sexta-feira, 31 de maio de 2013

Pensamento binário



A nossa cultura judaico-cristã nos leva a processar uma lógica binária. Deus ou diabo; o bem ou mal, são os parâmetros que servem de guia às nossas considerações diante dos fatos da vida real. Há sempre um esforço para nos manter diante de dilemas. Na política atual brasileira, há uma tentativa de nos impor uma falsa dicotomia: nacional desenvolvimentismo versus neoliberalismo. Colocam-nos esse dilema levando-nos a crer que não temos outra saída, se não nos alinharmos a uma dessas duas correntes, sem que seja dito, que ambas estão contidas nos limites da ordem capitalista.
Numa manobra de clara intenção em fazer uma chantagem, é afirmado que assumir a defesa das políticas neoliberais representa uma posição de direita. Enquanto isso, aqueles que se colocam em defesa do nacional desenvolvimentismo seria a esquerda. Pode-se até considerar que uma política neoliberal torne mais cruel a exploração capitalista, entretanto, não devemos nos ater à questão de mais ou menos cruéis, é nosso dever fugir dessa imposição, dessa falsa dicotomia, que procuram nos impingir. Devemos, sim, ao invés de fazer uma campanha de repúdio apenas ao neoliberalismo, nos empenharmos em impopularizar o capitalismo.
É necessário criar uma consciência anticapitalista, pois é nesse sistema que está o nó górdio da questão. As mazelas sociais que nos afligem, como a violência, as favelas, a prostituição, as drogas e tantas outras, não serão banidas pela hegemonia de uma ou de outra corrente política no âmbito do capitalismo, seja ela neoliberal ou o nacional desenvolvimentista. As mazelas sociais só poderão ser superadas, através da desconstrução do capitalismo. Refutemos pois, essa tentativa de querer nos colocar uma camisa de força, que nos leve a escolher entre tucanalhas versus petralhas.

É oportuno lembrar, do princípio basilar, de que a sociedade capitalista tem no seu seio duas classes sociais distintas e antagônicas: a classe burguesa que monopoliza os meio de produção e a partir daí explora as classes trabalhadoras que só dispõem de sua força de trabalho e são obrigadas a vendê-la a troco de salários. Aí sim, está o âmago da questão, e esse fato nos faz levantar bem alto a bandeira do socialismo, pois se um dilema existe, ele se prende ao fato de estarmos diante de um impasse: socialismo ou a tragédia total.  

quarta-feira, 29 de maio de 2013

De que lado ele está?



Queremos tratar do povo, especialmente das massas trabalhadoras. Para isso, colocamos em discussão a seguinte questão: diante do projeto de manutenção do sistema capitalista e o projeto de superação desse sistema, no sentindo da construção de uma nova ordem econômica e social, vem a pergunta: de que lado está o povo?
Sabemos, ou devemos saber, que a massa do povo é trabalhada, sistematicamente, para assumir os valores, as crenças, as fantasias que esse próprio sistema planta na cabeça de nossa gente. Dessa forma, a ideologia, ou seja, o pensar político, posto no imaginário da população, encontra-se, majoritariamente, presente na cabeça de nosso povo. Assim sendo, entre os projetos de manutenção do capitalismo e o da transformação socialista, o primeiro é defendido pela imensa maioria da população.
O sistema sócioeconômico vigente, leva à frente o discurso de que o capitalismo é bom, desde que seja administrado com competência, abnegação e honestidade. Esse discurso, esse pensar político, termina sendo incorporado por setores que se reivindicam de esquerda. Basta nos atermos ao refrão do partido dos trabalhadores – PT, quando formulou o slogan: “O modo PT de governar”. Com esse refrão, pretendia-se que existia uma fórmula mágica de gerenciar o capitalismo, de maneira a torná-lo humano e palatável. Essa falação, nunca passou de uma tremenda mentira, uma vez que, com o governo petista, continuaram as mazelas sociais, até mais agravadas, como foram nos quesitos: a violência, a precariedade dos serviços de saúde e educação para citarmos, apenas, alguns casos.

A grande tarefa de uma esquerda, realmente socialista, é se empenhar no trabalho de fazer deslocar o apoio dado pelo povo ao projeto de sustentação do capitalismo para uma outra posição, a posição que consiste em vestir a camisa da luta contra esse pernicioso sistema que pratica crimes e mais crimes contra a vida e a dignidade humana. Trabalhar junto ao povo com o objetivo de que se liberte das fantasias e ilusões que a eles foram impostas, é portanto, a tarefa mais necessária e imediata que cabe a nós, socialistas revolucionários.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Por que tão fortes?



