sexta-feira, 29 de março de 2013

Latifúndio




Por conta dos mesquinhos interesses da burocracia soviética, no seu empenho em edificar o capitalismo de Estado, por ocasião do VI Congresso da Internacional Comunista, em 1928, o Brasil foi enquadrado na condição de país semi-colonial que convivia com “restos feudais” no campo. A partir desse infundado diagnóstico, foi formulada uma teoria para a revolução brasileira. Essa revolução se daria em duas etapas. A primeira etapa seria a revolução democrática burguesa, de perfil nacionalista e reformista, que cumpriria as tarefas de proclamar a soberania nacional e promover, entre outras reformas, a reforma agrária. A segunda etapa, seria a revolução socialista, sempre adiada para as calendas gregas.
Em nome da revolução democrática burguesa, agitava-se com veemência, a bandeira de uma profunda reforma no campo e se acusava o latifúndio como o gerador da maioria de nossas misérias sociais. A agitação contra o latifúndio, até resvalava para propostas distributivas da terra em minifúndios, apresentando essa forma de propriedade como progressista. Propunha-se então, a substituição da grande propriedade agrária por pequenas propriedades, ou seja, propunha-se a substituição de um proprietário, por vários e vários pequenos donatários.
A condenação ao latifúndio atropelava o conceito real sobre ele. Latifúndio quer dizer, grande propriedade rural e esse tipo de propriedade se coaduna  com o velho escravagismo; com o feudalismo; com o capitalismo e com toda certeza, poderá se coadunar com o socialismo, caso esse venha se sobrepor ao exaurido sistema socioeconômico vigente. Fica claro, pois que a questão não é o tamanho da propriedade rural e sim o caráter dela.
É muito fácil desnudar o caráter equivocado da teoria da revolução brasileira, formulada pela Terceira Internacional Comunista. Em tempo de imperialismo, devemos opor ao capitalismo a revolução socialista e nunca a inviável soberania nacional, mola propulsora de um execrável nacionalismo de tão perniciosas influências. Por sua vez, as reformas propugnadas, tendo como espinha dorsal a reforma agrária, se prestariam apenas a adequar a economia burguesa, no Brasil, a uma nova etapa do seu desenvolvimento e essa não é a tarefa dos socialistas.

quarta-feira, 27 de março de 2013

LEGAL, PORÉM IMORAL



            As andanças do sr. Lula da Silva, mundo a fora, em viagens patrocinadas por empreiteiras, ávidas de negócios lucrativos, não esbarra em nenhum impedimento legal. Isso é o que afirmam os seus mais íntimos colaboradores, quando tais viagens e outras iniciativas tomadas pelo ilustre cidadão, em busca de facilitar grandes negócios, são  denunciadas.
            Pelo que se vê, na legislação, os atos do ex-presidente não podem ser considerados ilegais, mas são, evidentemente, atos imorais. Suas iniciativas não buscam fortalecer ou viabilizar os pleitos das classes trabalhadoras que ele diz representar. Suas idas e vindas são atos que lhes proporcionam bons dividendos e visam prestar os seus serviços ao grande capital. Para tanto, utiliza-se do seu prestígio e das benesses que lhe são concedidas pelas instituições governamentais.
            Aliás, desde candidato a presidente, na disputa eleitoral de 2002, o sr. Lula, orientado por dirigentes petistas, colocou-se como alguém que, se eleito, haveria de prestar os seus serviços ao capitalismo. E assim foi o seu primeiro governo, e assim foi o seu segundo mandato, que se estende com a eleição da sra. Dilma Rousself.
            Os “generais” do PT, sob a liderança de Lula da Silva, deram-se conta de que poderiam cobrar boas recompensas pelos serviços prestados ao sistema. O escândalo que envolveu Antonio Palocci é bem revelador do comportamento imoral de alguns petistas. Em apenas quatro anos, o sr. Palocci conseguiu amealhar a vultosa quantia de vinte milhões de reais. Tanto ganho terá sido por conta da competência técnica do Palocci? Ou tão vultosos lucros vieram de sua capacidade em contornar dificuldades e produzir favores, em função da “generosidade” do Estado?
            Essas perguntas também podem ser feitas quanto ao papel desempenhado pelo sr. Lula da Silva, que sempre encontra empresários dispostos a pagar a soma de trezentos mil reais por palestras ministradas pelo citado senhor.
            Seriam essas palestras dotadas de irrefutável saber de um estadista? Ou o pagamento exorbitante deve-se ao fato dessa eminente figura gozar de inquestionável poder de carrear bons e lucrativos negócios para quem nele investe? 

