quarta-feira, 31 de julho de 2013

Extremo ridículo

A “esquerda” de matriz stalinista, pratica um extremo ridículo. Dentre muitos, destaca-se o de imputar ao inimigo a razão de nossas derrotas. Essa postura atropela um principio comezinho, qual seja, inimigos não traem, inimigos cumprem o seu papel de ser inimigos.
No Brasil, quando falam sobre o golpe de 1964, dizem que os golpistas conspiraram, atropelaram a legalidade, rasgaram a constituição e assim, são culpados de interromper a nossa pacífica caminhada para o socialismo. Não dizem que essa “esquerda” pregou a ideia de que seria possível conquistar a superação do capitalismo, através de conquistas graduais e pacificas. Não dizem que difundiam o discurso de que o “nosso exército” era democrático e popular, e não haveria de interromper a nossa marcha. Diziam que, para garantir o sucesso da caminhada, existia um “dispositivo militar” comandado pelo “companheiro” general Assis Brasil e que, se a direita ousasse disparar um tiro, seria prontamente esmagada.
Deixam de dizer, portanto, que a burguesia cumpriu o seu papel em resguardar os interesses do capitalismo e que, a pretensa esquerda, desarmou as massas populares, fazendo-as acreditar no discurso vesgo de Moscou, que só contribuía para o êxito da política de sustentação da ordem vigente.
No capítulo, o inimigo é o responsável, dizia-se, num surto de nacionalismo: “o golpe nasceu em Washington”, como se não fosse dever político deles, defender a todo custo, os seus interesses além fronteiras. Diziam que os ianques deslocaram uma esquadra naval, pronta para intervir no Brasil “desrespeitando a soberania nacional” e isso é ridículo.
Anos depois, as Forças Armadas norte americanas desembarcaram no Vietnã e lá intervieram de forma brutal através da presença de suas tropas que chegaram a somar a cifra de 800 mil militares e, assim mesmo, foram derrotados, provando que o que decide numa guerra não é, simplesmente, a natureza das armas e sim a natureza da guerra.

É impiedosamente trágico e ridículo se ter uma estratégia que necessite, para o seu sucesso, da colaboração do inimigo.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

O mundo mudou

Um dos problemas dos teóricos e do senso comum é não saber estabelecer a diferença entre mudanças quantitativas e qualitativas. Para efeito didático, existe o clássico exemplo do papel. Diz-se que, com uma folha de papel e uma tesoura, podemos promover infindas mudanças formais. Teríamos o papel na forma retangular e, processada uma mudança na forma, passaríamos a ter um papel triangular. E assim, sucediam-se reformas e reformas, entretanto conservando-se a qualidade, papel.
Lançando mão desse exemplo, poderíamos dizer que, ateado fogo ao papel, dar-se-ia a transformação, a mudança qualitativa, pois o papel tornar-se-ia cinza. Justamente por não perceber o caráter das mudanças quantitativas e as qualitativas, é que se deu a proposta do socialista alemão Eduardo Bernstein, em propor uma revisão do marxismo sob o argumento de que o mundo mudou com o advento do capitalismo imperialista. Tratava-se de uma mudança de grau, uma mudança quantitativa, mas trouxe elementos desconhecidos e isso atordoou a mente de alguns teóricos, como costuma acontecer.
Vemos, para citar outro caso, a confusão que reinou diante da potencialização do capitalismo em sua fase mais aguda de globalização. Essa mudança de grau, de intensidade, gerou um clamor. Nossos teóricos não se deram conta de que a globalização é própria do capitalismo e, já no mercantilismo houve uma ação globalizante com os descobrimentos marítimos.

Por sua vez, muitos pensadores não atentam para o fato de que, superlativamente mais globalizante, é a proposta socialista. O mundo mudou, é verdade, porém o mundo capitalista continua, qualitativamente, o mesmo. Trata-se de um sistema sócio econômico cuja característica central é a existência de uma classe dona dos meios de produção e de outra classe que só dispõe de sua força de trabalho, para vendê-la como mercadoria, em troca de salários. Além dessa característica, o capitalismo continua, de forma desvairada e permanente, buscando o lucro para uma minoria. Ele mantém os seus traços essenciais. A sua história é dotada de permanentes mudanças, no entanto, nenhuma delas, até hoje, de natureza essencial, ou seja, de caráter qualitativo. 

