sexta-feira, 28 de junho de 2013

“Esquerda no Poder”


            Com a chegada do PT e do PCdoB ao governo, muitos são os que proclamam estar a esquerda no poder. Essa afirmação comete dois gravíssimos erros de natureza política. O primeiro é imaginar que PT e PCdoB são de esquerda. Caso consideremos de esquerda, as posições anticapitalistas, concluiremos que os citados partidos nada têm de esquerda.
            Se por ventura, houve no PT, um sentimento anticapitalista, com o andar da carruagem, prevaleceu à adesão desse partido a condição de força de sustentação da ordem socioeconômica vigente. Isso ficou claro com a “Carta ao Povo Brasileiro”, documento em que o PT se propunha a garantir os interesses maiores do sistema.
            Empenharam-se em mostrar que o “leão era mansinho e desdentado”. Procuraram garantir que as linhas gerais do Plano Real seriam mantidas. Não bastassem essas garantias, comprometiam-se em nomear para o Banco Central, alguém da confiança do grande capital.
            As promessas foram cumpridas, e o PT se prestou a promover um trabalho de engessamento do movimento popular. Ao lado da paralisia dos movimentos populares e sindicais, processou-se um trabalho de construção de um imenso colégio eleitoral, base de sustentação política para o petismo, através do Bolsa Família.
            Esse conjunto de medidas assegurava à burguesia, a “paz social” para que fossem auferidos grandes lucros, sem maiores estremecimentos. Em troca de tantos serviços prestados, o PT passou a merecer os mimos dos afortunados, especialmente dos empreiteiros, que nunca se negaram a regar, com gordas doações, os caixas de campanha.
            Quanto ao PCdoB que, mesmo equivocado, era um partido de teor ideológico, transformou-se em uma agremiação fisiológica e até vem contribuindo para uma nova “formulação política”, qual seja, a do “caminho para o socialismo, através do esporte”. A combatividade e os mártires desse partido, ocorridos outrora, não podem servir de salvo-conduto para a sua vergonhosa capitulação.

            Esquerda não são, nem PT, nem PCdoB! Por sua vez, essas organizações chegaram, apenas, ao governo. É bom salientar, porém, que há uma diferença abismal entre governo e poder. Governos vão e vêm, têm um caráter episódico, enquanto isso, o poder tem caráter permanente. O poder é o Estado, e mudanças de governo não implicam na desconstrução do Estado. Ele permanece pronto para defender os interesses do capitalismo. Esquerda no poder é um disparate, próprio de pessoas de má fé ou politicamente desinformadas.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Golpistas são: PT e PCdoB


            Transita um discurso de que as manifestações populares acobertam um plano de golpe de Estado. Lendo os cartazes exibidos, nada disso encontramos. Esse discurso tem por objetivo desqualificar o movimento popular. Diz-se que o fato de haver repúdio quanto à participação de partidos, é um gesto fascista. Entretanto, esse gesto tem dois vieses. O primeiro deles, é a atitude dos anarquistas que agitam a palavra de ordem: “O povo unido não precisa de partido”. O segundo viés, deve-se a um sentimento natural do povo. Afinal, cabe perguntar: o que a população entende por partidos?       Existem no Brasil mais de 30 partidos e eles, regra geral, se identificam com demagogia, cambalacho, corrupção e é, por essa razão, que o povo tem esse sentimento de repúdio e isso nada tem de fascismo, como querem dizer.
            Caso queiramos realmente descobrir os verdadeiros golpistas da nossa história mais recente, vamos encontrá-los no PT e no PCdoB. O PT se apresentou com a proposta de partido diferente e golpeou as mais legítimas esperanças, quando passou de malas e bagagens, para o outro lado, o lado da burguesia. Seria um partido do povo, aquele que não tem o menor pejo em promover alianças com o que existe de pior nessa pútrida república brasileira? Cremos que não!
            Por sua vez, o PCdoB, dissidência do velho PCBão, que nos seus primórdios optou por Pequim e defendeu, com toda bravura, os seus equívocos, tais como “campo cercando a cidade” e “guerra popular e prolongada”, deixou de lado o seu passado ideológico para se converter em uma agremiação fisiológica. A sua contribuição para uma pretensa formulação “revolucionária”, estaria na tese do caminho para socialismo através do esporte, e isso expõe toda a sua transmutação.

