismo insurrecional que desmantelou, por completo, os estados burgueses, em alguns países, terminou por ser derrotado em decorrência do fato principal dessas insurreições terem acontecido na periferia do capitalismo.
            As insurreições árabes, o rápido movimento de rebeldia na Inglaterra, os sinais de insubmissão na França, na Grécia, na Espanha, demonstram, de forma cabal, que o caminho da insurreição não ficou no passado, considerando ser a insurreição um movimento em busca da ruptura. Quando os insurretos estão desarmados de um projeto de transformação, essas insurreições confundem-se com meras rebeliões e terminam por se circunscrever no âmbito da política burguesa, empalmando a bandeira das liberdades democráticas e das reformas sociais, no âmbito do próprio sistema. Os exemplos dados desmentem totalmente a tese de que insurreição é coisa do passado. Por sua vez, a realidade mostra a total inviabilidade de um socialismo constitucional, calcado nas regras jurídicas do próprio capitalismo, como soe acontecer nos exemplos dados.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

“A fome tem pressa”



            É claro que quem tem fome tem pressa. Ninguém de bom senso pode desmentir. Foi partindo daí que o inesquecível Betinho conclamou a todos para a formação de Comitês da Cidadania, cujo objetivo seria acudir os milhões de famintos do Brasil. Setores classe da média, tocados por esse apelo, formaram comitês e se lançaram na tarefa de colher donativos que deveriam chegar para os famintos.
Sob o argumento de que, “quem tem fome tem pressa”, estava embutida uma proposta nada interessante. Propunha-se a suspensão da atividade política, para nos lançarmos em socorro assistencialista de combate a fome. É sensato, porém, que diante de um problema que nos incomode, busquemos a causa. Tentar combater a fome sem buscar erradicar a causa e demover os fatores que a produz, é um caminho fadado ao insucesso.
Ora, sabemos que a fome, assim como outros problemas sociais, tem como causa a vigência de um capitalismo exaurido, cuja alma é a busca de lucro para uns poucos. Sendo assim, deve ser prioridade para os que querem erradicar as mazelas sociais, dar duro combate ao sistema socioeconômico que produz essas mazelas, o Betinho, na sua santa ingenuidade, nos propôs centrar esforços numa política essencialmente assistencialista, dentro da milenar tradição cristã que se caracteriza por administrar a miséria, enquanto nós, socialistas, nos empenhamos em combater a causa e assim erradicá-la.
            Os Comitês da Cidadania deram margem para o posterior programa Fome Zero e este desembarcou de malas e bagagens no tão propalado Bolsa Família. Em todos esses momentos, ficou bastante patente que se optou pelo caminho do gerenciamento da miséria ao invés de se buscar a sua erradicação como pretendem os verdadeiros socialistas. Ora, buscar a erradicação da desigualdade e, por conseguinte, da pobreza e da miséria, nos leva a implementar uma política explícita de caráter anticapitalista. Não podemos, nem devemos ludibriar a boa fé de tantos, nos empenhando tão somente em combater os efeitos, e aí reside o ponto central da questão. 

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

A festa dos inocentes





Parodiando Herbert Marcuse, poderíamos afirmar que a massa do povo, incluindo-se, é claro, a tão falada massa proletária, se encanta com pequenos ganhos obtidos no seu dia-a-dia, sejam esses ganhos fruto de sua luta ou obtidos como dádiva “generosa” dos senhores do poder.
Um diminuto espaço para morar, uma geladeira, um freezer, uma TV LCD e, (suprema felicidade!) um automóvel, são elementos suficientes para levar as camadas populares ao conformismo e à fácil cooptação política pela classe ora dominante.
Tal comportamento das massas populares não é próprio apenas do Brasil, e sim, de todos os recantos do mundo. Aqui, tivemos o exemplo patente do populismo lulo-petista, oferecendo ao capitalismo a paz social para que pudesse usufruir grandes lucros sem nenhuma ameaça.
Respeitando os pilares fundantes da política econômica implantada pelo Plano Real, o lulo-petismo teve condições de implementar algumas políticas sociais que implicaram em pequenas melhorias na condição de vida das massas e isso tem sido razão para que elas levem a cabo a festa dos inocentes que se expressou na vitória eleitoral da candidata Dilma Rousseff em 2010 à Presidência da República e a de Fernando Haddad a prefeito de São Paulo.
 Não percebe o povo, incluindo-se, como já foi dito, a massa proletária, que ele tem direitos históricos muito maiores do que as migalhas que lhe são ministradas pelo sistema capitalista no Brasil através do governo lulo-petista. Não percebe, que do ponto de vista histórico, tem o povo o direito supremo de libertar-se dos grilhões de um sistema cuja alma é a busca incessante de lucros e foi, justamente o lucro, medula do capitalismo, que foi assegurado à burguesia, nesses últimos anos, especialmente na gestão petista, que tão bem se aproveitou o velho sistema.
Diante desses fatos, resta-nos a nós, socialistas revolucionários, a tarefa de despertar as massas populares de sua inocência e nunca acalentar suas fantasias como tem feito o PT, o PCdoB e o PSB que funcionam como o braço esquerdo do sistema. 

