segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Voltando ao assunto



Voltando ao assunto

            É com tristeza que observamos a miopia e até mesmo a cegueira dos devotos “marxistas-leninistas-trotskistas” em relação a questões fundamentais da teoria socialista. Estamos nos reportando à definição de Estado. Já, em 1847/48, o Manifesto Comunista, subscrito por Karl Marx e Friedrich Engels, dizia que a instituição em foco era um comitê dos patrões a serviço do capitalismo. Após essa afirmação, Engels, em sua obra “Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado”, vem afirmar o caráter de classe desse aparelho político. Depois, Vladimir Lenin volta a tratar da questão, dizendo que o Estado é um instrumento político de dominação de classes.

            Pois bem. Apesar da questão ter sido tratada por grandes expoentes do socialismo, de forma a denunciar a verdadeira essência da referida instituição, a esquerda direitosa prefere a conceituação burguesa de Estado, apresentando-o como uma força a serviço da sociedade, independente de classes e camadas sociais. Cinicamente, a burguesia afirma que o poder emana do povo e, em seu nome, será exercido. 

Diante dessas balelas burguesas, a esquerda direitosa aprofunda a fraude quando opõe o público ao privado, quando defende a propriedade estatal sem denunciar o caráter de classe do Estado, ou seja, a propriedade privada dos meios de produção eles opõem à propriedade estatal, considerando que o Estado é público, o que é um desbragado erro.

Devemos opor a propriedade privada dos meios de produção à propriedade social desses meios. Daí advém a palavra socialismo: igual a socialização dos referidos meios.

A dicotomia público/privado não extrapola os limites do capitalismo. Trata-se de formas diferentes da propriedade burguesa. A diferença é de forma e não de conteúdo, enquanto a proposta do socialismo revolucionário é de uma mudança qualitativa da propriedade em questão. 

Será que é correto, para um socialista, respaldar os conceitos burgueses? Será que devemos acreditar que o Banco do Brasil é de Maria, Pedro, José...? Será que é justo aceitar a afirmação de que o petróleo é nosso? Não dá para enxergar que essas armadilhas se prestam a dar sustentação ao capitalismo? Não é hora de ver que a sobrevivência desse sistema e sua hegemonia política, têm como causa maior, o papel que jogou e joga essa esquerda desinformada e mal informada? A quem interessa cultivar o “marxismo legal”, que se mantém sob os umbrais da Academia? Que medo faz, para a burguesia, uma “esquerda” envolta em tanto primarismo? 

Ao invés dos insultos pessoais que temos recebido como resposta, seria ótimo se os que discordam do que foi dito fundamentassem suas discordâncias políticas e ideológicas. Só assim haveremos de romper com o atraso, com os equívocos e, dessa forma, daremos nossa contribuição à luta anticapitalista.

PS – Quando falamos em estatizar, devemos perguntar a quem pertence o Estado no âmbito do capitalismo. Isso é fundamental.

Nenhum comentário:

Postar um comentário