            É oportuno, frisar bem, que o passado heróico do PCdoB, com os seus mártires, não pode servir de salvo-conduto para suas nefastas práticas recentes. PT e PCdoB são verdadeiros golpistas, sempre prontos a golpear a boa fé e, nessa condição eles servem aos interesses do capitalismo, em troco de polpudas vantagens. Enquanto isso, os sentimentos populares expressos nas ruas e as suas reivindicações, não podem ser contemplados no âmbito desse sistema, logo podem ser potencializados no rumo da transformação social.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Dilma mente!



Representando o PT e o PCdoB, Dilma vem a público e mente. Mente quando nega os gastos com a Copa. Mente quando diz que prioriza o transporte público, investindo nos Veículos Leves Sobre Trilhos – VLT, quando o que fez foi promover uma isenção do IPI para beneficiar a indústria automobilística, optando pelo automóvel, em lugar de uma real política de transporte de massa. Por sua vez, a sra. Dilma propõe, sob pressão popular, que se deve considerar os crimes de corrupção como hediondos, entretanto, depois de ter “faxinado” alguns ministérios, eis que os implicados voltaram ao seio do governo, como foram os casos mais gritantes do PDT e do PR. Tudo isso para ganhar alguns segundos de televisão.

Além de tudo, o governo petista não tem nenhuma palavra de desaprovação diante do fato de que os deputados José Genuíno e João Paulo, membros do seu partido condenados por corrupção, estejam exercendo os seus mandatos, inclusive participando da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. É público e notório, que o ex-presidente Lula da Silva, se tornou “caixeiro viajante” a serviço das empreiteiras, junto a vários governos Brasil a fora. Essa atitude nada tem de abonadora, pois em função dos seus serviços, tem auferido vantagens pecuniárias sob o biombo de palestras pronunciadas em troca de significativos “cachês”.


Dilma mente, o PT e o PCdoB mentem, todos eles servem ao capitalismo, todos eles se locupletam das benesses do Estado burguês e, não é sem razão, que a grande burguesia, as grandes empresas, investem maciçamente nas campanhas eleitorais petistas. Trata-se do reconhecimento da burguesia, com a qual o PT tem se prestado a manter, até agora, as massas populares imobilizadas. Lançando mão do engessamento das centrais sindicais e estudantis e do Bolsa Família, transformada em um amplo colégio eleitoral, o PT e o PCdoB fizeram jus ao seu papel de linha auxiliar na sustentação política do capitalismo. As manifestações populares quebraram o engessamento. Cai a fantasia. Resta a mentira deslavada da sra. Dilma. Eis a realidade política do momento e a partir dela devemos orientar os nossos passos.

domingo, 23 de junho de 2013

Vergonhosa mentira



Os cartazes exibidos nos atos de protesto, levantam uma ampla pauta. Uns colocam-se contra o preço das passagens. Outros reclamam por um bom serviço de saúde e educação. Protestam contra os gastos com a “Copa”. Irritam-se com a corrupção e reclamam da inflação. Não se vê qualquer pleito de caráter direitista. Mas alguns dizem que o movimento de rua está sendo manipulado para criar um clima de golpe de Estado.

Uma certa esquerda, dita “marxista-leninista”, considera que qualquer oposição aos seus desígnios, é de direita. Durante os últimos noventa anos, a humanidade viu-se perante dois inimigos. Tem-se a direita explícita e uma outra travestida de marxista-leninista. Ambas empenhadas na manutenção do capitalismo, com palavras e atos. A “esquerda leninista” foi responsável pela ascensão do nazifascismo; a derrota revolucionária na Espanha; a fraude do governo Léon Blum, na França; a traição dos “comunistas” na guerra civil grega; a tese do “caminho pacífico para o socialismo” que redundou nos golpes de Estado no Brasil, na Indonésia e no Chile. Essa “esquerda” está em pânico diante do povo na rua.

