sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Um prato de lentilha

Marx e Engels, no Manifesto Comunista, referem-se ao lumpem-proletário, camada social hoje chamada de “os excluídos”, como o segmento que, dado seu estado de indigência e de desespero, estaria disposto a se vender por um prato de lentilha. Foi justamente nesse extrato social que o partido nazista de Hitler foi recrutar os seus militantes para armá-los e adestrá-los no ofício de praticar assassinatos, promover pancadarias, dissolver manifestações políticas da classe operária, impor o terror a serviço da extrema direita. Esses agrupamentos paramilitares nazistas eram mantidos pelos capitalistas alemães que temiam um possível avanço das forças socialistas.

Diante do quadro de crise econômica e social existente naquele país e usando dos mais reprováveis métodos de ação, o nazismo conseguiu chegar ao governo e logo após ao poder, através do processo eleitoral que foi seguido de um golpe com o incêndio do parlamento, o Reichstag. Estava assim implantada a mais exacerbada forma de contra-revolução, e ela haveria de tentar estender os seus tentáculos por toda a Europa e daí, para o mundo.

Não foi somente nesse episódio político que a massa lumpesina foi utilizada para fins políticos e, de uma forma ou de outra, sempre em favor dos interesses do capitalismo. Aqui no Brasil, não se deu a exploração dos excluídos para fins políticos, pela extrema direita. Não. Aqui, como na Argentina de Juan Perón e seus “descamisados”, tivemos a utilização do lumpem-proletário, pelo populismo, através do Bolsa Família, a um custo razoável, tomando-se como referência as grandes cifras que representam os lucros da burguesia. Construiu-se, então, um reduto eleitoral capaz de tornar vitorioso o populismo, como testemunham a recente disputa eleitoral e os altos índices de aprovação do governo Lula.

Tem-se, assim, numa ponta, um povo alegre gozando a “felicidade dos inocentes”. Na outra ponta, mais alegre e consciente, está a burguesia que “nunca antes, na história deste país” gozou de tanta tranquilidade e fartos lucros.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Deus, um ser contrariado

A considerar a Bíblia expressão da verdade, haveremos de nos dar conta de que Deus é um ser contrariado. Bem antes de existir a vida material, quando tudo era vida espiritual, no sacrossanto céu, deu-se um processo conspirativo que culminou com a rebelião de milhares de anjos capitaneados pelo anjo Lúcifer. Segundo a Bíblia, essa rebelião teve como motivação a inveja. É estranho que em um lugar tão puro como o céu, tenha florescido o sentimento da inveja. Esse evento deve ter deixado o nosso Deus bastante contrariado e uma dúvida se coloca: será que ele foi surpreendido? E se foi, onde fica a sua onisciência?
Deixemos esse episódio para trás e nos reportemos a outro momento de suma importância. Por razões desconhecidas, Deus se propôs a criar o mundo material e, a partir daí, criar o homem a sua imagem e semelhança, que deveria viver no Paraíso livre de todo sofrimento, bastando não proceder a nenhuma desobediência. Isso não ocorreu e o homem, Adão, enveredou pelo pecado e, mais uma vez Deus foi contrariado.
Não bastassem tais desconfortos, num pequeno lapso de tempo veio outra maldição, Caim matou o seu irmão Abel para o profundo pesar de Deus. Com o correr do tempo, a humanidade descambou para a completa perversão cujas expressões foram as libertinagens de Sodoma e Gomorra. Entristecido, o nosso bom Deus resolveu promover um ato de limpeza e mergulhou a humanidade no afogamento, salvando-se apenas Noé e seus familiares.
Seria um recomeço, porém, as maldições continuaram se repetindo. Foi aí, que Deus resolveu lançar mão de uma medida mais extrema e mandou o seu próprio filho feito homem, Jesus, vir a terra para salvar a humanidade dos seus descaminhos. Ocorreu, para o seu pesar, que o seu filho feito homem, foi lançado ao cárcere, julgado e condenado a crucificação antecedida por violentas torturas. Passaram-se mais de dois mil anos e, nesse período, não se efetivou a vontade de Deus, prosperou o crime, a devassidão, a torpeza, e isso, com certeza, contraria a vontade de Deus.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

A capitulação pela semântica

A esquerda majoritária há muito abandonou o socialismo. Trocou o princípio do antagonismo de classes pelo discurso social-patriota, imposto pela burguesia à Segunda Internacional. Isso a levou a abandonar o caminho da insurreição socialista para assumir-se como defensora da pátria.
Por ironia da história, a Terceira Internacional, criada pelos bolcheviques, após o triunfo de 1917, para combater o social-patriotismo da Internacional anterior, terminou, após a derrota da Revolução Mundial e a consolidação do stalinismo, convertendo-se num novo antro do social-patriotismo.
O princípio da contradição capital/trabalho, burguesia/proletariado, foi substituído pela contradição “nação opressora versus nação oprimida” e, sob essa bandeira, a esquerda convencional, produziu agrupamentos patrióticos esquecendo-se da singela lição de que “o proletariado não tem pátria”.
Essa distorção fez surgir uma esquerda acentuadamente direitosa. Depois da queda do Muro de Berlim, ela que se apoiava no fraudulento discurso da existência de dois mundos, o mundo capitalista e o mundo socialista, convivendo pacificamente, ficou sem discurso. A partir daí, ela mergulhou totalmente no rumo da capitulação e aderiu aos truques semânticos patrocinados pela burguesia.
Não fala mais, a esquerda direitosa, em burguesia, prefere vociferar contra as elites, que é um vocábulo politicamente impreciso. Ao invés de capitalismo que expressa o conceito de um sistema de classes, prefere, até com certo pedantismo, falar em capital, que é apenas parte desse sistema e, portanto, insuficientemente claro aos olhos e ouvidos dos trabalhadores. Outra expressão sofisticada, longe do alcance dos trabalhadores é contra-hegemonia, que objetiva dizer, contra o poder da “elite”.
Para maior pesar, essa esquerda procura se abastecer no velho discurso burguês dos iluministas do século XVIII, lançando mão da expressão “república” e mais abusivamente ainda, lançando mão da palavra “cidadania”, como forma de diluir o caráter de classe da socied

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Vale a pena comentar

Vale a pena comentar

Neste blog foi feito um comentário por FCF. As suas colocações trazem muitas revelações. A primeira delas é que FCF compõe uma das seitas trotskistas existentes. Fiel às máximas: “somos o povo eleito de Deus e só em nós está a salvação” ou “quem não está comigo está contra mim”, ele propõe a excludência.
O PSTU deve ir para o lixo por ser centrista e eleitoreiro. O PCO, deve ter destino semelhante, pois é “exististas revisionistas” (Sic). O PCB representa o stalinismo decrépito e deve ser varrido. Do Plínio Sampaio, ele afirma se tratar de “um reformista abstrato” e não deu para entender.
Lula recebe o carimbo de caudilho e reformismo. Ora, ele não é um reformista no sentido bernistaniano, ou seja, gradualista. Não. Lula que inicialmente tinha a sensibilidade e a intuição de classe, deu as costas aos interesses históricos dos trabalhadores. Tornou-se um quadro a serviço do capitalismo.
Entre as incorreções conceituais de FCF, destaca-se a de que um partido institucional é, necessariamente, um partido da ordem. Na conjuntura atual, partido ou partidos, podem ter uma posição anticapitalista, e disputar as eleições, dentro do espírito tático aclamado por Lênin em seu livro “Esquerdismo, doença infantil do comunismo”.
Por último FCF atropela o conceito do papel do individuo na história, quando faz alusão à oligarquia Sarney, isentando-a de maior responsabilidade pela miséria do povo maranhense, atribuindo-a somente ao sistema sem considerar as diferentes gradações.
Outra desastrosa postura, é não saber fazer diferenças, coisa elementar no processo de aprendizado. Distinguir o duro do mole; o quente do frio; o longe do perto, é condição primária. Discriminar, estabelecer diferenças, é imposição mínima para saber explorar as contradições do próprio sistema capitalista. Não enxergar a diferença entre o ideológico e o fisiológico, corresponde a não enxergar diferenças políticas entre o Estado burguês de exceção (ditadura) e o Estado democrático burguês e isso é um testemunho da cegueira política.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Eleger um poste?

Há muito tempo, o PT entrou num processo de en-direitamento. Não existe na História, um só caso, em que um partido de inspiração socialista que tenha sido inoculado pelos germes da ideologia e da política burguesa e, assim, capitulado, tenha depois se regenerado. Os exemplos são fartos e gritantes e não haveria de ser o PT, no Brasil, uma exceção.
Mesmo assim, alguns agrupamentos organizados no seio desse partido, procuravam resistir ao en-deireitamento, colocando-se numa posição à esquerda. Dentre esses agrupamentos, ressalte-se a chamada Democracia Socialista – DS, da qual fazia e faz parte a companheira Luizianne Lins. Por essa razão, é que em 2004, quando ela se colocou como candidata a prefeita de Fortaleza, confrontando a ala direitista do PT, nós recebemos como boa notícia a vitória do seu pleito na convenção.
A direita do PT não acatou a decisão da maioria e estabeleceu uma “aliança branca” em torno da candidatura a prefeito de Inácio Arruda. Quanto a nós, envidamos esforços para que Luizianne Lins, pelo que ela representava, lograsse a vitória. Vitoriosa, ela e a sua facção, a DS, revelaram o seu perfil pragmático e mandaram às favas o seu passado de militante à esquerda, para se tornarem gestores da desigualdade capitalista e, para tanto, cooptaram uma legião de ex-militantes socialistas, que se converteram em agentes do Estado, posição essa que casa com o direitismo a que chegou o PT, quando assumiu o discurso de que seria um gerente confiável do sistema capitalista.
Mentora de uma gestão cuja eficácia é bastante criticada, Luizianne Lins tem praticado uma política que busca explorar o atraso e as ilusões populares, promovendo grandes Festas-show e se preparando para transformar Fortaleza num canteiro de obras, como fez o seu antecessor, Juraci Magalhães. Apostando nesse tipo de política, Luizianne Lins, numa atitude desrespeitosa, veio a público e disse: “em 2012 haverei de eleger o meu sucessor, mesmo que seja um poste sem luz”. Resta-nos reagir diante de tamanho despropósito.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Qual oligarquia?

Lula, o eterno palanqueiro, caracteriza-se pela leviandade, a demagogia e as frases de efeito. Não é próprio do palanqueiro maiores compromissos com a verdade e, muito menos, com a coerência nas suas falas. Quem tiver olhos e ouvidos atentos, haverá de perceber que Lula pode, muito bem, dizer uma coisa de manhã, outra à tarde, uma hoje, outra amanhã. Ele pratica essa incoerência com deslavado cinismo e competentes gestos teatrais, acompanhados da mais viva eloquência.
Em recente visita sua às terras da Bahia, pronunciou o seguinte discurso: “vejam companheiros, o Jaques Vagner teve de sair do Rio de Janeiro para assestar uma estupenda derrota na oligarquia que predominava a Bahia”. Parece até que o nosso palanqueiro é um lídimo combatente das velhas oligarquias, sejam elas presentes, aqui ou alhures, e isso não é, absolutamente, verdade.
Diz-se que todo mundo é capaz de chutar um cachorro morto, procurando demonstrar com esse ato a sua bravura. O Lula não era tão bravo contra a oligarquia baiana quando era vivo o “coronel” Antonio Carlos Magalhães. Agora, ele estufa o peito e deixa correr livre as suas bravatas. Entretanto, o palanqueiro, que deu as costas aos interesses históricos dos trabalhadores para se transformar em competente quadro político da confiança do capitalismo, se agacha, rasteja, como fazem os répteis, diante da nefasta oligarquia Sarney, responsável pelo grande atraso e miséria que vive o povo do Maranhão.
Diante da oligarquia sarneyzista, Lula impôs o apoio do PT à candidatura da filha do cacique atropelando não só princípios de natureza política como os mais comezinhos princípios morais. Evidencia-se aí, a completa falta de credibilidade nas palavras de Lula e isso se aprofunda nas suas íntimas alianças com o que existe de mais espúrio na política nacional. Não foi com o PMDB ideológico de Ulisses Guimarães e Tancredo que ele estabeleceu aliança e sim, com o PMDB de Sarney, Calheiros, Romero Jucá, Barbalho, Temmer e outros próceres do fisiologismo do qual ele é patrono.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Fazer alguma coisa