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Ilusões do PCB





Na falta de uma análise marxista do velho PCB, alguns tentam explicar os seus equívocos, atribuindo-lhes ingenuidades e ilusões. Quando tentam compreender a política do caminho pacífico para o socialismo, imputam a esse erro uma formulação dotada de ilusões. Essa avaliação é descabida. O PCB, desde 1928, trilhou pelos caminhos traçados pela Terceira Internacional. Para entendermos, as políticas formuladas pela Internacional, precisamos responder a uma pergunta: a que interesse servia essa instituição?
A derrota da revolução mundial, levou a contrarrevolução para o seio da República Soviética e esse fenômeno se manifestou através do surgimento e da consolidação do stalinismo. Derrotada a revolução socialista na Rússia, sobre suas ruínas erigiu-se o capitalismo de Estado e, a partir desse fato, houve uma radical mudança política. Ao invés de se prestar a impulsionar a revolução mundial, como era o propósito inicial da nova Internacional, ela foi transformada em instrumento de sustentação dos interesses da burocracia instalada no seio do Estado soviético. Dessa forma a Internacional converteu-se numa multinacional a serviço da manutenção do mundo dividido em áreas de influência, convivendo pacificamente.
As posturas do velho PCB tinham como fonte os interesses da “pátria socialista” que não vacilava em se sobrepor aos interesses históricos dos trabalhadores. É bem verdade, que uma legião imensa de pessoas valorosas, se propuseram a ir aos extremos do sacrifício para servir as políticas formuladas por Moscou. Essa mesma boa fé, esse mesmo espírito de sacrifício, vamos encontrar em pessoas que, fanaticamente, seguem diversos credos e por eles são capazes de se imolar.
Os abnegados “comunistas” não percebiam, regra geral, que por trás da política de equívocos e ilusões, existiam interesses menores a serem defendidos. Pode-se assacar a grande massa de militantes uma postura ingênua, mas não é verdade que os descaminhos do “comunismo mundial” se devessem, a simples erros teóricos. Por trás desses erros nada inocentes, existiam os interesses da “pátria mãe” e em função deles devia-se sacrificar qualquer outro, principalmente os da revolução socialista mundial.
2.200

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Proteção de Deus

Na vida, todas as coisas precisam ficar claras. Os fiéis, regra geral, e especialmente os cristãos, apregoam a existência dos milagres. Milagres seriam os feitos que superam a própria ciência e a razão. Uma cura que transcende os limites da ciência seria um milagre. Em outras palavras, podíamos dizer que se trata de episódios em que a força de um “poder superior” intervém para determinar resultados que o saber da ciência fora incapaz.
No caso da Igreja Católica, tem-se a pretensão de que ela é inspirada pelo Divino Espírito Santo. Entretanto, é preciso esclarecer que não obstante essa crença, o caminhar da Santa Madre Igreja é cheio de erros crassos, para não falarmos nos seus múltiplos crimes. Esse fato nos leva a um dilema: ou o Espírito Santo não goza da força pretendida para orientar os passos da Igreja Católica ou, de fato, ela não é inspirada no Divino Espírito Santo. É impossível querer conciliar esse dilema. Uma opção exclui a outra.
Por sua vez, é oportuno observar que, a tão pretendida “proteção divina” não tem sido realmente suficiente para garantir a segurança necessária, nesse mundo cheio de violência. Exemplo claro da fragilidade na crença da proteção divina, está no fato de que a visita do Papa Francisco ao Brasil necessitou da mobilização de quarenta mil militares e policiais para garantir a integridade física do Sumo Pontífice.
Eis uma patente contradição. Fica evidente inexistir uma verdadeira crença de que a intervenção dos céus traga uma real proteção nesse mundo marcado por tantas mazelas sociais, sem que nenhum “milagre” tenha ocorrido no sentido de proteger, especialmente, os inocentes, vítimas das crueldades que o sistema capitalista nos impõe. Aliás, é de bom alvitre assinalar que os pretendidos milagres se dão no varejo, enquanto o capitalismo pune e destrói no atacado e esse fato merece reflexão.