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A Batalha Eleitoral

                                                    
            Dentro das regras do jogo do sistema, nenhum postulante de esquerda a quaisquer das prefeituras poderá fazer um milímetro a mais do que faria um competente postulante da direita. As vitórias eleitorais das “esquerdas” têm revelado que em nada contribuíram ou contribuem para a causa socialista. Pelo contrário, há um empenho dos eleitos em demonstrar que o capitalismo é viável, desde que bem administrado, e uma legião de militantes de esquerda transforma-se em office boys e office girls do sistema vigente.
         Em Fortaleza, temos dois exemplos gritantes. Maria Luiza elegeu-se prefeita, em 1985, na pretensão de que tudo iria mudar. É verdade que sua campanha não foi de caráter anticapitalista. A ênfase era a moralização com a promessa de que elaboraria um dossiê das falcatruas correntes na prefeitura. Eleita, Maria Luiza foi alvo da mais exacerbada oposição, não faltando aquela implementada pelo PCdoB, capitaneado à época, pelo hoje, senador Inácio Arruda.
         Somando-se, a inabilidade, a falta de recursos para um razoável gerenciamento, o amadorismo e a incompetência, a Administração Popular da Maria Luiza foi um desastre e em nada contribuiu para a criação de uma consciência socialista. Todo o insucesso, porém, foi por ela debitado ao inimigo, como se ao inimigo não coubesse, justamente, a tarefa de inviabilizar o nosso projeto.
         Anos depois tivemos a eleição da não menos aguerrida Luizianne Lins, dessa vez com algumas diferenças de conduta. Ao invés do conflito com a Câmara Municipal, sabidamente fisiológica por sua maioria, escolheu-se o caminho do compadrio. Depois, nenhuma palavra, nenhum gesto que viesse contribuir para a formação de uma consciência anti-sistema, apesar dela se dizer socialista. Por sua vez, uma legião de militantes foi chamada a se ocupar da tarefa de administrar a desigualdade e até tentar fazê-la bela e isso foi uma lástima.
         Novamente foi posta a batalha eleitoral. Quem aproveitou o ensejo para denunciar os embustes da burguesia? Quem ousou dizer ao povo que a questão central não é de governo e sim do sistema capitalista?

