sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Alternância no poder?




A burguesia domina o mundo através de mentiras políticas. Dentre elas, está essa lorota de que, na democracia burguesa, existe alternância de poder. Já dissemos que o poder não é rotativo, o que é rotativo são os governos. Esses governos representam propostas de políticas econômicas. Enquanto isso, o poder representa a própria natureza da economia o que, no nosso caso, é a economia capitalista.
Uma pergunta torna-se pertinente: onde estão os cientistas políticos, daqui e dali, que não denunciam essa grotesca fraude, que confunde governo com poder? Onde estão os “marxistas-leninistas” e os “marxistas-leninistas-trotskistas” que não protestam contra esse embuste da cavilosa burguesia?
Temos dito que as tão veneradas universidades, no capitalismo, têm dois objetivos precípuos. O primeiro deles é formar técnicos e cientistas que deverão prestar seus serviços ao sistema. Lembremos que o bombardeio atômico de Hiroshima e Nagasaki não teria sido possível não fosse o empenho e a eficácia de técnicos e cientistas, provindos das academias e bem remunerados. O segundo objetivo das universidades é formar ideólogos para bem servirem às classes ora dominantes, defendendo, conceitualmente, a ordem estabelecida.
A burguesia, repetimos, ampara-se no império da mentira. Algumas delas têm raízes milenares. Outras são mais modernas. Existem aquelas produzidas pela grande Revolução Francesa que, ainda hoje, povoam a cabeça dos chamados políticos progressistas e de seus inúmeros bacharéis, mestres, doutores e pós-doutores. Dessas mentiras modernas destaca-se uma pérola, o famoso “Estado de Direito”. Ora, no capitalismo, o Estado é o guardião da ordem socioeconômica vigente e, assim sendo, não passa de um Estado de direitA, conservador. Esse Estado Burguês, se apresenta sob duas formas: o Estado de Exceção, chamado de ditadura e o Estado de Direito, dito democrático. Na essência eles são iguais.
Vale ressaltar, entretanto, que, do ponto de vista político, é preferível o Estado de Direito do que o Estado de Exceção, chamado de ditadura. Repudiamos, mais ainda, o fascismo do discurso único, partido único, imprensa única, polícia política, campos de concentração, perseguição, tortura e execuções dos dissidentes.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Reflexão e emoção




Refletir é pensar, é medir os prós e contras, é ponderar. Costumamos dizer que pensar dói. Somos tendentes a incorporar tudo que nos é dito, seja por nossas famílias, seja por nossas igrejas ou por nossas escolas quando a temos ou a tivemos.

Quanto à emoção, ela vai ao encontro das nossas sensações e desenvolve atos irrefletidos, impensados, apaixonados, pois tendemos achá-los justos, corretos, não merecendo qualquer contestação.

Nos últimos anos, se vem usando o marketing nas disputas políticas. As técnicas de marketing apoiam-se na emoção e têm como principio básico a velha máxima nazista de que  “uma mentira mil vezes repetida ganha status de verdade”. Mas o marketing, que alija o pensar, a reflexão incorre em outros expedientes condenáveis. Destaca-se, dentre eles, o supremo valor que ele dá à forma e o desprezo que tem pelo conteúdo. A valorização da forma vai, desde a indumentária, ao penteado, a entonação de vozes, ao emprego das cores e outros tantos recursos próprios para apresentar uma “mercadoria” atraente para o consumo.

O caráter nocivo de se explorar a emoção em prejuízo da reflexão, brindou a humanidade com a mais criminosa expressão de brutalidade, como foi o nazismo, que praticou a irracionalidade em torno do símbolo da cruz gamada.

Não pretendemos dizer que foi o marketing que gerou o nazismo. Isso não. Ele tem causas mais profundas. Não se pode negar, entretanto, que somente um estado de profunda irreflexão pode explicar como uma Alemanha, letrada e culta, chancelou tão perverso episódio da história. 

Por sua vez, vamos encontrar na “pátria mãe do marketing”, nos Estados Unidos, a população mais despolitizada do universo, não obstante sinais de reação quando da oposição à participação terrestre nas guerras ou quando vimos o movimento “ocupe Wall Street”.

