segunda-feira, 29 de março de 2010

O socialismo

O socialismo não é apenas um desejo, um sonho, uma utopia. Ele é, antes de tudo, uma necessidade histórica, caso contrário seremos todos arrastados para a tragédia total, como a realidade já sinaliza. O socialismo compõe-se de duas grandes correntes: o evolucionário e o revolucionário. A primeira corrente é, francamente, majoritária. Pretendem, seus adeptos, que cheguemos ao socialismo gradualmente, de reforma em reforma, evitando o trauma da transformação. Querem fazer uma omelete sem quebrar os ovos e isso é totalmente impraticável. O caminho evolucionário já redundou em traumáticos episódios. Basta citar o Chile, a Indonésia e o Brasil, para ilustrar nosso argumento. Nesses países tivemos ferrenhas ditaduras como produto das ilusões evolucionárias. Por sua vez, episódios revolucionários como foram a Revolução Russa, a Revolução Chinesa e a Revolução Cubana terminaram por degenerar, em Estados policiais em função do fato de terem acontecido na periferia do capitalismo e a revolução mundial ter sido fragorosamente derrotada pelo imperialismo.

As revoluções socialistas degeneradas têm prestado um desserviço à causa da igualdade. Esses exemplos são apontados como prova de que o caminho revolucionário conduz, fatalmente, para Estados policiais. Isso não é verdade. Os Estados policiais são produtos, como já dissemos, da derrota da revolução mundial e isso não implica em que toda revolução venha a produzir esses mesmos efeitos. A nossa desdita, deve-se ao fato de que esses países assumiram a regência de um presumido socialismo e sob o carimbo do “marxismo-leninismo”, promoveu distorções que redundaram na hegemonia quase absoluta, hoje, do capitalismo em termos políticos, uma vez que não se registram movimentos anticapitalistas de envergadura como a necessidade histórica reclama.

Por essas razões é que repudiamos o socialismo evolucionário como equívoco e o “marxismo-leninismo”, de feição stalinista como um brutal desvio. Clamamos sim, pela construção de outra esquerda, uma esquerda verdadeiramente socialista e revolucionária.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Duas faces

Duas faces da mesma moeda ou “do jeito que o diabo gosta”. A política nacional está marcada pela existência de dois grandes blocos, ambos de direita, pois não pretendem extrapolar os limites do capitalismo. A pretensão deles é conservá-lo. Esses dois grupos centram as suas diferenças no seguinte eixo: Estado mínimo e Estado máximo. Os que defendem o Estado mínimo apostam no mercado no pressuposto de que ele se encarregará de dirigir a economia e são considerados neoliberais ou de extrema direita. Os que defendem o Estado máximo propugnam pela presença maior do Estado nas chamadas atividades estratégicas. Essa divisão passa ao largo de uma discussão maior em torno do que seja o Estado. Para os verdadeiros socialistas o Estado é uma instituição de classe que tem por objeto a dominação de uma classe sobre outra. Porém, uma gama enorme de pessoas que se auto intitulam de esquerda, termina por reproduzir o discurso burguês de que essa instituição chamada Estado está acima das classes sociais e a identificam como se fosse o poder do povo ou o chamado poder público o que não passa de uma deslavada farsa.
Em decorrência de tais raciocínios, é que temos uma luta de interesses que envolve essas duas posturas e que redunda na existência de uma disputa entre uma extrema direita representada pelos neoliberais e uma outra direita moderada representada pelos chamados políticos progressistas que abrange partidos como PT, PSB, PDT, PCdoB. Essa dicotomia, extrema direita e direita moderada, escamoteia a luta anticapitalista que fica restrita a pequenos partidos de fraca inserção popular como são o PSTU, o PSoL e, de certa forma, o velho PCB.
Na verdade, o que é realmente necessário e urgente, é a existência de um partido de massa que seja explicitamente anticapitalista. Devem ser chamados para a construção dessa proposta todos os verdadeiros revolucionários que compreendem perfeitamente não existir esperanças para os explorados e oprimidos dentro das fronteiras do sistema sócio econômico vigente.

terça-feira, 23 de março de 2010

Fora o PACquinho

Temos dito, reiteradas vezes, que a burguesia tem sabido usar com muita eficiência seus truques e armadilhas. Um dos últimos truques do senhor Lula, para bem servir ao sistema capitalista, é o bombardeio que ele tem feito em torno de um presumido Plano de Aceleração do Crescimento - PAC. Os mais espertos perguntariam: crescimento para quem? Crescimento para a agroindústria? Para os grandes industriais? Para os grandes comerciantes? Ou para os bilionários banqueiros nacionais e internacionais?