O repúdio aos partidos, deve-se a um sentimento, pois o povo os identifica com conchavos, demagogia e corrupção. Os anarquistas levantam o refrão: o povo unido não precisa de partido e isso não devemos aceitar. Porém, partidos como o PT e PCdoB não podem ser considerados de esquerda, pois se prestam a servir ao capitalismo.
Bem pagos, esses partidos converteram as centrais sindicais e estudantis, em instrumentos de paralisia do movimento popular. Foi, justamente, esse imobilismo imposto por uma falsa esquerda que foi rompido.  Por essa razão devemos considerar esse fato digno de ser louvado. Não colocamos de lado a hipótese de que a direita explícita busque tirar proveito do cenário político. Não podemos impedir. O inimigo cumpre o seu papel de inimigo e devemos ter a competência para derrotá-lo. Tão, ou mais, pernicioso, é o inimigo travestido de amigo, esse sim deve ser desmascarado.

Denunciando o movimento como manobra da direita, o PT, PCdoB e assemelhados tentam desacreditar o movimento do povo. Claro que cabe o nosso repúdio aos atos de provocação. Alguns deles, praticados por grupos anarco-sindicalistas ou de criminosos comuns que se aproveitam dos fatos para promover saques. Mas esse repúdio não pode servir de pretexto para que junto à bacia, jogue-se a criança

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Fim da paralisia



            A imobilidade foi rompida. O engessamento foi quebrado. Sem organização e sem direção, o povo está na rua. O movimento espontâneo revela conceitos equivocados, preconceitos e a má informação. Isso é natural. Grupos anarquistas levantam a palavra de ordem “o povo unido não precisa de partido”. Trata-se de um absurdo rejeitar a necessária organização consciente, ou seja, a auto-organização do povo. Esse discurso dos anarquistas, encontra ressonância no sentimento do povo, enquanto a direita aproveita-se do fato para tentar isolar a verdadeira esquerda, os verdadeiros socialistas.
            É compreensível que as massas populares tenham uma rejeição aos partidos, uma vez que na sua imensa maioria, eles estão presos a lógica eleitoral e praticam, descaradamente, o fisiologismo.
            Com a hegemonia política do PT, nesses últimos anos, deu-se uma paralisia dos movimentos populares. As centrais sindicais e estudantis tornaram-se instituições a serviço de um governo que se ocupa em gerenciar os negócios do capitalismo. É bem verdade que existem alguns partidos de feição ideológica, de caráter anticapitalista. Nesse campo estão PSOL, PSTU, PCB, POR... entretanto, essas organizações não desfrutam de razoável visibilidade.
            É preocupante o acentuado traço nacionalista das manifestações, mas é preciso entender, que elas refletem o grau de confusão e atraso de uma massa que foi entregue à própria sorte, quando a “esquerda” majoritária, bandeou-se de malas e bagagens para a causa burguesa, ocupando-se em gerenciar e manter o sistema socioeconômico vigente.
            Diz o povo: “Veja o PT, depois que chegou ao “poder”, deu as costas aos trabalhadores e se vendeu, mergulhando no mar de lama da corrupção”. E acrescenta: “Assim são os partidos, quando chegam lá, mudam”. Esse argumento está baseado na própria vivência popular, encharcada de distorções que lhes são impostas.
            Diante desse fato, cabe-nos ter paciência, cabe-nos dialogar permanentemente com as massas insurgidas e levar em consideração que merece todo nosso aplauso o fato de ter sido quebrada a imobilidade, a letargia.