Diante da situação angustiante em que vivemos, em decorrência da violência crescente, da degradação dos costumes, da agressão destrutiva e permanente do meio ambiente, da escalada vertiginosa da corrupção e de outras tantas mazelas sociais, é comum ouvir-se dizer: temos que fazer alguma coisa. Esse tipo de sentimento já é bastante louvável, pois o que predomina é o conformismo, a letargia, o não fazer, deixando que a torrente destruidora do capitalismo cumpra a sua sina de inviabilizar a própria vida.
Uma observação, porém, é imprescindível: a necessidade de fazer alguma coisa não implica em procurar fazer qualquer coisa. É preciso tentar fazer a coisa certa, obedecendo a máxima caepista de que “fazer é importante, mas saber fazer é fundamental”.
Quando não se tem conhecimento abalizado da causa dos infortúnios sociais, somos levados a buscar combater os efeitos, descurando do essencial, que é combater a causa e isso é, além de um desperdício de esforços, uma atitude sem consequências.
Vejamos como é tratada a questão dos jovens mergulhados no uso das drogas. Aqui, cria-se um grupo de orações com o intuito de salvar dúzia e meia de jovens do flagelo dos vícios. Ali, cria-se uma equipe de atletas para praticar o esporte sadio e assim salvar outros tantos jovens. Assim, se sucedem as iniciativas que buscam combater as inúmeras chagas sociais. Isso significa fazer alguma coisa, entretanto, é necessário ver que elas são insuficientes, trata-se de medidas de varejo enquanto os problemas sociais se multiplicam no atacado.
Temos, pois, duas grandes tarefas. A primeira delas, é despertar o grande contingente de indiferentes para que se toquem diante da extrema gravidade da situação em que vivemos. A segunda tarefa, é fazer com que aqueles, de boa fé, empenhados em missões salvacionistas combatendo os efeitos, despertem para a necessidade de combater a causa e essa causa tem nome, chama-se capitalismo, e ele reserva e reservará, enquanto subsistir, a produção continuada de malefícios sociais.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Gritante contradição

Voltamos a um discurso que temos feito com insistência. O capitalismo, como sistema socioeconômico, chegou ao auge e se exauriu. Sua sobrevivência tem alto custo social. É a miséria crescente, a violência, a destruição desmedida da natureza e outras tantas aberrações sociais, frutos dos desajustes provocados por um sistema em estado de exaustão.
Desde que o capitalismo chegou à sua fase imperialista, criaram-se as condições objetivas para o advento de uma nova ordem econômica e social, no caso, o socialismo. Em função disso, travou-se uma luta política entre o discurso conservador do capitalismo e o discurso revolucionário do socialismo. Essa luta terminou por conferir ao imperialismo uma grande vitória e, por conseguinte, submeter o socialismo a uma grave derrota, da qual, ainda hoje, não pode se refazer.
A vigência do imperialismo levou o mundo a assistir a duas grandes guerras mundiais, a ascensão nefasta do nazi-fascismo, o massacre de Hiroshima e Nagasaki, a África reduzida a um continente de miséria, e tantas outras tragédias.
A vitória política do imperialismo produziu seu maior crime: produziu esse fenômeno histórico chamado stalinismo que teve o papel de reduzir o socialismo científico a um conjunto de dogmas e sob a bandeira do “marxismo-leninismo”, empreendeu grandes horrores, como: o terror vermelho na URSS, os desmandos maoístas na China, o genocídio no Cambodja e, crime maior, o sepultamento, quase completo, da teoria revolucionária transformando-a em credo desfigurado e imprestável, para responder as necessidades históricas que se impõem.
A gritante contradição histórica é que, enquanto o capitalismo “estoura pelas costuras” com suas incontáveis crises econômicas e sociais, também, vergonhosamente, desfruta de uma hegemonia nunca dantes imaginada.
Não existe nenhum movimento anticapitalista que mereça alusão. Enquanto isso, a esquerda, por sua maioria esmagadora, ficou restrita ao antiamericanismo e refugiou-se nas academias sem perceber, serem elas, aparelhos ideológicos e políticos da burguesia.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A fome

Eis um problema mais antigo do que o próprio homem, pois dela padeciam os seus ancestrais. Outrora não havia condições materiais para resolver esse problema. Os atrasos científicos e tecnológicos não permitiam a sua solução. Com o advento do capitalismo e sua evolução para o imperialismo, deu-se um vertiginoso desenvolvimento das forças produtivas, e a fome deixou de ser um problema de ordem técnica para se tornar uma questão de caráter exclusivamente político, uma vez que hoje ela poderia ser abolida da face da terra num piscar de olhos. Isso não acontece em função de subsistir o sistema capitalista.
Existem, basicamente, duas maneiras de encarar esse problema. A primeira é a forma milenar com que as religiões o tratam. Ela se resume em buscar mitigar a dor dos famintos através de campanhas de caridade. Dizendo melhor: existe a política humanitária de buscar administrar a pobreza e a miséria procurando torná-las menos cruéis, administrando políticas assistencialistas.
A segunda corrente, os socialistas, ao invés de buscarem administrar essas mazelas, buscam erradicá-las atacando a causa e não se limitando a tratar dos efeitos. Vê-se que existe uma diferença substancial entre a primeira e a segunda corrente de pensamento.
É evidente que, “quem em fome tem pressa”. Aliás, o imperialismo, através de suas intuições, socorre as massas famélicas da África, da Ásia ou mesmo das Américas, com suas “ajudas humanitárias”.
Também registramos ações de pessoas que devotaram suas vidas em assistir os necessitados, como a Madre Tereza, de Calcutá e a irmão Dulce, da Bahia, tão reverenciadas pelo capitalismo. Outros, pela via da caridade lograram um lugar vitalício no reino dos céus. Entretanto, nem a fome, nem a sua causa presente, o capitalismo experimentaram qualquer tipo de recuo à conclusão de que não basta combater os efeitos, e sim, dispensar atenção à sua causa. Aí está colocada nossa posição me relação ao problema sem, contudo, desconhecer a evidencia de que “quem tem fome tem pressa.”

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Tariq Ali

Havia lido desse escritor duas brilhantes obras: Redenção e Medo de Espelhos. Surgiu a oportunidade de ouvi-lo à viva voz e o fiz. Fiquei desapontado. Como a maioria da esquerda, de matriz stalinista, o palestrante colocou de lado a existência de classes e camadas sociais, e procurou trabalhar países como categoria política, dentro do binômio: nações opressoras versus nações oprimidas.
Partindo dessa distorção que se contrapõe ao princípio marxista do antagonismo capital-trabalho, veio a abordagem corriqueira de que temos como único inimigo o imperialismo ianque. Não se percebe que o anti-americanismo não implica em se ser anticapitalista. O sentimento antiamericano leva muitas pessoas, entre elas o palestrante, a ver forças fascistas como o Talibã, a Síria e, especialmente o Irã, com disfarçada simpatia, e isso é um absurdo.
Não bastasse tão preocupante desvio, Tariq Ali abordou a questão da democracia abstraindo o seu caráter de classe, esquecendo o que dizia Vladimir Lênin: “a mais avançada democracia burguesa não deixará de ser a ditadura do capital sobre o trabalho”. É preciso lembrar que o poder burguês é exercido pelo Estado sob duas formas: o Estado de exceção, que costumeiramente chamamos de ditadura, e o Estado de direito em que se pratica o poder do capital com plena aquiescência das massas populares mal informadas.
Em razão desses fatos, fomos tomados de um profundo pesar, ao constatar que figuras do estofo intelectual e político de Tariq Ali, andem enredadas em tantos e graves equívocos como soe acontecer com a esquerda, de modo geral. Essa esquerda, de viés direitoso, não se dá conta que o inimigo principal é o capitalismo e ele não se circunscreve a nenhuma fronteira. É claro que os ianques jogam o papel de polícia mundial em defesa desse sistema e por essa razão despertam a desaprovação e a impopularidade pelo mundo afora e para isso contou com o inestimável trabalho político levado a cabo pela esquerda de matriz stalinista, estimulando um nefasto nacionalismo. É lamentável.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A queda do “Império”

Há um repúdio geral ao imperialismo ianque. Muitas manifestações em todo o mundo terminam com a queima da bandeira norte americana. Muitos torcem pela queda do “Império”. Seria, porém, essa queda o necessário advento do socialismo? Absolutamente não!
Queremos o fim do capitalismo, entretanto, não é sensato querer que isso aconteça por razão única de suas contradições. Isso poderá redundar no fim da própria raça humana. Queremos a superação do capitalismo por uma nova ordem econômica e social. Mas isso não é uma decorrência natural, uma fatalidade, “coisa tão certa como o nascer do sol”, como diziam os velhos “marxistas-leninistas” formadas na malfada escola do stalinismo.
O socialismo é, tão somente, uma probabilidade que, para se tornar realidade, necessita de força política para se impor. A simples queda do capitalismo em função de suas insanáveis contradições não é o que interessa à humanidade. Não é, assim, qualquer oposição ao imperialismo que nos interessará, muito menos uma oposição levada a cabo pelo fundamentalismo teocrático de Osama Bin Laden, da Síria, ou do Irã.
Por outro lado, não é verdade que o capitalismo possa ruir a partir de movimentos revolucionários circunscritos à periferia do sistema. A história nos ensina que revoluções de caráter socialista empreendidas na periferia do capitalismo foram por ele absorvidas. Uma possível vitória do socialismo terá que passar, necessariamente pela 5ª Avenida (USA), pelo Arco do Triunfo (França) e pela torre do Big Beng (Inglaterra), caso contrário, as vitórias se converterão, como ocorreu, em derrotas.
Repitamos: o socialismo só será vitorioso se dispuser de força política para sê-lo. Nada adianta ficarmos querendo ver o desmoronamento desse sistema exaurido pelas telinhas de nossas televisões, torcendo alegremente, diante de sucessivos episódios que lhe causem constrangimentos ou mesmo derrotas circunstanciais. Isso é o varejo. No atacado o sistema permanece e tende a se manter até que suas contradições o destruam.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

“A fome tem pressa”

É claro que quem tem fome tem pressa. Ninguém de bom senso pode desmentir. Foi partindo daí que o inesquecível Betinho conclamou a todos para a formação de Comitês da Cidadania, cujo objetivo seria acudir os milhões de famintos do Brasil. Setores classe da média, tocados por esse apelo, formaram comitês e se lançaram na tarefa de colher donativos que deveriam chegar para os famintos.
Sob o argumento de que, “quem tem fome tem pressa”, estava embutida uma proposta nada interessante. Propunha-se a suspensão da atividade política, para nos lançarmos em socorro assistencialista de combate a fome. É sensato, porém, que diante de um problema que nos incomode, busquemos a causa. Tentar combater a fome sem buscar erradicar a causa e demover os fatores que a produz, é um caminho fadado ao insucesso.
Ora, sabemos que a fome, assim como outros problemas sociais, tem como causa a vigência de um capitalismo exaurido, cuja alma é a busca de lucro para uns poucos. Sendo assim, deve ser prioridade para os que querem erradicar as mazelas sociais, dar duro combate ao sistema socioeconômico que produz essas mazelas, o Betinho, na sua santa ingenuidade, nos propôs centrar esforços numa política essencialmente assistencialista, dentro da milenar tradição cristã que se caracteriza por administrar a miséria, enquanto nós, socialistas, nos empenhamos em combater a causa e assim erradicá-la.
Os Comitês da Cidadania deram margem para o posterior programa Fome Zero e este desembarcou de malas e bagagens no tão propalado Bolsa Família. Em todos esses momentos, ficou bastante patente que se optou pelo caminho do gerenciamento da miséria ao invés de se buscar a sua erradicação como pretendem os verdadeiros socialistas. Ora, buscar a erradicação da desigualdade e, por conseguinte, da pobreza e da miséria, nos leva a implementar uma política explícita de caráter anticapitalista. Não podemos, nem devemos ludibriar a boa fé de tantos, nos empenhando tão somente em combater os efeitos, e aí reside o ponto central da questão.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Ao companheiro “Sicrano”

