segunda-feira, 31 de março de 2014

DIREITISMO, DOENÇA SENIL DO COMUNISMO



DIREITISMO, DOENÇA SENIL DO COMUNISMO
                           

            “Esquerdismo doença infantil do comunismo”, de Vladimir Lenine, tornou-se um clássico da literatura socialista, leitura recomendada aos militantes que pretendam ter noção da tática no encaminhar às propostas revolucionárias. O esquerdismo, segundo Lenine, consiste em se fechar nos postulados ideológicos sem perceber a necessidade de trabalhar as contradições do sistema, pois, servindo-se delas, é possível sermos impelidos à conquista do socialismo.
            É básico levar em conta a realidade e saber trabalhar dentro dos seus parâmetros, buscando ultrapassar os limites. Devemos, portanto, estar presente onde está o povo e, convivendo com o atraso popular, procurar demover as massas de suas superstições, crendices e preconceitos. O principismo, o sectarismo, a intolerância são traços do esquerdismo, tido por Lenine como “doença infantil” que provoca prejuízos na consecução de uma política revolucionária. Ele via no esquerdismo uma doença sanável, e isso é diferente do direitismo que se fez e se faz presente no “movimento socialista”, descaracterizando-o de maneira a servir aos interesses do capitalismo.
            Nos primórdios do movimento socialista, quase não esteve presente o direitismo. Vejamos o caso da Associação Internacional dos Trabalhadores – AIT. Nessa associação, de grandes venturas, existiam duas destacadas correntes: os anarquistas e os marxistas. Havia entre essas duas correntes muitas convergências, sobretudo quanto ao seu caráter anticapitalista. Foi a Primeira Internacional que participou da primeira insurreição proletária vitoriosa, a Comuna de Paris, em 1871, mesmo que essa vitória tenha sido efêmera, pois o poder dos comunards durou apenas 72 dias.
            Em 1886, foi organizada a Segunda Internacional, e aí, não estavam mais os anarquistas; a hegemonia dessa nova associação era dos marxistas. Quando nos fins do século XIX, o capitalismo atingiu sua fase imperialista, a realidade econômica, política e social, sofreu mudanças e, mesmo que elas não tenham sido de qualidade, embaralharam a cabeça de alguns intelectuais socialistas, dentre esses destacava-se Eduardo Bernstein, o mais ilustre dos dirigentes da Segunda Internacional, uma vez que Engels já havia falecido. Diante de mudanças econômicas, como a criação das sociedades de economia aberta, Eduardo Bernstein atribuiu que a crescente concentração de capital passava a dar lugar à sua democratização através de vendas maciças de ações que permitiam a alguns operários, comprá-las e se tornarem sócios anônimos dos empreendimentos capitalistas, no entender desse erudito senhor.
            Do ponto de vista político, os partidos operários viram crescer suas bancadas nos Parlamentos e esse fato levava a que alguns proclamassem o fim da via insurreicional defendida pelo marxismo. Outro fato que abalou alguns pensadores socialistas foi que o nível de miséria na Europa Ocidental tinha diminuído. Esse fato poria por terra a tese da miséria crescente e, na medida em que não se percebia que o imperialismo havia deslocado a miséria para a Ásia, a África, a América Latina, preferia-se o curto caminho da proclamação da necessidade em se fazer uma revisão do marxismo pela direita, propondo o caminho gradualista para o socialismo.
Nesse momento histórico existiam quadros socialistas devidamente qualificados para se opor, de forma veemente, ao desvio direitista do socialismo. Na galeria dos defensores do marxismo, podemos nominar Plekhànov, Kautsky, Franz Mehring, Lênin, Trotsky e, sobretudo, a brilhante Rosa Luxemburgo que soube dizer: “alto lá, senhor, seu arrazoado direitista funda-se no equívoco. As sociedades abertas são uma fraude, o caminho parlamentar é uma meia verdade que passa por cima do conceito real de poder. E quanto à miséria, ela campeia no mundo capitalista que vai muito além do seu umbigo germânico”.
O direitismo manifestado na Segunda Internacional foi rechaçado e isso se deu no começo do século XX, em plena emergência do imperialismo. Entretanto, nos anos de 1912/13, quando o imperialismo preparava-se para o confronto bélico e necessitava quebrar a espinha dorsal do movimento socialista, o embate favoreceu ao imperialismo que conseguiu converter os partidos socialistas em agremiações social-patriotas a reboque dos interesses das suas respectivas burguesias, apesar dos esforços desesperados de uma minoria que reagia a essa capitulação.
Por ocasião da Primeira Guerra, deu-se a Revolução Russa e, com ela, acenderam-se as esperanças de que a propositura revolucionária triunfaria no mundo e ressuscitaria a revolução mundial derrotada com o inestimável apoio do direitismo enfronhado nas hostes socialistas.
As esperanças, entretanto, terminaram em tragédia. A Terceira Internacional, criada em 1919, com o objetivo de reanimar o movimento revolucionário, com a vitória da contrarrevolução em escala mundial, terminou por se tornar a maior multinacional do direitismo, sob o carimbo do “marxismo-leninismo”. Hoje, o direitismo travestido de esquerda é a regra geral. Aqui e alhures. Mesmo aqueles que se propunham a ser bolsões de resistência, como os trotskistas, não cumpriram nem cumprem esse papel. Reproduzem todos os vícios stalinistas, que vão do criminoso monolitismo a praticas sectárias, às vezes confundidos como radicais quando não passam de raivosos e intolerantes e essa postura os isola. Alguns deles, sob o carimbo do “marxismo-leninismo-trotskismo”, assumem, despudoradamente, uma postura direitista, prestando-se à condição de ofice boys ou ofice girls da burguesia, seja enquanto executivos do Estado burguês em seus diversos níveis.
A humanidade carece de uma esquerda revolucionária nos moldes da Primeira Internacional, parte da Segunda e primórdios da Terceira. Mas para termos essa esquerda revolucionária, teremos que promover um profundo trabalho de depuração que determine criar um movimento realmente anticapitalista e esse movimento só poderá existir com a ruptura total com a senil doença do comunismo: o direitismo.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Ainda, “da Revolução Russa”