Enquanto o capitalismo usa do marketing, pois interessa ao sistema a irreflexão, o não pensar dos iletrados ou bem letrados, ao socialistas revolucionários interessa a reflexão, o pensar critico e libertador, pois tem-se como  certo que o pensar nesses moldes nos levará à revelação da verdade histórica e somente ela nos arrancará da prostração e da indigência intelectual vigente.

Em razão dos fatos expostos, temos severas reservas quanto aos símbolos que exploram a emoção e sobre ela se constrói o pernicioso fanatismo.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Glamour




É verdade, o CAEP não tem o glamour da academia burguesa. Não tem o charme que nos conferem os títulos de bacharel, mestre, doutor e pós-doutor. Não tem aceitação e o louvor, quase unânime, da sociedade. Não é alvo dos mimos e do financiamento que a burguesia “generosa” confere aos seus graduados.

Porém, o CAEP sabe estabelecer a diferença entre a forma e o conteúdo. Sabe distinguir o que é poder e o que é governo. Tem clareza da gênese do Estado e sabe do seu conteúdo de classe. É informado de que a propriedade capitalista dos meios de produção se dá pela apropriação direta, chamada de propriedade privada, e sua apropriação indireta pela burguesia, através do seu aparelho de Estado. Não se deixa enganar pela lorota que é a de chamar a propriedade estatal de propriedade pública, propriedade do povo. Não aceita o logro de considerar que o “petróleo é nosso”; que “a Amazônia é nossa"; que o Banco do Brasil é de Maria, Pedro, José, Tereza... Refuta, com toda veemência, a falsa contradição entre o público e o privado, no âmbito do capitalismo. Denuncia a farsa de que “o poder emana do povo e em seu nome exercido”.

É fato que o CAEP não tem o glamour que o império da mentira confere a alguns, enquanto a burguesia se encharca nos seus vultosos lucros.

A verdade histórica não é conferida, no capitalismo. As honras são destinadas à mentira, como elemento útil à sustentação desse sistema socioeconômico. Isto se dá, porque a verdade tem um perfil herético. Não foi considerado herege Galileu, ao afirmar que a Terra era móvel? Não foi jogado na fogueira Giordano Bruno, por rejeitar os dogmas da Santa Madre Igreja? Não foi execrado pela academia de ciências, Charles Darwin, ao proclamar a improcedência da criação divina da vida?

Sem a mentira, sem a fraude, sem as ilusões e fantasias, a desigualdade social não se manteria de pé. A verdade, e somente ela, tem a prerrogativa de promover a revolução, a transformação. Em razão desse fato é que ela, a verdade, ao contrário do que se diz, tem pernas curtas. Enquanto a mentira tem pernas longas e robustas.

Essa é a realidade que clama por reconhecimento. Mas a mentira tem em seu favor as palavras dos bispos, dos generais, dos doutos, que lhe conferem o glamour. Reverter esse quadro e desvendar a natureza cruel da sociedade em que vivemos é a nossa grande tarefa, tangendo para bem longe a fraude, apesar do seu inegável glamour.


quinta-feira, 23 de outubro de 2014

PT nas ruas



Dizem que o PT mudou após chegar ao poder. Esta afirmação incorre em dois graves erros. O primeiro é de desconhecer que esse partido mudou para poder chegar ao governo. Dizendo melhor, não mudou depois, mudou antes. O segundo equívoco, muito frequente, inclusive entre os chamados cientistas políticos, é não perceber a diferença abissal entre governo e poder.

Quando do surgimento do PT, nos ocorreu a esperança de que essa agremiação politica, impulsionada pela intuição e pelo sentimento de classe, poderia encarnar a defesa dos interesses históricos das classes trabalhadoras que é, em principio, a superação do capitalismo.

Em 1984, escrevemos e publicamos, um artigo de jornal, com o seguinte titulo: “PT, uma proposta e muitos riscos”. Dizíamos então, que se poderia ir para o gueto da intolerância e do sectarismo ou poderia ocorrer a sua cooptação pela burguesia, o que de fato veio a acontecer, quando se assumiu o caminho único da institucionalidade e se derivou para o fisiologismo.