            É fácil constatar que o capitalismo tem vivido seguidas e graves crises, manifestadas em seus países mais avançados. São exemplos patentes, as crises que atingem os EUA, a Europa Ocidental, o Japão, centros vitais do aludido sistema socioeconômico. As crises postas com tanta evidência têm um caráter estritamente econômico e financeiro.
            Enquanto no âmbito econômico e financeiro ele se mostra bastante vulnerável, goza de uma forte capacidade política em manter-se como força hegemônica no mundo. Simplificando diríamos: O capitalismo dá sinais de profundas fragilidades quanto à sua economia, porém, mostra-se bastante forte politicamente. Qual seria a razão para tamanha e gritante contradição?
            A resposta é muito fácil e está ao alcance de todos nós que estejamos propensos a enxergar a realidade, e essa realidade consiste no fato de que não existe, em escala mundial, qualquer movimento de caráter anticapitalista com a robustez necessária para, aproveitando as crises que se sucedem, poder encetar golpes mortais sobre sistema exaurido.
            A história do movimento socialista tem se caracterizado por uma sucessão de derrotas. Podemos assinalar, como um grande momento de derrota, quando nos anos 1912/13 que antecederam a Grande Guerra, a proposta burguesa de defesa da pátria, sobrepôs-se de forma triunfal a política socialista no sentido de empenhar-se em evitar a guerra mundial interimperialista e, não sendo possível evitá-la, transformar o conflito bélico em insurreições socialistas.
            Os partidos socialistas europeus, sob pressão política da burguesia imperialista, naquela ocasião, transformaram-se, regra geral, em partidos social-patriotas. Esse fato levou a que se consumasse em escala mundial, a vitória da contrarrevolução e dela emergiu triunfante o fenômeno do stalinismo, que se transformou em eficiente linha auxiliar de sustentação do capitalismo. Eis aí a razão, pela qual o capitalismo imperialista está tão forte politicamente, enquanto o socialismo padece da mais soberba esqualidez.



sexta-feira, 24 de maio de 2013

Jesus dos ricos




É isso mesmo. Tudo no capitalismo é dividido entre pobres e ricos. Fui surpreendido com o falecimento de um amigo. Morte súbita. Por se tratar de alguém da chamada classe média alta, a missa de sétimo dia, foi marcada para uma igreja, de um bairro nobre. Confesso que fiquei tocado pela suntuosidade daquela “casa de Jesus”. Ambiente climatizado, bancos acolchoados, cânticos provindos de belas vozes, instrumentistas qualificados... Tudo isso compunha um conjunto em que ressaltava o luxo.
Com certeza não encontraria nos bairros da periferia uma “casa de Jesus” tão confortável e bonita. Ficou bastante evidente que, também em “Jesus”, existem as diferenças de classe. Há um Jesus dos ricos e outro dos pobres. E como tudo que é dos ricos é melhor e mais eficaz, ponho-me a pensar: será que o Jesus dos ricos é mais eficiente para nos acudir em nossas desditas? Será que esse Jesus, tão bem incensado, não tem olhares cúmplices com os abonados?
A cultura cristã tenta nos impingir que os pobres merecem a compaixão dos deuses. Entretanto há uma certa lógica muito intrigante. Uma das condições para que se possa conquistar o “reino do céu”, diz respeito à necessidade de sermos bons. Mas os atos de bondade, sempre apresentados, são aqueles em que alguém concede a um pobre ou miserável, uma dádiva. Assim sendo, quem tem mais oportunidade de praticar atos caridosos, são os aquinhoados. Por sinal, são inúmeros os casos em que pessoas ricas, até nobres, por seus atos de bondade, mereceram, não somente o reino do céu, como a conquista da sua santificação.
Não se tem notícia de que algum miserável, desses seres paupérrimos, tenha conseguido torna-se santo. Enquanto rainhas, reis e outros nobres, foram premiados com a salvação eterna e com a conquista de posições elevadas na hierarquia celestial, pois tiveram seus pecados redimidos, por via dos seus atos de bondade, sempre associados à doação cristã aos desfavorecidos e isso nos leva a concluir que, sem os pobres e miseráveis, o caminho do céu seria inviável para os “bons”.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Bela mulher, porém...




