Vimos,
naquela ocasião, com toda simpatia, a campanha “Tortura nunca mais”. Tratava-se
do registro e da denúncia de vários episódios cruéis, praticados nos quartéis
das nossas “gloriosas Forças Armadas”. Recentemente, fomos convidados a
assistir a um documentário, patrocinado pelo governo petista, sob o título
“Ditadura nunca mais”. Isso é um absurdo, na medida em que os elementos
necessários para que se dê um novo “Estado
de exceção”, ditadura, continuam vivos.
O
Brasil é um país capitalista. Um país que abriga no seu interior classes e
camadas sociais diferentes e com interesses conflitantes. Por seu turno, temos
que levar em consideração a existência do poder em mãos da burguesia, através
do seu aparelho de Estado.
Para
a manutenção do atual sistema de desigualdade social e de injustiça, a
burguesia lança mão do seu grande poder de convencimento, garroteando o
pensamento da população que aceita como verdadeiros os valores que dão
sustentação à continuidade do capitalismo.
A
forma de dominação mais eficaz da burguesia, do ponto de vista político, é a forma
democrática, ou seja, aquela em que a maioria manifesta, através do voto, a
concordância com o sistema socioeconômico vigente. Quando em crise, quando o
convencimento, a persuasão, não são suficientes para manter a ordem
capitalista, então a burguesia lança mão do seu braço armado, constituído pelas
Forças Armadas e policiais, doutrinados e adestrados para intervir em nome da
manutenção da ordem vigente.
Em
1985, no interesse da própria burguesia, consumou-se o fim do Estado de exceção,
ditadura, e retomou-se o Estado de direito, que bem poderia ser chamado de Estado
de direita, uma vez que por trás da chamada democracia burguesa, o que existe
de fato é a ditadura do capital sobre o trabalho.
Os
militares recolheram-se aos quartéis e lá permanecem, cultivando-se como braço
armado do sistema socioeconômico vigente. São adestrados, física e mentalmente,
para vir em socorro da burguesia, quando os interesses do capitalismo possam se
encontrar ameaçados. Assim sendo, como poderíamos ter a ingenuidade, a doce inocência
de dizer: “ditadura nunca mais”?
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