segunda-feira, 29 de setembro de 2014

O assassinato da Rosa



O assassinato da Rosa


            Quando fazemos críticas cerradas ao stalinismo-trotskista, alguns companheiros, desconhecedores da história, argumentam que, numa possível hora de confronto direto com a burguesia, eles estarão conosco, lado a lado, ombro a ombro e, isso, pode ser um ledo engano.

            Os stalinistas, de todos os matizes, consideram os dissidentes como infiéis, como o “inimigo principal”, que deve ser abatido sem nenhuma piedade. O stalinismo perseguiu, torturou e executou muito mais comunistas autênticos do que conseguiu fazê-lo o nazifascismo, com toda sua sanha sanguinária. 

            Cabe destacar o que ocorreu na Alemanha, em 1919, quando da República de Weimar, cuja presença e força política dos “marxistas” da social democracia degenerada se faziam partícipes. Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecth foram sequestrados e assassinados em 15 de janeiro do aludido ano, justamente quando Philipp Scheidemamn, Friedrich Ebert e o asqueroso Gustav Noske figuravam como expoentes do governismo. O assassinato de Rosa Luxemburgo teve a cumplicidade dos “marxistas” degenerados da Segunda Internacional. Esse fato não pode ser colocado no esquecimento. Eles, os “marxistas” degenerados, sociais-democratas tais quais os seus sucessores, os stalinistas, converteram-se em contrarrevolucionários e, como tal, em perseguidores e algozes truculentos dos verdadeiros revolucionários, e o stalinismo-trotskista não foge a esse destino. Se não cometem extermínio físico é porque não dispõem de força para tanto; porém, nunca se negaram ao uso de métodos atrozes para sufocar os seus dissidentes, não se negando à prática da perseguição, do boicote, da difamação e da calúnia, como instrumentos preferenciais de suas pugnas políticas.

            Imaginar que, em uma hora de confronto, eles estarão do nosso lado é, como já dito, ingenuidade, e ela não é uma boa companheira para os nossos propósitos revolucionários. Por essa razão é que se torna imprescindível conhecer a história e tornar claro os fatos que denunciam as perversões praticadas, sob os rótulos de “marxistas”, como foram os sociais-democratas ou “marxistas-leninistas” da Terceira Internacional corrompida, ou a dissidência dessa Terceira Internacional, a chamada Quarta Internacional.

            É necessário explicitar que essas considerações têm um caráter estritamente político-ideológico e, jamais, qualquer juízo de caráter pessoal. Mesmo que possa existir, em alguns movimentos, um ou outro canalha, isso não nos autoriza, mesmo considerando os erros, que façamos a condenação moral de tantos beatos que, de boa fé, se colocam a serviço de graves equívocos.



sexta-feira, 26 de setembro de 2014

De armas na mão



                                         De armas na mão

A situação de atraso da “esquerda” levou a que se pensasse existirem duas posições em disputa. A tese do caminho pacífico para o socialismo era considerada revisionista e reformista. Do outro lado, os oponentes dessa tese imaginavam que ser revolucionário era se propor à luta armada, tão somente. 

Essa dualidade suscita vários esclarecimentos, dentre eles o de se ter a clareza de que uma posição nacional-reformista poderia ser defendida de armas na mão; como exemplo foram os grupos armados que confrontaram a ditadura. Ora, o nacional-reformismo nada tem de socialista, ou seja, nada tem de revolucionário. Não seria um fuzil que haveria de determinar o seu caráter “avançado”.

Os grupos da luta armada se colocavam numa posição blanquista. Isso quer dizer que, como o revolucionário francês Auguste Blanqui, eles imaginavam que um grupo de heróis fosse capaz de libertar o povo, esquecendo que a libertação dos trabalhadores deverá ser tarefa da própria classe, e nenhum partido ou grupo poderá substituí-la. Por outro lado, a proposta de Moscou em se chegar ao socialismo, por vias institucionais, foi responsável por desfechos muito mais sangrentos do que os da luta armada. Exemplo disso foram os golpes de Estado no Brasil, na Indonésia e no Chile, para citarmos os mais relevantes.