         A jovem deputada Manuela D’Ávila, tratada como a musa do Congresso Nacional, fez uma péssima opção partidária quando escolheu o PCdoB para nele fazer a sua militância. Dizemos isso, em razão do fato dessa agremiação política, pecar por suas graves confusões teóricas e práticas.
            Como facção dissidente do velho PCBão, o PCdoB refletiu a chamada divergência sino-soviética. Inspirando-se no sub-marxismo maoísta, assumiu a proposta da “guerra popular e prolongada” e a tese do “campo cercando a cidade”. Para agravar mais ainda suas confusões teóricas, o PCdoB, por algum tempo, voltou-se para a República caprina da Albânia e a elegeu como “farol do socialismo”. Mesmo conservando um perfil social-patriota, esse partido tinha uma conduta ideológica, apesar dos seus terríveis equívocos.
            Hoje, o PCdoB, a cada dia, se firma como um partido de natureza fisiológica. Assume-se como especialista em esportes. Essa esdrúxula postura leva-nos a crer que sua especialização esportiva, tem por objetivo se assenhorear de ministério e secretarias, sejam no âmbito federal, estadual ou municipal e, a partir daí, poder tirar proveitos nada republicanos, e muito menos socialistas, dos seus serviços.
            Esses fatos, nos levam a pensar que o PCdoB conserva alguns bolsões de militantes ideológicos, entretanto, busca caminhos para se abrigar nas diversas instituições do Estado burguês, para assim se locupletar, nutrindo-se nas tetas do Estado capitalista.
             Até chegamos a acreditar que a bela deputada, Manuela D’Ávila, pertence a essa legião de pessoas movidas ideologicamente, mas é inconteste o fato de que a dita agremiação política, da qual ela faz parte, apesar do rótulo “comunista”, nunca teve e muito menos tem, hoje, qualquer comprometimento com propósitos revolucionários, ou seja, anticapitalistas.
             Seria de bom tom, que a combativa e ilustre deputada, enxergasse esses fatos e buscasse canalizar as suas forças e inegáveis aptidões, para a verdadeira causa da transformação social.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

“O novo homem”




A cultura stalinista, que gozou de completa hegemonia nos meios de esquerda, durante os últimos noventa anos, produziu verdadeiras pérolas do cretinismo político. O primeiro deles, e o mais propalado, foi o discurso dos dois mundos. Diziam eles, fraudulentamente, que existiam dois mundos: um capitalista decadente e um outro socialista ascendente, onde corriam leite e mel. Tratava-se de um discurso infundado e a queda do Muro de Berlin, seguida do desmoronamento dos chamados países socialistas do leste europeu, deixou a nu a farsa do discurso dos dois mundos, qualitativamente diferentes, convivendo pacificamente.
Outro discurso despido de fundamento, era aquele que, durante a guerra fria, afirmava ser a URSS a segunda maior potência do mundo. Na verdade a URSS era uma potência de dimensões incalculáveis, em se tratando do seu poderio atômico. Entretanto, no que diz respeito a sua economia, o que se vê é o fato daquela “potência”, hoje, colocar-se como país emergente, no cenário mundial, compondo o BRICS. Daí, se conclui que não se tratou nem se trata, de uma potência econômica.
Um discurso próprio dos anos do stalinismo, atém-se em afirmar que o “mundo socialista” produzia um “novo homem”. Quando ruíu o império desse “mundo socialista”,  o que se observou foi brotar dos seus escombros, horrendas figuras. Seria o “novo homem” o Mikhail Gorbachev? Ou seria o alcoólatra Boris Yeltsin? E ainda vale perguntar, seria esse novo homem, o antigo agente da KGB, o senhor Vladimir Putin? Ou seriam os mafiosos russos, bem organizados em torno do crime, os ditos “novos homens”?
Por tudo que vemos e constatamos, a cultura stalinista formulou vários discursos, baseados em descaradas mentiras e fantasias e elas foram eficazes para a sobrevida de um capitalismo exaurido. As tagarelices emanadas de Moscou & Cia se prestaram a criar uma esquerda desfigurada, empobrecida, indigente. O discurso do “novo homem” mostrou-se, como tantos outros proferidos pelo stalinismo, uma verdadeira falácia e isso é necessário que seja denunciado e, a partir da denúncia, que se procure construir uma cultura anticapitalista desprovida de fanfarronices, mentiras e lendas.
A URSS não poderia criar um novo homem, na medida em que ali se processou a construção do capitalismo de Estado, obra de alto custo social efetivada sobre os cadáveres de milhões de pessoas. Isso para não falarmos das profundas agressões ao meio ambiente, tudo isso em nome do comunismo que se tornou uma palavra enlameada, imprópria a um bom uso.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