segunda-feira, 25 de março de 2013

Em defesa da vida



                                  


Está em andamento a discussão sobre o aborto. Infelizmente ela não transcorre de modo honesto. Criam-se movimentos que levantam a bandeira de defesa da vida, insinuando, maldosamente, que quem se coloca pela legalização do aborto estaria atentando contra a existência humana. Ora, ninguém em sã consciência, poderia se colocar contra a vida. Em princípio, somos todos contra o aborto, como somos contrários à amputação de uma perna ou de um braço. A questão, portanto, não é dividir a opinião pública em duas grandes correntes: os que são a favor da vida e os que atentam contra ela. Esse dilema é falso, é desonesto e não seria, a rigor, tão cristão, pois escamoteia a verdade.
Quando se defende o aborto assistido, pretende-se evitar a hipocrisia e defender a vida de milhares de mulheres pobres que, por várias razões, são levadas a esse extremo. Legalizar o aborto é evitar a carnificina que se pratica diuturnamente contra a mulher desprovida de recursos, quando são submetidas a incursões nada profissionais dos charlatães do ofício.
O aborto assistido, de forma competente, é sim, uma atitude humanitária que se quer levar a cabo superando a hipocrisia reinante por conta de uma cultura que, há milênios, está a serviço do atraso, do obscurantismo e da injustiça social.
Caso na verdade esses senhores e piedosas senhoras, que se arvoram defensores da vida, quisessem realmente lutar por ela, deveriam serrar fileiras na luta explícita contra o capitalismo, esse, sim, destruidor de vidas. Entretanto, contra o capitalismo não se ouve, por parte deles, nenhum protesto, nenhum murmúrio. Aliás, a nossa milenar cultura se omite diante da questão maior e desvia as atenções para os efeitos, escamoteando as causas e investindo na salvação de suas almas.
Diante da fome, organiza-se uma sopinha. Diante do frio, faz-se uma campanha pelo cobertor. Diante das drogas, salvam-se uns poucos através da dança, da música, do trabalho manual e das orações. Termina-se praticando o varejo, quando necessitamos combater no atacado, denunciando o capitalismo.

sexta-feira, 22 de março de 2013

“O SOCIALISMO REAL”