Ainda, “da Revolução Russa”

                                                                                    
            Ficamos muito alegre quando pessoas se dispõem a discutir questões que devem ser consideradas de profunda importância, como é o caso do companheiro Gílber, abordando o tema em causa.

Referindo-se à Comuna de Paris, Karl Marx afirmou que “o proletariado sabia aprender com as suas derrotas, lamber as suas feridas e continuar na luta”. Isso deixou de ocorrer com a vitória plena da contrarrevolução, através do stalinismo. A partir daí, não havia mais derrota. Tudo era vitória e, portanto, não haveria de se fazer nenhuma avaliação de natureza autocrítica. Tratava-se e trata-se de uma conduta infame.

Essa herança encharcou todo o movimento dito de esquerda e, para tanto, foi usada a Terceira Internacional Comunista e seus partidos filiados, sempre dispostos a pronunciar discursos triunfalistas quando, na verdade, experimentavam-se derrotas sobre derrotas.

O camarada Gílber Martins Duarte questiona algumas posições, assumidas por nós, em relação à Revolução Russa. Para fundamentar as suas restrições, ele fala em idealismo e creio ser oportuno esclarecer, muito bem, o que é que significa realmente, do ponto de vista do pensamento e do método, o idealismo. Do ponto de vista filosófico, idealismo quer dizer que foi a ideia, foi o querer dessa ideia que produziu a realidade material. Dizendo, de forma mais vulgar, e parafraseando o genial humorista Millôr Fernandes, os idealistas diziam: “Deus, cansado de viver na ociosidade, sem nada a fazer, chamou os anjos, os arcanjos, os querubins e os serafins, e disse: Façamos o mundo”. Assim, o mundo foi feito, a partir do querer, da vontade de um determinado ser abstrato.