É costumeiro a burguesia dizer que o Brasil esta crescendo, levando o povo mal informado imaginar que o crescimento do Brasil é o crescimento deles, do povo.

Ora, as terras, as fábricas, as minas, os grandes meios de transporte, os bancos, enfim, toda a riqueza, ou maior parte dela, está nos bolsos da grande burguesia. Ao povo restam migalhas. Moradia de péssima qualidade; transporte desconfortável, caro e inseguro; completa falta de segurança; serviço de saúde degradado e por aí vai a vidinha sofrida do nosso povo. Enquanto isso, a burguesia proclama que o Brasil é nosso e tenta fazer com que tenhamos orgulho de um Brasil que é muito mais deles do que do povo.

Só os tolos, e são muitos, é que acreditam nessa patacoada, nessa mentira desavergonhada. O Brasil é deles. Eles é que usufruem do bom e do melhor, enquanto ao povo trabalhador, a dona de casa, ao estudante, restam as penúrias da vida nossa de cada dia.

Na verdade, precisamos urgentemente de um PAC. Não dos PACquinhos eleitoreiros do senhor Lula e da senhora Dilma, mas de um PAC que seja explicitamente um Partido Anti-Capitalista. Esse é o verdadeiro PAC que precisamos e que seria uma organização legítima do povo e a única que poderia nos levar a que o Brasil com suas indústrias e seus grandes recursos naturais pudesse ser na verdade nosso. O resto é conversa fiada. É a eterna enganação e nesse papel de enganadores, a burguesia não está só. Ela conta com o empenho do PC do B, do PT, do PSB, do PV, do PDT, para falar apenas dos partidos que se dizem progressistas.

sexta-feira, 19 de março de 2010

O mito do livro

A nossa sociedade, sustentada em diferentes classes sociais, não poderia existir se não fossem os mitos, as mentiras, as fraudes e toda ordem de charlatanismo. Dentre esses males que afligem a humanidade talvez o mito do livro seja o mais nocivo deles. Aprendi muito cedo com o meu pai que livros são escritos por homens. Assim sendo, existem livros ruins, bons, geniais, voltados para o diletantismo, para a militância de toda natureza e existem deles tão escabrosos que mereceriam uma boa fogueira.

Ora, certo cidadão arvora-se de ter reunido alguns milhares de livros. Talvez o gosto pela leitura seja acidental. Menino ainda, com impiedoso grau de miopia, não podia se permitir praticar futebol, jogar pião, empinar papagaio e outros tantos lazeres que faziam a felicidade da criançada. A saída foi ele se refugiar na sua interminável leitura sem perceber que as leituras são conflitantes ao ponto de uma excluir totalmente outra. Portanto, ler é um processo de exclusão. Por sua vez, ler não é necessariamente aprender. Muitas vezes, levados pelos preconceitos, somos impedidos de praticar um bem maior: o ato de pensar.

Conheço bem esse soberbo senhor que se diz marxista- leninista-trotskista. Isso é uma impropriedade em termo, pois a ciência socialista é um acúmulo de conhecimento que vem dos pré-marxistas aos valiosos socialistas da Primeira à Quarta Internacional, sem muita ênfase para essa última que se confirmou desprovida de fundamentos. A revolução socialista não foi traída, desfigurada como pretendeu o senhor Leon Trotsky. Ela foi antes de tudo derrotada em escala mundial. Quem porventura pretender buscar as raízes de nossa derrota vamos encontrá-las antes de tudo na República de Weimar na Alemanha de 1919/23.

Esse senhor em causa, com seus ricos livros, é incapaz de discernir arte de ciência. O primeiro é uma ação estética e o segundo é o conhecimento propriamente dito. Já se disse que não é o hábito que cria o monge, tampouco é o cachimbo e o suspensório que fazem o sábio.

terça-feira, 16 de março de 2010

”Os meninos de Lula”

”Os meninos de Lula”

“Os meninos de Lula,” nasceram pobres. E em suas andanças ele encontrou milhões, vivendo o duro trabalho, fazendo biscates, esmolando e amargando vida penosa. Mas isso não foi uma escolha. Ninguém escolhe ser pobre ou miserável. Quando adultos, os meninos de Lula tiveram um ímpeto: organizar um partido dos trabalhadores. Organizar um partido que realmente defendesse os interesses reais da classe e não as migalhas trabalhistas que um governo ou outro oferecem.