“O nosso país”




A burguesia, muito esperta, não diz nossas terras, nossas fábricas, nossas minas, nossos bancos, nosso grande comércio, nossas empresas de transporte. Ao invés de dizer que eles são os donos do Brasil, eles usam o truque de falar “nosso país”. Em nome dos seus lucros, do seu enriquecimento, a burguesia fala em crescimento nacional.
Quando o ex-presidente, ex-metalúrgico, ex-proletário, Lula da Silva, “o cara” na expressão do Barack Obama, faz suas viagens em busca de bons negócios para os empresários sediados no Brasil, ele diz: estou empenhado em buscar vantagens para o “nosso país”. Isto é uma deslavada mentira, porém essa mentira, que serve para enganar o povo, tem os seus resultados favoráveis à esperta burguesia. Isso porque, através de um intenso trabalho, o sistema capitalista consegue, por meio de seus aparelhos ideológicos, colocar na cabeça do nosso povo, que devemos viver e morrer em defesa do “nosso país”, em defesa da “nossa pátria”.
Não percebem os nossos trabalhadores, as nossas donas de casa, a nossa juventude, regra geral, que pátria e patrão têm uma estreita unidade. Seria papel dos partidos que se reivindicam comunistas e socialistas, irem ao povo e denunciar essa fraude consubstanciada na expressão propagandística: “Brasil, um país de todos”. Esses partidos que se rotulam comunistas e socialistas, ao invés de desmascarar as enganações, as mentiras da burguesia, tudo fazem para reforçar esses discursos, quando levantam bandeiras do tipo: “o petróleo é nosso”, “a Amazônia é nossa”, “o Banco do Brasil é de Pedro, Paulo, José, Ana”.
Diante desse quadro de cinismo, dobram as nossas responsabilidades em desconstruir essa ação nefasta e construir uma verdadeira consciência popular que leve a enxergar, no capitalismo, o inimigo real de todos os explorados e oprimidos. É de nossa responsabilidade, como gente consciente, a tarefa de, mesmo diante de tantas adversidades, levantar bem alto a proposta de construção de uma nova ordem econômica social que permita a existência da igualdade, da justiça e da paz.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

“Geografia da Fome”




O velho PCB costumava criar euforias em torno de alguns fatos. O nutrólogo Josué de Castro tornou-se festejado por pessoas de esquerda, por conta de sua obra maior, “Geografia da Fome”. Agitando discursos apaixonados, ele denunciava a fome, mas não dizia a verdadeira causa dessa chaga social, recorria a afirmações que pecavam pelos equívocos.
Em se tratando do Brasil, o PCB dizia que a fome e outras mazelas sociais, decorriam da presença de restos feudais e da exploração ianque e, assim sendo, deveríamos implementar uma política que erradicasse os “restos feudais” ao mesmo tempo que viabilizasse uma política de “libertação nacional”.
Ora, a verdade é que no Brasil nunca existiu o feudalismo e assim não poderiam existir restos feudais. O descobrimento e a colonização do Brasil, se deram sob os auspícios do capitalismo mercantilista e os engenhos, base da colonização. Eram empreendimentos que nada tinham de feudal, pois presumia a existência de capital acumulado, capaz de levar avante um custoso projeto de construção de uma indústria açucareira voltada para a exportação.
Por seu lado, o Brasil sempre foi dependente. Primeiro de Portugal, depois do imperialismo inglês e, por fim, tributário das grandes corporações. Propor a soberania nacional em época de imperialismo, é um total engano, sobretudo hoje, em época de “globalização”, quando reina a dominação do capital transnacional.
Diante desses fatos, observamos que a grande denúncia da fome, não associava esse flagelo a sua verdadeira causa, a vigência do capitalismo. Lutar contra essa chaga social e tantas outras mazelas, deveria ter como bandeira a luta anticapitalista e a esse patamar não ia o ilustre sr. Josué de Castro e, muito menos o PCB, que se limitava, por orientação de Moscou, a pugnar por um programa nacional reformista, e isso representava uma verdadeira tragédia política na medida em que, a citada agremiação, gozava de ampla hegemonia nas hostes do movimento popular enquanto empunhava uma postulação política tão equivocada.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Emir Sader. Que pena!