Ao contrário do idealismo, o materialismo filosófico parte de uma premissa inversa, qual seja: foi a matéria que precedeu o pensar, que precedeu a vontade. Antes de Karl Marx houve várias manifestações materialistas; entretanto, elas repousavam numa visão mecanicista da existência da matéria. Com Karl Marx foi enunciado o materialismo dialético, apropriando-se da grande contribuição de Hegel quanto ao método.

Feitas essas considerações, meu querido Gílber, tratemos da história. Antes de Karl Marx predominava uma visão idealista. Isso quer dizer, considerava-se que a história era fruto do querer e, assim sendo, era obra dos gênios, dos talentos, dos heróis, dos covardes, dos bandidos, dos mártires, dos verdugos, dos traidores e dos traídos. Marx, apoiando-se na filosofia, ou melhor, no materialismo dialético, passou a ter uma nova abordagem da história, dizendo, de forma genial, que “o homem faz a história, porém não a faz de acordo com a sua vontade, o seu querer”. Nisso consiste o cerne do materialismo histórico, onde a vontade, o querer, tem o seu papel limitado pelas condições materiais de existir ou não existir possibilidades para a realização do que se almeja ou não.

Quando dizemos que Leon Trotsky teve um comportamento estritamente idealista, na análise da Revolução Russa, é porque ele considerou que ela foi traída quando, na verdade, ela foi derrotada e, nesses dois conceitos, existem diferenças abissais. Quando, em 1921, Lenin e Trotsky suprimiram o direito de tendência, determinaram o partido único, o discurso único e, para implementar essa política, criou uma polícia e todos os instrumentos de repressão, imaginando que seriam essas, medidas transitórias, enquanto a revolução mundial se refazia do seu quadro de derrota, incorrendo no voluntarismo. Desconhecer o quadro adverso e procurar uma vitória a qualquer custo, redundou num imenso desastre histórico, do qual, ainda hoje, padecemos profundamente.

A cultura stalinista canonizou Lenin. A cultura trotskista canonizou Trotsky. A burocracia soviética necessitava dos seus infalíveis. Hoje, temos a dificuldade em abordar a Revolução Russa, de forma consequente, pois, para fazê-lo, é necessário levar em conta que a obstinação dos líderes citados, em perseguir uma vitória a todo preço, atropelava as condições reais e objetivas, e não é a vontade que determina o curso da história, embora ela possa ter importância crucial em determinados momentos objetivamente colocados.

terça-feira, 25 de março de 2014

“Pôr a viola no saco”



“Pôr a viola no saco”

                                                                                                         
            O camarada Diego Ferreira parece-nos dotado de boa vontade revolucionária. Entretanto, por razões compreensíveis, não é dado ao trabalho de questionar, refletir, discutir e duvidar.  Esse comportamento, próprio de seguidores acríticos, costuma descambar para a raivosidade sobejamente antidemocrática. Ele é produto da velha escola stalinista e stalinista-trotskista. Como bons beatos de um credo, não admitem, minimamente, que se ponha dúvida em alguns dogmas e, muito menos, que se critique figuras ungidas e sacramentadas.

Sendo assim, Diego recomenda que eu, Gilvan Rocha, em criticando Trotsky, “ponha a viola no saco” e vá cantar em outra freguesia. Aliás, para conhecimento de todos, essa postura sempre foi assumida por mim, durante toda a minha trajetória enquanto ser pensante.

A primeira vez que isso me ocorreu foi aos doze anos de idade. Filho de uma família católica, estudando em um colégio de orientação religiosa, certo dia pus-me a pensar e colocar, em dúvida, as “verdades” que me eram ditas. Nesse processo angustiante e traumático, cheguei à conclusão de que não fora um determinado Espírito (Deus) que criara o mundo, conforme nos era ensinado. Não foi uma coisa fácil abdicar de um “princípio” indiscutível e paguei, por isso, um enorme preço, pois era o único ateu que eu conhecia, e não demorei em vir a sofrer duras reprimendas da família e do círculo social em que vivia. Mesmo assim, abdiquei do antigo pensar, “pus a viola no saco” e fui tratar de tocá-la em outra freguesia.