A fé acompanha muitos desvalidos que não encontram na sociedade vigente o consolo, a segurança e a esperança. No entanto, é necessário que essa fé mística não nos torne cegos ao ponto de não vermos a verdade e assim contribuir com os nossos equívocos para a permanência de tantas e quantas desgraças sociais.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Direita explicita

A sobrevivência de um capitalismo exaurido, deve-se à combinação de duas forças políticas. A primeira é a direita explícita, aquela que assume publicamente a defesa da ordem sócioeconômica vigente. Ela trabalha às claras, revela os seus propósitos. A outra direita é travestida de esquerda e floresceu com a derrota do socialismo em escala mundial no século passado.
A Revolução Russa foi derrotada e sobre suas ruínas foi erigido o capitalismo de Estado e isso se deu sob a bandeira do comunismo. A URSS, convertida em capitalismo de Estado, passou a ter seus próprios interesses. Para defendê-los tornava-se necessário a revogação dos princípios do socialismo. A primeira atitude foi a elaboração da tese da “construção do socialismo em um só país”. Esse estupro, político e ideológico, serviu de base teórica para nomear a URSS como a “pátria” do comunismo e colocar a defesa dessa pátria como tarefa primordial.
Assim, ao invés de se ter como tarefa o avanço da revolução mundial, teve-se, como prioridade, a defesa, a qualquer custo, desse novo Estado. Continuando os estupros, foi substituído o principio da luta de classes para se assumir como contradição central, a luta: nação opressora versus nação oprimida. Para atingir tão vil projeto a Terceira Internacional, criada para alavancar a revolução mundial, foi convertida em instrumento a serviço dos russos. Os partidos “comunistas” tornaram-se filiais dos soviéticos.
A essência política dessa nova direita, consistia em propugnar o congelamento da história. Pretendiam um mundo dividido em áreas de influência, pactuando uma convivência pacifica. Por conta desses fatos, consolidou-se uma força contrarrevolucionária usando o carimbo de “marxista-leninista” e rotulando-se socialistas ou comunistas.

Por conta dessas ocorrências, explica-se como o capitalismo exaurido, em permanentes crises econômicas e financeiras, mantém a sua hegemonia política inabalável. Sem preconceitos, sem raivosidades próprias dos beatos, precisamos refletir sobre essas questões.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

CUT e o neopeleguismo



Pelegos eram chamados os sindicalistas que se dedicavam a uma política de evitar atritos entre trabalhadores e o patronato. O peleguismo era um sindicalismo chapa branca. Tornou-se muito presente no governo do sr. João Goulart, com quem estabelecia o mais íntimo diálogo. Com o golpe de Estado contrarrevolucionario, em 1964, o sindicalismo janguista foi desmontado e sob as sombras da ditadura instalou-se um sindicalismo desfigurado.
Já em 1978, inicia-se um processo grevista, particularmente no ABC paulista, que traz no seu bojo a proposta de um novo sindicalismo. A palavra de ordem era desmontar o peleguismo e afugentá-los das hostes sindicais. Essa proposta teve repercussão no seio das classes trabalhadoras, o que ensejou a criação da Central Única dos Trabalhadores. Naquele momento, a criação da CUT representava um episódio alvissareiro. Pretendia-se haver sepultado o sindicalismo chapa branca para, em seu lugar, colocar-se um sindicalismo à altura dos anseios legítimos das classes laboriais.
O andar da carruagem, porém, levou a que o irmão siamês da CUT, no caso o Partido dos Trabalhadores, conseguisse, em estreita aliança com o patronato, na chapa Lula da Silva e José Alencar, chegar à presidência da Republica em 2002.
Em uma aliança, capital e trabalho, um dos dois haveria de sobrepor-se e o que se teve foi a sobreposição dos interesses do capital sobre os do trabalho. Essa política de capitulação levada a cabo pelo PT e o PCdoB seria inexequível, caso a mudança de foco do PT não fosse acompanhada de uma mudança similar na CUT. O governo petista necessitava de um sindicalismo chapa branca, um sindicalismo governista pronto a resguardar os encaminhamentos do novo governo dentro dos interesses do sistema vigente.