Omito o nome do companheiro para evitar qualquer tipo de constrangimento. A verdade é que fui surpreendido pela afirmação de que eu havia declarado ser o Serra melhor do que a Dilma. Isso não é verdade. Trata-se de uma distorção. Escrevi dois artigos: um era “Entre o péssimo e o pior”, e o segundo, “Trágico dilema”. Nenhum dos dois artigos diz que alguém é melhor e sim que os dois seriam péssimos. E isso, é diferente do que estava me sendo atribuído. A esquerda de matriz stalinista tem por hábito recorrer a distorções para desqualificar os que divergem e isso deve ser evitado.
Em segundo lugar, devemos deixar claro que o voto Dilma, Serra ou Nulo, são posições de natureza estritamente tática; não é uma questão de princípio. É muito próprio da esquerda dogmática, fazer confusão entre o que é tático e o que é princípio. O certo é ser inflexível nos princípios e flexível na tática. Entretanto, por desconhecimento ou má fé, inverte-se a questão, flexibiliza-se nos princípios e inflexibiliza-se nas táticas.
A maledicência de certa esquerda torna a vida política, nesse âmbito, próxima do intolerável. Esse comportamento afasta uma legião de pessoas honestas e abriga aqueles que se dispõem ao jogo sujo ao invés do embate limpo. É claro que não me atenho ao companheiro Sicrano, pois conheço muito bem o seu estofo moral, mas isso não impede que pessoas, mesmo honestas, terminem por difundir a maledicência, dando asas para os arrivistas, os insensíveis, os inescrupulosos ou mesmo aos beatos acríticos que não se tocam que as distorções, a calúnia, a má fé são grandes estorvos para uma militância revolucionária.
Repilo a insinuação de que eu tenha considerado uma das duas candidaturas do segundo turno, boa. Repeti exaustivamente, que a disputa se dava entre a direita. Serra, a direita explícita; Dilma, a direita travestida de esquerda. Ambas as candidaturas a serviço da manutenção do capitalismo e, portanto, objeto de generosas contribuições as suas campanhas por parte do grande capital. Devemos repelir o falso dilema: neoliberalismo versus nacional-desenvolvimentismo, pois isso é uma inverdade. As candidaturas eram continuístas do Plano Real de Itamar Franco, FHC e Lula, o resto é fantasia ou má fé.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O ENEM levou bomba

Pela segunda vez consecutiva, o tão bem concebido programa do Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM, levou bomba. Elaborado para avaliar o desempenho do Ensino Médio ele transformado em concurso seletivo para ingresso em instituições de ensino superior. Entretanto, pelo seu gigantismo, uma vez que envolve milhões de candidatos no Brasil inteiro, esse exame vem se mostrando difícil de ser administrado a contento e florescem tropeços e irregularidades.
O ENEM de 2010, apresentou erros na confecção das provas e revelou o despreparo dos fiscais em dirimir as dúvidas suscitadas. Constatados os erros, o Presidente Lula, como emérito palanqueiro, dotado de uma leviandade a toda prova, pronunciou-se: “o ENEM ocorreu com absoluto êxito”. Ora, ou o Presidente não compreende o que significa a palavra “absoluto”, que corresponde a total, ou pouca importância dá a uma questão tão séria, refutando de pronto denúncias tão evidentes. Menos de vinte e quatro horas depois, sua excelência, o Presidente, com o mesmo tom teatral de sempre, próprio dos animadores de auditórios, passou a dizer que, se necessário fosse, se faria um, dois, três... ENEM's.
Não foi somente diante de tão escandaloso episódio que se revelou a completa incompetência do governo. Em muitos casos, de gravidade semelhante ou maior, Lula da Silva deu mostras de sua leviandade e de suas permanentes bravatas.
Para ilustrar o comportamento leviano que chega às raias da irresponsabilidade, citemos o episódio em que o Tribunal de Contas da União – TCU ordenou a suspensão de obras, principalmente do Programa de Aceleração Crescimento – PAC, que apresentavam múltiplas e gritantes irregularidades, e ele, Luis Inácio da Silva, fazendo pouco caso da decisão daquele órgão, ordenou que as obras apontadas como irregulares, continuassem. Por sinal, em vários momentos, o “nosso mandatário maior” revelou pouco apreço pelas chamadas “instituições republicanas”, como foram exemplo as sucessivas punições que lhe aplicou o Tribunal Superior Eleitoral e ele “deu de ombros”.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Mais imposto

A carga tributária no Brasil é tida como extorsiva. Muito tem se falado na urgência em se promover uma ampla reforma tributária que nos leve a pagar menos impostos. Essa tão propalada reforma tem sido permanentemente adiada. Enquanto se paga tantos impostos, os chamados “serviços públicos” tem-se apresentado muito abaixo da crítica. Temos uma escola de péssima qualidade. A saúde pública se arrasta numa profunda crise. A malha viária encontra-se em condições precárias. Os investimentos infra-estruturais estão bem aquém das demandas que o próprio crescimento do capitalismo exige, como são exemplos, os portos e aeroportos, para não se falar da necessidade de investimentos na produção de energia, principalmente as chamadas energias limpas, como são a energia eólica e solar.
Apesar da exorbitante carga tributária e o clamor para que se promova uma diminuição dos impostos, o que estamos assistindo é, mal passadas as eleições, vicejar a proposta de restabelecimento da CPMF, conhecida popularmente como o “imposto do cheque” que havia sido extinto.
Um dos grandes defensores desse aumento de imposto é o palanqueiro Luis Inácio Lula da Silva, que, para não se expor, como patrono de tal medida, vem se utilizando de governadores recém eleitos, particularmente os do PSB, para viabilizar a proposta de se recriar o velho “imposto do cheque”.
Por essas e outras razões, fica demonstrado que o sistema capitalista se rege pela fraude, pela mentira, pelo engodo. Durante a campanha eleitoral, para além das baixarias, nenhuma proposta ou idéia que pudesse parecer impopular foi levantada pela maioria dos candidatos. Ao contrário, explorou-se com bastante hipocrisia, a religiosidade popular, tendo os dois principais candidatos, Dilma e Serra, se apresentado como fervorosos devotos, num deprimente comportamento demagógico.
Agora, vão-se os santos, vão-se as orações, os benditos e vêm os demônios e o primeiro deles a se apresentar é, com toda certeza, a indecorosa proposta de aumento de imposto.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A extrema direita

É muito grave o cenário político que se apresenta nos Estados Unidos. Ali, toma corpo uma extrema direita representada pelo movimento TEA PARTY, que chega a considerar Barack Obama um político de extrema esquerda, chamando-o de bolchevique. Imaginem só, o nível de irracionalidade dessa extrema direita. Irracionalidade semelhante foi o nazi-fascismo e suas extravagâncias conceituais e políticas. Diante do quadro de crise que atravessam os Estados Unidos, não surge um movimento de esquerda de caráter anticapitalista e sim, uma extrema direita como foi dito.
Esse episódio nos leva a fazer uma reflexão. A Terceira Internacional, burocratizada, abandonou as massas populares, o proletariado norte-americano à sua própria sorte, e a burguesia logrou impor no seio das massas o mais profundo anti-socialismo. Porém, não foi só a Terceira Internacional que procedeu com tamanho descaso diante das massas trabalhadoras norte-americanas. O Sr. Fidel Castro, dirigente da vitoriosa Revolução Cubana, limitou-se a proferir desaforos ao imperialismo ianque e esqueceu-se de se dirigir aos trabalhadores, aos imigrantes, aos negros, enfim, aos explorados e oprimidos daquele país.
Salta-nos aos olhos que o marxismo foi posto totalmente de lado quando o princípio da luta de classes foi colocado para debaixo do tapete, uma vez que o stalinismo substituiu esse princípio basilar pela divisão do mundo entre nações opressoras e nações oprimidas.
Na esteira dessa absurda distorção prosperou o nacionalismo e, pior ainda, um anti-imperialismo tosco que tem norteado os partidos ditos comunistas ou socialistas. Em razão disso, vê-se a indiscutível hegemonia que hoje goza o capitalismo em escala mundial e a consequente redução do movimento socialista.
O antiamericanismo tem dado margem a que prosperem movimentos fascistas como são: a Al Qaeda, de Bin Laden; o fascismo teocrático, de Marmud Armadinejad; o fundamentalismo desvairado da Síria e outros movimentos congêneres que fazem a alegria dos desavisados, e isso é, simplesmente, apavorante.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Triunfou o capitalismo

A sorte já estava posta, as três principais candidaturas, Dilma, Serra e Marina eram candidaturas continuístas. Diferenças houvessem, estariam restritas a nuances e estilos. Dessa forma, qualquer um desses três candidatos que fosse eleito presidente, a burguesia, especialmente os banqueiros, estaria contemplada como contemplada estivera nos governos Itamar, FHC e Lula, que souberam implementar uma política econômica capaz de assegurar vultosos lucros e garantir a paz social, tão conveniente para os seus negócios.
Salta aos olhos que o grande cabo eleitoral de Dilma Rousseff foi o Bolsa Família, de tão importante que ele é para mitigar a miséria da Região Nordeste tão empobrecida. Toda, ou quase toda, disputa eleitoral deu-se como se não houvesse distintas classes e camadas sociais. Os discursos predominantes limitavam-se a fazer referência aos interesses do Brasil, um truque a que se recorre para esconder o fato de que esses interesses são, antes de tudo, os interesses daqueles que gozam da propriedade da terra, das minas, dos bancos, das indústrias, do grande comércio.
Os partidos: PSOL, PSTU, PCB e PCO tentaram, bravamente, viabilizar um discurso de natureza anticapitalista. Porém, sofreram, ou melhor, sofremos, uma acachapante derrota, uma vez que a esquerda direitosa representada submissamente pelos partidos: PT, PSB e PCdoB, avidamente dispostos a comer fartamente nos cochos do Estado burguês, emprestaram seus esforços para viabilizar mais uma vitória do capitalismo.
Cabe a nós que empunhamos a bandeira do socialismo revolucionário envidar esforços para denunciar ao povo que, nos marcos do capitalismo, só poderão nos ser destinadas, ínfimas parcelas de ganhos. A parte substancial do Produto Interno Bruto – PIB, vai para os bolsos da burguesia, enquanto as massas populares continuam a amargar um serviço de saúde de péssima qualidade, escolas de má qualidade, insegurança, proliferação das drogas e outras tantas mazelas que estarão sempre presentes enquanto se mantiver o capitalismo.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A festa dos inocentes

Parodiando Herbert Marcuse, poderíamos afirmar que a massa do povo, incluindo-se, é claro, a tão falada massa proletária, se encanta com pequenos ganhos obtidos no seu dia-a-dia, sejam esses ganhos fruto de sua luta ou obtidos como dádiva “generosa” dos senhores do poder.
Um diminuto espaço para morar, uma geladeira, um freezer, uma TV LCD e, (suprema felicidade!) um automóvel, são elementos suficientes para levar as camadas populares ao conformismo e à fácil cooptação política pela classe ora dominante.
Tal comportamento das massas populares não é próprio apenas do Brasil, e sim, de todos os recantos do mundo. Aqui, tivemos o exemplo patente do populismo lulo-petista, oferecendo ao capitalismo a paz social para que pudesse usufruir grandes lucros sem nenhuma ameaça.
Respeitando os pilares fundantes da política econômica implantada pelo Plano Real, o lulo-petismo teve condições de implementar algumas políticas sociais que implicaram em pequenas melhorias na condição de vida das massas e isso tem sido razão para que elas levem a cabo a festa dos inocentes que, pelo que tudo indica, se expressará na vitória eleitoral da candidata Dilma Rousseff, no próximo dia 31 de outubro do ano em curso, ou seja, 2010.
Não percebe o povo, incluindo-se, como já foi dito, a massa proletária, que ele tem direitos históricos muito maiores do que as migalhas que lhe são ministradas pelo sistema capitalista no Brasil através do governo lulo-petista. Não percebe, que do ponto de vista histórico, tem o povo o direito supremo de libertar-se dos grilhões de um sistema cuja alma é a busca incessante de lucros e foi, justamente o lucro, medula do capitalismo, que foi assegurado à burguesia, nesses últimos anos, especialmente na gestão petista, que tão bem se aproveitou o velho sistema.
Diante desses fatos, resta-nos a nós, socialistas revolucionários, a tarefa de despertar as massas populares de sua inocência e nunca acalentar suas fantasias como tem feito o PT, o PCdoB e o PSB que funcionam como o braço esquerdo do sistema.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Tropa de elite 2

Assistimos ao filme “Tropa de elite 2” e recomendamos, com veemência, que este filme seja visto por todo o povo brasileiro. Nele são expostas as vísceras apodrecidas do sistema, destacando-se a corrupção e a violência que correm soltas pelas entranhas dos órgãos policiais e governamentais, de modo geral.