O sr. Emir Sader, sociólogo e pretenso marxista, vem a público, em parceria com outro intelectual argentino, lançar um livro em que louva os anos de governo petista e elege como inimigo principal, o neoliberalismo e não o capitalismo. É até compreensível que se tenha a política neoliberal como de natureza bem mais cruel no âmbito desse sistema sócio econômico. Mas ao invés de propor o anticapitalismo, como seria próprio de um verdadeiro marxista, ele se propõe tentar viabilizar uma política econômica, pretensamente capaz de produzir um capitalismo humanizado, palatável. Essa postura, comum a muitos intelectuais que se arvoram de marxistas, é totalmente repugnante. Isso porque, considerando que para implementar uma política de gerenciamento do capitalismo, objetivando torná-lo menos cruel, o PT e o PCdoB caíram, de corpo e alma, nos braços de amplos setores fisiológicos, estabelecendo com esses setores a mais íntima e promíscua aliança.
Não quis o velho PT, nenhum entendimento com o PMDB ideológico de Ulisses Guimarães, Franco Montoro, Mario Covas, Tancredo Neves... Porém estreitou laços efetivos com o PMDB corrompido de Jose Sarney, Renan Calheiros, Jader Barbalho, Romero Jucá. Isso para não falar da deslavada aliança com o sr. Paulo Maluf.
Pretender criar uma dicotomia do tipo neoliberalismo versus nacional desenvolvimentismo, é uma armadilha, levando-se em conta os reais interesses históricos das classes trabalhadoras. Edir Sader, em parceria com Maluf, empenhou-se em levar a candidatura de Fernando Haddad à vitória em nome de derrotar a “tucanalha”. Mas será que estamos fadados a dualidade: “tucanalhas” versus “petralhas”? Essa questão deveria ser respondida pelo “marxista”, que se aventura em tornar público uma obra de bajulação que bem retrata o estado de indigência, de uma certa intelectualidade, da qual Emir Sader é partícipe. Cremos não haver esperança de reverter esse quadro de apodrecimento político e ideológico de certos setores da nossa “inteligência”. É lamentável.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

“Trabalhando pelo país”




Os políticos da burguesia têm a tarefa de defender os interesses dos diversos grupos econômicos. Mas não seria interessante para eles, falar essa verdade. Então lançam mão de uma deslavada mentira: ao invés de dizer aquilo que realmente eles fazem, preferem afirmar que trabalham pelo país. Aliás, é bom para eles que imaginemos ser os governos defensores dos interesses da população.
O sistema capitalista, a quem eles servem, se mantém em função do império da mentira. Caso consigamos desmanchar esse império, conseguiremos desconstruir esse sistema sócio-econômico que se sustenta motivado pelos interesses de uma única classe: a burguesia. Entre as enganações que compõe o império da mentira, está a afirmação de que tudo se faz no interesse do país. Quando o ex-proletário, Lula da Silva, ganha o mundo buscando negócios para empreiteiras e para setores da indústria ou do comércio, ele afirma que está procurando vantagens para o Brasil.
O empenho em enganar o povo, ficou claro no slogan do governo Lula: “Brasil, um país de todos”. Ora, as terras desse país, os bancos, as indústrias, as minas, as empresas de transporte, o grande comércio não são nossos, não são dos trabalhadores, são propriedades de uma única classe: os capitalistas. Dessa forma, fica fácil a gente deduzir que não passam de lorotas as afirmações tais como “O petróleo é nosso”, ” a Amazônia é nossa” e outras tagarelices enganosas como: Banco do Brasil, um banco do Paulo, do Pedro, da Maria, do José... Que grande mentira!
Vale atentarmos para as inúmeras enganações que, como já dissemos, compõem esse imenso império de lorotas. Vale repetir que na hora em que conseguirmos desconstruir esse monumento de mentiras, estaremos aptos a desconstruir o capitalismo, pois esse sistema sócio-econômico é responsável por nossas chagas sociais. Somente com a superação do capitalismo haveremos de ter uma sociedade igualitária, em que reinarão a justiça e a paz.
Para os que não acreditam nessa possibilidade, vale lembrar o fato de que nas sociedades primitivas (indígenas), que duraram centenas de milhares de anos, prevalecia a igualdade social. Enquanto isso, a desigualdade, fruto da propriedade privada dos meios de produção, existe, somente, há cerca de dez mil anos.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