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

FOMOS ENGANADOS






            Mesmo os mais sensíveis e mais atentos de nossa sociedade capitalista não escaparam da enganação, do logro político, como haveremos de ter a oportunidade de ver no decorrer dessa nossa exposição. Pois vejamos:
            Lembro muito bem, quando aos 15 anos de idade, fazendo a quarta série do então curso ginasial, fiquei deslumbrado com os Iluministas representados pelo genial quarteto: Rousseau, Montesquieu, Voltaire e Diderot. Do Voltaire, chamou-me profundamente a atenção sua frase quando, referindo-se à Santa Madre Igreja Católica, conclamou: “esmagai a infâmia”. Do mesmo admirável personagem, chamou-me, também, a atenção uma frase a ele emputada, tomada emprestada de um velho abade comunista: “A felicidade só poderá existir quando o último nobre for enforcado nas vísceras do último clérigo”. Por seu turno, ainda tenho bem vivo na memória o gesto de bravura assumido pelo Conde de Mirabeau, diante da guarda do Rei que pretendia encerrar os trabalhos da Assembléia Constituinte, na França revolucionária, desalojando os seus participantes, e ele, com toda altivez, descrita pelo meu professor de história, teria dito ao comandante da guarda de sua Majestade: “Ide e dizei ao Rei vosso amo, que aqui estamos pela vontade do povo, e daqui não sairemos senão pelas forças das baionetas”.
            Com que tristeza, anos depois, vim tomar conhecimento de que o Conde de Mirabeau não passava de um canalha e, nessa condição, vendeu-se ao Rei e passou a prestar-lhe serviços  vendendo informações e fazendo uso de sua soberba oratória, em favor do soberano.
            Feitas essas digressões, partamos para o que mais nos interessa, que é a tomada de consciência da verdade histórica e essa tomada de consciência traz fortes doses de amarguras decorrentes das sucessivas desilusões, face às fantasias que, em algum momento, cultivamos ou, na hipótese muito mais grave, permanecemos acalentando, para o infortúnio do nosso destino, seja pessoal, seja histórica.
            Como dissemos de início, os mais sensíveis, os mais preocupados em desvendar os mistérios da vida política, foram vítimas, num primeiro momento, do grande engodo que a Revolução Francesa nos deixou de herança. Já o seu formidável lema abalava as nossas entranhas promovendo justas comoções: Igualdade, Liberdade e Fraternidade. Junto a esse genial lema, dotado de tantas esperanças e promessas, seguiam-se todo um discurso e propostas calcados em plenos valores humanitários. O valioso direito de ir e vir, o voto universal, os direitos natos do homem, a proclamada cidadania, o festejado Estado Democrático de Direito, eram elementos tão fortes que ainda hoje alimentam os discursos proferidos por bacharéis e até por políticos que se reclamam de esquerda. É inegável o caráter progressista do discurso burguês lastreado nos grandes Iluministas que traduzia as promessas do novo mundo capitalista, naquela ocasião. Eram progressistas, ressalte-se, em relação aos anos de trevas da Idade Média, e tão somente.
            No século XIX começa a desabrochar um novo discurso, esse sim, de caráter intrinsecamente humanista, pois se propunha a denunciar o nascente capitalismo e a se opor peremptoriamente à exploração do homem pelo homem. Nos seus primórdios, o discurso socialista padecia de uma grande parcela de ingenuidade quando se apoiava numa apreciação idealista da história e propunha a construção de uma sociedade igualitária como produto de pactos provindos da tomada de consciência. Ao mesmo tempo apostavam no testemunho, no exemplo de pequenas experiências igualitaristas como instrumentos de persuasão capaz de abolir as iniquidades do capitalismo e construir uma sociedade de irmãos.
            Na esteira desse socialismo idealista e ingênuo, nasceu um socialismo dotado de fundamento científico que punha de lado o idealismo para se apoiar em premissas consistentes, fornecidas pelo estágio de desenvolvimento da filosofia na Alemanha, da política na França e da economia política na Inglaterra. Sob esse tripé: filosofia, economia e política, brotou o socialismo científico, cujos mestres maiores, no seu primeiro instante, foram Karl Marx e Friedrich Engels, dentre outras talentosas figuras que contribuíram para aplainar caminhos, como foram os casos de Ludwig Feuerbach, na filosofia e de Moses Hess, nas suas várias formulações teóricas.
            É oportuno revelar que Moses Hess, foi o conversor de Friedrich Engels à causa comunista e foi dele que Karl Marx tomou emprestada a afirmação de que a “religião é o ópio do povo”, isso porém é outra história, servindo apenas para ressaltar que o comportamento beatificador do stalinismo produziu muitos falsos “milagres”.
            A partir desse momento de grandes revelações teóricas, nova realidade se colocou perante a história. O velho discurso dos Iluministas do século XVII e XVIII haveria de dar lugar aos novos pensadores e militantes da causa da humanidade, os socialistas, que se pautavam pelos princípios do saber científico. O novo discurso mereceu a adesão de grandes figuras dotadas de relevantes talentos, porém, no confronto dramático, em 1912/13, entre o nacionalismo burguês e o internacionalismo proletário, base de sustentação para o advento de uma nova ordem, aconteceu a acachapante vitória do social-patriotismo e a mais dolorosa derrota da causa socialista, justamente na Europa Ocidental, que seria o berço natural do socialismo tal como prenunciavam, com toda justeza, Marx e Engels, juntos a uma legião de notáveis socialistas.
            Esse fato extraordinariamente desastroso, a derrota do socialismo na Europa Ocidental, mudou radicalmente o rumo da história quando, a partir da vitória da Revolução Russa em 1917, pretendeu-se virar o jogo, estimulando uma desejada ressurreição da revolução mundial abatida. Esse propósito, entretanto, não se consumou, e então consolidou-se, em escala mundial, o discurso social-patriota que substituiu o conceito de luta de classes por uma pretensa contradição entre nações opressoras e nações oprimidas, como eixo da história, dando margem ao fortalecimento do nacionalismo, categoria política totalmente estranha ao ideário socialista, isso para sermos generosos, condescendentes com uma posição política de tão prejudicial influência tendo em vista os nossos propósitos revolucionários.
            Os encantados, num primeiro momento, com o discurso liberal-humanista da velha burguesia, buscaram, parte deles, aderir ao discurso socialista e deu-se então um segundo momento histórico de desbragada enganação. O socialismo revolucionário de Marx e Engels havia dado lugar ao dogmatismo empreendido pelo stalinismo através da Academia de Ciências da URSS e levado a todos os recantos do mundo pelos chamados Partidos Comunistas, filiados à Terceira Internacional, cujo princípio maior passou a ser o de resguardar os mesquinhos interesses da União Soviética, “pátria mãe” do socialismo, no dizer da burocracia moscovita, mesmo que isso implicasse, como implicou, em prejuízo ao avanço da revolução social.
            O esteio, ou melhor, a linha mestra do discurso “socialista” sob a sombra do stalinismo, consistia em dizer que existiam dois mundos: um decadente, o mundo capitalista; o outro ascendente, o mundo socialista. Com a queda do muro de Berlim esse discurso foi desmascarado e a esquerda convencional, de matriz stalinista, ficou desprovida de discurso e prostrou-se aos pés das academias burguesas fazendo delas um presumido centro do saber político e isso é mais uma perversa distorção de graves consequências.
            No decurso de nossa longa caminhada histórica, viveu-se, pois, ora seguindo Moscou, ora seguindo Pequim, ora seguindo Havana, o grande logro que representou o discurso stalinista dos dois mundos. Uns poucos procuraram fugir dessa enganação e encontraram um discurso de natureza idealista, que imputava os descaminhos da revolução socialista a obra de traição de uma dúzia e meia de degenerados e esse discurso, também, carecia de fundamento científico e resvalava para o mais puro idealismo, dando relevância absoluta aos aspectos morais, atropelando as circunstâncias históricas e o quadro da realidade objetiva que levou a revolução socialista na Rússia à mais completa derrota seguida do maior processo de degradação, com cruéis consequências, até os dias de hoje, para a humanidade.
            Em síntese, podemos dizer que fomos enganados quando acreditamos no discurso liberal-burguês. Fomos enganados quando acreditamos no discurso dos dois mundos. Por fim, alguns de nós, fomos enganados quando aceitamos o discurso idealista da revolução traída, do Estado Operário degenerado e da revolução política que haveria de depurá-lo. Observamos que se abateu sobre muitos, verdadeiros círculos de ferro que nos confinaram na mais lapidar ignorância política, embora ela possa ser poliglota e ungida, em muitos casos, pelos unguentos da erudição, hoje sob os rótulos dos mestrandos, doutorandos, pós-doutorandos e pós,pós,pós-doutorados, estuário da mediocridade e do charlatanismo. Tudo isso se deu, apesar do empenho, da boa fé, da bravura, da tenacidade de muitos. Triunfou a mentira e apoiada sobre ela, é que a burguesia, hoje, vive seu momento áureo de hegemonia política, muito embora padeça de sucessivas crises econômico-financeiras decorrentes de suas próprias contradições.
            Cabe atentar para o fato de que, muitas vezes, o apego afetivo aos credos, impossibilitou e tem impossibilitado ter clara a verdade histórica. Basta de tanto logro, a história clama por intervenções políticas conscientes e consequentes a serem levadas à prática, em tempo hábil, de salvar a humanidade da tragédia total que o sistema capitalista nos arrasta.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