Uma abordagem sobre o caminho insurrecional que se propõe a enfrentar a violência do Estado burguês contra os interesses populares, não deve ser uma resolução, a priori, de partidos ou movimentos. Os caminhos de uma insurreição popular serão decididos pelos próprios insurretos, e tudo haverá de se dar conforme as circunstâncias, conforme a correlação de forças.

Somente a organização autônoma dos movimentos populares é que levará à verdadeira conquista de sua emancipação. Quando tuteladas, as experiências feitas, em nome do socialismo, redundaram no capitalismo de Estado, este de caráter totalitário, revogatório das conquistas históricas, trazidas pela democracia política, com direitos como o de ir e vir, de organização e de expressão. A revogação desses direitos redundou no totalitarismo, ou seja, no fascismo, que impõe um discurso único, um partido único, uma imprensa única e, infelizmente, isso foi feito em nome do socialismo, o que resultou no quadro que hoje vivemos, cuja expressão é a hegemonia absoluta do capitalismo imperialista e a ausência quase absoluta de movimentos anticapitalistas.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Pobre e Rico



Pobre e Rico

A rigor, ninguém é pobre por livre escolha e, sim, por decorrência das circunstâncias. Os exemplos de pessoas que optaram em se desfazer de qualquer riqueza, como é ilustrativo o exemplo de São Francisco de Assis, é uma raridade, quando não uma atitude falsa, hipócrita, como é a chamada Ordem Franciscana que, na verdade, nada tem realmente em comum com as postulações de renúncia de São Francisco. 

Em cada pessoa pobre reside um burguês nos seus desejos e nas suas pretensões. Basta que se veja as casas lotéricas dos subúrbios, vilas e aldeias, que se enchem de pessoas pobres, buscando o caminho da fortuna. Enquanto isso, é comum se ver, em pessoas humildes, a imitação caricata dos ricos, buscando consumir o luxo e ostentá-lo. 

Com muita sapiência, o carnavalesco Joãozinho Trinta afirmou que: “Quem gosta da pobreza são os intelectuais; os pobres gostam do luxo”. Os carentes, que se tornam ricos, os chamados novos ricos, têm, regra geral, um comportamento lastimável, que vai desde a exibição à arrogância. Dessa forma, não podemos ver a pobreza como algo meritório, e devemos repelir aqueles que imaginam que a nobreza só pode ser encontrada entre os despossuídos, pois isso é um crasso erro. 

Para bem além do erro conceitual, algumas pessoas chegam ao cúmulo de portar-se como pobres, despojadas de qualquer vaidade ou ostentação. Assim, elas deixam de consumir o “luxo” para exibir uma falsa pobreza, e isso em nada contribui para que a questão da contradição ricos e pobres seja resolvida, pois trata-se de uma questão estrutural, e o nosso objetivo, como socialistas revolucionários, deve ser o de desconstruir a estrutura capitalista, que tão perversamente impõe uma sociedade profundamente desigual e injusta.

O nosso objetivo, portanto, não é acalentar ou administrar a pobreza por via de medidas caridosas. O nosso propósito deve ser o de erradicar a pobreza, construindo uma nova ordem econômica e social onde prevaleça, harmonicamente, a convivência entre as diferenças individuais sem que exista, de nenhuma forma, discriminação de gênero, raças, e, sobretudo, de classes e camadas sociais.


                                                                




segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Voltando ao assunto



Voltando ao assunto

            É com tristeza que observamos a miopia e até mesmo a cegueira dos devotos “marxistas-leninistas-trotskistas” em relação a questões fundamentais da teoria socialista. Estamos nos reportando à definição de Estado. Já, em 1847/48, o Manifesto Comunista, subscrito por Karl Marx e Friedrich Engels, dizia que a instituição em foco era um comitê dos patrões a serviço do capitalismo. Após essa afirmação, Engels, em sua obra “Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado”, vem afirmar o caráter de classe desse aparelho político. Depois, Vladimir Lenin volta a tratar da questão, dizendo que o Estado é um instrumento político de dominação de classes.