“Trezentos Picaretas”




            Há alguns anos, o sr. Lula da Silva, afirmou que no Congresso existiam cerca de trezentos picaretas. Na ocasião, lancei uma pergunta: considerando verdadeira a afirmação desse senhor, resta-nos saber quantos picaretas existem no Partido dos Trabalhadores? Esse questionamento mereceu protestos dos petistas que resolveram, em Congresso estadual, tirar uma moção de repúdio à mim.
            O que vimos depois de Lula presidente, foi ele estabelecer íntimas ligações com os picaretas do Congresso. Não quis o PT manter qualquer entendimento com o velho PMDB ideológico, representado por Ulisses Guimarães, Franco Montoro, Mario Covas, Tancredo Neves e outros líderes da política nacional. Com essa gente os petistas não celebraram nenhum tipo de aliança ou mesmo qualquer entendimento. Entretanto, jogaram-se, de corpo e alma, nos braços do PMDB fisiológico.
            Não bastasse essa esdrúxula comunhão do PT com o fisiologismo, esse partido, sob a batuta de Lula, não teve nenhum constrangimento em selar uma aliança com o sr. Paulo Maluf, em nome da eleição de Fernando Haddad.
            Agora, Lula fala em buscar entendimentos, em São Paulo, com Celso Russomano, figura representativa do que existe de mais rasteiro na política. Falou-se em trezentos picaretas do Congresso Nacional. Hoje, temos uma cifra bem maior deles nas hostes petistas, uma vez que essa agremiação deixou de ter um perfil ideológico para se enredar em práticas ilícitas.
            O “Estado Maior” do petismo é constituído por figuras como Antonio Palocci, que teve a proeza de acumular uma fortuna de 20 milhões de reais, no curto prazo de quatro anos. Ao lado dele, vamos encontrar os senhores José Dirceu, Delúbio Soares, João Paulo, José Genuíno, denunciados e condenados por práticas criminosas.
            Infelizmente, essa é a realidade política que hoje vivemos. Diante dela, cabe-nos denunciar com veemência, essa situação e, buscar construir alternativas que levem em conta a existência de uma sistema capitalista exaurido e a urgente necessidade de implementar políticas voltadas para a transformação social, ou seja para a negação do capitalismo e portanto pela viabilização de um projeto socialista.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

PSD, um partido amorfo!



No ano de 2011, surgiu um novo partido, o Partido Social Democrata, por iniciativa do ex-prefeito Gilberto Kassab. Trata-se de uma agremiação sem ideologia definida. Usando o nome de social democrata, esse partido tem um inequívoco perfil fisiológico e, dessa forma, tornou-se abrigo para as figuras arrivistas do nosso fazer político.
A criação dessa entidade mereceu o apoio do governo Dilma e sua tramitação, para se legalizar, foi tranquila, sem obstáculos. Na contra mão desse pleito fisiológico, estão às propostas de criação da REDE, de Marina da Silva, e a fusão do PPS com o PMN que redundou na Mobilização Democrata, MD. Essas organizações propostas, são ideologicamente de direita, mas são ideológica, enquanto o PSD é fisiológico e isso faz muita diferença.
A organização do PSD mereceu o apoio do Planalto e não sofreu constrangimentos. O que se verificou em relação as duas novas agremiações propostas, foi uma iniciativa casuística, tramitando no Congresso, de forma apressada, um projeto, cuja finalidade é prejudicar os novos partidos para beneficiar a Dilma Rousseff. Tais atitudes são escandalosas, são cínicas.
Em função das considerações feitas a respeito do perfil político do PSD, causa-nos perplexidade quando a imprensa especula, baseada em “fontes seguras”, que os irmãos Ferreira Gomes estão predispostos a se transferir para o partido do sr. Kassab.
Há alguns anos dissemos ao Ciro Gomes que ele era um dos quadros, politicamente, mais qualificados do sistema, ou seja, era ele um quadro essencialmente ideológico e, nessa condição, fica difícil entendermos o seu ingresso em um partido fisiológico. A hipótese da ida de Cid e Ciro para o PSD dever-se-ia ao fato de que os citados irmãos são defensores do apoio a candidatura da Dilma e, diante do possível pleito do governador de Pernambuco em disputar sua eleição para Presidência da Republica, motivaria o afastamento desses irmãos da legenda do PSB. Isso nos parece muito estranho, porém, esse fazer político, é uma marca desse sistema que responde pelo nome de capitalismo.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Escândalo das cisternas