Fortaleza, 21 de junho de 2013


São Paulo e Istambul


         Istambul é a maior e mais importante cidade da Turquia. Este país é de população muçulmana, entretanto há um empenho em evitar que descambe para um Estado islâmico. Em outras palavras, há todo um esforço político no sentido de preservar a natureza laica do Estado turco.
            São Paulo é a maior e mais importante cidade brasileira. Do ponto de vista religioso, a sua população é predominantemente cristã, apesar do caráter cosmopolita dessa cidade. Quanto à natureza do Estado brasileiro, ele é, juridicamente, um Estado laico.
            As diferenças entre as duas cidades, Istambul e São Paulo, são aparentemente enormes. Istambul é uma cidade européia e a Turquia é um país asiático e europeu. Há, entretanto, fortes sinais “ocidentalizantes” presentes na Turquia, sem que com isso sejam eliminadas as influências religiosas do islamismo.
            Feitas essas observações, veremos que, acima das diferenças, existem muitas semelhanças entre as duas cidades. Fundamentalmente, ambas se inserem no contexto de um sistema socioeconômico chamado capitalismo. Ambas abrigam em seu seio, classes e camadas sociais, com interesses distintos. Ambas encontram-se hoje, de certa forma, convulsionadas.
            Em Istambul, dão-se confrontos entre populares e tropas da ordem vigente, em torno da preservação de uma praça. Em São Paulo, a pretexto de protestar, legitimamente, contra o aumento das tarifas dos transportes públicos, vêm à tona outras insatisfações reprimidas. Em ambos os casos, ficam evidentes as semelhanças entre as chamadas “forças da ordem”. Lá, em Istambul, vê-se soldados agredindo os manifestantes com bombas, spray de pimenta e cacetete. Aqui, em São Paulo, o comportamento é o mesmo. As imagens se confundem, tanto são as semelhanças.

            Cabe-nos então perguntar: como duas cidades de contextos tão diferentes, guardam elementos de tamanha semelhança? E, após uma pequena reflexão, vamos descobrir o fato de que ambas cidades existem dentro do contexto da ordem capitalista e, em ambas existe o Estado como instrumento de dominação de classe. Eis aí a resposta cabal como tantas aparentes diferenças escondem reais semelhanças. Istambul e São Paulo, são palcos, tanto das insatisfações populares, quanto das manifestações agressivas de uma repressão que tem como objetivo, a defesa do sistema, ou seja, do capitalismo.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Onde estão?



            Depois de um longo tempo de calmaria, eis que segmentos da sociedade se insurgem. Jovens estudantes e trabalhadores, levantam suas vozes de insatisfação. Em São Paulo, sob o pretexto de protestar contra o aumento das tarifas nos transportes coletivos, outras insatisfações reprimidas, motivam os insurgentes a enfrentarem a dura repressão do Estado burguês. Nesse momento, cabe fazer uma pergunta: onde estão as centrais dos trabalhadores e dos estudantes? Mais especificamente, onde está a Central Única dos Trabalhadores – CUT? Essa central, nasceu em oposição a uma geração de dirigentes sindicais, acusados com justiça, de pelegos, mas o que se viu foi o engessamento dos sindicatos e o surgimento de um “neopeleguismo” agregado a partidos como o PT e o PCdoB cuja prática é o deslavado bloqueio das lutas operárias. Por sua vez, a tradicional União Nacional dos Estudantes – UNE, sob a direção do PCdoB, perdeu qualquer caráter contestador para se converter em uma instituição chapa branca, a serviço dos governos petistas.
            Segmentos populares vão à rua rompendo as amarras de partidos e movimentos que se rotulam de esquerda, mas que praticam um deslavado fisiologismo. À guisa de exemplo, basta que se diga que a UNE recebeu a polpuda verba de 30 milhões de reais para construir a sua nova sede e em troca disso, tem concedido o apoio incondicional ao governo de plantão.
            CUT e UNE são centrais que não se colocam a serviço das causas populares e muito menos dos interesses históricos dos trabalhadores. UNE e CUT transformaram-se em instituições que cumprem o papel de manter sufocado os anseios populares. UNE e CUT prestam-se, em última instância, a servir como muleta de sustentação da ordem capitalista.
            Em troca dos serviços prestados, elas tem merecido o reconhecimento da burguesia que, através do seu Estado, aufere-lhes algumas e tantas benesses. Os movimentos populares que ganham às ruas das principais cidades do Brasil, tem o condão de desnudar a natureza “neopelega” tanto da UNE quanto da CUT, assim como o caráter nefasto de partidos como PT e PCdoB que hoje ostentam a condição de partidos fisiológicos, para o pesar de tantos e quantos que acreditaram nessas organizações políticas.  Cai a fantasia e a luta recomeça!