Dessa forma, em lugar do velho peleguismo, instalou-se o neopeleguismo, hoje representando não só pela CUT, mas por outras centrais sindicais incluindo-se nesse vil papel a UNE e a UBES, tuteladas pelo PCdoB. Trata-se de uma situação adversa, e desconstruí-la é um dever de todos nós que pretendemos a superação do atual sistema socioeconômico e a construção de uma nova ordem econômica e social.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Rebaixamento



            Em nível nacional, o PT e o PCdoB promovem um alarmante rebaixamento da consciência política. Essas agremiações tentam nos impor um dilema: neoliberalismo versus nacional-desenvolvimentismo. Isso quando as coisas são colocadas num patamar mais elevado. Na prática, porém, o rebaixamento é muito maior e descamba para o fisiologismo em nome da governabilidade. Prova disso é a clara aliança que PT e PCdoB estabelecem com as figuras nefastas de Sarney, Calheiros, Maluf e outros do mesmo naipe.
            Na cidade de Fortaleza, Ceará, o rebaixamento se coloca na disputa entre a administração petista de Luizianne Lins e a atual administração do PSB, do prefeito Roberto Cláudio. A toda hora, os petistas levantam comparações com o objetivo de dizer que eles, nos seus oito anos de administração, souberam gerenciar a desigualdade em Fortaleza de forma mais competente. Além de duvidoso, esse argumento não deveria ser próprio de quem se reivindica “de esquerda”, mais ainda, de quem se reivindica da “Democracia Socialista”.
            Haveríamos de presumir que aos socialistas caberiam a tarefa de contribuir para a desconstrução do capitalismo e nunca se propor como eficaz gestor desse sistema. Em razão desses fatos é que temos denunciado, com a devida e necessária insistência, de que tanto o PT como o PCdoB, enquanto agremiações políticas, nada têm de esquerda, não passando de uma direita travestida, sôfregos em usufruir vantagens no aparelho do Estado burguês.
            O PT não representa os interesses históricos dos trabalhadores. No máximo, representaria os interesses trabalhistas. Ora, os interesses históricos dos trabalhadores estão para além do trabalhismo, pois a sua redenção só se dará através da superação do capitalismo por uma nova ordem econômica e social.
            Quanto ao PCdoB, que outrora foi um partido ideológico, mesmo social-patriota, converteu-se hoje em uma organização de feição claramente fisiológica. O fato de o PCdoB ter tido, na sua caminhada, os seus mártires, não pode servir de salvo conduto para a sua capitulação. O rebaixamento político é um fato evidente para quem tem olhos e ouvidos bem abertos. Em razão disso, necessária se faz a construção de uma outra esquerda, de conteúdo explicitamente anticapitalista e de praticas democráticas, incentivando o livre debate.

  

segunda-feira, 15 de julho de 2013

A mentira do Cardeal

Devemos ter em conta que uma mentira descarada e estapafúrdia, dita por um cardeal, tem muito mais valor e credibilidade do que uma grande verdade dita pelo simples sapateiro. Da mesma forma, uma mentira descabida proferida por um douto professor da Universidade de Frankfurt tem, milhões de vezes, mais aceitação do que uma verdade proferida por um simples pedreiro. Uma bravata fantasiosa, de um destacado general de cinco estrelas, tem apoio bem maior do que uma verdade dita por uma simples costureira. Um discurso enganoso proferido por um literato sobrepõe-se à verdade de um mero motorista.

Tudo isso se deve aos nossos preconceitos, e é, justamente por conta desses preconceitos e das lendas, fantasias e descaradas mentiras, que esse sistema capitalista se mantém de pé. Fosse descortinada a verdade, o aludido sistema desmoronaria. Daí a necessidade que tem, a burguesia exploradora, em construir uma cultura granítica fundada na desfaçatez, na enganação, na ilusão.

Cabe a nós, socialistas, fazer todo empenho em desconstruir esse emaranhado de mentiras e lendas, para que possamos enxergar a realidade e nos dar conta de que a desigualdade e a injustiça devem ser varridas para que possamos ter uma outra sociedade, calcada na igualdade, na verdadeira fraternidade e na paz social a que temos, todos, o direito. Vemos que a nossa tarefa, enquanto socialistas revolucionários, que buscamos a transformação radical da sociedade, exige muito empenho e tenacidade, pois a cabeça do nosso povo trabalhador, dos nossos jovens, das donas de casa, estão possuídas de um sem número dessas mentiras e ilusões.

Desmontar o império da mentira que dá sustentação ao capitalismo não é um trabalho tão fácil assim, uma vez que os que cultuam a mentira, como, regra geral, os cardeais, os pastores, os catedráticos, os literatos, e outras tantas pessoas influentes e socialmente prestigiadas, têm muita credibilidade junto ao povo. Mesmo assim, não devemos abdicar da nossa tarefa de transformar o povo explorado e oprimido em gente consciente, mesmo que para tanto nos sejam exigidos esforços e sacrifícios, uma vez que a causa da libertação merece o nosso empenho urgente nessa tarefa.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

O PT CAIU NA PRIVADA!