Com esse propósito de promover a libertação dos trabalhadores das garras do capitalismo, Lula e seus meninos, ganharam o Brasil afora buscando nas serras, sertões, litorais e capoeiras adesão para o seu projeto. No começo foi tudo muito difícil; alguns tiveram que dormir no chão e amargar a conhecida fome. Porém, os meninos tinham têmpera e enfrentaram todos os desafios que a burguesia lhes impunha.

Assim nasceu e cresceu o Partido dos Trabalhadores. No primeiro momento, em 1982, elegeu apenas seis parlamentares e criou a Central Única dos Trabalhadores. Já era um bom começo, fosse esses senhores parlamentares explicitamente anticapitalistas. Mas, os meninos de Lula tiveram uma influência nefasta. Havia no seu comando uma estranha figura chamada José Dirceu. E ele fez a pergunta mortal: por que não se lambuzar no poder ao invés de combatê-lo? Os outros responderam: E a CUT? E a UNE? E o MST? A UBES? Será que eles ficariam quietos? Ora meus amigos, a CUT, a UNE, a Força Sindical, a miséria, tudo isso é comprado a preços módicos, respondia Dirceu. Quanto a burguesia ela ficará contente e nós ficamos com nossos milhões.

Lembra-se da roça, Genoíno? E você Delúbio? E o Luiz Pereira, agüentando o retranco? E os dólares da cueca? E os atabalhoados que continuem impunes? Hoje, os amigos dos petistas são outros: Sarney, Romero Jucá, Quércia, Collor, Renan Calheiro, e por aí vai a fina flor da bandidagem nacional e os meninos de Lula, continuam vendendo trambicagem. E a raia miúda fique com as suas “boquinhas como denunciou o pérfido Garotinho”.

terça-feira, 9 de março de 2010

“Fora a ALCA e FMI”

Ouvimos e vimos ser agitada a palavra de ordem “Fora a ALCA e o FMI”. Tal bandeira era levada a cabo pelo inegavelmente combativo Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados – PSTU que se reclama marxista-leninista-trotskista. Mas não é tão difícil detectarmos que se trata de uma agremiação que não possui a clareza política necessária. Tanto isso é verdade que Luiz Inácio da Silva, “o cara”, levou a cabo a política reclamada pelo PSTU pondo um ponto final na ALCA e invertendo o jogo com o FMI, saindo o Brasil da condição de devedor desse fundo para a situação de credor. A rigor o PSTU deveria louvar o presidente, pois ele o atendeu.

A esquerda, regra geral, incluindo-se aí os trotskistas se nega peremptoriamente a fazer o necessário trabalho de impopularizarão do capitalismo. A esquerda convencional se esmerou em impopularizar o imperialismo ianque e o fez com tamanha competência que ele se tornou mal visto em todos os quadrantes do mundo e esse sentimento antiamericano tem levado a que a esquerda faça eco a facínoras como Bin Laden e ao fascismo da Síria e do Irã. Depois disso, a esquerda se empenhou em impopularizar o neoliberalismo, fazendo passar a impressão de que haveria, dentro do capitalismo, outro modelo de gerenciamento que tornaria esse sistema palatável.

Não é difícil concluir que estamos vivendo uma situação realmente crítica quando observamos a hegemonia quase completa da burguesia em escala mundial e uma esquerda sobejamente despreparada, incapaz de cumprir a sua missão histórica que seria de preparar a derrota do capitalismo e conquistar uma nova ordem social capaz de liquidar com tantas e quantas mazelas que o sistema vigente produz. Chegou a hora dos mais lúcidos, que são poucos, tentar fazer com que milhares de militantes de esquerda se dêem conta de seus equívocos e se proponham a cumprir as tarefas que o momento histórico exige cujo centro é buscar impopularizar o capitalismo como caminho para que o povo tome em suas mãos o seu destino e se liberte dos grilhões que ora o oprimem.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Do “maduro” ao podre