                                                                                              Gilvan Rocha*


            Entre os inúmeros e graves desserviços prestados por uma certa intelectualidade possuída de desinformação ou má fé, está o indevido carimbo de “socialismo real” para se referir aos países em que o processo revolucionário socialista foi derrotado e criaram-se estados policiais, geridos por uma burocracia que se limitava a levar a cabo o capitalismo de Estado.
            A confusão que se deu, em torno dessa questão, deve-se ao fato de não ter havido uma análise realmente correta desse processo de derrota da revolução socialista, a começar pelo processo soviético. Ali, na URSS, travou-se uma renhida luta entre os que pretendiam preservar os princípios do socialismo e os que capitularam diante da vitoria da contrarevolução.
             Usando, fraudulentamente, o rótulo do “marxismo-leninismo”, esses senhores que se postaram como linha auxiliar de sustentação do capitalismo, passaram a vender, com grande sucesso, gato por lebre, enquanto uma legião de pessoas não se dava conta de que nem sempre o rótulo corresponde ao conteúdo. Sob o rótulo do comunismo transitou a Terceira Internacional, praticando, efetivamente, uma política que servia aos objetivos do sistema socioeconômico vigente, pois a lógica dessa instituição política era manter a “pátria do socialismo” mesmo que isso custasse, como de fato custou, a derrota da revolução socialista em escala mundial.
            Tudo isso, repetimos, se deu em decorrência do fato de ter nos faltado uma análise realmente marxista da Revolução Russa e de seus descaminhos. Os que tinham estatura política e moral para fazer essa análise seriam Rosa Luxemburgo e Leon Trotsky. Rosa foi trucidada pela contrarevolução na Alemanha, em princípio de 1919, e não teve tempo de proceder a essa análise, embora tenha produzido um pequeno ensaio onde já apontava os grandes riscos que atravessavam os revolucionários russos, diante da tendência de isolamento da revolução soviética.
            Vladimir Lenine, que chegou a afirmar, em 1920, que se vivia um dilema: ou a revolução socialista triunfava na Europa Ocidental ou a Revolução Russa pereceria. Insistiu, porém, em não reconhecer o quadro de derrota e propor uma retirada estratégica; preferiu perseverar em manter, a qualquer custo, a URSS que, a cada dia, deixava mais e mais de ser realmente soviética, desde 1921 em um processo crescente de avanço da contrarevolução que veio se firmar.
            Quem teve tempo suficiente para descortinar a realidade política foi Leon Trotsky, porém, por diversas razões, negou-se a proceder uma análise realmente marxista daquele processo, descambando para o idealismo como “revolução traída” , “ revolução desfigurada”, “Estado operário degenerado”, “pátria do socialismo” e outros absurdos que nos deixavam numa sofrida orfandade política, isto é, sem termos um instrumento de análise política que correspondesse à verdade histórica.
            Outros intelectuais não se apresentaram à altura de cumprir a tarefa de dissecar aquela experiência derrotada e desse reconhecimento, formular-se uma política realmente condizente com a realidade. Como conseqüência desses fatos, aí está a situação produzida em função da ausência de uma esquerda revolucionária, calcada nos princípios do socialismo cientifico. Aí está um sistema capitalista completamente exaurido, enfrentando sucessivas crises do ponto de vista econômico e financeiro, porém, politicamente hegemônico, pois é patente a ausência de um movimento socialista de caráter anticapitalista capaz de representar uma ameaça de transformação revolucionária.
            Para tornar mais grave o nosso estado de indigência, floresce o “marxismo legal” amparado nos umbrais das academias a produzir subjetividades e especulações, quando não, cometer desatinos, imputando como sendo um socialismo real aquilo que nunca chegou a ser socialismo. Devemos ter a coragem política e intelectual de enxergar nesses senhores, a desinformação, a má fé e, em muitos casos, o puro charlatanismo que prospera em função do medo de muitos e do preconceito de tantos que julgam ser as academias templos do saber, não atentando que isso é uma meia verdade e uma absoluta mentira se pretendermos que no antro acadêmico possa brotar a ressurreição do socialismo científico, cruelmente atropelado pelo dogmatismo do stalinismo-trotskismo, do qual urge que nos libertemos.

quarta-feira, 20 de março de 2013

“ATRAVESSAR O RUBICÃO”