            A nossa desinformada esquerda direitosa tem como um dos seus postulados, o de que existe uma dicotomia entre o público e o privado. Para eles, devemos fazer a opção pelo público, que é do povo. Não enxergam que o público é o Estado e esse é uma instituição de classe. No capitalismo, o Estado representa o poder burguês e se organiza em torno da defesa desse sistema sócio-econômico. Portanto, trata-se de uma fantasia, de uma balela, pretender que o Estado seja do povo.
            Fruto dessa falsa dicotomia entre o público e o privado, imagina-se construir dois projetos políticos. Um, pretensamente de esquerda, que se propõe a defender a bandeira da “coisa pública”, através do Estado, e o outro, que seria nesse caso a direita, que tem por proposta a defesa e a exaltação da iniciativa privada. Nessa dualidade, trafega a “nossa” esquerda direitosa que não se atreve a assumir uma postura anticapitalista, pretendendo apenas o exercício de governos estaduais, municipais e federal sem extrapolar o âmbito da ordem econômica e social vigente, sem ameaçar o poder real, o poder da burguesia, representado pelo Estado como já dissemos.
            Fiéis a essa equivocada visão, o PT, o PCdoB e o PSB, autênticos representantes da esquerda direitosa, aferram-se ao discurso do público contra o privado, sem dizer que são faces de uma mesma moeda, são faces complementares da ordem capitalista.
            Após tantos anos de gritaria contra as privatizações e a denúncia cerrada de que o caminho da privatização como política neoliberal, encarnava o direitismo, quando direita são, tanto uma como a outra das forças políticas em litígio. Aconteceu, porém, que o Estado brasileiro não teve condição de realizar obras de infra-estruturas principalmente nos quesitos portos, aeroportos, rodovias e ferrovias e isso levou a um grave estrangulamento da economia, impedindo a burguesia brasileira de ter um maior grau de competitividade.

            Dessa maneira, o PT e os seus aliados, não tiveram outra saída senão recorrer à privatização que começou com os aeroportos e há de continuar em várias iniciativas de investimentos que se fazem necessários. Assim sendo, não é injusto dizer que o PT e a esquerda direitosa, terminaram por cair na privada, lugar de onde nunca deixaram de ter fortes laços, pois é a eles que seus governos prioritariamente servem.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Pensar dói



É muito comum ouvirmos das pessoas: “não quero quebrar minha cabeça”. Quebrar a cabeça, significa pensar e, realmente, o ato de pensar é doloroso e as pessoas tendem a não exercitar o pensamento e assumir todo o pensar que está posto. Ora, a burguesia, classe beneficiada com o sistema capitalista, é uma minoria. Para essa minoria dominar a imensa maioria desfavorecida, nesse sistema sócio econômico, não bastaria somente o uso do chicote; mais eficiente seria conseguir dominar a cabeça dos explorados, oprimidos e humilhados.
Com o objetivo de proceder à dominação das cabeças de nossa gente, a burguesia, fazendo uso de todos os seus meios, planta o seu pensamento em nossas cabeças. Sem nos darmos conta, assumimos todo um pensar que nos é imposto. É frequente ouvirmos alguém dizer com todo orgulho: “a minha mãe me ensinou a não querer as coisas alheias”. Esse pensamento é importantíssimo para a conservação dos interesses e dos privilégios da burguesia e, assim, como esse caso dado como exemplo, existe um número incalculável de outros raciocínios que servem para a manutenção desse sistema de desigualdade e injustiça.
Esse conjunto de idéias, chama-se ideologia e ele é plantado no seio da sociedade para garantir uma pretensa perpetuação da desigualdade que, inadvertidamente, pensamos e defendemos a posição de que ela é justa. Fica claro, portanto, que a ideologia burguesa é muito mais eficiente no processo de dominação do que o chicote, a repressão. A ideologia e a repressão são os dois instrumentos básicos para garantir a chamada “ordem social” e assim, manter os explorados e oprimidos sujeitos à dominação capitalista. Isso não interessa aos trabalhadores, às donas de casa, à juventude. Para romper com esse quadro de dominação, é necessário que se busque desconstruir a ideologia burguesa e o caminho para a tarefa de desconstrução do pensar dominante é o exercício do nosso pensar.
Pensar dói, é um fato, mas não há outra saída para nós, pois é melhor a dor do pensar que nos leve à libertação, do que o consolo de uma falsa paz que nos leve ao conformismo e ao consentimento da permanência de um sistema que produz tantas dores sociais.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Cura gay