“OS FERREIRA GOMES”

    Passaram-se as campanhas eleitorais de 2012. Praticamente não se ouviu falar no capitalismo, causa de nossos problemas sociais e ambientais. Não ouvimos falar nas verdadeiras causas de nossas desditas e isso é do interesse da burguesia.

Para a manutenção do sistema socioeconômico vigente é de vital importância que todas as questões sejam tratadas como de natureza estritamente administrativa. Os discursos descambavam para a prática constante da demagogia, do logro e da fantasia.
O mais criminoso de tudo, consistia no fato de que esse comportamento não somente era levado a cabo pelos segmentos de direita explícita. A esquerda direitosa, há muitos anos, assumiu a postura política em dizer que o capitalismo seria bom e exequível, desde que administrado com honestidade e a devida competência. Trata-se de uma grosseira mentira. Governos vão e vêm e o sistema capitalista, em seu momento de exaustão, permanece produzindo e multiplicando desgraças sociais e ambientais. Mas a esquerda direitosa, para sobreviver, necessita de um discurso em que esteja colocada a figura de um inimigo, cujo papel seja o de substituir o capitalismo.

O stalinismo aboliu a luta de classes e nomeou a contradição: nação opressoras versus nação oprimida. Elegeu o imperialismo norte americano como causa do mal, ao invés de tê-lo visto como produto. Em nível doméstico, a esquerda direitosa, criou uma falsa dicotomia entre dois projetos: o neoliberal e o nacional desenvolvimentista, frente e verso do capitalismo.

Enquanto isso, em nível do Ceará, e mais especificamente em Fortaleza, a esquerda direitosa liderada pelo PT, descobriu que o recém aliado, os Ferreira Gomes, eram encarnação do mal. Trata-se de um artifício para prosseguir a velha política de se furtar a verdadeira contradição da sociedade socioeconômica vigente. Ao invés de burguesia e classes trabalhadoras, passa-se a ter, “os petralhas versus tucanalhas” e, de repente, erige-se uma oligarquia e, como outrora fizera Quixote, atacam-se moinhos de vento.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

O PIOR INIMIGO




     É muito comum se ouvir que o pior inimigo é o falso amigo. Quanto ao inimigo, nós, podemos estar preparados para enfrentá-los e nos protegermos de suas investidas. O contrário disso, ocorre com o falso amigo, ele pode, partilhar nossas mesas, comungar do nosso convívio e isso, nos desarma completamente, ao ponto de confiarmos a esse falso amigo tarefas de nossa estrita confiança. Do falso amigo podemos ouvir opiniões, conselhos, e os considerarmos legítimos e sinceros.
     Os trabalhadores, do mundo inteiro, tiveram como íntimo parceiro um falso amigo: o Partido Comunista. Por não perceber que se tratava de um falso amigo, milhões e milhões de trabalhadores, consideraram os discursos e as propostas desse partido, como se fossem do seu interesse. O inimigo sempre foi e é, a burguesia. Ela é o inimigo declarado, ostensivo, e devemos estar atentos. O mesmo não se dá com os falsos amigos.
      A missão política da classe burguesa é manter de pé, a qualquer custo, o capitalismo. Para cumprir essa tarefa ela, a burguesia, se apóia em vários discursos soberbamente mentirosos.  Caberia aos socialistas denunciarem essas mentiras e difundir mensagens educativas para os trabalhadores, baseadas na verdade histórica. Entretanto, não foi isso o que realmente aconteceu e vem acontecendo. A esquerda, de matriz stalinista, portou-se e se porta como falso amigo, contribuindo, por via de suas mentiras, com a sustentação desse sistema sócio econômico, jogando um papel sumamente perverso quando, também, mente e desinforma as classes trabalhadoras.
     Em face desse quadro tão adverso, devemos fazer todo o empenho no sentido de refutar os discursos mentirosos da burguesia e, ao mesmo tempo, refutar os discursos enganosos dos falsos amigos representados por várias correntes, ditas de esquerda, que até usam os rótulos de socialistas e comunistas. Devemos ter em conta que a verdade é revolucionária, e a mentira dos inimigos e dos falsos amigos serve para dar sustentação  a esse sistema sócio econômico exaurido.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