            Atribui-se a Julio Cesar o fato de que ele, no comando de suas tropas, chegou à beira do rio Rubicão e pôs-se em dúvida se deveria ou não, atravessá-lo para enfrentar as tropas de Roma. Depois de alguns momentos de vacilação, Julio Cesar resolveu proceder à travessia, pronunciando antes a célebre frase “Alea jacta est”, “a sorte está lançada”, pois tinha em conta que tal decisão não podia ser revogada. É justamente esse desafio que se coloca e se colocaram para uma fração de intelectuais como Michael Löwy, Isaac Deutscher, Pierre Broué, Daniel Bensaïd e uns poucos outros. Eles até chegam à beira do Rubicão, entretanto são tomados de súbito medo em atravessá-lo, em romper particularmente com as postulações trotskistas e assumir que foi no X Congresso do Partido Comunista russo onde se deram as bases teóricas para que sobre elas fosse erigido o stalinismo, a partir das resoluções tomadas naquele conclave, resoluções essas patrocinada pelos grandes líderes da Revolução Russa, Leon Trotsky e Vladimir Lênin.
            Esses intelectuais não têm ou não tiveram, a coragem de dizer que o rei está nú. Mas, de onde vem tamanho medo de transpor o Rubicão? Esses senhores desfrutam de uma legião de seguidores que, beatamente, seguem as equivocadas análises sobre a Revolução Russa, seja ela a do stalinismo ortodoxo, seja ela respaldada na obra de Leon Trotsky. Assim sendo, têm eles o medo de perder o status de intelectuais festejados e até bem aceitos por algumas instituições burguesas como são as academias, em regra geral.
             Esse fato, essa covardia intelectual, política e, as vezes, moral, redunda em severos prejuízos para a causa socialista, uma vez que são eles, referências, acalentadas até por setores da esquerda que se julgam mais avançados. É patente e lamentável o fato de, a rigor, inexistir pessoas com cabedal intelectual, capazes de assumir a tarefa de colocar de lado a abordagem que tem sido feita da Revolução Russa, tanto como já dissemos, pelo stalinismo ortodoxo que se prende a louvações infundadas ou a versão idealista do trotskismo que, se negou e se nega, a romper com as resoluções do X Congresso do Partido Comunista russo.
            É claro que devemos render homenagens aos esforços feitos por intelectuais da estirpe de Isaac Deutscher, em lançar luz sobre o episódio da Revolução Russa , mas não devemos deixar de entender os profundos limites de suas obras. Primeiro, ele circula em torno de uma admiração profunda pela figura de Leon Trotsky e isso o impede de enxergar o caráter idealista de suas análises e de seus posicionamentos em relação ao processo dado na URSS. Deutscher não enxergou que o segundo Trotsky renegou o primeiro Trotsky de antes de 1917.
            Sentimos também em Daniel Bensaïd a sua chegada as margens do Rubicão, ao ponto de lhe molhar os pés, entretanto, faltou-lhe a clareza e a coragem de pronunciar a velha frase atribuída a Julio Cesar: “a sorte está lançada”, e assim ter promovido a travessia.          Não sabemos se por livre escolha, mas a verdade é que esses senhores preferiram manter a condição de intelectuais festejados e manterem os dogmas do stalinismo-trotskismo, e isso é muito penoso, desde que pagamos e continuamos a pagar um alto tributo social como decorrência da acachapante vitória da contrarrevolução que teve o dom de transformar gigantes em pigmeus.

                                                                                 
*é presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos- CAEP

segunda-feira, 18 de março de 2013

O RÓTULO E O CONTEÚDO




      É necessário entender que existe uma enorme diferença entre rótulo e conteúdo, ou seja, entre a forma e a essência de cada coisa. Dado a nossa cultura capenga, somos levados a considerar as diferenças de forma, e não dispensamos maior atenção à essência.
     Tomemos, como exemplo uma situação bastante chocante. Pensemos numa garrafa, cujo conteúdo, seja veneno, e o rótulo seja leite. Caso consideremos apenas o rótulo, estaremos tentados a ingerir o veneno, imaginando ingerir o leite. Isso seria um verdadeiro desastre. Somos propensos, entretanto, a comprar “gato por lebre”. Para evitar tantos enganos, devemos ser capazes de fazer a distinção entre a forma e o conteúdo, como já foi dito.
     Reflitamos sobre uma questão bastante grave. O velho Partido Comunista russo, desfigurou-se e tornou-se, sob a regência de Joseph Stalin, um partido descaracterizado. Através da Terceira Internacional Comunista, os partidos sob essa denominação, espalhados pelo mundo, causaram uma imensa confusão política. Pensava-se que o rótulo comunista correspondia ao seu conteúdo e isso era, e é, um tremendo engano. Os partidos comunistas, de perfil stalinista, tornaram-se a mais terrível negação de uma política de conteúdo anticapitalista, como deveriam ser os partidos comunistas. Essa trágica ocorrência política, está muito próximo daquele exemplo que fizemos uso, qual seja: uma determinada garrafa, cujo conteúdo seria veneno e o rótulo seria leite. Dessa maneira, uma legião imensa de bravos e honrados lutadores, espalhados pelo mundo a fora tomaram e tomam, doses cavalares do veneno stalinista, imaginando que estavam e estão tomando o ‘’leite” do socialismo cientifico, regendo-se pelos dogmas da Academia de Ciências da URSS.
     Assim é que, vários partidos, sob a denominação de comunistas e socialistas, levaram e levam avante políticas de conteúdo estritamente social-patriota ou nacional-reformista, negando, criminosamente, os verdadeiros princípios do socialismo revolucionário. 