Movido por razões ideológicas, o Partido dos Trabalhadores se empenhava em influenciar e dirigir a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Câmara Federal. Tratava-se de uma postura ideológica, pois nessa condição o PT pretendia ser fiel aos valores da revolução burguesa de 1789, na França, cuja pretensão era garantir os direitos humanos no âmbito do capitalismo emergente. Mas, o PT há muito deixou de ser ideológico. Sobrepõem-se nele, os interesses fisiológicos.
O Partido Social Cristão-PSC é da base aliada do governo e essa aliança confere algum tempo a mais nos programas políticos de televisão e isso é de importância para os propósitos escusos de um partido que se rotula dos trabalhadores. Imbuído do propósito fisiológico de se manter no governo a todo custo, o PT viabilizou a candidatura do pastor Marcos Feliciano representante do fundamentalismo evangélico com a anuência tanto do PT quanto do PCdoB. Não foi do “céu”, portanto, que caiu a figura do sr. Feliciano. A sua eleição foi fruto de um abominável acordo em que o petismo não se negou abrir mão dos seus propósitos humanistas, para ceder lugar a um tresloucado fascismo. Controlando a Comissão dos Direitos Humanos, o fundamentalismo evangélico, buscou viabilizar um projeto de lei que admitia a “cura gay”, partindo do pressuposto de que a homossexualidade é uma doença.
Diante da repercussão dessa iniciativa fascista, levantaram-se os setores mais esclarecidos em um forte protesto a tamanha agressão. Não devemos deixar, entretanto, passar despercebido aquilo que já dissemos: o avanço da direita fascista deve-se ao comportamento fisiológico dos que, indevidamente, se rotulam de esquerda como são os casos dos citados partidos PT e PCdoB. Não fosse a anuência dessas agremiações, empenhadas em abocanhar espaços institucionais que sirvam ao seus projetos de se locupletar das benesses que o Estado burguês lhe concede, o fundamentalismo fascista do sr. Feliciano não teria galgado tantas alturas. Repudiemos o fascismo, porém repudiemos também, o fisiologismo que sacrifica qualquer posição ideológica, mesmo burguesa, em nome de interesses menores.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Gigante é o povo!



            Existe um monstro que destrói o meio ambiente, produz fome, favelas, baixos salários, prostituição, corrupção, violência e tantas outras mazelas sociais. Esse monstro tem nome, chama-se capitalismo. No capitalismo existem, fundamentalmente, duas classes sociais. De um lado, a classe burguesa que detém as riquezas. Do outro, a classe trabalhadora que só tem a força de trabalho, como mercadoria, para vendê-la a troco de salários.
            O capitalismo é excelente para a classe burguesa e é cruel para com a imensa massa do povo. A burguesia é uma minoria, entretanto ela controla toda a sociedade. Para exercer esse controle, ela usa de dois instrumentos. Um deles é o chicote. Caso as pessoas se revoltem contra a exploração e a humilhação, então eles usam da força, prendem e arrebentam em nome da ordem. O outro instrumento de dominação da classe burguesa, é a ideologia. Ideologia burguesa é um conjunto de valores, conceitos e preconceitos, que são colocados na cabeça do povo para que ele ache justo a exploração a desigualdade e a injustiça. Essa ideologia é uma força bem mais forte do que o chicote.
            Apoiada no chicote e na ideologia, a burguesia mesmo sendo minoritária, mantém o seu poder sobre o conjunto do povo. Lutar contra o capitalismo é, antes de tudo, buscar desconstruir o pensar burguês, buscar desconstruir os falsos conceitos e preconceitos que nos são impostos. Para isso é necessário um trabalho permanente, paciente e determinado, de esclarecimento junto aos trabalhadores, às donas de casa, à juventude.