MALEFÍCIOS DAS ACADEMIAS


MALEFÍCIOS DAS ACADEMIAS

            Temos, insistentemente, procurado desnudar as academias da mística que as envolvem, mostrando que as escolas, especialmente em nível superior, no sistema capitalista, têm dois objetivos centrais: formar quadros qualificados para servir aos negócios da burguesia e bacharéis e doutores prontos a defenderem a ideologia burguesa lançando mão, inclusive, do prestígio que a academia lhes empresta. Agora, queremos falar de uma academia em particular, que causou e continua causando malefícios incomensuráveis aos legítimos interesses da humanidade.
            Trata-se da Academia de Ciências da URSS. Essa academia foi montada com o objetivo de desconstruir os princípios do socialismo científico e elaborar um conjunto de dogmas para vendê-los como se fossem a forma mais avançada da ciência socialista. Foi nessa Academia que se formaram os prepostos dos interesses políticos da casta burocrática soviética, e através de um eficiente trabalho de lavagem cerebral, ela formou uma legião de pessoas que se prestaram à tarefa de frear processos revolucionários ou distorcê-los, transformando algumas revoluções vitoriosas, como foram os casos da China e Cuba em baluartes do ideário soviético.
            Usando o prestígio da revolução socialista na Rússia, a casta burocrática soviética emprestava a uma gama de pessoas uma parcela enorme de autoridade política, uma vez que essas pessoas, munidas da nova versão distorcida de socialismo, contavam com as bençãos de Moscou e, particularmente, contavam com as bençãos e o prestígio que lhe conferia a já citada academia soviética, processando essa vergonhosa tarefa de transformar o socialismo em letra morta, para erigir um saber que se imputava como avançado e isso não passava de uma fraude que proporcionou e nos proporciona graves prejuízos.
            Hoje, resta-nos a gigantesca tarefa de remover todos os entulhos políticos e ideológicos, não só os elaborados pelas academias burguesas, como e sobretudo, os entulhos produzidos pela nefasta Academia de Ciências da URRS.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

O DISCURSO BURGUÊS


O DISCURSO BURGUÊS

            A burguesia espalha no seio das massas populares, letradas ou iletradas, discursos mentirosos, como forma de manter o capitalismo. Dentre os discursos fraudulentos espalhados pela burguesia, através dos seus prepostos, um poderia ser considerado como o discurso central. Ele procura, com êxito, difundir uma grande mentira, quando diz: “O capitalismo é bom, desde que governado de forma competente e honesta”.
            A esse discurso mentiroso, aderiu a esquerda convencional que se atém a combater um chamado capitalismo selvagem, para colocar em seu lugar, um presumido capitalismo civilizado, isso através de reformas que tornem esse sistema palatável.
             Ora, muitos não entendem e outros fingem não entender que o “capitalismo civilizado” dos países nórdicos e outros países ricos, seria impossível de existir, caso não existisse o propalado capitalismo selvagem, presente em quase duas centenas de países, afetando uma população de bem  mais de 6 bilhões de pessoas, contendo nessa cifra o espantoso número de 2 bilhões de seres humanos submetidos à condição de miseráveis.
            Vê-se pois, que o discurso do bom gerenciamento do capitalismo, de forma a torná-lo “justo”, é um discurso dotado de total má fé. É necessário e urgente, que os verdadeiros socialistas, se disponham a desconstruir esse tão nocivo discurso que, infelizmente, está na cabeça e na boca do povo, por obra e graça de um trabalho sistemático feito pela burguesia, através das instituições: família, escola, igreja, mídia e o papel que jogou e joga a esquerda direitosa, representada, no Brasil, pelo PCB de outrora e hoje pelos partidos PT, PSB e PCdoB.
            Em certo momento, o revolucionário russo, Vladimir Lênine, disse que o papel dos verdadeiros socialistas, é dizer ao povo que suas crendices, são crendices; suas fantasias, são meras fantasias; o seu atraso, é apenas atraso; usando, para tanto, uma pedagogia eficaz, de forma a desconstruir a cultura que lhe foi imposta pelas classes exploradoras, com o objetivo de manter de pé esse sistema que só beneficia a burguesia comparsas.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