Por vias travessas, têm-se a oportunidade de se ver os níveis de miséria e abandono a que são submetidos milhões de brasileiros forçados a viverem em condições desumanas nas inúmeras favelas do Brasil, particularmente, nas favelas do Rio de Janeiro. Por seu turno, vê-se a hipocrisia dos discursos oficiais e oficiosos quando tratam das mazelas sociais dentre elas a questão do banditismo reinante. Tudo ou quase tudo de podre é ostentado de forma competente e corajosa pelo aludido filme. Porém, é necessário evidenciar que os autores dessa obra não souberam dar o verdadeiro nome aquìlo que eles, insistentemente, chamam de: o sistema.

Na colocação feita parece ser o sistema algo sobrenatural. Mostram apenas as suas garras. É preciso dizer que o tão denunciado sistema tem nome e tem cara. O seu nome é CAPITALISMO e ele tem duas faces: a face “boa”, a que confere à burguesia, aos ricos, conforto e privilégios; a face má, aquela que semeia a fome, a miséria, as favelas, a corrupção, a violência, o desemprego, que punem cruelmente a imensa massa popular. Capitalismo, repetimos, é o nome do sistema que o coronel Nascimento tanto denuncia com compreensiva revolta e sentimento de impotência. Na verdade, cada um de nós, seja individualmente ou em reduzidos grupos, não teremos força para desmantelar o sistema capitalista e construir uma nova ordem econômico-social pautada na igualdade, na justiça e na paz. Somente uma força é capaz de destruir o monstro capitalista responsável por bilhões de pobres e miseráveis e por tantas mazelas sociais. Essa força única é a força do povo consciente e, assim sendo, cabe aos poucos informados, dizer para todos o verdadeiro nome do nosso inimigo: o CAPITALISMO.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Entre o péssimo e o pior

O processo eleitoral, nesse segundo turno, nos coloca diante de uma situação deplorável. O nível político caiu ao rés do chão. Brotou com todo vigor um estapafúrdio fundamentalismo religioso de feição medieval. Os dois candidatos se apressam em se mostrar contritos beatos num gesto de deslavado oportunismo. Ao invés de se usar o processo eleitoral para a elevação do nível político das massas populares o que se observa é a capitulação, o agachamento aos atrasos e aos preconceitos das massas despolitizadas, desinformadas, e isso é profundamente lamentável.

Temos dito, com a devida insistência, que a participação dos verdadeiros socialistas nos processos eleitorais no âmbito do capitalismo tem propósitos tão somente táticos pois, seguramente, não será por essa via que o povo trabalhador, a dona de casa, os explorados e oprimidos hão de desmantelar o poder burguês e construir um verdadeiro poder popular. Sendo a participação dos verdadeiros socialistas, de natureza tática, resta responder ao seguinte questionamento: Qual das duas candidaturas poderá ser pior para os nosso objetivos estratégicos? A direita explícita, representada por José Serra ou a direita travestida de esquerda, representada por Dilma Rousseff? Desse questionamento poderá florescer uma outra saída, a saída do voto nulo. Ora, essa saída implica em dizer que não existe a mínima diferença entre um e outro candidato mas, tão somente, semelhanças. Mas será essa saída a melhor? Terá ela realmente os fundamentos que se pretende? Não há diferença entre o explícito e o simulado? Em qual dos dois governos teríamos maiores possibilidades de praticar ações de oposição?

Diferente das questões de princípio que exigem apenas serem fundamentadas as questões de natureza tática, não nos fornecem, necessariamente, elementos de convicção. Por tal razão é que devemos ser inflexíveis nos princípios, porém, abertos às questões de natureza tática. Tornar livre a discussão das questões táticas é permitir uma saudável vida política.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Lição esquecida

Nos idos de 1848, os jovens Karl Marx e Friedrich Engels vieram a público com o famoso Manifesto Comunista e ali disseram, com todas as letras, que a história da humanidade é a história da luta de classes. Tal princípio, fartamente demonstrado como verdadeiro, foi estupidamente revogado pelo stalinismo. Assim, todos os chamados Partidos Comunistas passaram a defender a esdrúxula tese de que o eixo da luta política era a contradição: nações opressoras e nações oprimidas. Inclusive esse conceito, por si, totalmente infundado, sofreu um rebaixamento maior quando, esse mesmo stalinismo passou a desconhecer os imperialismos inglês, japonês, alemão, francês... para centrar seu discurso, tão somente, no “inimigo principal” o imperialismo ianque. Atirados na cesta do lixo os princípios do socialismo científico foi eleito o nacionalismo como a principal bandeira, e não mais se falou em luta de classes. Ora, como a nossa esquerda convencional, de diversas matizes, tem como fonte formadora o stalinismo e os seus dogmas, fincou pé na tese da luta de libertação nacional contra a opressão do imperialismo ianque. Tal desvio chega ao cúmulo de se ver fascistas como Marmud Armadinejad e Bin Laden, serem considerados parceiros de um anti-americanismo obtuso, pois deixa de registrar que, nos Estado Unidos, existem classes e camadas sociais, e tudo e todos recebem o carimbo de imperialistas ianques. Quem mais levou a fundo essa visão tão estreita e distorcida foi, sem dúvida, o Sr. Fidel Castro. Nacionalista empedernido, reduziu todos os seus discursos, nesse meio século, a denunciar o nefasto imperialismo ianque, porém, nenhuma palavra é dita, nenhum apelo é dirigido aos trabalhadores, aos espoliados e oprimidos daquele país. Projeção dessa limitação política que troca a luta de classes pelo nacionalismo, vê-se nos casos de Hugo Chaves, Rafael Correia e Evo Morales que se tornaram “vanguarda” na luta pela emancipação nacional, fato louvável, porém insuficiente considerando-se os interesses emancipatórios da humanidade.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Em defesa da vida

Está em andamento a discussão sobre o aborto. Infelizmente ela não transcorre de modo honesto. Criam-se movimentos que levantam a bandeira de defesa da vida, insinuando, maldosamente, que quem se coloca pela legalização do aborto estaria atentando contra a existência humana. Ora, ninguém em sã consciência, poderia se colocar contra a vida. Em princípio somos todos contra o aborto, como somos contrários à amputação de uma perna ou de um braço. A questão, portanto, não é dividir a opinião pública em duas grandes correntes: os que são a favor da vida e os que atentam contra ela. Esse dilema é falso, é desonesto e não seria, a rigor, tão cristão, pois escamoteia a verdade.
Quando se defende o aborto assistido, pretende-se evitar a hipocrisia e defender a vida de milhares de mulheres pobres que, por várias razões, são levadas a esse extremo. Legalizar o aborto é evitar a carnificina que se pratica diuturnamente contra a mulher desprovida de recursos, quando são submetidas a incursões nada profissionais dos charlatães do ofício. É, sim, uma atitude humanitária que se quer levar a cabo superando a hipocrisia reinante por conta de uma cultura que, há milênios, está a serviço do atraso, do obscurantismo e da injustiça social. Caso na verdade esses senhores e piedosas senhoras, que se arvoram defensores da vida, quisessem realmente lutar por ela, deveriam serrar fileiras na luta explícita contra o capitalismo, esse, sim, destruidor de vidas. Mas como o problema é esse, nenhum protesto, nenhum murmúrio. Aliás, a nossa milenar cultura se omite diante da questão maior e desvia as atenções para os efeitos, escamoteando as causas e investindo na salvação de suas almas. Diante da fome, organiza-se uma sopinha. Diante do frio, faz-se uma campanha pelo cobertor. Diante das drogas, salvam-se uns poucos através da dança, da música, do trabalho manual e das orações. Termina-se praticando o varejo, quando necessitamos combater no atacado, denunciando o capitalismo.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Qual diferença?

Assisti atentamente ao debate pela TV Bandeirantes entre os candidatos Dilma Rousseff e José Serra à Presidência da República. Não vi a menor diferença entre os dois discursos. Ambos defendem, de forma exacerbada, o continuísmo cuja matriz é o Plano Real implantado pelo presidente Itamar Franco em 1994. Essa política econômico-financeira tem como tripé o controle rigoroso da inflação, o câmbio flutuante e o superávit primário. Para os citados candidatos não existem classes e camadas sociais com interesses conflitantes e até antagônicos. Para eles, fiéis políticos do sistema, existe, tão somente, o Brasil, e tentam passar a idéia de que os interesses “brasileiros” são interesses de todos, como dizia a propaganda lulista: “Brasil, um país de todos”. Ora, esses discursos tem por objetivo escamotear o fato de que a sociedade é divida em classes com interesses diametralmente opostos e inconciliáveis. O tão zelosamente cultivado, pela burguesia, sentimento patriótico, é uma completa fraude. Tentam, com êxito, esconder do povo que as terras, as minas, as fábricas, os bancos, os transportes, o grande comércio são propriedades da classe burguesa e não de todos os brasileiros. Desmascarar esse discurso é dever de uma verdadeira esquerda, de uma esquerda cujo eixo seja a denúncia sistemática do capitalismo como gerador da desigualdade e das inúmeras mazelas sociais. Porém, é triste registrar que essa verdadeira esquerda representa uma fração diminuta no cenário político e o que predomina é a esquerda direitosa, que há muito renunciou à luta anticapitalista para se transformar em muleta de sustentação de um capitalismo exaurido e predatório. Temos, assim, nesse segundo turno, uma direita versus direita e cabe a nós discutir do ponto de vista tático, entre o ruim e o pior. Mas temos que levar a cabo uma análise política desprovida de preconceitos e escrúpulos e isso não quer dizer que, ao final da discussão venhamos considerar ser a postura mais consequente o voto nulo. Não cabe cercear a discussão e sim, torná-la livre.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Trágico dilema

Os eleitores realmente conscientes de que não devem deixar de participar desse processo político de massa, que são as eleições, experimentam um doloroso dilema nesse segundo turno. Dilma e Serra são duas candidaturas que expressam os interesses da direita, caso seja correto, como conceito de direita, aquela força política que se propõe a dar sustentação ao capitalismo. Serra é a direita explícita, sem rodeios; a Dilma representa a direita travestida de esquerda, porém, tão continuísta em termos de compromisso com o sistema como foi Lula em relação aos governos de Itamar e Fernando Henrique. É bem verdade que existe uma terceira saída, o voto nulo ou em branco, mas é uma saída estritamente moral. Ora, considerando que a participação de um verdadeiro socialista, no processo eleitoral, tem unicamente um propósito tático, resta-nos encarar o momento eleitoral deste ponto de vista e responder a seguinte pergunta: taticamente, quem é mais prejudicial a luta anti-capitalista? Uma direita que possibilitaria que as centrais sindicais e estudantis fossem às ruas, ou uma direita populista que conserva a mesma política econômica e financeira, entretanto, mantém engessado o movimento de massa? Por sua vez, é oportuno observar que a “esquerda”, representada pelo PT, PSB e PCdoB, há muito deixou de lado as bandeiras, ditas de esquerda, e mergulhou no mais puro fisiologismo, perseguindo ganhos e benesses através do aparelho de Estado. Velhos princípios foram às favas e muitos deixaram isso bastante evidente. Basta lembrar a diplomacia do governo Lula que se embrenhou em compadrios com o que existe de mais sanguinário entre os governos africanos. Questionado sobre isso, o governo respondeu: “negócios são negócios”, ou seja, princípios à parte. Agora, para tentar viabilizar a eleição de Dilma, eles subtraíram de suas bandeiras a descriminalização do aborto e a candidata virou beata. Pensemos: qual o pior, uma direita explicita, ou outra travestida de esquerda? Nenhuma nem outra. Mas essa escolha não existe, pois teremos uma ou outra e o voto nulo torna-se inconsequente.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

E se for o Serra?