            Diante do monstro capitalista, dotado de várias garras, só existe uma força capaz de derrotá-lo, é a força de um gigante e esse gigante tem nome, chama-se “povo”. Somente o povo tem força suficiente para derrotar o monstro capitalista; falta-lhe, tão somente, ter a consciência. O povo desinformado, mal informado, é um gigante adormecido e ele precisa despertar para a sua grande tarefa histórica de libertar a todos, dos grilhões do monstro capitalista.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Contra Propaganda



            A experiência derrotada da revolução socialista na Rússia redundou no surgimento do capitalismo de Estado. Em busca da sua construção, processou-se uma política marcada por constantes episódios de intolerância, perseguição, punições odientas, massacres e outros tantos crimes, e eles se prestaram e se prestam a oferecer farto material de contra propaganda à causa socialista.
            Em nome do marxismo e do comunismo, inúmeros crimes foram e são praticados. Explorando as distorções gritantes desse caminhar, indevidamente, chamado de experiência socialista, a burguesia soube usá-las até a exaustão, como material de contra propaganda. Diante do fato da burocracia soviética ter assumido o rótulo “marxismo-leninismo”, levou e tem levado a que pessoas tomem esse carimbo como expressão da verdade. Ou seja, considera-se que os burocratas de Moscou e da Terceira Internacional Comunista eram de fato propositores do marxismo e isso era um gravíssimo equivoco.
            Assim como o cristianismo tem sido usado para se perpetrar graves crimes, como foram no passado, as cruzadas e a inquisição, vê-se semelhança no uso indevido da expressão marxismo-leninismo e isso tem que ser esclarecido, em nome da verdade.
            A humanidade, em certo momento histórico, passou a contar com dois fortes inimigos. De um lado, a burguesia imperialista, interessada em manter a qualquer custo o sistema capitalista em processo de exaustão. De um outro lado, as castas burocráticas alojadas em alguns aparelhos de Estado ou aparelhos partidários, mantinham-se interessadas em conservar obscurecida a realidade histórica.

            Diante disso, criou-se um ambiente de asfixia, cujo produto final estamos vivendo, qual seja uma redução do socialismo ao mais completo estado de indigência. Enquanto isso, vemos a hegemonia burguesa em nível nunca dantes imaginado. Tem-se pois uma brutal contradição: o capitalismo exaurido, sofrendo sucessivas crises econômicas e financeiras, mantendo o controle político, uma vez que não se registra nenhum movimento anticapitalista de peso e para isso contribui o farto material de contrapropaganda que o stalinismo ofereceu e oferece.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

“Ditadura nunca mais”



            Vimos, naquela ocasião, com toda simpatia, a campanha “Tortura nunca mais”. Tratava-se do registro e da denúncia de vários episódios cruéis, praticados nos quartéis das nossas “gloriosas Forças Armadas”. Recentemente, fomos convidados a assistir a um documentário, patrocinado pelo governo petista, sob o título “Ditadura nunca mais”. Isso é um absurdo, na medida em que os elementos necessários para que se dê um novo “Estado de exceção”, ditadura, continuam vivos.
            O Brasil é um país capitalista. Um país que abriga no seu interior classes e camadas sociais diferentes e com interesses conflitantes. Por seu turno, temos que levar em consideração a existência do poder em mãos da burguesia, através do seu aparelho de Estado.
            Para a manutenção do atual sistema de desigualdade social e de injustiça, a burguesia lança mão do seu grande poder de convencimento, garroteando o pensamento da população que aceita como verdadeiros os valores que dão sustentação à continuidade do capitalismo.
            A forma de dominação mais eficaz da burguesia, do ponto de vista político, é a forma democrática, ou seja, aquela em que a maioria manifesta, através do voto, a concordância com o sistema socioeconômico vigente. Quando em crise, quando o convencimento, a persuasão, não são suficientes para manter a ordem capitalista, então a burguesia lança mão do seu braço armado, constituído pelas Forças Armadas e policiais, doutrinados e adestrados para intervir em nome da manutenção da ordem vigente.
            Em 1985, no interesse da própria burguesia, consumou-se o fim do Estado de exceção, ditadura, e retomou-se o Estado de direito, que bem poderia ser chamado de Estado de direita, uma vez que por trás da chamada democracia burguesa, o que existe de fato é a ditadura do capital sobre o trabalho.

            Os militares recolheram-se aos quartéis e lá permanecem, cultivando-se como braço armado do sistema socioeconômico vigente. São adestrados, física e mentalmente, para vir em socorro da burguesia, quando os interesses do capitalismo possam se encontrar ameaçados. Assim sendo, como poderíamos ter a ingenuidade, a doce inocência de dizer: “ditadura nunca mais”?