sexta-feira, 15 de março de 2013

Seca no Ceará



            A essência, a alma do capitalismo é a busca incessante e voraz do lucro para uns poucos. Não está esse sistema socioeconômico voltado para a construção do bem estar social. Gritante é o caso das regiões do semi-árido nordestino, especialmente do Ceará, assaltado, periodicamente, por episódios cruéis de estiagem.
            Anos passados foi criado o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca – DNOCS, que não conseguiu contornar o problema, muito menos resolvê-lo. Para além da construção de alguns reservatórios d’água(açudes) e a criação de poucos núcleos de perímetros irrigados, esse departamento tem servido sim, como moeda de troca no cenário político, uma vez que se presta às barganhas do governo com os partidos fisiológicos, em especial o PMDB, íntimo parceiro do PT.
            O cenário interiorano no Estado do Ceará é lastimável, ou seja, é de “cortar coração” no dizer do humilde povo cearense. O rebanho bovino é dizimado pela fome e tende a se agravar ainda mais com a sede. Algumas cidades estão prestes a sofrer o colapso no abastecimento d’água potável para o consumo da população. Enquanto isso, os partidos políticos, regra geral, comportam-se como se a seca não existisse. Logo eles, que não se cansam de se colocarem como representantes do povo e guardiões do seu bem estar. Vê-se que isso é uma falácia, uma deslavada mentira, pois essas agremiações, por sua maioria, ficam contidas nos estreitos limites das sucessivas disputas institucionais e se negam, como deveríamos esperar de algumas delas, a uma postura clara e corajosa de denúncia pelos descasos e pela insensibilidade verificada através de seus comportamentos, diante do trágico quadro.
            É a seca um fenômeno puramente climático no seu desdobramento e nas suas consequências sociais? Cremos que não, sem desconhecer o papel que a natureza joga, devemos estar atentos para o inequívoco fato de que a seca é, nos seus efeitos, uma questão de natureza política e social e, por esse prisma, é que deve ser tratada.

quarta-feira, 13 de março de 2013

NÃO GANHOU, COMPROU!




            O PT levanta o discurso de que são senhores de um projeto socioeconômico para o Brasil, no entanto, esse projeto não está explicitado em lugar algum. O mais curioso é que, para a concepção desse pretendido projeto, o PT estabeleceu estapafúrdias alianças. Primeiro foi a aliança capital e trabalho, representada pela chapa Lula e José Alencar. Essa aliança foi construída através do desembolso da cifra de dez milhões de reais, paga pelo petismo.
            Nesse contexto, uma parte desse binômio, capital e trabalho, haveria de se impor e o que se observou foi o fato de que, os interesses do capital se sobrepujaram a um pretenso interesse do trabalho, pois o governo Lula deu demonstrações de que seria fiel aos termos de sua “Carta ao Povo Brasileiro”, quando afirmou que não se insurgiria contra as postulações dos interesses do capitalismo. Como testemunho de sua fidelidade, aos interesses do capital, Lula nomeou o banqueiro, Henrique Meireles para presidência do Banco Central e, manteve as linhas mestras do Plano Real. 
            Perseguindo a implementação de um suposto projeto, o comando petista não hesitou em estabelecer espúrias alianças com o fisiologismo político, representado por odientas figuras do cenário nacional. Levou a cabo uma processo de cooptação parlamentar, através do mensalão e, ainda buscando realizar esse misterioso projeto, o então presidente Lula, aproveitando um momento mais favorável da economia, agrupou os programas sociais do governo FHC, no batizado “Bolsa Família”.
            Assim, o PT não ganhou apoio parlamentar para o “seu projeto” e nem tampouco envolveu a massa dos miseráveis, em torno de propostas. Tanto num caso como no outro, observou-se a compra feita de modo clandestino (o mensalão) ou de forma oficial, através do já citado Bolsa Família, que ele soube converter em um imenso colégio eleitoral.
            Não conhecemos, pois na verdade, não existe, nenhum projeto petista de caráter socioeconômico, o que se viu, foi uma postura de trocar os seus serviços, em prol da sustentação do capitalismo, por benesses e mesmo por fartas contribuições dadas pela burguesia, principalmente os empreiteiros, nas suas campanhas eleitorais. Além disso, o PT tem vínculo estreito com vários escândalos, como são, o mensalão, Santo André, Campinas, a Máfia das Ambulâncias, o BNB e outros episódios. Esses fatos, sim, é que retratam a verdadeira natureza do petismo que, se outrora foi motivo de esperanças, hoje é motivo de lamentos.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Senador da CIA?




