segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Feliz 2014



FELIZ 2014
Edvania Vieira (*)

Não quero um ano novo, não quero roupa nova, viagens novas, partido político novo, namoro novo, escola nova, casa nova. NÃO!
Em 2014, quero um mundo diferente! Diferente “desse novo”, pois, o novo não representa a verdadeira transformação e sim uma maquiagem para nos enganar. O mundo diferente é completamente possível de ser construído. Mas, para isso, precisamos está organizados e informados, porque o mundo capitalista todas as horas, dias e noites trabalha para nos enganar e iludir afirmando que um ano novo vem aí, com oportunidades para o povo.
Na verdade o que poderá se repetir, é um festival de mentiras, como sempre acontece nas copas e eleições burguesas, e tudo continua igual. Quem é pobre continua pobre e quem é rico continua cada vez mais rico.
A construção do mundo diferente, onde não exista divisão de classes e camadas sócias só depende da luta de cada um de nós. Temos que fazer, a partir de agora, uma grande campanha de impopularização do capitalismo.  Ele, que um dia foi revolucionário, hoje arqueja e está às margens da morte e poderá levar a humanidade com ele ao túmulo. Isso mesmo! Ou destruímos o capitalismo ou ele destruirá a humanidade.
Com o fim do capitalismo não teremos necessariamente a igualdade.  Esse mundo terá que ser construído. Rosa Luxemburgo nos alerta que “É preciso auto-disciplina interior, maturidade intelectual, seriedade moral, senso de dignidade e de responsabilidade, todo um renascimento interior do proletário. Com homens preguiçosos, levianos, egoístas, irrefletidos e indiferentes não se pode realizar o socialismo”.
Nós, do Centro de Atividades e Estudos Políticos – CAEP, estamos fazendo nossa parte dando continuidade a Campanha Gente Consciente. Nossa principal tarefa é fazer a denúncia desse sistema cruel que mata, destrói e se mantém vivo. A construção do mundo igualitário depende de cada um de nos. A felicidade, a igualdade e a fraternidade no capitalismo só existe para a burguesia.
  
(*) Edvania Vieira é Secretaria Geral do CAEP.
Centro de Atividades e Estudos Políticos