segunda-feira, 17 de junho de 2013

“Fortaleza Apavorada”



            Louvável, justo e oportuno, nos parece, o movimento “Fortaleza Apavorada”. Trata-se de uma iniciativa de pessoas, de classe média, que afetadas pela violência, resolvem sair às ruas e clamar por segurança. É um movimento que tem bastante abrangência, entretanto, merece que os seus partícipes atentem para alguns fatos da nossa realidade.
            Primeiro, não basta reclamar uma Fortaleza apavorada, pois temos um mundo em pavor, decorrente da violência urbana, dos conflitos armados, como as guerras civis da Síria e do Iraque. Por sua vez, nos apavoram as agressões constantes contra o meio ambiente, colocando em risco a sobrevivência da própria humanidade. Todo esse quadro apavorante, deve ser debitado ao sistema capitalista.
            No seu nascedouro, esse sistema foi deveras progressista, rompeu com as amarras e o obscurantismo da Idade Média, para promover um surto de desenvolvimento e avanços tecnológicos. Após esse momento progressista, o capitalismo entrou em um processo de exaustão, calcado no princípio da busca incontida do lucro para uns poucos. O referido sistema socioeconômico, hoje, produz incontáveis e graves mazelas sociais.
            Assim sendo, uma luta consciente contra a violência urbana, deve estar associada a uma luta contra o próprio capitalismo, matriz de tantos e quantos infortúnios. É evidente que a luta imediata, deve ser a reivindicação em torno de medidas que sirvam, pelo menos, para diminuir o grau de insegurança em que vivemos. Políticas de caráter social, como a implementação de programas educativos, o estímulo às práticas esportivas, a qualificação profissional dos jovens, o engajamento das comunidades no esforço concreto por uma convivência pacífica, são caminhos e veredas que não podem ser descuradas em nossa jornada pela paz.

            Entretanto, não podemos cultivar esperanças de que iniciativas simbólicas, como as constantes e enormes revoadas de pombas brancas, possam mudar a face real dos nossos problemas. Fortaleza apavorada, periferia massacrada, mundo em crise, eis o quadro que temos pela frente e devemos enfrentá-lo com coragem e, sobretudo, com clareza, para não mergulharmos nas vias das ilusões.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

A chave do cofre



A presidente Dilma Rousseff, em campanha eleitoral, dispõe de dois trunfos. O primeiro é ter a chave do cofre e poder distribuir verbas para aplacar descontentamentos e contemplar o fisiologismo. Não bastasse essa condição tão favorável, a sra. Rousseff, também dispõe da caneta, que tem o pendor de demitir e admitir pessoas nas instituições estatais.
Clamoroso foi o ato da presidente em criar o trigésimo nono ministério, objetivando envolver em sua rede mais um aliado. A nomeação do vice-governador paulista, sr. Domingos Afif (PSD), para um ministério, tem um claro conteúdo fisiológico. Álias, o PT não tem se caracterizado como uma agremiação de caráter ideológico, e no seu projeto em se beneficiar da máquina do Estado, não tem tido o menor escrúpulo em marchar de mãos dadas com o que existe de pior no espectro político dessa pútrida república burguesa. Ainda temos bem viva em nossa retina, a cena deplorável em que o ex-metalúrgico e ex-presidente Lula da Silva, por ocasião de sua visita ao Paulo Maluf, fez-se fotografar em um “comovente” aperto de mão para selar a sua aliança com este político.
Esse episódio evidenciou o fato de que, nesse contexto histórico, em que vivemos, Lula e Maluf são frente e verso de um mesmo cenário. Com chocante desfaçatez, o petismo fala que defende um hipotético projeto, entretanto não fica claro a natureza desse projeto. Outra manobra política consiste em tentar impingir que existem duas propostas em disputa. Uma da direita, o neoliberalismo, representado pelos “tucanos” e a outra, nacional desenvolvimentista, encampada pelo petismo em estreita aliança com José Sarney, Jader Barbalho, Renan Calheiros, Romero Jucá, Paulo Maluf e outra figuras carimbadas. a disputa entre dois projetos é, na substância, falso.