            É deveras chocante a atitude assumida pelo senhor embaixador de Cuba, no Brasil. Diante de algumas críticas feitas ao Estado policial cubano, pelo senador Suplicy, esse senhor dirigiu-se, raivosamente, à direção nacional do PT, exigindo que fossem tomadas medidas disciplinares contra esse senador, afirmando que ele estava a serviço da CIA.
            Na abordagem que fez ao PT, o representante cubano ameaçou: “caso não sejam tomadas medidas contra o senador, Cuba poderia rever suas relações com o petismo”. Isso, para além da insolência, caracteriza muito bem a conduta de intolerância absoluta com qualquer posição crítica.             Foi justamente essa falta de liberdade política em Cuba, “castrando” o livre debate, que não permitiu surgir novas gerações politicamente formadas e à altura do momento histórico que vivemos.
            A falta do livre debate, o trato policial dispensado aos dissidentes, gerou o mais absoluto monolitismo e como produto disso, o que se vê é aquele país ser comandado, única e exclusivamente, por dois anciãos, e não é isso o que devíamos esperar de um pretendido movimento socialista.
            Feitas essas considerações, temos a dizer que conhecemos o senador Eduardo Suplicy, desde a fundação do PT. Tivemos, por ocasião de sua visita à nossa casa, a oportunidade de discutir várias questões políticas. A partir desse contato, demo-nos conta de que o citado senador, era uma pessoa dotada da mais profunda honestidade e boa fé. Deixava patente a sua falta de substância no quesito marxismo, ou melhor, no quesito socialismo científico. Deixava patente também, o seu alto grau de ingenuidade, despido pois da malícia necessária para nos defendermos das armadilhas que nos são postas, tanto pela burguesia, como pelos segmentos de esquerda, de matriz stalinista.
            Causa horror, portanto, esse expediente de truculência, levado a cabo, tanto pelo aludido embaixador cubano, tanto por militantes possuídos de histerismo raivoso, em assacar contra Suplicy, acusações descabidas e completamente injustas.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Os “órfãos” de Chávez