Heresias




Heresias

            Imaginemos a reação geral diante de quem teve a audácia de afirmar que a Terra era redonda. Tal afirmação conflitava com o saber oficial da época, que imaginava ser a Terra “plana como uma mesa” e, se conflitava, mais ainda, com o senso comum. Assim, em determinado momento, dizer que a Terra era redonda não passava de “heresia”.
             Depois, chegou a vez do “herege”, Galileu Galilei, dizer que  a Terra se movia. Tamanha “heresia” afrontava os doutores e, por isso, quase foi levado à fogueira, escapando desse destino por renegar a sua afirmação. Nicolau Copérnico, por desmentir a visão oficial sobre sistema planetário, visão essa apoiada em Ptolomeu, afirmando que o sol era fixo e que a Terra girava em seu redor, não sofreu as agruras da perseguição porque não tornou público as suas “heresias”. Charles Darwin, quando formulou, baseado em pesquisas, a teoria da evolução natural da espécie que se chocava com as teorias criacionista dos livros sagrados, aceitas cientistas e então, foi expulso da Academia de Ciências, da Inglaterra, e execrado como “herege”.
            Por sua vez, Karl Marx e Friedrich Engels, abalaram os alicerces do conhecimento oficial, quanto às suas abordagens sobre a sociedade humana, dissecando, com profundidade o capitalismo e desfazendo enigmas. Por isso tornaram-se, aos olhos do saber oficial, grandes hereges.
            Tomando-se como objeto o estudo do movimento socialista e desnudando seus desvios e seus incontáveis insucessos, somos levados a praticar inúmeras “heresias”, que fazem tremer os beatos que cultuam certos dogmas, como se verdade fossem. Para esses beatos, de boa fé, deles dispostos ao sacrifício de suas próprias vidas ou ao enfrentamento altivo diante das câmaras de tortura, há a tendência de se assustar diante de algumas “heresias” do tipo: “nunca existiu o Estado Operário”; “A Revolução Russa prestou-se, tão somente, a construir, por um alto custo social, o capitalismo de Estado”.
           Para a construção do capitalismo de Estado, não faltaram expedientes como trabalho forçado, expropriações de produtos agrícolas impondo a fome, fuzilamentos sumários, campos de concentração, industrialização acelerada, depredação do meio ambiente e outras barbaridades.
            Por sua vez, é assustadora a “heresia” em se afirmar que a Terceira Internacional Comunista, pretensa alavanca da revolução mundial, transformou-se em uma multinacional do anticomunismo, prestando-se à consolidação do capitalismo de Estado na URSS e, para tanto, apunhalando pelas costas qualquer iniciativa insurrecional rumo ao socialismo.
            Para outros, pode soar como “heresia” a afirmação de que Leon Trótsky, renegou o primeiro Trótsky e participou ativamente da construção de falsos conceitos do tipo: “Estado Operário Degenerado”, “Revolução Traída”, “Revolução Desfigurada”, “Revolução Política Regeneradora” e outros equívocos de natureza idealista.
            Tudo leva a crer que os beatos de hoje, de diversos credos, imaginam que estariam ao lado daqueles que afirmaram ser a terra redonda ou que a terra se movia, ou que o sol era fixo em relação à terra, ou concordariam com a teoria da seleção natural da espécie, da qual nasceu o homem.
            Duvidamos, porém, que essas pessoas, devotas de certas crenças políticas, despidas de sustentação, disponham-se, facilmente, a discutir seus credos, sem preconceitos e sem se horrorizar com afirmações que fogem dos manuais criminosos da malfadada Academia de Ciências da URSS, com as suas diversas variáveis do tipo: maoísmo, kruchevismo, fidelismo e, sobretudo, o trotskismo. Verdades que pretendam explicar os motivos das sucessivas derrotas do movimento socialista precisam ser encaradas sem preconceitos. Contudo, cremos valer a pena dar ouvidos às “heresias” e submeter a uma apreciação crítica as “verdades” fraudulentamente sustentadas por esses muitos credos.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Aos trotskistas