Depois de muita arrogância, a Dilma não logrou vitória no primeiro turno. Haverá, portanto, um segundo momento em que a disputa estará polarizada entre a candidata forjada pelo Lula e o candidato José Serra. Não há diferença substancial entre essas duas candidaturas. Ambas merecem toda confiança do sistema capitalista, pois a ele se propõem servir com toda presteza. Não é por acaso, que a campanha da Dilma Rousseff tem sido alvo das maiores contribuições financeiras, o que faz de sua campanha a mais rica de todas. Mas uma questão se coloca para todos nós que nos propomos a fazer uma reflexão, ou seja, parar para pensar. Será que na hipótese de José Serra presidente as centrais sindicais e estudantis haverão de ser desengessadas? Será que os sindicatos abandonarão o seu comportamento estritamente burocrático e governista, para ganhar as ruas em defesa dos direitos dos trabalhadores e na luta contra o sistema capitalista? Será que haveremos de sair da imobilidade política em que o governo Lula jogou todo o movimento de massa?
Há que pensar! De repente, uma legião imensa de militantes da esquerda convencional, formada pelo PT, PCdoB, PSB poderá se ver na condição de desempregada, o que possibilitará tornar-se insatisfeita e, ai sim, se propor a procurar os trabalhadores, os estudantes, o povo em geral para ganhar as praças e ruas em nome de uma cerrada oposição ao governo direitista do Sr. José Serra.
Cabe pensar. Qual mais prejudicial à causa da libertação dos explorados e oprimidos no sistema capitalista: a direita desnudada ou a direita travestida de esquerda, conforme vem ocorrendo através do governo Lula? Não diz o povo que o pior inimigo é o falso amigo? Não dá pra perceber que, “nunca na história desse país” a burguesia gozou de tantas vantagens, privilégios e, sobretudo, tranquilidade, uma vez que o governo Lula, a preços módicos, logrou cooptar as centrais sindicais e estudantis e, uma massa de miseráveis a troco de migalhas? Direita versus direita é o que teremos. Cabe escolher qual candidato é, taticamente, preferível.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

É preciso participar

Estamos às vésperas de uma eleição. Desta vez, para presidente e vice, governadores e vices, senadores e suplentes, deputados estaduais e federais. Trata-se de um evento político bastante abrangente. Dele, no Brasil, participam mais de cem milhões de eleitores. Apesar de ser um processo político sob o controle da burguesia, não deixa de ser uma oportunidade para que tentemos colocar no debate político a denúncia da verdadeira causa de nossas mazelas sociais, que é o capitalismo, conforme tem sido feito pelo PSOL, PCB, PCO e PSTU.

Pouquíssimos percebem que em nenhum processo eleitoral, seja no Brasil ou em qualquer outro país capitalista, coloca-se em disputa o poder. Não! O que é disputado, no processo eleitoral burguês, é o governo, e existe uma diferença substancial entre governo e poder. Os governos são para gerenciar o próprio sistema capitalista, mesmo que possam predicar essa ou aquela política econômica, contanto que resguardem os fundamentos da economia. Enquanto isso, o poder, o Estado, permanece intocado pelos processos eleitorais e cabe a ele a “sagrada” missão de garantir a manutenção do sistema capitalista.

Sendo o processo eleitoral uma jornada extremamente de massa, é um equivoco, senão uma tolice, praticar o não voto, o voto em branco ou o voto nulo. É preciso enxergar que tais posições nada acrescentam; são, inequivocamente, sem nenhuma consequência política, mesmo que consideremos que o processo eleitoral é de natureza burguesa e que através dele, jamais, os explorados e oprimidos haverão de conquistar a sua libertação.

Concordamos, como já dissemos, que o processo eleitoral é burguês, mas é oportuno atentar para o fato de que a vida corrente é a vida burguesa e, nem por isso, devemos nos negar a dela participar, mesmo sabendo que diuturnamente nossas práticas estão confinadas aos limites do universo capitalista, exceção se faça à atividade política de caráter socialista que se prende a denunciar o sistema na perspectiva da conquista de um novo mundo, um mundo de justiça e paz.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Baixarias

O nosso presidente palanqueiro, Lula da Silva, e a sua inventada candidata Dilma Rousseff, têm esbravejado contra a grande imprensa, afirmando que ela está fazendo uso de baixarias que vêm sendo usadas pelos seus oponentes. Mas o que é baixaria? Seria baixaria o escândalo do mensalão? E o escândalo de Santo André, que culminou com o assassinato de Celso Daniel? E o aparelhamento do Estado para fins fisiológicos e partidários? E às bandalheiras praticadas, mais uma vez na Casa Civil? E a aliança com o que existe de mais fisiológico na política brasileira, seria um ato de baixara? Ou o nosso presidente não considera tais episódios tão censuráveis, preferindo acusar de baixarias as denúncias? Não é isso uma inversão de valores? Não era o Lula e o PT promessas de se fazer uma política diferente? O que diferencia o tão badalado “modo PT de governar” da velha escumalha direitista? São questões que devem ser refletidas para não cairmos no jogo do não pensar, como pretende a esquerda direitosa de ontem e de hoje.
Há o argumento de que as denúncias, embora factuais e documentadas, como no livro “O CHEFE” de Ivo Patarra, são de direita e como tal não merecem crédito. Mas é pertinente que atentemos para os fatos, e contra eles não existem argumentos sustentáveis. Tentar desqualificar as denúncias, pelo fato de que, a outra direita as está explorando, é um argumento capenga, sobretudo, quando não podemos reconhecer como de esquerda uma chapa que reúne: Dilma Rousseff e Michel Temer e toda uma corja de malfeitores. Por outro lado, é patente que não podemos, também, considerar de esquerda, um governo que se esmera em servir com obstinação e competência ao grande capital enquanto cresce a desigualdade social no Brasil.
Em outra oportunidade, dissemos que as três candidaturas: Dilma, Serra e Marina compunham O tripé da maldade, pois, essencialmente continuístas, ou seja, conservadoras obstinadas da política econômica e financeira que vigora, desde a implantação do plano real, para alegria da grande burguesia.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Quem é o Brasil?

A essa pergunta, responderia com todo o vigor a “juventude cara pintada”, fiel ao slogan: “tudo o que pinta, pinta na tela da globo”, e a imensa massa popular, encharcada pela cultura da mentira inoculada pela burguesia e pela esquerda convencional de perfil direitoso, que “o Brasil somos nós, nossa força e nossa voz”. Nada mais falso do que o conceito de que “o Brasil é um país de todos”. A verdade, difícil de ser defendida, tamanha é a força da mentira, é que as terras, as fábricas, as minas, os bancos, os grandes comércios, os transportes de massa pertencem a uma classe: a burguesia. A imensa maioria dos brasileiros é formada por despossuídos e isso quer dizer que, quando lhes dizem ser tal coisa boa para o Brasil, é por que essa coisa é, ou foi excelente para a classe burguesa.
A fortuna, representada pelo Produto Interno Bruto – PIB, tem o quinhão maior abocanhado pela velha burguesia. Tanto é assim, que os ricos estão rindo à toa e investem maciçamente na candidatura de Dilma para presidente. Por sua vez, a parte menor do PIB é distribuída, de forma minguada, com os despossuídos. Ao custo módico de 11 bilhões de reais, “o Brasil”, concede o tão famoso “Bolsa família” que nada mais é do que uma forma de evitar tensões sociais e cooptar, hoje, milhões de eleitores, capazes de garantir o continuísmo da política perpetrada pelo governo.
Repetimos, insistentemente, que conceitos como: “o Brasil somos nós”, escondem a dura verdade de que, no capitalismo, os países são formados por distintas classes e camadas sociais, com diferentes interesses. A burguesia e a classe trabalhadora têm, indiscutivelmente, objetivos historicamente antagônicos. A burguesia busca, tão somente, manter a qualquer custo, o sistema capitalista que explora e espolia a maioria da população enquanto destrói, de forma vil, o meio ambiente. Enquanto isso, aos trabalhadores, aos despossuídos, só interessaria a superação desse sistema e a construção de uma nova ordem econômica e social capaz de semear a igualdade e a justiça.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Para que serve a ABIN?

A Agência Brasileira de Inteligência – ABIN, tem, como argumento para justificar as suas polpudas verbas, dizer que se trata de um órgão necessário para manter o governo informado de tudo o que se passa do ponto de vista político e administrativo. Entretanto, quando estourou o escândalo do “mensalão” o Sr. Presidente disse, textualmente, que nada sabia a respeito de práticas tão espúrias. Cabe uma pergunta: onde estava e o que fazia a ABIN que não informou ao Sr. Presidente sobre o fato de que o “chefe da quadrilha” do mensalão era justamente o ministro da Casa Civil do seu governo, o então deputado José Dirceu? Depois foi o escândalo dos “aloprados” e, mais uma vez, o Sr. Presidente disse que de nada sabia. Recentemente, estourou um escândalo, novamente na Casa Civil, comandada pela então ministra Erenice Guerra, sobre tráfico de influência e propinoduto que transcorria naquela pasta, e a ex-ministra Dilma Rousseff, de pronto, declarou que de nada sabia, o que é um testemunho inequívoco de que a tão famosa ABIN não vem cumprindo o seu papel de informar ao governo o que se passa em suas proximidades.
Do que foi dito, resta-nos concluir, que essa Agência Nacional de Inteligência limita-se a fazer o controle político do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST, dos pequenos partidos que fazem oposição ao capitalismo e de sindicatos que procedam com o mesmo objetivo político. Vê-se, portanto, que o Estado burguês, através de suas diversas instituições, está, antes de tudo, a serviço da manutenção do sistema sócio-econômico vigente e o seu empenho é manter a propriedade privada, os lucros dos ricos e a desigualdade crescente. A ineficácia da ABIN, quando deixa o Presidente completamente desinformado nos casos de falcatruas, é um eloquente testemunho de que o Estado, com suas diversas instituições, não existe para assegurar justiça, tranquilidade ou moralidade. Essa verdade nos leva a concluir que não bastam mudanças de governos; há que haver um desmantelamento de um aparato que só serve aos ricos.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

As bravatas do Lula

Lula é um exímio palanqueiro sem nenhum compromisso com a verdade. Um dos seus vieses é a constante bravata. Recentemente, em função da prisão do seu candidato Valdez Góes, ao senado, pelo Amapá, por participação em uma quadrilha que surrupiou mais de 300 milhões de reais dos “cofres públicos”, esbravejou que bandido no Brasil, que ele governa, só tem um lugar: a cadeia. Esqueceu de dizer, o Sr. Presidente, mestre no empenho em conciliar o inconciliável antagonismo entre capital e trabalho, que não vão para a cadeia os que se alinham em suas fileiras. Não vão para a cadeia, bandidos como: Romero Jucá, José Sarney, Jader Barbalho, Renan Calheiros, Fernando Collor e outros abutres a quem ele não se cansa de chamar de companheiros e de dar respaldo à impunidade desses senhores, como se observou no episódio em que o Sr. Sarney seria destronado da presidência do Senado. Não se vê na cadeia, Zé Dirceu, denunciado como chefe da quadrilha do mensalão. Também não foi parar nas grades, Antonio Palocci, que devassou o sigilo bancário do caseiro Francenildo. Não estão na cadeia os “aloprados” e, muito menos, os petistas envolvidos com os dólares na cueca.

Vê-se, pelos fatos, que os bandidos bafejados pelo Planalto, não vão para a cadeia e continuam a auferir prestígios, ganhos e privilégios. Agora veio à tona a devassa praticada na Receita Federal, e o Sr. Presidente, ao invés de sair em defesa das vítimas, preferiu acusá-las. Por sua vez, as falcatruas de Erenice Guerra, que chegou a dizer, ao próprio Lula e seus ministros, que o seu filho houvera, apenas, recebido 120 mil reais de uma empresa por um trabalho de consultoria e todos os presentes acharam, tal espúrio, um expediente muito normal.

Lula acalenta um silêncio sepulcral no que concerne aos assassinatos de Celso Daniel e Toninho, ex-prefeitos, respectivamente, de Santo André e da cidade de Campinas. Insistimos, portanto, em recomendar a leitura do livro: “O CHEFE”, de Ivo Patarra, que denuncia o caráter mafioso da cúpula do PT, que o povo desconhece.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

O que se disputa?