Quando das campanhas, Lula, presidente, se cantava o Lula Lá e, nós, caepistas, saímos às ruas com Lula Cá, através de modestos panfletos. Dizíamos, então: não queremos Lula Lá no Planalto dividindo a mesa com banqueiros, industriais, agropecuaristas, importadores e exportadores... enfim com a burguesia. Queríamos Lula Cá, nas fábricas, nos sindicatos, nas comunidades, nas ruas. Não queríamos ver o PT fugir dos seus destinos para se envolver em episódios do tipo: assassinato de Celso Daniel e do Toninho, do PT. Não queríamos ver o PT ligado a tantos escândalos, ressaltando-se o Mensalão e o esquema da Petrobras. Não queríamos ver o PT dizendo que tem um projeto que agrada personagens da escória política como Sarney, Barbalho, Calheiros, Temer, Jucá, Collor, Maluf... 

Sob o argumento de que a agremiação em causa promove um serviço de assistência aos pobres, amenizando-lhes os seus sofrimentos, esquecem de dizer que a maior dádiva que se poderia destinar às classes populares, seria a conscientização politica, levando-as a ver que se vive no capitalismo e nele não existirá conquistas definitivas para os trabalhadores.

Por seu turno, é bom que se afirme: a tarefa de governar o capitalismo é da burguesia e de seus prepostos. Não existe, no âmbito desse sistema socioeconômico, a possibilidade de se governar para os pobres. Não existe a livre escolha. Quando um governo concede dez para os desfavorecidos, concede um milhão para os ricos. Dessas circunstâncias, governo nenhum poderá fugir e caso pretenda, será deposto pelo poder, e sobre isso, a história está repleta de exemplos. 

Não nos apetece, ver um metalúrgico e retirante ladeado por políticos cuja marca é o fisiologismo.  Um partido que realmente se coloque na perspectiva histórica dos trabalhadores não deveria e nem deve “estar lá” e sim devia e deve estar cá, nas fábricas, nos sindicatos, nas comunidades, nas ruas, bradando: não queremos apenas míseros ganhos, queremos aquilo a que realmente temos direito. Queremos as riquezas que produzimos, queremos um mundo de igualdade, justiça e paz, e esse mundo não poderá ser alcançado nos marcos do capitalismo. Fora o Capitalismo! Viva a vida!

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Bolsa Família




Em torno do Bolsa Família, precisamos fazer uma discussão abalizada. Há os que dizem que não passa, apenas, de uma política compensatória diante do quadro de miséria existente, numa grande faixa da população brasileira. Outros se dão conta que se tenta praticar uma política de “miséria assistida”. E há os que defendem a tese de se tratar de uma arma política. E ainda existem os que afirmam: Bolsa Família é, simultaneamente, ação social e arma política, sendo assim reverte-se em favor da sustentação da ordem socioeconômica vigente. Ela é despida de qualquer caráter de avanço, como afirmam alguns desavisados.

Temos insistido em lembrar, aos presumidos militantes socialistas, que, ação social, nada tem a ver com o socialismo. Quem mais praticou uma grande gama de ações sociais foram os países da Europa ocidental, através do Estado de Bem Estar Social como forma de proteger-se contra um possível avanço do comunismo.

Os países nórdicos, essencialmente capitalistas, levam as ações sociais muito avante na perspectiva de manter esse sistema. Não é propósito do projeto e da política socialista mitigar os sofrimentos, tornando a miséria e a pobreza mais toleráveis. Quem tem essa política de socorrer a pobreza e a miséria é o cristianismo que, há mais de dois mil anos, leva avante políticas de mitigação do sofrimento de parcelas da humanidade. “Quem dá aos pobres empresta a Deus”, e outros afins são lemas cristãos. De boa fé, eles acham que suas atitudes assistenciais é uma forma de lhes garantir um lugar no paraíso. Exemplos expressivos dessas postura são: Irmã Dulce, da Bahia, e a Madre Tereza de Calcutá, ambas cotadas para se tornarem santas.

Diferentemente dessa posição, cabe aos verdadeiros socialistas, lutar pela erradicação da pobreza e da miséria, lutar pela igualdade social e pelo respeito à individualidade.

Feitas essas observações, nos pronunciamos contra os discursos que vêem no Bolsa Família, um avanço. Trata-se de uma ação social, mas é, antes de tudo, uma arma política apontada contra os que pretendem a superação do capitalismo, os que pretendem a eliminação completa e absoluta da causa que produz gritantes e cruéis diferenças sociais.