Diante disso, cabe uma reflexão, quanto às pretensões ideológicas do PT, o fato de que Lula, eleito presidente, não só conservou as linhas gerais do Plano Real, implantado e dirigido pelo PSDB, como teve o desplante em convidar para o Banco Central o banqueiro internacional, gente de confiança do capital financeiro, Henrique Meireles, e esses fatos leva-nos a repudiar a falsa dicotomia: petralhas versus tucanalhas. Devemos trilhar outros caminhos que nos levem a uma postura anticapitalista, e não ficarmos presos a essa chantagem, cuja expressão é uma falsa disputa entre direita e esquerda, quando o que na verdade existe e predomina, por parte de uma pretensa esquerda petista, um real direitismo, mal travestido de esquerda.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Bravos combatentes


            Tomando-se conhecimento da história do movimento socialista no Brasil, vamos encontrar a participação de figuras dotadas de extrema determinação. A começar pelos anarquistas que se fizeram presentes no início da organização política dos trabalhadores, fundando sindicatos e jornais operários. Além de organizar e dirigir vários movimentos grevistas, esses anarquistas, vindos, em maior parte como imigrantes europeus, deram fartos exemplos de abnegação e sobretudo, de consciência anticapitalista.
            Em decorrência da Revolução Russa, em 1917, surgiu aqui uma nova literatura socialista, então chamada de marxismo. Parte dos militantes anarquistas procurou conhecer as obras de Marx, Engels, Lênin, Rosa Luxemburgo, Trotsky, tidos naquela ocasião, como expoentes desse novo pensar político.
            Alguns desses anarquistas aderiram ao marxismo e fundaram uma revista chamada “Movimento Comunista” e, posteriormente, isto é, em 1922, fundaram o Partido Comunista do Brasil, cujo perfil era o anticapitalismo. O caráter marxista desse partido, era bastante precário e, mal haviam se afastado do anarquismo, e já, em 1928, foi imposta por Moscou, uma política que se distanciava do anticapitalismo, tanto na teoria quanto nos métodos, assumindo uma postura nacional reformista.
            O recém-nascido PC do Brasil, afastava-se do socialismo para empunhar uma “nova teoria” da revolução brasileira, calcada no binômio: país dependente e dotado de restos feudais. A partir dessa premissa, a revolução no Brasil dar-se-ia através de duas etapas: a etapa democrática burguesa que promoveria a libertação nacional e levaria a cabo um elenco de reformas, destacando-se a reforma agrária, como medida para expurgar os presumido “restos feudais”.
            Consumada a primeira etapa, poder-se-ia passar para a revolução socialista. Tratava-se de uma formulação desprovida de fundamentos, entretanto, muitas pessoas, aderiram de corpo e alma a esse pensamento político e se dispuseram a oferecer o melhor de suas vidas para consecução desses objetivos. O PCdoB converteu-se em um partido nacional reformista e, apesar do equívoco, conseguiu atrair bravos e devotados militantes.

            Assim, foi que figuras, dentre outras, como Mário Alves, Joaquim Ferreira, Davi Capistrano, Apolônio Carvalho, e o bravo dos bravos Carlos Marighela, se imolaram em nome do mais profundo, porém imperceptível para eles, equívoco. Foram soldados convictos a serviço dos interesses de Moscou que não eram, desde muito, os interesses da revolução socialista.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Financiadores de campanha