Temos dito, mas nunca é demais repetir, que reina a mais completa desinformação a respeito do assunto. Malandramente, a burguesia faz prevalecer o discurso de que nos processos eleitorais está em disputa o poder. A esse discurso caviloso e, sobretudo, mentiroso, fazem eco os chamados cientistas políticos e uma gama infinda de jornalistas, que se traduz na fraudulenta idéia de que nas democracias capitalistas existe alternância no poder. Descaradamente falso é esse discurso e ele é repetido pela imensa maioria como se fosse uma verdade, ou mesmo, um princípio.
Não. Nos processos eleitorais nas democracias capitalistas o que entra em disputa não é o poder, e sim, governos. O poder, como temos dito, tem caráter permanente e não se altera através dos processos eleitorais. O poder é o Estado, e ele está a serviço de uma única causa, defender o sistema econômico. Enquanto isso, diferentes governos representam propostas distintas de políticas econômicas. Que fique claro: a economia que preside as nossas vidas é capitalista, e ela, sequer, entra em discussão nos processos eleitorais. Quanto às políticas econômicas, são diversas e defendem interesses desses ou daqueles seguimentos dentro do próprio sistema. Para deixar mais claro, lembremos de duas destacadas políticas econômicas: a famigerada política neoliberal e a “benfazeja” política social-democrática.
Há um bem sucedido empenho para que toda discussão fique restrita ao debate sobre políticas econômicas. Dramático é o fato de que, a esquerda direitosa, aqui no Brasil, representada pelo PT, PSB e PCdoB, ao invés de denunciar essa manobra política faz coro ao discurso burguês propalando a fraude da alternância no poder.
Por malandragem ou falta de informação, a grande verdade é que os processos eleitorais têm se prestado a que se trate dos efeitos e não das causas reais de nossas mazelas sociais. Cabe-nos, até a exaustão, denunciar esse embuste, caso contrário, continuaremos à mercê do “império da mentira”, base de sustentação do capitalismo.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O melhor presidente do Brasil?

Tem-se dito, de forma muito insistente, que Luis Lula da Silva, foi o melhor presidente que o Brasil conheceu. Para constatar a veracidade desse discurso, basta que indaguemos aos agronegociantes, industriais, banqueiros, altos comerciantes, devastadores do cerrado e da Amazônia e, sobretudo aos especuladores nacionais e internacionais. Eles serão unânimes em dizer que o governo Lula é uma sorte grande para os seus negócios. Não foi à toa que o Sr. Barack Obama disse textualmente, referindo-se ao nosso personagem: “Ele é o cara”. Não foi sem nenhum propósito que a cúpula do capitalismo internacional, por ocasião de uma reunião em Genebra, proclamou Luis Inácio a personalidade do ano no mundo político internacional.
Por sua vez, o fascismo iraniano tem sido brindado com os fartos elogios do presidente brasileiro, que chama Marmud Armadinejad de companheiro. Ora, como se sabe, o Irã é um Estado Teocrático, de natureza profundamente policial, onde a oposição não é permitida e os dissidentes são frequentemente presos e alguns levados à forca. Aliás, para a forca, não são levados somente os dissidentes políticos, mas aqueles que são acusados de prática homossexual. Não bastassem tais demonstrações de intolerância sanguinária, o governo iraniano condena ao apedrejamento e a golpes de chibata, uma mulher a quem acusa de prostituição. Ao lado do fascismo iraniano, há um certo numero de facínoras no continente africano que merecem os mimos do governo brasileiro, e quando cobrado sobre esse comportamento, os porta- vozes da presidência respondem: “negócios são negócios”, princípios à parte.
Caixeiro-viajante, a serviço do grande capital, Lula vem gozando de impressionante popularidade, uma vez que fez chegar, aos pobres e miseráveis, alguns resíduos da imensa fortuna acumulada pelos ricos, durante o seu governo. Trata-se, portanto, de uma situação adversa para os que lutam contra o capitalismo como única forma de superação das desigualdades e injustiças sociais.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

“Coisa mais importante”

Falava com uma jovem militante de nossa esquerda. Cobrava dela sua leitura e ela, então, respondeu que estava lendo o livro de Eduardo Galeano: As veias Abertas da América Latina. Evidentemente que se trata de uma obra muito lida nos meios da esquerda convencional. Em um livro de leitura fácil, Galeano limita-se a nos transmitir um pensamento pesaroso diante da sangria da América Latina colonizada.
Primeiro, foram os espanhóis e portugueses a nos tirar o ouro e a prata. Depois, foi o velho Império Inglês a nos sugar as entranhas. Por fim, estabeleceu-se o Império do Norte e mais recentemente as diversas corporações nos impingindo desatada sangria. Essa denúncia leva-nos a um compreensivo sentimento de revolta calcado no nacionalismo, não compreendendo que essa é a trajetória do desenvolvimento capitalista e que o nacionalismo tornou-se uma bandeira completamente inviável em tempos de imperialismo. Isso para não falar que essa abordagem nos faz imaginar que a contradição fundamental da sociedade é: nações opressoras versus nações oprimidas. Escamoteando a verdadeira contradição: classe opressora versus classe oprimida.
Quando cobrei, da aludida jovem, a leitura do livro Revolução Russa, ela respondeu que não havia lido, pois tinha “coisa mais importante” para ler. Ora é totalmente impossível para um militante socialista orientar, corretamente, seus passos sem conhecer a história do socialismo, particularmente, a história da Revolução Russa de forma profunda.
Existe uma diferença conceitual entre o que é importante e o que é politicamente fundamental.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Exala mau cheiro

Quando surgiu, o PT dizia-se um partido diferente. Arvorava-se de guardião da moralidade e se dispunha a denunciar qualquer sinal de falcatrua. Tanto era seu moralismo que o Brizola disse tratar-se da UDN de macacão. Depois, o PT aderiu ao discurso da burguesia dizendo que o capitalismo era viável desde que governado com competência, dedicação e honestidade. Foi cunhado, então, o slogan: “O modo PT de governar”. Uma fórmula capaz de tornar o sistema sócio-econômico vigente humanizado. Do capitalismo selvagem iríamos para o capitalismo civilizado. A partir daí, o PT deixou de cultivar qualquer veleidade socialista para aderir ao discurso capitalista. Porém, mesmo com essa mudança substancial, ele continuaria sendo diferente sem os vícios paternalistas e fisiológicos dos demais partidos.
Em 2002, o PT ganhou as eleições para a presidência da república. Não demorou e o partido mergulhou numa sucessão de escândalos, destacando-se dentre eles o famigerado “mensalão”. O que fez o PT diante do escândalo? Alegou, tão simplesmente, que a prática de comprar apoios era corrente e eles não podiam fugir a esse “determinismo histórico”.
O livro de Ivo Patarra, “O CHEFE”, expõe, com detalhes, as inúmeras falcatruas praticadas pelo partido que outrora se propunha a ser diferente. Não bastassem os trambiques, o uso despudorado da máquina do Estado para fins fisiológicos, não tiveram eles nenhum pudor em se aliar ao que de mais podre existe nos partidos de direita.
Para se justificar, eles fazem o discurso de que o PSDB e o DEM também praticam as suas falcatruas. Ora, isso era sabido, e por essa razão é que se pretendia um partido diferente não só na forma, mas nos objetivos a perseguir. Esperava-se que um partido dos trabalhadores traduzisse os anseios históricos dos explorados que só podem ser atendidos com a superação da ordem vigente. Ao invés disso, praticou-se um desvairado populismo respaldado no assistencialismo, e garantiu-se tranquilidade ao grande capital. E isso exala um profundo mau cheiro!

terça-feira, 31 de agosto de 2010

A explosão mexicana

A cada dia torna-se mais acentuada a violência que ronda sobre todos os quadrantes do mundo. Ela se manifesta através das guerras, da violência no trânsito, da violência urbana, da violência doméstica e do banditismo. São incontáveis as campanhas levadas a cabo em favor da paz. Ora são procissões religiosas que apelam aos céus uma convivência tranquila entre os homens. Ora são caminhadas de pessoas, vestidas de branco, apelando aos governos que detenham a marcha da violência. Ora são revoadas de pombas brancas que, simbolicamente, clamam pela paz. Entretanto, essas iniciativas, tem se mostrado, de maneira soberba, que são inócuas, não produzem os efeitos desejados.
Costumamos chamar atenção para uma curiosidade: todos são a favor da paz: o médico, o professor, o gari, o soldado, o vigário, o bispo, o jovem, a criança, o idoso, mas apesar de todos se manifestarem em favor da paz, a violência subsiste e se intensifica. Cabe uma pergunta: por que isso acontece? E a resposta é única: acontece em razão de que não se busca a causa real da violência e ela, como já dissemos, em outras ocasiões, tem nome, chama-se CAPITALISMO.
A sociedade capitalista baseia-se na produção do lucro para uma minoria e a busca incessante desse lucro provoca os mais mesquinhos e brutais interesses ao lado de um profundo desajuste social. A guerra, por exemplo, alimenta uma rentável indústria bélica que aufere astronômicos lucros, construindo máquinas mortíferas, altamente sofisticadas. Daí, a guerra ser tão fomentada, pois ela é um bom negócio para poucos. Enquanto isso, as outras formas de violência expressam o desajuste social. Hoje, há um agravante para essa situação que reside no uso crescente de drogas e, consequentemente, o seu criminoso tráfico. Há poucos anos, a Colômbia era palco maior da violência pelas drogas; hoje, é o México que se coloca na vanguarda desse cruel fenômeno através das guerras entre diferentes gangs. O México explode. O mundo explode. Isto só cessará com a superação do sistema capitalista.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Qual o lado deles?

Os motoristas e cobradores de Fortaleza ganham menos do que ganham os mesmos profissionais na cidade de Teresina. Dado os seus baixos salários, os trabalhadores rodoviários, daqui, lutam por reposição salarial. Já levaram a cabo alguns movimentos paredistas, entretanto, os empresários continuam irredutíveis. No seu movimento de reivindicação os trabalhadores sentiram o peso dos cassetetes e dos sprays de pimenta da Guarda Municipal comandada pela prefeita Luizianne Lins. Enquanto isso, a Justiça estipula multas astronômicas para o sindicato dos trabalhadores numa tentativa fazê-los recuar em suas reivindicações.
Alguém já viu a Guarda Municipal aplicar golpes de cassetetes e sprays de pimenta nos olhos das classes empresariais? Já se viu a Justiça estipular multas aos sindicatos patronais para puní-los em sua irredutibilidade? Claro que não. Eles, Prefeitura e Justiça, são o Estado, e ele não está a serviço do bem estar social, mas do sistema capitalista, cujo principio é a preservação da propriedade privada e do sacrossanto direito da burguesia aos seus vultosos lucros.
Para ter a tarifa vigente o Estado concedeu favores fiscais aos empresários, não afetando, assim, seus lucros. No capitalismo é assim. Não é o emprego e nem o salário, que devem se constituir como princípios sagrados, mas a propriedade e o lucro de uma minoria.
Há uma luta permanente entre o capital explorador e o trabalho explorado. Ao lado do trabalhador existe a sua própria capacidade de organização e de luta. Ao lado dos capitalistas está todo o aparato repressivo e persuasivo; está o Estado. Cabe-nos dizer de que lado devemos estar. Os que aceitam o sistema vigente prestam-se a servir aos interesses da burguesia, mesmo que alguns se rotulem “socialistas” ou “comunistas”. Ora, ser Estado, em nossa conjuntura, é ser defensor do capitalismo, portanto, defendemos que os verdadeiros socialistas não devem pleitear o papel de agente executivo do Estado, seja ele prefeito, governador, presidente, ministros ou secretários.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Modelo? Que modelo?