            Pois bem. Apesar da questão ter sido tratada por grandes expoentes do socialismo, de forma a denunciar a verdadeira essência da referida instituição, a esquerda direitosa prefere a conceituação burguesa de Estado, apresentando-o como uma força a serviço da sociedade, independente de classes e camadas sociais. Cinicamente, a burguesia afirma que o poder emana do povo e, em seu nome, será exercido. 

Diante dessas balelas burguesas, a esquerda direitosa aprofunda a fraude quando opõe o público ao privado, quando defende a propriedade estatal sem denunciar o caráter de classe do Estado, ou seja, a propriedade privada dos meios de produção eles opõem à propriedade estatal, considerando que o Estado é público, o que é um desbragado erro.

Devemos opor a propriedade privada dos meios de produção à propriedade social desses meios. Daí advém a palavra socialismo: igual a socialização dos referidos meios.

A dicotomia público/privado não extrapola os limites do capitalismo. Trata-se de formas diferentes da propriedade burguesa. A diferença é de forma e não de conteúdo, enquanto a proposta do socialismo revolucionário é de uma mudança qualitativa da propriedade em questão. 

Será que é correto, para um socialista, respaldar os conceitos burgueses? Será que devemos acreditar que o Banco do Brasil é de Maria, Pedro, José...? Será que é justo aceitar a afirmação de que o petróleo é nosso? Não dá para enxergar que essas armadilhas se prestam a dar sustentação ao capitalismo? Não é hora de ver que a sobrevivência desse sistema e sua hegemonia política, têm como causa maior, o papel que jogou e joga essa esquerda desinformada e mal informada? A quem interessa cultivar o “marxismo legal”, que se mantém sob os umbrais da Academia? Que medo faz, para a burguesia, uma “esquerda” envolta em tanto primarismo? 

Ao invés dos insultos pessoais que temos recebido como resposta, seria ótimo se os que discordam do que foi dito fundamentassem suas discordâncias políticas e ideológicas. Só assim haveremos de romper com o atraso, com os equívocos e, dessa forma, daremos nossa contribuição à luta anticapitalista.

PS – Quando falamos em estatizar, devemos perguntar a quem pertence o Estado no âmbito do capitalismo. Isso é fundamental.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

A Globo mente?



                                          A Globo mente?     

                                                                                                         
A desigualdade social não poderia se manter, por milênios, não fosse o império da mentira. Diante das mazelas, os privilegiados necessitavam e necessitam de uma “cultura” que repouse em lendas, fantasias e fraudes. Em uma palavra: Uma cultura apoiada no embuste. Para construir um império da mentira, era preciso usar vários instrumentos, dentre eles a escola, a igreja, a própria família que, desavisadamente, repetem todas as mentiras que lhes são passadas.

Hoje, além dos aparelhos repassadores da mentira, já citados, acrescente-se a força dos meios de comunicação. Mas, quem são os portadores da mentira, que gozam de autoridade para semear inverdades?

O cardeal, o reverenciado doutor, o general, o tribuno, o jornalista e alguns poucos outros, estão na linha de frente na sustentação da mentira. Enfim, lembremos que a mentira de um bispo vale mais do que mil verdades de um pedreiro.

A Rede Globo, como um dos instrumentos de sustentação do sistema, denuncia todas as mazelas do capitalismo, desde a corrupção à violência; desde a destruição da Amazônia à poluição das águas. Mente, porém, quando trata das causas. Ora diz que tudo se deve aos políticos, à corrupção, à incompetência, deixando de dizer a verdade que estaria explicitada em uma única afirmação: A matriz das mazelas sociais é o capitalismo.

É fato que a Rede Globo mente, porém, muito maior foi e é a mentira do stalinismo, essa força política mantenedora do capitalismo, em proveito de suas castas burocráticas que se locupletavam e se locupletam da grande mentira contida no seu discurso de que haveria dois mundos: o mundo capitalista decadente e o mundo socialista ascendente, onde corriam leite e mel.

A Globo mente, pois esse é o seu papel, o seu ofício, o seu “dever”. A quem caberia levantar a bandeira da verdade, senão às organizações ditas de esquerda? Entretanto, essa “esquerda” abandonou o socialismo para sentar na mesa farta do capitalismo e, com ele, compartilhar privilégios que pretendiam  eternos.