É impossível servir a dois senhores. Como vivemos num país dividido em classes sociais, o Partido dos Trabalhadores se especializou em servir à burguesia e fingir que serve aos trabalhadores. Observa-se que nas campanhas eleitorais, o PT desfruta de um “caixa” bastante rico, como foi exemplo eloquente, as eleições para a prefeitura da cidade de São Paulo, em 2012. Uma das fontes de financiamento das campanhas do citado partido, tem sido as empreiteiras, empresas sempre envolvidas em condutas nada recomendáveis.
Por sinal, vale observar que o ex-presidente, Lula da Silva, tem se prestado a defender os interesses dessas empreiteiras em seus negócios mesmo fora do Brasil. Em troca, o ex-presidente tem sido agraciado com favores e recompensas pecuniárias. No governo, o PT se esmerou em preservar os interesses do capitalismo e assegurar, de forma eficaz, o engessamento das centrais sindicais e estudantis, além de promover a inércia dos movimentos populares, garantindo dessa forma, que o grande capital navegue em águas serenas e assim possa auferir grandes lucros, como foram, principalmente, os bancos e o agronegócio.
É em função de tão prestimosos empenhos, que a burguesia tem sabido reconhecer os arquitetos e operadores desse infame trabalho político, seja de formas consideradas licitas, como são as doações para as campanhas eleitorais, ou seja de formas ilícitas bem detectadas no clamoroso escândalo do mensalão, dentre outros episódios nada “republicanos”.

Nesses últimos dias, temos presenciado a conduta da ministra da casa civil, Gleisi Hoffmann, que, candidata a governadora do Paraná, se empenha em defender os interesses do agronegócio, em detrimento dos legítimos interesses dos povos indígenas em conflito com os barões de terra, naquele estado. De olho nas polpudas contribuições que poderão oferecer ao agronegócio, a ministra/candidata Gleisi Hoffmann, não tem o menor pudor em propor que seja subtraído da FUNAI a sua atribuição na demarcação das áreas indígena. A ministra e o seu partido, o PT, não podem servir a dois senhores e, por essa razão, servem ao grande capital, enquanto fingem servir aos despossuídos, como já buscamos evidenciar, e isso é, no mínimo, lamentável.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Burguesia Generosa



            É claro que alguém que se proclame um químico, não o seja a partir, apenas, dessa autoproclamação. O mesmo se aplica à física, à biologia, as ciências médicas... Isso quer dizer, não é químico, físico, biólogo, ou médico aqueles que simplesmente se rotula.
            Esse mesmo raciocínio devemos ter em relação ao socialismo científico, chamado, por injunção histórica, de marxismo. Ser marxista não é uma simples profissão de fé, é a tomada de consciência da questão social e política, a partir de um prisma fundado em elementos teoricamente consistentes.
            O socialismo científico apóia-se no tripé: a filosofia (materialismo dialético), a economia (teoria do valor) e a política (materialismo histórico). Além de conhecer as partes constituintes do marxismo, é necessário que se tenha total comprometimento com suas linhas mestras e a partir delas traçar os caminhos de sua militância. Dito isso, causa-nos perplexidade quando assistimos a existência de uma legião imensa de “marxistas”, patrocinados, regiamente, pelas universidades burguesas, quando temos sã consciência de que essas instituições propõem-se unicamente a cumprir duas tarefas: a primeira delas, consolidar a ideologia do sistema capitalista e a segunda, tão importante quanto a primeira, produzir mão de obra qualificada para servir às diversas demandas desse mesmo sistema.
            Dessa forma, é estranho que a burguesia tenha se tornado tão generosa, patrocinando a construção de uma consciência política de caráter revolucionário, como é o marxismo, cujo conteúdo precípuo é justamente a negação radical da ordem capitalista.
            Além de patrocinar os “marxistas legais”, conferindo-lhes bons salários, títulos e status, a burguesia, num gesto de generosidade “democrática”, vai bem além, financiando eventos como palestras, seminários, cursos, e outros estudos de natureza pretensamente marxista. Seria apenas intrigante se não fosse uma fraude colossal, pretender-se que a festejada academia burguesa possa abrigar, gerenciar e patrocinar o marxismo.