            É natural que a esquerda direitosa, de conteúdo nacional-reformista ou social-patriota, esteja se sentindo um tanto órfã diante da morte do Cel. Hugo Chávez, afinal, essa esquerda, indigente, anda sem referências políticas, qual naufrago, agarra-se a tábuas que lhes parecem seguras.
            Era Chávez, combativo? Sim! Era ele um palanqueiro? Sim! Entretanto, não devemos esquecer que uma das suas características era ser midiático e corajoso. Entretanto, o seu perfil político era o antiamericanismo e não levantava a voz contra o capitalismo. Nada dizia que desaprovasse o imperialismo inglês, francês, alemão, italiano, belga ou japonês. Em decorrência disso, ele procurava fazer alianças com o fascismo iraniano e sírio. Era justamente o seu antiamericanismo que fazia convergir para ele, toda uma esquerda mal informada e prostrada diante da hegemonia política da burguesia imperialista.
            O povo pobre da Venezuela está em prantos diante da morte de Chávez, pois via nele a figura paterna que usando o dinheiro do petróleo, promovia um trabalho de ações sociais, mitigando o sofrimento daquela gente. Essa conduta paternalista, vamos encontrar, em Getúlio Vargas, que se converteu em ídolo das classes trabalhadoras brasileira disposta a identificá-lo como “pai dos pobres”, quando na verdade era “mãe dos ricos”.
            Em uma escala maior, tivemos na Argentina, a figura populista, de Juan Perón e sua mulher, Evita, cujos discursos eram dirigidos aos descamisados, aos despossuídos. Ora, não se faz triunfar a causa da justiça social através de governos. A transformação social, dar-se-á, apenas por via das massas populares insurgidas. Não se presta bons serviços à causa da igualdade social, alimentando ilusões e fantasias. Temos que ter bem claro, que a luta pela emancipação humana, deve partir do princípio mater de que é o capitalismo o nosso inimigo e nunca, particularizá-lo de forma tão reducionista, como é o antiamericanismo.
            O antiamericanismo incorre no grave erro de não perceber que o imperialismo é produto do desenvolvimento capitalista. Assim sendo, é no anticapitalismo que está a luta consequente contra o imperialismo, e é por essa razão que insistimos em dizer: ser antiamericano não é ser anticapitalista, vide os casos do Talibã, do Irã, da Síria e do fundamentalismo islâmico de caráter fascista.
            Que mereça Hugo Chávez, as nossas reverências pelo que ele foi, tudo bem! Mas não podemos acatar os seus limites políticos, quando se colocava como adepto de um socialismo que se apoiaria em uma distorcida combinação de Marx com Jesus. Muito menos devemos aceitar a sua confusa ideia de um socialismo, do séc. XXI. Um socialismo bolivariano, cujo o guia exemplar seria o herói da luta anticolonial Simón Bolívar.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Hora dos Répteis




            Na História, dão-se vários momentos. Momentos de ascendência revolucionária, ocasião em que se projetam verdadeiros gigantes. Na Revolução Francesa, por exemplo, projetaram-se figuras da estirpe de um Robespierre, assim como Danton, Marat, Saint Just e alguns outros para, por fim permitir a ascensão de um Napoleão, gênio das artes militares e da política necessária à época. O processo revolucionário, na Rússia, revelou a existência de uma legião de gigantes, cuja lista pode ser encabeçada por Lênin, Trótsky, Kollantai, Radek, Bukarin, Preobrajenski e alguns outros.
            Enquanto os momentos de ascensão se prestam a revelar gigantes, os momentos de descenso, sobretudo naqueles em que triunfa a contrarrevolução e se estabelecem Estados de Exceção, dá-se outro fenômeno, qual seja a hora dos répteis, dos rastejantes, reles delatores, perigosamente peçonhentos.
            A revolução socialista, derrotada em escala mundial, causou o surgimento de um triste fenômeno histórico que passou a ser tratado como stalinismo. Em função da vitória da contrarrevolução, em escala mundial, deu-se a existência de uma gama incontável de míseros répteis, que se prestaram à triste tarefa de sepultar o socialismo, apunhalando pelas costas, os movimentos revolucionários que brotavam em diversos pontos do mundo, decorrentes das próprias contradições do capitalismo.
            Por conta dessa conduta contrarrevolucionária, que se espraiou mundo a fora, temos hoje um desolador quadro de profunda derrota e até podemos dizer que hoje, vivemos o momento mais agudo do descenso do movimento socialista, e diante desse quadro, torna-se propício que brotem um sem número de répteis, abrigados indevidamente em rótulos do tipo de comunistas e socialistas.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Não se conformam!