Em um passado recente tivemos, no Ceará, o “escândalo dos banheiros”. Nele foram envolvidos parlamentares e “lideres” comunitários. Pelo que se vê, é provável que os responsáveis, não recebam a punição merecida. Avizinha-se um novo escândalo. Será o escândalo das cisternas de placa. Essas cisternas servem para armazenar água, de forma que possa acudir os sertanejos.
Verba federal tem sido destinada a financiar a construção dessas cisternas. Porém tem acontecido, reiteradamente, o desvio de verba na realização desse tão importante programa. Além de outros expedientes excusos, dá-se que, tem sido constatado fraudes no processo de construção. Ao invés de dez sacas de cimento, por exemplo, emprega-se tão somente seis sacas e, em decorrência disso, tem-se um produto precário que haverá de se inviabilizar, em curto prazo.
Ai está o grande problema enfrentado pelos governos, no capitalismo. Todos os programas de ação social de grande importância terminam por se inviabilizar, em função do fato de que, a malha executiva que gerencia essas iniciativas termine sendo contaminada, impiedosamente, pelas práticas de desvios de recursos, pela prática deslavada da corrupção.
O Brasil, país periférico do capitalismo, é dotado de práticas, nada “republicanas” que impossibilitam uma gestão profícua dos recursos destinados a promover resultados mitigantes, diante das condições de vida do povo. Esse quadro é ainda mais veemente na região do nordeste brasileiro onde as carências são mais profundas.
É uma vã ilusão se imaginar que é possível moralizar o capitalismo. Esse sistema, em sua fase aguda de exaustão é, intrinsecamente, corruptor e corrupto. Comprovando essa afirmação aí estão os escândalo que se sucedem, a começar por episódios extremamente danosos, como foi o caso do mensalão. Assim sendo, ao invés de se querer moralizar esse sistema sócio econômico o mais correto e mais consequente é denunciar a natureza pervertida do capitalismo, que se baseia na mais violenta exploração do homem pelo homem.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Primeiro de maio




Gilvan Rocha*

Há um clichê que se repete, a cada ano, no primeiro de maio, quando costumam dizer: Primeiro de maio dia de luto e de luta. Na verdade, o primeiro de maio é uma alusão ao confronto entre operários e as forças da repressão em 1º de maio de 1886, na cidade de Chicago, nos EUA. Quanto ao fato de se proclamar que também, o primeiro de maio é um dia de luta, precisamos definir bem a natureza dessa luta.

Os trabalhadores do mundo inteiro são movidos a lutar por uma pauta imediata, que contemple as suas reivindicações em torno de melhores salários, melhores condições de trabalho e segurança em seus empregos, quando os têm. Esse é o caráter imediato da luta dos trabalhadores. Trata-se de reivindicações que se atêm aos limites do próprio sistema capitalista. Quando os trabalhadores vão além dessa pauta de lutas imediatas e avançam no sentido de questionar o próprio sistema socioeconômico vigente, eles se colocam em um patamar bastante superior. Eles, os trabalhadores, quando têm consciência de que o sistema capitalista consiste na existência de uma classe exploradora, a burguesia, que monopoliza os meios de produção e submete os que trabalham a um regime de exploração, então buscam a superação dessa ordem econômica e se propõem a conquistar uma nova ordem econômica e social, onde não exista a exploração do homem pelo homem, isto é, passam a lutar pelo socialismo. 

Assim, fica claro que, apesar de importante, a luta cotidiana de resistência ou de conquistas que minorem as agruras das classes trabalhadoras, necessário se faz um avanço na qualidade de suas lutas, colocando as massas de explorados e oprimidos, em uma postura inequivocamente anticapitalista. Não devem, pois os trabalhadores, limitarem-se à conquista de migalhas que sobram do banquete da burguesia. Seu destino histórico pode estar muito além, uma vez que, sua possível determinação, poderá conduzir não só à sua libertação das amarras do capitalismo, e isto se dando, redundará na conquista da emancipação da humanidade e se terá então um mundo de igualdade, justiça e paz. Portanto, é nesse contexto que devemos nos reportar ao grande momento que pode ser o primeiro de maio.

Gilvan Rocha é o presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos – CAEP.
Fortaleza, 29 de Abril de 2013