Há cerca de oitenta anos a esquerda convencional, de matriz stalinista, abdicou da bandeira anticapitalista para aderir ao velho social-patriotismo da Segunda Internacional degenerada. Com a burocratização da Revolução Russa, os interesses do Estado Soviético passaram a sobrepujar os interesses da Revolução Socialista. Nos países mais desenvolvidos a esquerda convencional passou a defender a política de co-gestão do sistema capitalista através das famosas Frentes Populares, coligações eleitorais que reuniam partidos pretensamente de esquerda com setores de uma dita burguesia progressista.
Nos países retardatários, a esquerda convencional assumiu uma política nacional-reformista cujo esteio era a luta patriótica pela soberania e a consecução de algumas reformas que possibilitariam, num momento posterior e indefinido, que se chegasse a uma segunda etapa, a etapa da Revolução Socialista.
Assim, por longos anos, deixou-se de lado o anticapitalismo para centrar as energias contra o “inimigo comum” ao proletariado e à burguesia, que seria o imperialismo. Num primeiro momento, o imperialismo era representado pelos países centrais do capitalismo. Depois, deu-se um passo atrás no processo de degeneração política e reduziu-se a expressão anti-imperialista aos yanques, supondo-se que eram eles, a causa dos males sociais e não o capitalismo.
Posteriormente, a esquerda convencional passou a denunciar um capitalismo selvagem, pretendendo que houvesse um modelo civilizado de capitalismo. Por fim, chegou a era do neo-liberalismo. Tratava-se do modelo mais cruel de espoliação e isso motivou uma campanha exacerbada contra esse modelo. Essa campanha deixava distante a necessária denúncia do capitalismo e passava-se a reivindicar outro modelo, que fosse menos cruel, e promovesse um pretenso desenvolvimento sustentável nos marcos do próprio sistema. Mas a questão não é trocar um modelo por outro. A questão é centrar a luta contra o capitalismo, independente do modelo que ele se apresente.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Islamismo fascista

Sucedem-se a cada dia, a cada hora, a cada minuto os testemunhos mais eloquentes do caráter fascista do fundamentalismo islâmico. País como o Irã, onde se estabeleceu uma teocracia fundamentalista, pratica odientos crimes levando a prisões, torturas e à forca, seus dissidentes; praticando barbaridades como a sentença de apedrejamento a uma jovem acusada de adultério; perseguindo e assassinando pessoas pelo pretenso crime de práticas homossexuais. Suprimindo, assim, toda e qualquer forma de liberdade.
Não bastasse a república teocrática do Irã revelar o seu fascismo, temos o Talibã praticando barbaridades, como a amputação do nariz e das orelhas de uma jovem para puní-la por algum comportamento revelador de inconformismo. Mais recentemente, uma força militar do Talibã, executou uma dezena de cidadãos americanos que participava de uma missão pacífica de socorro aos enfermos, sob o argumento de que eles portavam bíblias em uma língua paquistanesa e que isso revelava propósitos doutrinadores conflitantes com os credos islâmicos. A Síria é outro país que, sob a égide do fundamentalismo islâmico, pratica o mais cruel totalitarismo.
Diante desse cenário, não se ouve com frequência, nenhum protesto de nossa esquerda convencional. Ela não se escandaliza com essas barbaridades, isso porque os fundamentalistas, por razões profundamente obscuras, são possuídos de um grau intenso de raivosidade em relação aos norte americanos. E, a esquerda convencional, no seu obtuso anti-americanismo, vê com simpatia tudo que se opõe ao “império do norte”, mesmo que tal oposição represente o que de mais bárbaro pode se ter nesse momento histórico.
Uma esquerda de verdade será, por definição, anticapitalista, porém a esquerda convencional, há muito se demitiu da luta anticapitalista para assumir posições estritamente social-patriotas tendo como alvo maior, o imperialismo norte americano passando ao largo do imperialismo na sua feição inglesa, francesa, japonesa, alemã, belga ou canadense, o que é uma completa distorção.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Ela disse...

A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, questionada, em entrevista ao Jornal Nacional da Rede Globo de televisão, por que o PT fazia severas restrições ao PMDB ideológico de Ulisses Guimarães, Franco Montoro, Tancredo Neves, Mario Covas, e hoje, estabelece estreita aliança com o PMDB fisiológico, representado por Michel Temer, José Sarney, Jader Barbalho, Renan Calheiros, Romero Jucá? Ela disse: O Partido dos Trabalhadores amadureceu, e o seu amadurecimento responde a essa questão.
Como já fizemos, em outras ocasiões, cabe insistir na pergunta: O PT, serviçal do grande capital e aliado da escória da política brasileira, amadureceu ou apodreceu? Hoje, ele não tem o menor pudor em dizer aos grandes capitalistas que eles devem estar satisfeitos, pois nunca usufruíram tantos lucros, e é em nome dessa satisfação que a candidatura Dilma é a mais rica dentre todas.
É interessante observar a insistência com que o PT quer nos impor uma eterna oposição ao governo FHC. Primeiro, é oportuno que se diga, que o governo petista conservou os fundamentos da política econômica e financeira dos governos Itamar Franco e Fernando Henrique. Depois, o que se haveria de esperar de um partido que se reivindica dos trabalhadores, é que ele encarnasse os interesses históricos das massas laboriosas, e esses interesses têm como espinha dorsal a luta contra o capitalismo e nunca se ater a políticas compensatórias cujo fim é atenuar as tensões sociais e cooptar as massas desinformadas para o seu projeto continuísta, marcado pelo servilismo ao sistema sócio-econômico vigente.
A comparação FHC e Lula é completamente descabida, não só por suas semelhanças mas porque ela não vai além de um truque para nos desviar a atenção da questão essencial. A humanidade hoje vive um terrível dilema: ou ela destruirá o capitalismo ou por ele será destruída. Essa sim é a essência da questão histórica que hoje nos assalta e a discussão de governos mais ou menos populares é uma forma de escamotear o problema mais crucial dos nossos dias.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Por que mais rica?

É verdade que nós, modo geral, não temos o hábito de pensar. Até dizem que pensar dói, ou seja, é um exercício doloroso de reflexão e questionamento. Em face disso, poucas são as pessoas que atentam para o fato de que a candidata Dilma Rousseff, auto-proclamada mãe dos pobres, tem a campanha mais rica dentre todos os postulantes à Presidência da Republica. De onde vem tanto dinheiro? A resposta é clara. Vem dos banqueiros, altos comerciantes, agropecuaristas e industriais. Vem da alta burguesia, das empreiteiras, que sabem muito bem ser a candidatura Dilma Rousseff um bom investimento. Isso ficou claro para eles durante os oito anos de governo Lula. Nesse período nunca a burguesia lucrou tão fartamente, nunca a burguesia gozou de tanta estabilidade social, pois o governo Lula, para bem servir ao sistema capitalista, tratou de patrocinar a miséria através do Bolsa Família, enquanto engessou as centrais sindicais e estudantis, tudo isso a um custo bastante razoável. Dilma Rousseff se apresenta como uma candidatura continuísta. Eleita presidenta, haverá de assegurar os mesmos lucros e a mesma tranquilidade social que o suborno e a propina haverão de garantir. A bem da verdade, porém, não somente a candidatura dessa senhora tem o caráter continuísta. Marina e José Serra também têm a mesma postura. A burguesia, entretanto, imagina que o Partido dos Trabalhadores – PT, fora do governo, poderá instrumentalizar as centrais sindicais e estudantis como forma de fazer oposição a governos tipo: Marina e José Serra.
Céu de brigadeiro. Mar tranquilo. Eis o que foi para a burguesia o governo Lula e promete ser um eventual governo Dilma Rousseff. Fora do script, está a candidatura de Plínio de Arruda Sampaio, e em razão disso, é que somente agora, a poderosa Rede Globo de Televisão resolveu inserir esse candidato no debate, e assim mesmo, de forma reduzida, pois enquanto os continuístas desfrutam de tempo maior, ao Plínio de Arruda é reservado um tempo bem menor nas entrevistas e reportagens da aludida rede de televisão.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

A pimenta que faltava

Insossa. Sem nenhum tempero. Assim estava a campanha eleitoral montada no tripé da maldade: Dilma, Serra e Marina. Três candidatos e um só discurso.
Mas, no debate entre os candidatos na TV Bandeirantes, chegou o tempero que faltava, chegou Plínio de Arruda Sampaio com um discurso qualitativamente diferente pregando a necessidade de se construir a igualdade social como única maneira de se enfrentar as mazelas sociais como a fome, o desemprego, os baixos salários, a violência, as drogas... Somente um combate radical contra a imensa desigualdade reinante no mundo e no Brasil é que se poderá ter esperança de justiça e paz.
A proposta de igualdade social é uma proposta anticapitalista e a candidatura de Plínio colocou, com todas as letras, essas questão, ao invés de se limitar ao continuísmo enganoso colocado pelas três candidaturas mais badaladas anteriormente.
O novo tempero conseguiu empolgar um contingente de pessoas que estava insatisfeito com o cenário imposto em torno das três candidaturas. Sinal desse empolgamento foi o vertiginoso numero de acessos ao twitter do Plínio, dando-lhe boas vindas e assumindo compromissos de levar adiante essa campanha que se caracteriza pelo compromisso com a verdade política.
Plínio é PSOL, e PSOL é 50. Daí esperarmos que em todos os estados da federação, tenhamos o voto 50 de cima a baixo, de fio a pavio, pois ele representa os reais interesses das grandes massas populares e não dos grandes capitalistas, banqueiros, agropecuaristas, industriais e grandes comerciantes que só tem olhos e ouvidos para o lucro, mesmo que esse lucro custe a destruição do meio ambiente e a penalização cruel de imensos contingentes populares. Em função de tudo que foi dito, esperamos que você trabalhador, dona de casa, estudante, assuma em suas mãos as bandeiras que a candidatura do Plínio representa, vez que não se trata da figura de um homem ou de um punhado de homens e mulheres; trata-se dos interesses maiores e mais profundos de todos nós que representamos a maioria da população.

sábado, 7 de agosto de 2010

Violência tem nome

Há um fato deveras curioso que temos, insistentemente, chamado a atenção. Todos são amigos da paz: o desembargador, o gari, o motorista, a dona de casa, o general... Entretanto, o que assistimos é campear, mundo a fora, a mais brutal violência, mesmo quando contra ela, promovem-se procissões, caminhadas, revoadas de pombas brancas, cânticos e poemas. Indiferente a todas essas manifestações pela paz, a violência continua viva e crescente. São as guerras, o banditismo, a violência no transito, a violência doméstica, as patologias tipo: pedofilia, ou assassinatos em série.
Estamos convencidos de que as campanhas pela paz passam ao largo da verdadeira causa de tanta violência. Não vêem que, por trás desse fenômeno brutal, existe um sistema sócio-econômico, cujas características principais são: a gritante desigualdade, o desespero e os desajustes sociais que se transformam em anomalias. Um verdadeiro combate à violência, uma eficaz luta pela paz tem, para ser consequente, que atacar a sua raiz, e esta tem nome, chama-se capitalismo.
Esse sistema sócio-econômico, que outrora foi progressista e promissor de um futuro radiante, mergulhou em um processo de esgotamento e, nessa condição, tem feito avolumarem-se as incontáveis tragédias sociais enquanto coloca em risco a própria existência quando agride de forma desvairada o meio ambiente destruindo a fauna, a flora, os mares, os lagos, os rios e os ares, em síntese: destruindo vidas numa progressão geométrica.
Esse quadro tão tenebroso e tão adverso de violência não deve só nos assustar. É necessário que cada um de nós deixe de assistir a esse fenômeno pelas telas de TV e tome a iniciativa de participar, efetivamente, de ações de caráter anticapitalista para que possamos assegurar um mundo de justiça e paz, ou seja, um mundo que bem pode ser chamado de socialista. Não é inteligente buscar fugir da violência pela via única da proteção individual, pois essas soluções são ineficientes. A paz só poderá vir pelas mãos de todos.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Poder público

Temos insistido em mostrar que a burguesia, para manter o sistema capitalista, lança mão de uma cultura baseada em múltiplas e gritantes mentiras. O capitalismo apóia-se sobre o império da mentira e essas mentiras são colocadas em nossas cabeças desde a mais tenra idade. Tratam de nos passar essa cultura de equívocos, fantasias e crendices, as nossas famílias, as escolas, as igrejas e os meios de comunicação. E nós, inadvertidamente, repetimos esses discursos mentirosos que nos foram impostos como se fossem idéias nossas. Dentre as múltiplas e descaradas mentiras, existe uma gravada na festejada Carta Magna cujos termos são os seguintes: “todo o poder emana do povo e em seu nome será exercido.” Bela e deslavada mentira! O poder é o Estado, e o Estado com suas inúmeras instituições desde a polícia, forças armadas, aparelhos administrativos e judiciários, e às escolas, representa o poder da burguesia sobre o conjunto da sociedade.
Dizendo melhor: no capitalismo, o poder é o Estado e o Estado é conduzido de acordo com os interesses da burguesia e não será o simples ato de votar que possibilitará a substituição do poder burguês pelo poder popular. Falar em poder público, em poder do povo no capitalismo, é cometer uma fraude uma vez que o Estado permanece intocado. Governos e parlamentares vão e vêm, enquanto isso o Estado permanece e ele é a encarnação do poder burguês. Resta-nos, portanto, buscar outros caminhos. Resta-nos buscar construir organismos de poder popular como sindicatos livres, associações de bairros autenticas e representativas, comitês de fábricas e de outros lugares de trabalho, entidades de jovens sejam nas escolas, nos bairros e nos movimentos culturais. Isso, porém, não implica em dizer que não devemos participar dos processos eleitorais e buscar utilizar-se deles para denunciar os verdadeiros inimigos do povo.
No capitalismo não existe poder público. Existe, sim, o poder burguês. Quanto ao chamado dinheiro publico, não passa de recursos que servem antes de tudo ao grande capital.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Dois projetos?