Quando no Brasil surgiu um partido de trabalhadores que encarnava seus interesses, não as suas migalhas, a burguesia apavorou-se. Criou toda forma de dificuldades jurídicas e criou o voto vinculado para impedir o êxito deste partido que tantas esperanças trazia para os trabalhadores. A burguesia colocou um círculo de ferro para o partido não ser ultrapassado. Vendo, porém, não funcionar seus expedientes escusos, ela partiu para uma segunda tática. Procurou afagar com seus mimos o líder do partido no Congresso. Tornou Genoino em garoto propaganda da Globo, pois ele jogava um brando papel e a cada concessão sua, a burguesia aplaudia e dizia: isto sim! Isto é que é um partido “maduro”! Juntaram-se a Genoíno: Delúbio Soares, Silvio Pereira, Ideli Salvatt, João Paulo, os dólares nas cuecas, os aloprados, os sanguessugas e formaram uma bela quadrilha. Dizem que basta uma laranja podre para botar um cesto a perder e essa laranja podre já existia na figura de José Dirceu, franco arrivista do petismo e golpista de primeira linha. O partido ficou assim dividido: os bem intencionados, os beatos, os honestos, os ingênuos, que são muitos. Do outro lado ficaram aqueles que, de “maduros”, ficaram podres, e eles representam uma minoria bem situada no aparelho do Estado e fora dele.
Assim como no Brasil, a Alemanha foi palco de uma tragédia política que é, sem dúvida, a matriz de uma tragédia, a começar pela Revolução Russa que se estendeu através dos tentáculos da Terceira Internacional Comunista, pelo mundo afora, esbarrando o processo revolucionário mundial.
Assim, no Brasil, tivemos outro Gustavo Noske, que inveja não faz ao nosso conspirador José Dirceu, que a prática não junta à esquerda, mas junta a José Sarney, Romero Jucá, Renan Calheiro, Fernando Collor, Quércia e outros tantos fisiológicos de sua raça.
Agora, o José Dirceu trafica ricos negócios, tanto no Brasil como no estrangeiro, afinal, tal como a burguesia, ele não é nacionalista, ele visa apenas a fortuna. E dentro desse objetivo soube formar sua grande quadrilha. Onde está o partido diferente de outrora?

segunda-feira, 1 de março de 2010

É estranho!

É estranho!


O Partido dos Trabalhadores nunca encarnou deveras os interesses históricos dos trabalhadores. No seu inicio ele era tangido apenas pela intuição, por um certo sentimento de classe. Propunha-se a ser um partido diferente e essa diferença era calcada no seu comportamento ético. Terminava assim por considerar como verdadeiro o discurso de que o problema do Brasil reduz-se a corrupção o que não deixava de revelar um certo conteúdo udenista.

O estranho, bastante estranho mesmo, é que o PT se negava peremptoriamente a dialogar com o PMDB ideológico, portanto ético, capitaneado pelas figuras de Ulisses Guimarães, Franco Montoro, Tancredo Neves. Mas o PT mudou radicalmente. De partido diferente, postulando ser intransigentemente ético, tornou-se igual a todos os partidos da ordem capitalista e nesse instante, passou a ter um diálogo estreito com o PMDB fisiológico representado por figuras repulsivas do quadro político nacional como são: José Sarney, Jader Barbalho, Renan Calheiros, Romero Jucá, Orestes Quércia e outros bandidos de igual ou maior monta.

Viu-se o presidente Lula envidar todos os esforços para salvar José Sarney na cadeira de presidente do Senado. Não foi menor o empenho do presidente em se solidarizar com Renan Calheiros por ocasião em que este foi denunciado massivamente por corrupção. Faz-se vistas grossas às bandalheiras de Romero Jucá e Lula o nomeia líder do governo no Senado. Não bastasse essa estranha conduta, Lula incorporou ao seu campo de apoio partidos inequivocamente de extrema direita.

Por essas e tantas razões é que o capitalismo internacional conferiu a Lula o título de “Estadista do Ano” e a burguesia local em festa, não se nega lhe dar amplo apoio. Dessa forma o PT que já não era um partido à altura das nossas necessidades históricas por ocasião de sua fundação, veio de se tornar uma agremiação que oferece ao sistema a tranqüilidade social necessária para que a burguesia logre obter faustosos lucros como são exemplos os banqueiros de “nossa” terra.