A ELEIÇÃO DE OBAMA


A ELEIÇÃO DE OBAMA
            O capitalismo, apesar de exaurido, exerce uma hegemonia política quase absoluta, em escala mundial. Não existem movimentos anticapitalistas que mereçam ser citados. Ontem, 06/11/2012, tivemos uma renhida disputa eleitoral nos EUA. Disputavam duas grandes correntes políticas: uma de extrema direita, representada pelo Partido Republicano e outra de direita moderada, representada pelo Partido Democrático.
            O extremo direitismo dos republicanos, vai tão longe que eles, em campanha, não se cansavam de acusar Barack Obama de socialista e, até mesmo de bolchevique. Assim faziam porque as massas populares norte americanas, foram ganhas, política e ideologicamente, para o mais ferrenho e obstinado anticomunismo. Para esse trabalho de lavagem cerebral foi de grande importância a contribuição que deu o stalinismo-trotskismo, quando de forma equivocada, negou-se reconhecer em tempo hábil, a derrota da revolução socialista em escala mundial e, especificamente, na própria Rússia.
            Usando, indevidamente, o carimbo de “marxismo-leninismo”, ou mesmo de “marxismo-leninismo- trotskismo”, esses senhores se negaram a ver que ao invés de socialismo o que se construía na URSS era o capitalismo de Estado, com as todas suas desastrosas consequências.
            Diante desse quadro, sumamente desastroso, a burguesia internacional, após criar um cordão de segurança anticomunista, através da implantação dos chamados Estados de Bem Estar Social, levou avante, um eficaz trabalho de propaganda, expondo o totalitarismo praticado naqueles países que compunham um pretenso mundo  socialista. Fieis as resoluções tomadas no X Congresso do Partido Comunista russo em 1921, os marxistas-leninistas-trotskistas, levaram até as últimas consequências, a completa supressão do livre debate, a imposição do partido único, enfim, o Estado policial. Diante disso, espertamente, as forças políticas do capitalismo exibiam aquele quadro como decorrência natural e imperativa do movimento socialista, e contra aqueles absurdos, eles exibiam a democracia burguesa amplamente exercitada nos países capitalistas avançados como os Estados Unidos, a Europa Ocidental e o Japão, isso após a Segunda Grande Guerra.
            Ninguém fez tanto pelo “anticomunismo” como esses longos anos de stalinismo e aí está, o mais avançado país capitalista, acerbamente dividido entre uma direita fascista e outra moderada, como bem retrata a eleição de Barack Obama.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

SOCIALISMO SABOR BURGUÊS


SOCIALISMO SABOR BURGUÊS

            Há muito, a esquerda direitosa tem se empenhado em professar um socialismo sabor burguês. O primeiro representante dessa corrente foi o sr Eduard Bernstein, dirigente da Segunda Internacional. Dono de um bom cabedal intelectual, ele formulou a tese do Socialismo Evolucionário. Argumentou que o socialismo revolucionário, defendido por Marx, merecia revisão, pois o capitalismo havia chegado à sua fase imperialista e isso mudava as regras do jogo.
            O Socialismo Evolucionário era visto com simpatia, por setores da burguesia. Esse socialismo punha de lado as rupturas radicais. Defendia o discurso de que a igualdade social seria conquistada gradualmente. Felizmente essa posição foi rechaçada pelos socialistas revolucionários daquela época, destacando-se a figura de Rosa Luxemburgo. No entanto, vale considerar que a tentativa de se modelar um socialismo sabor burguês, ressurge com o advento do stalinismo. Nessa ocasião, rebaixa-se o discurso socialista para agradar os setores da burguesia com quem haveria de construir as chamadas frentes populares.
            Stálin, morto, surgiu o stalinismo na versão kruchevista que reassumia o discurso sabor burguês do “caminho pacífico para o socialismo”. Os partidários dessa formulação política, acusavam a outra facção, aquela que defendia o movimento armado, como aventureiros, e o que se viu foi o fato do propalado “caminho pacífico” redundar em episódios de violência que custaram muito mais sangria do que a “aventura” da luta armada.
             Após a monumental queda do Muro de Berlim, houve o esvaziamento completo do velho discurso da esquerda direitosa de que haveria dois mundos: um capitalista e outro socialista em franca concorrência, sobretudo através da corrida armamentista. O discurso dos dois mundos, mostrou-se uma fraude e ao invés de se fazer uma análise crítica da Revolução Russa e do stalinismo, o que vimos foi a adesão total da esquerda, em geral, ao caminho institucional, como forma gradualista de se chegar à superação do capitalismo. A burguesia agradece!

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

QUESTÃO DE FÉ?