            Cremos, relevante observar a abismal diferença entre a vida militante dos “marxistas legais” e os ilegais, como Karl Marx, Rosa Luxemburgo, Vladimir Lênin, George Plekanov, Julio Martov, Leon Trotski, e alguns outros próceres ativistas do socialismo revolucionário. Enquanto, como já ressaltamos, os “marxistas legais” são alvos da “generosidade” da burguesia, os velhos marxistas foram objeto de permanente perseguição, levando-os a terem uma vida errante, marcada por testemunhos de completa intolerância por parte, regra geral, dos governos burgueses.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Estabelecer diferenças



            Um dos princípios elementares na formação do conhecimento, é estabelecer diferenças. O grande, do pequeno; o quente, do frio; o claro, do escuro; o rápido, do lento; o velho, do novo. Aquele que não seja apto a estabelecer diferenças é, mentalmente, incapaz.
            Em uma fala, afirmamos, certa vez, que a condição de opressão da mulher no Oriente é muito mais profunda do que no Ocidente, ressaltando o comportamento do islamismo, quando setores impedem o sexo feminino de ter o direito elementar de se alfabetizar. Por sua vez, países regidos pelo islamismo fascista, chegam ao cúmulo de impedir que mulheres possam dirigir automóveis. O Irã, por exemplo, Estado teocrático e fascista, ainda conserva nos seus preceitos penais, o castigo do apedrejamento para a mulher adúltera.
            Na China, país não islâmico, outrora se impunha que as mulheres deformassem os seus pés, pois lhe era exigido que esse membro do corpo feminino fosse contido em seu natural crescimento.  Ainda hoje, ali, a filha mulher é mal recebida pela própria família, por considerá-la um ser inferior ao homem. Na Índia, também não islâmica, observa-se o maior índice de estupros e outras barbaridades cometidas contra a mulher.
            Apesar de constatarmos que a mulher no Oriente sofre uma carga opressiva e criminosa, muito mais acentuada do que as observadas no Ocidente, ressaltamos que isso não implica em dizer que a mulher ocidental desfrute de um grau de emancipação que a impeça de ser objeto de discriminações e opressões.
            Não obstante isso, diante do fato de dizer-se que havia uma diferença gradual, isto é, não essencial, entre os dois mundos, Oriente e Ocidente, em relação às mulheres, um grupo de jovens feministas protestou, com veemência, dizendo não enxergar tais diferenças, pois considerava tanto a mulher oriental como a ocidental, seres injustamente oprimidos.
            Uma outra jovem, do mesmo grupo, chegou a dizer, pretendendo refutar o argumento de que as diferenças existem e são evidentes, não enxergar que houvesse distinção entre o trabalhador escravo, o servo da gleba e o operário, pois todos eles eram explorados.

            Essa postura não se presta a que possamos ter uma avaliação correta e consequente da realidade, pois como já dissemos, a impossibilidade de ver as diversidades, sejam elas materiais, sociais, ou políticas, nos leva a práticas equivocadas.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Ricos e pobres


          Será que a diferença social é fruto do esforço de uns e da preguiça de outros? Será que podemos chamar de preguiçosos os milhões de brasileiros que acordam antes das seis da manhã, sobem em ônibus lotados e vão para um trabalho que geralmente está longe do bairro onde moram? Não parece!

          Veja só, ficar oito horas em pé atendendo clientes, passar noites em claro em profissões como vigia, garçonete, plantonista de hospital, não é moleza. Se um professor que trabalha três turnos dando aula é preguiçoso, o que é ser trabalhador e esforçado?        
   
           Os ricos levam uma vida de luxo. Eles dizem, que o que têm foi fruto de seu esforço e que quem quiser pode chegar a qualquer lugar. Isso não é verdade. A verdade é que vivemos no sistema capitalista onde quem tem muito dinheiro vive enganando quem não tem.

          No capitalismo lucrar cada vez mais é o principal objetivo dos  empresários e eles são ricos por que tem gente como nós  para trabalhar e produzir riquezas. Enquanto isso, o pobre não tem qualidade de vida, não tem bons serviços de saúde, educação, transporte público ou segurança.

          A diferença entre ricos e pobres é produto da exploração de quem trabalha. Só haverá justiça no mundo, quando as pessoas souberem como tudo isso funciona e passar a lutar para que a vida mude para melhor. Uma sociedade onde ninguém será melhor que ninguém, onde as oportunidades sejam iguais de verdade para todos, é o que queremos construir. 


                                                                                                              Adelita Monteiro