segunda-feira, 1 de julho de 2013

“Ditadura nunca mais”



            Vimos, naquela ocasião, com toda simpatia, a campanha “Tortura nunca mais”. Tratava-se do registro e da denúncia de vários episódios cruéis, praticados nos quartéis das nossas “gloriosas Forças Armadas”. Recentemente, fomos convidados a assistir a um documentário, patrocinado pelo governo petista, sob o título “Ditadura nunca mais”. Isso é um absurdo, na medida em que os elementos necessários para que se dê um novo “Estado de exceção”, ditadura, continuam vivos.
            O Brasil é um país capitalista. Um país que abriga no seu interior classes e camadas sociais diferentes e com interesses conflitantes. Por seu turno, temos que levar em consideração a existência do poder em mãos da burguesia, através do seu aparelho de Estado.
            Para a manutenção do atual sistema de desigualdade social e de injustiça, a burguesia lança mão do seu grande poder de convencimento, garroteando o pensamento da população que aceita como verdadeiros os valores que dão sustentação à continuidade do capitalismo.
            A forma de dominação mais eficaz da burguesia, do ponto de vista político, é a forma democrática, ou seja, aquela em que a maioria manifesta, através do voto, a concordância com o sistema socioeconômico vigente. Quando em crise, quando o convencimento, a persuasão, não são suficientes para manter a ordem capitalista, então a burguesia lança mão do seu braço armado, constituído pelas Forças Armadas e policiais, doutrinados e adestrados para intervir em nome da manutenção da ordem vigente.
            Em 1985, no interesse da própria burguesia, consumou-se o fim do Estado de exceção, ditadura, e retomou-se o Estado de direito, que bem poderia ser chamado de Estado de direita, uma vez que por trás da chamada democracia burguesa, o que existe de fato é a ditadura do capital sobre o trabalho.

            Os militares recolheram-se aos quartéis e lá permanecem, cultivando-se como braço armado do sistema socioeconômico vigente. São adestrados, física e mentalmente, para vir em socorro da burguesia, quando os interesses do capitalismo possam se encontrar ameaçados. Assim sendo, como poderíamos ter a ingenuidade, a doce inocência de dizer: “ditadura nunca mais”?

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