 QUESTÃO DE FÉ?
            É costumeiro ouvirmos várias pessoas afirmando que não acreditam na viabilidade do projeto socialista. Como argumento, para fundamentar essa colocação, é comum dizerem que o socialismo não é viável, dentre outras razões, em função da natureza egoísta de cada ser humano, incapaz de controlar suas ambições, sem se dar conta do caráter dessa ambição. Sem dizer se essa ambição, inerente ao homem, seria material-acumulativa, como soe acontecer na sociedade capitalista, ou se essa ambição poderá ser intelectual, de feição científica, estética, artística...
            Não percebem os defensores dessa afirmação que, justamente por egoísmo, é que devemos ser socialistas. Expliquemos melhor, caso seja verdade a afirmação de que ao capitalismo só pode suceder o socialismo ou a tragédia total, ou seja, a inviabilização completa da vida, até por um ato de preservação do nosso “eu vivo”, da vida de nossa família, de nossos amigos, é compreensível repudiar a idéia de sucumbirmos, em decorrência da célere marcha do sistema socioeconômico vigente para o abismo.
            Insistimos em dizer que o socialismo, ao invés de um simples sonho, de um desejo, de uma utopia, é, antes de tudo, a única resposta que poderá se opor a um desfecho trágico. Dessa maneira, o socialismo deixa de ser uma questão de fé para se apresentar como um imperativo histórico.
            A tomada de consciência desse imperativo, torna-se um elemento de importância fundamental, para que possamos responder à crise do capitalismo com um projeto socialista. Como ponto de reflexão, devemos levar em consideração que, por milhares e milhares de anos, as sociedades primitivas, viveram o comunismo, desconheceram, portanto, a propriedade privada dos meios de produção, e consequentemente, a desigualdade social. Esse comunismo primitivo só desmoronou em função das profundas precariedades em que estava assentado, isso é bom ressaltar.
            Uma sociedade igualitária, nos dias de hoje, dar-se-ia sobre as bases de uma economia extremamente desenvolvida, e isso, permitiria uma vida de super abundância, ao contrário da sociedade de escassez vivida por tão longos anos, nas referidas sociedades primitivas, cujos remanescentes ainda são presentes em alguns povos, seja no Brasil, na África ou na Ásia como se pode constatar.
            Devido à nossa cultura judaico-cristã, somos levados a imaginar que o socialismo seria a repartição do pão, seria a régia administração da escassez. Tal pensamento peca pela mais profunda inverdade. Portanto, os argumentos levantados, tanto na rejeição das propostas socialistas, como na fundamentação positiva, dessa proposta, merecem ser amplamente discutidos de forma não preconceituosa e totalmente  desarmada, afinal, dessa discussão depende o nosso futuro, o futuro de nossa família, o futuro da humanidade e a possibilidade ou não, da subsistência da própria vida, no seu sentido mais lato. 

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

OBSESSÃO ANTICAPITALISTA


OBSESSÃO ANTICAPITALISTA

            Somos, frequentemente, acusados de obsessivamente anticapitalistas. Confessamos ser dotados dessa obsessão. Não se trata, entretanto de um sentimento gratuito, infundado. Essa nossa obsessão anticapitalista deve-se ao nosso irremediável amor à vida. Quando tomamos consciência de que a existência da humanidade e não só dela, está ameaçada pela caminhada desse sistema socioeconômico que, na sua busca desvairada pelo lucro para uns poucos, destrói, sistematicamente, vidas e ameaça pô-la em total colapso, caso a sua caminhada sinistra não seja interrompida.
             Vemos com bastante apreensão, os diversos discursos correntes que tentam combater os efeitos maléficos do capitalismo sem se centrarem em sua causa.  Mazelas sociais como a fome, o desemprego, a violência crescente, as drogas e tantas outras, não podem ser tratadas com a necessária eficácia, caso persistamos em desconhecer que essas mazelas são expressão do esgotamento de uma ordem econômica social que, se um dia foi progressista, tornou-se retrógrada e antihumana.
             Essa postura em se negar a fazer o combate cerrado e sistemático ao fato gerador das desgraças sociais, presta um grande desserviço à causa da humanidade. Em razão desse modo de encarar os fatos, é que levantamos bem alto a bandeira do anticapitalismo entendendo que somente a superação desse sistema não se dará pela vontade de um punhado de pessoas mas pela possível tomada de consciência e da vontade política das massas trabalhadoras.
             É oportuno dizer que as massas populares não haverão de se pôr de pé na luta  pela emancipação da humanidade dos grilhões desse sistema exaurido e assassino, caso não tomem a imprescindível consciência de quem realmente é o verdadeiro inimigo dos seus interesses. Daí a necessidade urgente de se promover um amplo trabalho de conscientização das massas populares, de forma que elas se dêem conta da verdadeira causa de seus infortúnios e, dessa maneira, se erga na luta consequente por uma nova ordem econômica e social que nos permita um mundo de justiça e paz.
             Essa devia ser a tarefa central dos partidos que se reivindicam de esquerda, mas não é isso o que presenciamos e o processo eleitoral revela muito bem a inadmissível ausência de um claro discurso anticapitalista. Esse quadro, leva-nos a redobrar a nossa obsessão anticapitalista, esperando que ela seja um dia, não tão distante, transformada em verdadeira pandemia.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