Aos quinze anos, quando entrei em contato com os iluministas, ou seja, o pensamento expresso por Voltaire, Rousseau, Montesquieu e Diderot, dei-me conta de uma outra “verdade” e passei a tocá-la com todo vigor os seus acordes. Agradava-me ouvir de Voltaire, referindo-se à Santa Madre Igreja, a sua afirmação: “Esmagai a infâmia”. Agradava-me ouvir, ainda desse mesmo senhor, uma afirmação que ele tomara emprestado de um velho cura, cujos termos eram: “Só existirá felicidade no mundo quando o último clérigo for enforcado nas tripas (vísceras) do último nobre”. Agradava-me a sonoridade dos discursos humanistas de Jean-Jacques Rousseau, particularmente seus conceitos experimentais sobre educação, expressos no livro Emílio.

Também me impressionava a talentosa proposta de Montesquieu, de uma República apoiada em três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário, vivendo, segundo ele, harmoniosamente. E mais ainda, agradava-me o refrão da Revolução Francesa, que consistia em propor uma sociedade de igualdade, liberdade e fraternidade.

Quão sonoramente agradável me fora a frase do Conde de Mirabeau, impedindo a dissolução da Assembleia Constituinte, dizendo ao comandante da tropa real: “Ide e dizei ao rei, vosso amo, que aqui estamos pela vontade do povo e daqui não sairemos, senão pela força das baionetas”.

Caro Diego, essas eram as canções que eu tocava, esplendidamente, em minha pobre viola. Um ano depois, em 1958, tive a oportunidade de conhecer uma outra melodia, que confrontava com aquela que eu estava cultuando. A nova canção dizia que vivíamos num mundo capitalista; ou melhor, vivíamos dois mundos: um capitalista decadente e um mundo socialista ascendente. Então, meu amigo, tive que “botar a velha viola no saco” para, mais adiante, retirá-la e tocar novos acordes.

Entrei no PCB, naquele mesmo ano, e por lá passei três anos, pois, em função da influência da Revolução Cubana vitoriosa, novos cantares se ouviram. O velho PCB defendia, inspirado pela contrarrevolução sediada em Moscou, que o caminho para o socialismo era a via institucional e que podiam conviver, indefinidamente, dois sistemas socioeconômicos distintos. Tratava-se de uma velha canção mentirosa e desafinada; assim, mais uma vez, “botei minha viola no saco” e fui cantar em outras paragens.

A nova canção que assumi, que bem cabia no meu jovem espírito, era de inspiração essencialmente cubana. Dessa forma, em 1962, depois de ter militado nas ligas camponesas, fui, junto com outros camaradas, tentar estruturar um foco guerrilheiro no norte do então Estado de Goiás, precisamente no município de Dianópolis. Lá estive, com minha viola, durante um ano, ao som da rumba caribenha, cultuando a guerrilha como instrumento revolucionário em si, sem me dar conta de que o discurso continuava o mesmo: reforma agrária, reformas estruturais, que nos adequassem à modernização do capitalismo e à luta pela soberania nacional, bem ao gosto do verso: “Ou ficar a Pátria livre, ou morrer pelo Brasil”.

Alvo da repressão, e por outras causas, aquela experiência fracassou. Fomos enquadrados na Lei de Segurança Nacional, em pleno governo democrático de João Goulart. Tive que refazer as minhas reflexões e outra alternativa não tive senão colocar, mais uma vez, “a viola no saco” e buscar cantar em outras plagas.

Foi aí que conheci o trotskismo e eles tinham um discurso muito simples. Diziam: “A Revolução Russa foi traída pelo senhor Josef Stalin e seus asseclas”. Passou-se a ter um Estado Operário burocratizado. Tornava-se necessária a insurgência de movimentos que regenerassem o presumido Estado Operário. E aí, nesse discurso singelo, estariam explicadas todas as nossas desventuras políticas. Simples assim.