Aos trotskistas


         Antes de tudo, devemos dizer, claramente, que nossas opiniões nada tem de pessoais. Reconhecemos como abnegados e de boa fé, a imensa maioria dos militantes das múltiplas correntes do trotskismo. Reconhecemos, também, como soldados da Terceira Internacional Comunista, uma legião de bravos e devotados. Lembramos que o PCB tinha, em suas fileiras, pessoas da estirpe moral e da têmpera de Carlos Marighella, Mário Alves, Joaquim Ferreira, Davi Capistrano, Apolônio de Carvalho e alguns outros, dispostos a servir, mesmo com o preço de suas vidas, aos ditames dos seus credos.
            Infelizmente, cada um dos agrupamentos políticos de matriz stalinista, considerava-se “o partido da revolução” e, portanto, “o povo eleito de Deus”. Isso levava a descambar para a lógica de que tudo que se fizesse era em nome da “causa” e, assim, era legítimo. Dessa maneira, a prática de falsificar a História, excluir e exterminar dissidentes, promover a calúnia como instrumento de disputa, desqualificar os desafetos, eram condutas naturais dentro dessa ótica.
          O trotskismo, como produto subjacente, da contrarrevolução vitoriosa, na medida em que não assumiu a derrota e não rompeu com as resoluções políticas aprovadas no X Congresso do PC russo, em 1921, particularmente com o monolitismo, o ultracentralismo burocrático e o conceito de “partido da revolução”, consagrou-se como uma indiscutível corrente stalinista, embora dissidente da Terceira Internacional.
      Voltemo-nos a pensar. Como se explicaria o múltiplo fracionamento dos trotskistas, não fosse o monolitismo levado às últimas consequências? Como se explicaria a impossibilidade de conviver, sob o mesmo teto, os diversos grupos que se assumem como trotskistas e se ocupam em se acusar reciprocamente? Eis algumas perguntas que reclamam respostas sensatas.
            Por sua vez, torna-se necessário lembrar que, um dos mais eficazes, pois bem fundamentado, crítico do modelo de partido defendido por Lenine, em 1903, foi, justamente, Leon Trotsky, através de sua genial obra “Nossa Tarefa Política”, publicado em 1904. Nessa obra, Trotsky, depois de reverenciar Pavel Axerold, chamando-o de mestre, deu curso à tese confirmada do substituísmo, que consistia em prenunciar que o modelo leninista de partido levaria o partido a substituir os trabalhadores, o Comitê Central substituir o partido e uma figura canonizada substituir o Comitê Central. Não somente foi confirmada essa profecia, como o substituísmo, na URSS, teve como partícipe, na sua construção, o empenho talentoso de Leon Trotsky. Dessa forma, Trotsky, de 1917, renegou o Trotsky profético, de 1904. Eis um fato irrefutável.
            Não é à toa que os trotskistas se empenham em esconder a sua obra “Nossa Tarefa Política” e, em seu lugar, divulgam outras, calcadas nos conceitos equivocado de “revolução traída”, “revolução desfigurada”, “revolução política regeneradora”, “Estado operário burocratizado”, “momento termidoriano da Revolução Russa” e outros despropósitos que só se prestaram e se prestam a aglutinar seguidores beatos e acríticos, que em nada ou quase nada contribuem para a luta anticapitalista.
            Falsificando a história, Trotsky, expulso da URSS, passou o resto de sua vida empenhado em afirmar que havia sido leninista desde sempre. Por sua vez, ele não teve a hombridade de se reportar à “Oposição Operária”, liderada por Alexandra Kollontai, escondendo sua postura de opressor e perseguidor dessa fração política.
            Ao invés da fúria dos beatos, diante dos questionamentos aos seus “santos” infalíveis, ao invés de se enredar nas acusações pessoais, tentando a desqualificação, deveriam, os trotskistas, em nome dos interesses da revolução, encarar esses questionamentos como de natureza política, ou seja, despido de qualquer propósito menor. Essa posição é a que devemos esperar daqueles que pretendem a discussão livre e democrática, acima dos credos, pois, como já disseram, a dúvida é um dos pilares do saber e a convicção é mais perniciosa do que a própria mentira.
            Por fim, acrescentemos, para avaliação, o seguinte fato: nos seus quase noventa anos de existência, o trotskismo teve um papel residual em todos os processos revolucionários, quando não completamente ausentes. Assinalemos alguns casos. A Revolução Chinesa não teve a participação dessa corrente política. Na guerra civil da Espanha, os trotskistas tiveram um papel danoso, quando investiram contra o POUM. Na França da frente popular de Léon Blum, da mesma forma. E que dizer de sua ausência na revolução cubana? Ou da revolução boliviana, de 1952? E do processo chileno? E quanto ao “Maio” francês? Em todos os episódios históricos significativos, pós Revolução Russa, o trotskismo teve participação próxima de zero e, em alguns casos, se assemelhavam, pelo seu artificialismo, a algo parecido a uma verdadeira ficção política.
            Bem no estilo stalinista, o trotskismo não se atém à História e, quando a faz, procura distorcê-la ou tornar cada fato histórico, de relevância, em página virada. Eis o verdadeiro caráter dessa corrente política, sempre predisposta ao gueto com seu sectarismo insano.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Papai Noel existe





Papai Noel existe

É claro que o “bom” velhinho existe para as crianças ricas, crianças da classe média e filhos de alguns poucos assalariados. Para a multidão de pobres e miseráveis, o Papai Noel não passa de um velhinho faltoso, que povoa o imaginário dessas crianças, filhas dos despossuídos. Para esses, tudo termina numa tremenda frustração. Essa realidade é lamentável, muito dolorosa.
Temos que convir, o capitalismo é assim mesmo, bom para uns poucos e razoável para um punhadinho de aquinhoados. Para o resto da população, para o povão, o máximo que ele pode reservar é o menos ruim. Assim é que lutamos por transporte menos ruim, moradia menos ruim, escola menos ruim, hospital menos ruim, salário menos ruim... O bom mesmo fica restrito, como já dissemos, à burguesia e alguns setores da classe média.
Por outro lado, Papai Noel existe sim, não só como fantasia e, sim, como um grande vendedor, que traz lucros para os comerciantes de plantão. Essa é nossa dura realidade e devemos nos empenhar em transformá-la.