sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Aternância no poder?



Alternância no poder?


            A burguesia domina o mundo através de mentira política. Dentre elas, está essa lorota de que, na democracia burguesa, existe alternância de poder. Já dissemos que o poder não é rotativo, o que é rotativo são os governos. Esses governos representam propostas de políticas econômicas. Enquanto isso, o poder representa a própria natureza da economia o que, no nosso caso, é a economia capitalista.
            Uma pergunta torna-se pertinente: onde estão os cientistas políticos, daqui e dali, que não denunciam essa grotesca fraude, que confunde governo com poder? Onde estão os “marxistas-leninistas” que não protestam contra esse embuste da cavilosa burguesia?
           Temos dito que as tão veneradas universidades, no capitalista, têm dois objetivos precípuos. O primeiro deles é formar técnicos e cientistas que deverão prestar seus serviços ao sistema. Lembremos que o bombardeio atômico de Hiroshima e Nagasaki, não teria sido possível, não fosse o empenho e a eficácia de técnicos e cientistas, provindos das academias e bem remunerados. O segundo objetivo das universidades é formar ideólogos para bem servirem às classes ora dominantes, defendendo conceitualmente, a ordem estabelecida.
            A burguesia, repetimos, ampara-se no império da mentira. Algumas delas têm raízes milenares. Outras são mais modernas. Existem aquelas produzidas pela grande Revolução Francesa que, ainda hoje, povoam a cabeça dos chamados políticos progressistas e de seus inúmeros bacharéis, mestres, doutores e pós-doutores. Dessas mentiras modernas destaca-se uma pérola, o famoso “Estado de Direito”. Ora, no capitalismo, o Estado é o guardião da ordem socioeconômica vigente e, assim sendo, não passa de um Estado de direita, conservador.
            O estado burguês apresenta-se de duas formas: o estado de exceção, chamado de ditadura, e o Estado de Direito, dito democrático e isso é, do ponto de vista da sua essência, um falso conceito e ele faz a cabeça da maioria dos intelectuais, inclusive os ditos “marxistas-leninistas” e “marxistas-leninistas-trotskistas”.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Vendedores de ilusões




Vendedores de ilusões


           O sistema capitalista sustenta-se vendendo doses cavalares de ilusões. Não bastasse propagar que, através do supremo esforço individual, pode-se “vencer na vida”, difunde a maior de todas as fantasias quando coloca na cabeça do povo que as mazelas sociais podem ser solucionadas no capitalismo. Dizem eles: o sistema é bom, tudo é uma questão de governo. Caso tenhamos governos com compromisso popular, honestos e competentes, tudo será resolvido. Esse discurso é totalmente falso. O correto seria dizer: no capitalismo não há salvação, independentemente de governos.
          O atual sistema socioeconômico é, portanto, um eterno vendedor de fantasias. A desigualdade e as injustiças que lhe são próprias não poderiam permanecer não fosse o uso desbragado da mentira. Daí se dizer que a verdade política é revolucionária. Mas quem ousa dizer a verdade? Quem se dispõe a desfazer ilusões? Esse seria o papel que as esquerdas deveriam desempenhar. Aconteceu, no entanto, a maior das tragédias históricas: a velha esquerda, por sua imensa maioria, cedeu ao discurso burguês e tornou-se, também, vendedora de ilusões. Diz essa esquerda majoritária: eles governam mal. De nossa parte, temos a fórmula ideal de um governo salvador.
       Foi embalado por esse discurso que, na quarta tentativa, elegeu-se Lula para Presidente. Acreditava-se que ele resolveria os problemas sociais. Ao invés disso, o eleito enquadrou-se ao sistema e passou a governar os interesses do capitalismo. Veio, então, a gritaria de alguns: Lula traiu! Sem querer discutir o papel pernicioso do PT, haveremos de lembrar que, um governo popular, quando eleito, tem dois destinos: enquadra-se ao sistema e convive com o poder burguês ou conflita com ele e será deposto. Daí o perigo do discurso de que houve traição, pois vem a ilusão de que poderemos eleger outro governo que não trairá e tudo será resolvido. Isso não é verdade. Devemos insistir, pois, que a questão é do sistema e não de governo. Por sua vez, devemos atentar para o fato de que o único caminho contra o poder burguês deverá ser a criação de um organismo de poder popular ou estamos nos comportando como meros vendedores de ilusões.
            Enganar é o inarredável papel da burguesia. Ela não poderá ter outro discurso que não seja o da mentira. Trágico é que, a esquerda, por sua maioria, professe o mesmo discurso enganoso. Uma verdadeira esquerda tem o papel de denunciar o capitalismo e sua inviabilidade. Isso não quer dizer que não devemos participar do processo eleitoral. Devemos participar, sim, entretanto, com o propósito único de dizer a verdade, pois só ela haverá de levar o povo à sua libertação.


segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Dois discursos



Dois discursos

 Face à realidade econômica e social que vivemos, existem, somente, dois discursos qualitativamente diferentes. O primeiro é o discurso da burguesia que consiste em dizer ser o capitalismo bom, desde que gerenciado com competência, honestidade e determinação. Esse é o discurso predominante; ele está em todos os recantos e vai do campo aos campi. Esse discurso está na boca dos maiores partidos de “esquerda” como é o caso do PT, PSB, PCdoB e PDT, que não se cansam em tentar dizer que o capitalismo é bom, desde que bem gerenciado e até se falou no modo PT de governar. Em razão disso, a direita, ou seja, a política que não extrapola os marcos do capitalismo, é francamente hegemônica, gerando daí a afirmação de que acabou a divisão política entre esquerda e direita, pois tudo é direita, cujas frações se coligam sem nenhum pejo em torno das mais diversas candidaturas.
O segundo discurso, minoritaríssimo, parte do princípio de que as mazelas sociais, tão agravadas a cada dia que passa, tem uma única causa que se chama capitalismo. O capitalismo foi revolucionário, mas o seu caráter progressista esgotou-se com o advento do imperialismo. Movido pelo propósito único de gerar lucros para a burguesia, o capitalismo tornou-se um sôfrego destruidor de vidas.
Assim sendo, a única política que serve aos interesses da humanidade, respalda-se no discurso da superação do capitalismo que deve ser feito de forma clara e ostensiva.
Quem leva, porém, a cabo esse discurso anticapitalista? Quem proclama vivermos um dilema: ou a humanidade destrói o capitalismo ou o capitalismo destrói a humanidade?
Pouquíssimos. Valendo registrar que, dentre esses que se assumem anticapitalistas, muitos têm esse discurso gravado no âmago do coração, enquanto usam sua energia para brandir um “Fora a ALCA e o FMI”, reivindicações de caráter nacionalista que o próprio sistema se encarregou de resolver.
Todos são chamados a intervir. Todos devem fazer a sua escolha: ou o discurso conservador que respeita os limites do sistema ou o discurso da transformação social.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Comunismo troncho



Comunismo Troncho

            A palavra troncho quer dizer torto, fora do prumo, desajeitado. Recentemente, tivemos a oportunidade de assistir a um programa de debate entre o dirigente “comunista” do PCdoB, Aldo Rebelo e diversos jornalistas, no programa “Roda Viva”. Não vimos, em nenhum momento, esse senhor referir-se às classes e camadas sociais que compõem esse país chamado Brasil.
            Fica claro que, para esse dirigente, “comunista”, existe apenas uma categoria política: país. Dessa forma, abstrai, vergonhosamente, o fato de existirem, como já dissemos, classe sociais com interesses antagônicos, no seio desta festejada nação. Aliás, a burguesia sempre recorre a essa abstração. Diz ela: o país está crescendo, o país está ganhando, o país está perdendo e assim por diante, quando deviam dizer que é o capitalismo que está crescendo, está ganhando ou está perdendo. Isso é uma forma clássica de esconder a verdade que existe por trás dessa colocação patriótica.
            Ora, é bom deixar claro, e bem claro, que existe uma intimidade simbiótica entre pátria e patrão. Devia ficar claro, que a chamada “pátria amada idolatrada” é a pátria deles, dos negócios deles, dos ganhos deles. Entretanto, ao invés dessa revelação quanto ao fato de que cada país, no capitalismo, é formado por classes e camadas sociais diferentes, o que existe é um sistemático engodo, uma sistemática enganação, uma densa cortina de fumaça. Seria tarefa dos comunistas e socialistas dizer para o povo o verdadeiro sentido de pátria e comungando com a afirmação de Karl Marx e Friedrich Engels dizer, peremptoriamente: “O proletariado não tem pátria”. Ao invés disso, temos organizações que se reclamam socialistas e até comunistas, mas se prestam a massificar as tagarelices burguesas e esconder a realidade.
            O PCdoB, do sr. Aldo Rebelo, que antes era apenas um partido social-patriota, transformou-se em partido fisiológico que se alimenta nas tetas do Estado capitalista e rejeita qualquer postura anticapitalista. Esses senhores, deram-se ao trabalho de se transformar em especialistas em esportes e reclamar, em nível federal, estadual e municipal, em que se dêem vitórias das coligações de “esquerda", sua participação nas secretarias voltadas para essa atividade.
            Isso é muito estranho, ou seria a atividade esportiva um novo caminho para o socialismo? Isso não nos parece verdadeiro, pois tudo se reduz a interesses menores como seja o de tirar proveitos em benefício de seus restritos interesses partidários. Trata-se pois, de um “comunismo” totalmente troncho e o seu caráter oportunista deve ser veementemente denunciado para que o povo trabalhador não seja enganado de forma tão vil.