Essa era a nova melodia e a ela eu aderi, de malas e viola. Participei, ativamente, como militante trotskista, chegando a ser eleito, em congresso nacional, membro do Comitê Central do POR (de inspiração pousadista). O sectarismo desse grupo, como de outros grupos trotskistas, chegavam às raias da completa insensatez, além do discurso paupérrimo que eles mantinham e ainda mantêm, tendo como base a falsificação da história, eivada de um funesto idealismo.

Durante uma temporada e, através de longo processo de reflexão, mais uma vez, amigo Diego, tive que “botar a viola no saco”. Não era o trotskismo a canção da liberdade que eu tanto perseguia. Tratava-se de um barco furado, de uma falsa porta de saída.

Foi aí que encontrei o Movimento Comunista Internacionalista, liderado pelo velho combatente Hermínio Sachetta, que me fez ver outras verdades. E elas consistiam em compreender que a sobrevivência do capitalismo se explicava pela confluência de duas forças contrarrevolucionárias. A primeira delas, era a direita explícita, o imperialismo. A segunda grande força, de sustentação do capitalismo, era o stalinismo, seja ele na sua forma ortodoxa, maoísta, kruchevista, fidelista ou trotskista, em seus diversos matizes. Sem essas duas forças seria impossível explicar a sobrevivência de um capitalismo exaurido. Mas, caro Diego, não sou idólatra de figuras ou credos, estou disposto a colocar, mais uma vez, “a viola no saco”, caso você me apresente um verdadeiro hino de liberdade, que me inspire, mais uma vez, a afinar o meu velho instrumento, cuja corda prima é o pensar, sem peias e, logo, sem limites; porém, dotado do propósito de alcançar verdades pelo exercício permanente da dúvida.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Boa Gente



Boa Gente
                                                                          
            Em todo canto encontramos gente boa. Na Igreja Universal do Reino de Deus há uma imensa legião de pessoas dotadas de boa fé. A mesma coisa acontece na Igreja Católica, quando padres carismáticos chegam a reunir um milhão de pessoas; ali, também, a imensa maioria é formada de pessoas honestas e crédulas.

Isso vamos encontrar, ainda, nos diversos partidos, autoproclamados de esquerda, sejam eles o PCB, o PCdoB, o PT, o PSB, o PSTU, o PCO, o PSOL... A maioria dessa gente, de sã consciência e do mais profundo sentimento, desejaria ter um mundo diferente do que hoje nós temos. A maioria dessa gente se empenharia em demover nossas chagas sociais, como a fome, o desemprego, os baixos salários, as favelas, a prostituição, a corrupção, as drogas e tantas outras. Ocorre que, por razões compreensíveis, essa multidão de boa gente não tem acesso à informação correta quanto à causa real de tantos desacertos. Baseados nesses inegáveis fatos é que conclamamos a todos aqueles que tenham ciência de que a causa das desgraças sociais reside num sistema socioeconômico esgotado, que responde pelo nome de capitalismo, tenham a devida paciência em dialogar com todos. Em nada contribui nos achegarmos tão somente aos que pensam como nós. Não contribui a intolerância, xingando os que não têm a mesma percepção, de imbecis, alienados, reacionários e outros tipos de detratação.

Não seríamos nós, uma imensa minoria dotada de presumido conhecimento político, que teríamos a força de transformar o mundo e construir uma outra realidade, calcada na igualdade social, na justiça e na paz. Não. Essa tarefa, esse milagre da transformação só poderá ser levado a cabo pelo povo, pois essa é a única força capaz de desconstruir o capitalismo e construir uma nova ordem econômica e social. Sendo assim, cabe que tenhamos a devida disposição em lidar com as diferenças. É necessário que tenhamos em conta de que somos comprometidos com a verdade e a felicidade social e, dessa forma, é nosso dever discutir as nossas diferenças, de forma democrática e respeitosa.

Não acreditamos que o caminho do sectarismo, levado às últimas consequências, possa nos conduzir a resultados positivos para o nosso propósito de promover, conjuntamente, a emancipação da humanidade e, assim, evitar a tragédia total que nos arrasta esse sistema capitalista exaurido.