A esquerda francamente direitosa representada pelo PT, PSB e PCdoB esforça-se por fazer crer que no pleito eleitoral que se avizinha, outubro de 2010, estarão em disputa dois projetos. Um projeto de direita e outro projeto indevidamente chamado de esquerda. Isso é uma bela mentira, se é que a mentira pode ser bela, pois desde o lançamento do plano real no governo Itamar, foi instalada uma política econômica e financeira que sobreviveu a todos os governos e se propõe a sobreviver através das candidaturas postas: José Serra, Dilma Rousselff e Marina Silva .
É bom esclarecer, que Lula, antes de ser eleito, deixou bem claro através de um documento chamado de CARTA AO POVO BRASILEIRO, que respeitaria a política econômica de FHC. Com isso ele procurava tranquilizar os grandes industriais, o agronegócio e especialmente os banqueiros. Prometeu e cumpriu zelosamente. Manteve os pilares da política econômica lançada desde o governo Itamar Franco.
Dizer que o governo de Luis Inácio Lula da Silva representou um avanço é cometer uma idiotice. O Brasil atual ocupa vergonhosamente o nono lugar entre os países de maior nível de desigualdade social na América Latina. A realidade sócio-econômica que vivemos repousa no fato de existirem, fundamentalmente, duas classes sociais com interesses antagônicos e inconciliáveis: a burguesia e os trabalhadores. É impossível servir a dois senhores. Na verdade, Lula serviu e serve muito bem ao grande capital enquanto engana o povo com medidas populistas financiando a miséria através do Bolsa Família que bem serve ao capitalismo pois evita tensões sociais enquanto pratica uma política de engessamento dos movimentos populares às custas do erário, mantendo as centrais sindicais e centrais estudantis no mais profundo imobilismo.
Não foi à toa que Barak Obama definiu Lula como “o cara”. Não foi sem razão que os representantes mundiais do grande capital resolveram agraciar Lula como o político do ano em 2009. Tudo isso é um reconhecimento de que o metalúrgico Lula tornou-se um precioso quadro a serviço do capitalismo, assim com o seu colega, o metalúrgico polonês Lesh Valessa, fez em seu país.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Conceitos diferentes

Os verdadeiros socialistas fazem oposição cerrada ao sistema capitalista e, somente em segundo plano, faz oposição aos governos que gerenciam esse sistema. No primeiro momento o PT fazia oposição a governos. Fez oposição ao General Figueiredo, ao José Sarney, ao Collor e, por fim, ao FHC atribuindo-lhe a condição de neoliberal. Em nenhum momento o PT pretendeu fazer oposição ao capitalismo. Deixemos isso bem claro.
Com o impedimento do Fernando Collor por corrupção, assumiu o governo Itamar Franco e a partir dele nasceu o Plano Real que desferiu um golpe certeiro na inflação. No começo, o PT e seus aliados “ideológicos”, diziam que o plano era de caráter eleitoreiro e se colocou em sua oposição. FHC que sucedeu ao Itamar continuou fiel aos fundamentos da política financeira do governo anterior. Chegando ao governo em 2003, Luis Inácio não ousou mudar os princípios fundantes da política econômica imposta pelo governo de Itamar e, como FHC, praticou o continuísmo.
Hoje os principais candidatos à Presidência da Republica, Serra, Dilma e Marina primam por serem fieis ao continuísmo. Obedientes ao lema de que “em time que está ganhando não se mexe” eles se propõem a dar continuidade à mesma política econômica e financeira levada a cabo nesses últimos anos, uma vez que tal política tem agradado ao povo desinformado e mais ainda aos grandes capitalistas, especialmente os banqueiros, que tem usufruído grandes lucros e gozado de certa paz social que lhes tem assegurado a administração petista.
O PT e seus aliados querem nos impor uma eterna oposição ao FHC, querem nos impor que voltemos sempre os olhos para trás elegendo os governos passados como alvo permanente de nossa oposição, quando haveríamos de esperar que um partido dos trabalhadores devesse se opor, isto sim, ao sistema sócio econômico vigente que responde pelo nome de capitalismo. Quanto a esse verdadeiro inimigo do povo, o capitalismo, nenhuma palavra, nenhuma censura. Isso não é apenas lastimável, é, sobretudo, aterrorizante.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Uma relação de negócios

Rezo, prostro-me, penitencio-me, flagelo-me, enquanto adoro, venero e amo a Deus, ou a algum santo, em troca de alguns favores, de proteção ou de um bom lugar no céu.
Cuido de mim, antes de tudo, quando busco a vida eterna, sem as agruras do mundo real, e o preço que pago é a minha devoção acrítica, minha sujeição ao “destino”, mesmo adverso, que deverei aceitar resignadamente segundo os preceitos religiosos.
Sabendo que “Deus ama os pobres”, tento dispensar a estes, alguma atenção, lembrando que “quem dá aos pobres empresta a Deus” e a minha contrita caridade termina sendo um bom negócio, pois troco o sofrer “passageiro” pela graça eterna.
Como religioso, não me proponho a acabar a pobreza e a miséria reinantes, vez que, não fossem eles, os pobres e miseráveis, como poderia existir a caridade das notáveis cristãs, madre Teresa, de Calcutá, irmã Dulce, da Bahia ou dona Zilda Arns, fortes candidatas à santificação?
A humildade, a caridade e as boas ações, mesmo quando não hipócritas, visam a agradar “ao Senhor” em troca da salvação eterna. Assim pois, vejo que a pobreza e a miséria se prestam a ótimos trampolins para alcançarmos o céu e que, afinal, nossa caridade, nossa devoção têm por objeto uma mera relação de negócios.
Em sendo assim, no mais profundo do nosso eu religioso está o natural egoísmo, pondo por terra, na prática, aquele mandamento que diz: “amar a Deus sobre todas as coisas”. É comprovado que em primeiro lugar, estamos nós, e é em nosso benefício que praticamos ou pretendemos praticar os preceitos religiosos.
Existe a mesma inequívoca motivação egoísta quando postulamos o socialismo. Neste caso move-nos o desejo de justiça, paz e harmonia aqui na terra. No caso religioso, no entanto, temos um egoísmo natural, porém mesquinho, e, no segundo caso, temos um egoísmo nobre quando, diante de um capitalismo extremamente destruidor, pretendemos, para nós, enquanto indivíduos, para nossos filhos, parentes, amigos e para toda humanidade, a felicidade social.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Coito interrompido

Conversando com o militante socialista, Inocêncio Uchoa, defendi a velha tese, ou melhor, o velho princípio socialista, de que não deveríamos assumir nenhum cargo executivo no capitalismo, fosse Presidente da Republica, Governador do Estado, Prefeito municipal, ministérios, secretarias ou autarquias. Não deveríamos assumir cargos executivos por entender que esses cargos representam o Estado e o Estado, nesse caso, é o exercício do poder político da burguesia. Essa colocação, que não é original, pois ela foi esposada por Rosa Luxemburgo nos idos de 1903, o citado companheiro ironizou afirmando que essa postura correspondia a um “coito interrompido”.
Para efeito didático, admitamos que o propósito de uma relação sexual seja a procriação. Nem o coito interrompido, nem tampouco o sexo solitário, levariam a conquistar o objetivo almejado. Dessa mesma forma, buscar a conquista de cargos executivos, nunca levou e nem levará, a nenhum tipo de avanço caso nosso objetivo seja a conquista de uma nova ordem econômica e social. Muito pelo contrário, as “vitórias” tipo Salvador Allende, no Chile, Jacó Arbenz, na Guatemala, Largo Caballero, na Espanha, Sukarno, na Indonésia, Léon Blum, na França, não representaram avanços mas contribuíram para a ascensão de governos fascistas.
As presumidas vitórias eleitorais a cargos executivos muito se assemelham ao sexo solitário, traz efêmeras alegrias sem nenhuma consequência, quando não consequências adversas como a história tem se encarregado de demonstrar fartamente.
Aos socialistas, aos revolucionários, portanto, não cabe construir fantasias e alimentar ilusões. É preciso deixar bastante claro que devemos participar dos processos eleitorais. Devemos, no entanto, saber que nesses processos não está em disputa o poder, mas, simplesmente, eventuais governos e como a essência do problema é a questão do poder não devemos atribuir às eleições o caminho para a construção do verdadeiro poder popular e, muito menos, comprar ou vender gato por lebre.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Os degenerados

Antes, partia-se do princípio de que o motor da história eram os interesses das diferentes classes sociais em conflitos. Há muito, tal princípio foi substituído pela “esquerda” e a história passou a ser vista como movida pelos interesses nacionais. De classe opressora, a classe oprimida derivou-se para nações opressoras e nações oprimidas. Ora, como os interesses nacionais escondem os interesses de suas respectivas burguesias, fica claro que o nacionalismo é, apenas, moeda de troca no mundo capitalista.
Feitas essas considerações, abordemos o episódio da visita de Luiz Inácio Lula da Silva a Guiné Equatorial, onde reina a mais sanguinária e corrupta das ditaduras capitaneada pela sinistra figura de Teodoro Mbasogo. Face aos protestos a essa visita, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, fiel à máxima de que cinismo é cinismo, explicou a visita de Lula a diversas ditaduras africanas dizendo: “negócios são negócios” e isso significa dizer, princípios à parte
Tal comportamento mostra o estágio de degeneração política e moral a que chegaram os setores majoritários da esquerda quando dão aval às mais desavergonhadas políticas, cujo móvel é a busca ao lucro mesmo que, para tanto, tenha de se irmanar com tudo de mais pútrido na face da terra, seja externamente ou internamente, aliando-se ao que existe de pior no cenário da política brasileira em nome da repelente causa de se manter, a qualquer custo, no governo e continuar usufruindo privilégios e prestígios, enquanto servem aos interesses mesquinhos de um capitalismo inescrupuloso e sedento de lucros.
Camarões, República do Congo, Líbia, Irã, Síria, expressões da corrupção e do fascismo, são tidos como merecedores de afagos de quem, um dia, pretendeu ser a encarnação dos interesses históricos dos trabalhadores, para se transformar hoje em mero trânsfuga, em alguém que se passou para o lado da burguesia. Assim o PT, o PC do B, o PSB, por suas práticas políticas dotadas de um vergonhoso pragmatismo, deixam claro o quanto, politicamente, estão degenerados.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Jogo do inimigo

Diante dos hediondos crimes praticados pelo stalinismo, os que faziam a denúncia eram acusados de fazer o jogo do inimigo. Presumia-se que o stalinismo, mesmo com suas distorções e crimes, representava o socialismo e quem se opusesse às suas distorções deveria ser afastado do caminho, fosse pela execução física, fosse pelo confinamento, fosse pelo linchamento moral feito por via de campanhas caluniosas. Ora, não eram os que denunciavam o stalinismo que faziam o jogo do inimigo. Pelo contrário, quem fazia tão pernicioso papel eram os que contribuíam, mesmo que de boa fé para tão sinistro jogo contra os interesses dos trabalhadores.
O PT foi criado com a intenção de representar os interesses históricos dessa classe social, porém, a burguesia de início tentou impedir a consolidação de tal proposta, mas mudou de tática. Ao invés do enfrentamento e da negação, buscou o caminho da cooptação dos seus quadros mais representativos. E nesse empenho a burguesia logrou êxito total. A cada concessão que fazia o PT, a burguesia apressava-se em elogiar e dizer que o partido estava em processo de amadurecimento. Entretanto, a bem da verdade, é necessário saber que a burguesia, quando dizia que o PT estava se tornando maduro, é por que ele está em processo de apodrecimento. Isso aconteceu com o PT inglês e, também, com os partidos operários social-democratas de toda a Europa ocidental. Agora, vem de acontecer com o PT, no Brasil, capitaneado por Luis Inácio Lula da Silva e uma corja de trânsfugas, destacando-se figuras como Zé Dirceu, Genoíno, Luiz Dulci, Luiz Guchiquem, Paulo Rocha, João Paulo Cunha, quadrilha essa intimamente ligada ao que existe de pior na política brasileira, tal como Zé Sarney, Calheiros, Romero Jucá, Jader Barbalho e outros.
Denunciando as entranhas apodrecidas do PT, foi lançado um livro de Ivo Patarra, sob o título “O Chefe”, que demonstra o grau de despudor e cumplicidade dessa camarilha que se transformou em verdadeiros inimigos dos trabalhadores. Vale a pena ler. Vale a pena denunciar. Calar é fazer o jogo dos inimigos da causa socialista.