            Na imensa galeria de cretinices políticas, ostentada pelo esquerdório, de feição direitosa, encontra-se o infundado discurso de que a “elite” não se conforma em ver um metalúrgico na Presidência da República. Não dizem esses senhores, quem seria essa elite. Os banqueiros, por exemplo, nunca auferiram tantos lucros, quanto nos governos Lula e Dilma.
            Poderiam eles, os banqueiros, estar descontentes com o desempenho político do ex-metalúrgico, que além dos lucros, garantiu a paz social para que eles pudessem navegar lépidos e fagueiros? Seriam os detentores do agronegócio, portadores de insatisfação com o petismo, quando têm grandes ganhos, sem ser atormentados? Seriam os pecuaristas, grandes exportadores, os insatisfeitos? Ou se fala da burguesia industrial, que promove resmungos diante do seu pífio crescimento, mas que está disposta a agradecer os incentivos fiscais?Afinal, de que “elite” estão tratando? Não é curioso que essa dita elite, encha as burras de ouro do petismo, nas suas ricas campanhas eleitorais?
            Esses questionamentos precisam ser respondidos e eles põem por terra a cretinice em se afirmar que, as ditas elites, não se conformam com a presença de um ex-metalúrgico na Presidência. Por seu turno, é bom que se diga, que a elite do fisiologismo político, representado por figuras dessa pútrida república, como são Jader Barbalho, José Sarney, Renan Calheiros, Michel Temmer, Romero Jucá, Fernando Collor, Paulo Maluf, e outros, que praticam uma íntima irmandade com o petismo, sem que haja qualquer pudor.
            Ressalte-se a grande balela, que é o presumido projeto petista. O que se tem visto, é o inequívoco fato, de que esse partido descambou para um indisfarçável fisiologismo. Pelos seus serviços prestados às elites, engessando as centrais sindicais e estudantis, o petismo tem tido algumas boas compensações como revela o fato emblemático, do petista, Antonio Palocci, ter acumulado, em quatro anos, a significativa fortuna de vinte milhões de reais. Os exemplos são fartos, demonstrando uma descarada prática fisiológica, isso em níveis federal, estaduais ou municipais, onde eles se fazem presentes. As “elites”, portanto, têm muito a agradecer, e isso ela vem fazendo, embora denuncie os estrangulamentos verificados na infra-estrutura, o que emperra o crescimento capitalista.   

sexta-feira, 1 de março de 2013

Fazer Política




            Quando o sr. José Dirceu ainda não era secretário geral do Partido dos Trabalhadores, entretanto, próximo de Luís Inácio, hospedado em nossa casa dizia: “O PT precisa aprender a fazer política”, e nós concordávamos. Tínhamos em mente a afirmação do revolucionário Vladimir Lênin de que os socialistas precisavam ser políticos tão competentes como eram os políticos da burguesia. Não percebíamos que o Zé Dirceu tinha um outro entendimento, quanto ao fazer política. Para ele, fazer política era alinhavar alianças esdrúxulas com o que existia de mais podre na política brasileira.
            Foi imbuído desse conceito, que Dirceu patrocinou a elaboração da “Carta ao Povo Brasileiro”, instrumento pelo qual, assegurava ao capitalismo, que o PT seria um guardião zeloso dos interesses do sistema. Moto-contínuo, ele foi a procura do “capitão de indústria”, o sr. José Alencar e propôs que ele figurasse como candidato a vice presidência na chapa lulista.O assentimento de José Alencar em compor a citada chapa, custou ao PT, o desembolso da astronômica importância, para um partido dito dos trabalhadores, de dez milhões de reais.E assim, o fazer política do citado cidadão, revelou a opção pelo carreirismo fisiológico e transformou o PT em uma agremiação a serviço do capitalismo.
            Eleito presidente, Lula procurou cumprir as promessas feitas ao grande capital. Após uma audiência, com o então presidente dos EUA, George Bush, anunciou que seria presidente do Banco Central, uma figura da confiança dos grandes capitalistas. Anunciou que o banqueiro Henrique Meireles, assumiria essa função e essa atitude dava tranquilidade ao sistema.
            Lula respeitou os mandamentos do Plano Real e implementou uma política assistencialista, para depois convertê-la em apoio popular aos seus propósitos eleitorais. Ao mesmo tempo, ele, tendo como íntimo colaborador, o seu ministro da Casa Civil, José Dirceu, levou a cabo, um bem sucedido trabalho de cooptação e engessamento das centrais sindicais e estudantis, e não bastasse, o seu “fazer política”, tomou o caminho da cooptação de partidos e líderes parlamentares, em nome da governabilidade, praticando distribuição de propinas, que veio a lume através do escândalo do mensalão. Esse era o fazer político que Dirceu prometia pôr em prática. .