ORDEM PROSTITUÍDA


ORDEM PROSTITUÍDA
            A bandeira nacional trás consigo um lema de natureza positivista, como positivistas eram os conspiradores republicanos. Diz a referida insígnia: “Ordem e Progresso”. Quando eles se referem à ordem estão clamando pelo exercício da paz social, estão clamando pela permanência de um estado de acomodação de tal forma que o conjunto da sociedade consinta, tranquilamente, a existência da mais cruel desigualdade. Ordem, vale repetir, é o conformismo com os fatos de que poucos desfrutem de tudo, enquanto à imensa maioria falte o essencial para uma vida que possamos chamar de digna. A palavra ordem é seguida pela palavra progresso. Dizendo melhor, pretendem eles, os donos da república capitalista, que floresçam a ordem social e o progresso dos negócios que tanto servem para enriquecer uma ínfima minoria.
            Posto o quadro de nossa realidade nesses termos, poucos são os que percebem que por trás de uma presumida ordem, o que de fato reina, é a mais profunda prostituição dos valores mínimos que deviam reger a sociedade em que vivemos. A ordem prostituída é aquela que permite transitar livremente um dos maiores corruptos dessa república, o sr Paulo Maluf. A ordem prostituída é aquela que manda arquivar um processo criminal contra o larápio e ex-ministro Antonio Palocci. Essa ordem prostituída que através do Superior Tribunal Federal- STF, absolveu de qualquer culpa a figura emporcalhada do sr Fernando Collor de Melo é essa mesma ordem prostituída  que franqueia o retorno do sr Collor ao cenário político, hoje de mãos dadas com o petismo não menos prostituído, sob a liderança do ex-metalúrgico Luis Inácio da Silva.
            Os atos de prostituição “lícitos” e ilícitos, dessa pútrida república que ostenta em sua bandeira o lema “ordem e progresso”, são tantos que não haveria espaço e tempo para nominá-los. Quando num gesto singular, o STF julga e condena a quadrilha do mensalão, levantam-se vozes em protesto, dizendo que o ato de punição foi um ato golpista levado a cabo de forma irmanada entre o STF e a imprensa.
            Por que esses senhores não bradaram diante do “golpe” que absolveu o sr Fernando Collor de Mello? Por que esses mesmos senhores não levantaram os seus protestos quando foi mandado arquivar a denúncia do propineiro Antonio Palocci?
            Por tudo que foi dito, cabe-nos uma única conclusão: a ordem burguesa, a ordem capitalista, não passa de uma ordem profundamente prostituída e a serviço de uns poucos.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

MODO PSOL DE GOVERNAR?


MODO PSOL DE GOVERNAR?
            Participamos, como membros fundadores, da organização do Partido dos Trabalhadores- PT. Como antigos militantes, desconfiávamos de sua imprecisão política. Apostávamos, entretanto, no seu instinto de classe, na sua intuição. É evidente que esses atributos são insuficientes para assegurar um rumo político de grandes consequências. Na falta de um discurso elaborado, o velho PT limitava-se a se dizer “um partido diferente”. Quanto a nós, timidamente, perguntávamos: “mas em quê consiste tal diferença?” Seria diferente porque maior? Seria diferente porque mais aguerrido? Seria diferente porque possuído de miopia? Ou seria diferente por se tratar de um partido que traduzisse os interesses históricos dos trabalhadores? Ou seja, seria diferente porque teria os olhos voltados para a conquista de uma nova ordem econômica e social como negação radical da sociedade capitalista? Essa sim, uma diferença substancial!
            Nada se respondia e continuava a repetir-se: “o PT é um partido diferente.” À falta de estabelecer essa diferença, propôs-se o PT a espalmar a bandeira da moralização do capitalismo. Numa feliz expressão do político gaúcho Leonel Brizola, o PT foi chamado de UDN de macacão.  Pretender moralizar o capitalismo corresponde ao mesmo que pretender enxugar gelo.
            Mas, os “gênios” do PT não enxergavam essa verdade. Em 1984, como membro do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores, tornei público um artigo sob o título: “ PT, uma proposta e muitos riscos”. Neste artigo, dizia de forma peremptória, que essa nova agremiação política trazia para a burguesia o perigo de levantar bem alto a bandeira do anticapitalismo, a bandeira do socialismo. Por outro lado, essa nova e gloriosa organização política que brotava das fábricas, dos campos, dos meios estudantis poderia descambar para o reformismo e se transformar num instrumento eficaz de sustentação do próprio sistema capitalista.
            Infelizmente, foi justamente isso que aconteceu, quando os petistas lograram, através de expedientes espúrios chegar ao governo. E é grave que do seu ventre tenha  nascido o PSOL, proclamando “uma nova forma de fazer política”. É evidente, que essa  nova forma não existe, desde que ela não seja explicitamente anticapitalista e se negue a colocar-se como agremiação cujo intento é galgar postos nos diversos aparelhos de governo, sejam eles, federal, estadual ou municipal. Em outras palavras: ou teremos a bandeira do socialismo ou repetiremos a trilha sinistra do velho PT.