sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Aqui e Lá




Aqui, em Fortaleza, a Câmara Municipal, tangida pelo mais imoral corporativismo, resolveu arquivar um pedido de cassação, por improbidade, do vereador conhecido como Leonelzinho. Enquanto isso, lá em Brasília, movida pela mesma indecorosa motivação, a Câmara de Deputados, negou-se a cassar o mandato de um de seus membros, Natan Donadon, do PMDM do Estado de Roraima, hoje cumprindo pena por crimes de peculato e formação de quadrilha.
Esses episódios servem para evidenciar o fato de que não há condições de moralizar o capitalismo. A corrupção lhe é inerente, e o discurso ético, que bem pode servir para ganhar votos, tem se mostrado ineficaz e fraudulento. Como exemplos de condutas moralistas enganosas, temos os casos dos senhores Jânio Quadros e Fernando Collor. Jânio logrou se eleger Presidente da República, ostentando uma vassoura. Dizia ele que se eleito varreria todas as sujeiras existentes no governo. Fernando Collor se apresentou como o “caçador de marajás”, e prometia, caso eleito presidente, encher o estádio do Maracanã com todos os corruptos do país.
Jânio da Silva Quadros foi eleito e, sete meses após sua posse, renunciou. O que foi descoberto, posteriormente, é que ele, um simples professor, tinha conseguido acumular uma grande soma nos bancos londrinos. Quanto ao Fernando Collor, foi alvo de um impeachment, em decorrência das assustadoras ladroeiras que eram praticadas em seu governo. Cabe-nos então perguntar: por que o discurso moralista tende a ser tão bem visto pela população?
Existe, no meio do povo, o convencimento de que as nossas mazelas sociais decorrem do fato de termos as verbas destinadas aos serviços públicos desviadas pela corrupção. Esse discurso leva a crer que todos os nossos males decorrem, tão somente, das roubalheiras. É bem verdade que a prática desabrida de atos ilícitos, nas administrações públicas, é um elemento agravante para os problemas sofridos pelo povo. Mas a verdadeira causa das chagas sociais deve-se a esse sistema socioeconômico, chamado capitalismo, que se rege pela busca do lucro, a qualquer custo, para uma pequena minoria. Brademos sim, contra a corrupção e a incompetência, mas não nos esqueçamos de bradar, mais ainda, contra o capitalismo, pois enquanto subsistir esse sistema, teremos que amargar a desfaçatez dos ricos e as injustiças do dia a dia.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Mais Médicos




Existe falta de médicos em vários municípios do Brasil. Diante disso, a sra. Dilma optou por importá-los. Deu-se, então, uma disputa: de um lado os médicos se opunham, por motivos coorporativos; por outro lado, o governo viu a oportunidade de ter ganhos eleitorais.
Não se há de negar a pertinência da “importação”. Pesa sobre ela questões de natureza técnica e cientifica. Na questão técnica, levanta-se o problema da língua, que não se pode desprezar, quando se sabe que o povo tem uma linguagem beirando um dialeto e isso dificulta a relação médico e paciente. Em resposta a isso, o governo se propõe a dar um curso de língua, de medicina e de legislação em 120 horas. Isso é ineficaz para dotar alguém do domínio mínimo do idioma, especialmente em se tratando da necessidade do médico se informar das doenças e sintomas portados pelos pacientes.
No quesito da aptidão cientifica, é justo que se avalie o grau dessa aptidão, mesmo que se diga que esses médicos só possam praticar atendimentos básicos. Todas essas questões são colocadas em debate. Porém, devemos estar atentos, diante do empenho das partes em utilizar esses fatos para esconder, de um lado, o inaceitável corporativismo dos médicos e de outro, a pressa eleitoreira do governo. Entretanto uma coisa deve ficar clara: o programa Mais Médicos atende aos anseios da população, especialmente as que habitam os confins do Brasil.
O caso dos médicos cubanos também suscita polêmicas que vão desde as questões mencionadas, como uma outra de natureza trabalhista, quando os médicos “alugados” por uma importância X só receberão o valor Y, sendo a diferença apropriada pelo Estado cubano. Isso tem merecido dos críticos dessa prática, o argumento de que médicos cubanos tornaram-se “commodities” para o governo daquela ilha e isso não se coaduna com os valores aceitados.
O imbróglio criado serve para expor o conteúdo do governo brasileiro, voltado, antes de tudo, para os interesses maiores do capitalismo, recorrendo a medidas emergenciais diante da degradação dos serviços de saúde, quando se deveria tratá-la como um ponto essencial e não recorrer a essas atitudes apressadas e atabalhoadas.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Maio Francês


A história é a fonte do saber político. Existem, basicamente, duas maneiras de vê-la. Uma, idealista, leva-nos a crer ser ela feita por heróis, mártires, traidores, traídos, gênios e talentos... A segunda forma, é através do materialismo histórico.
A burguesia trata de escamotear os fatos, adulterá-los, torná-los ilegíveis, pois a verdade seria contra os seus interesses. Por sua vez, a esquerda de matriz stalinista, tratou, também, de esconder e distorcer a história. Essas posturas burguesas e stalinistas, contribuíram para o atraso político que hoje vivemos. À guisa de exemplo, tratemos de alguns episódios que tanto a burguesia, quanto o stalinismo, trataram de jogar para debaixo do tapete:
O que sabemos da Guatemala, de Jacob Arbenz, em 1954? E da experiência da frente eleitoral, de 1936, no Chile? E da revolução boliviana de 1952? E da essência do golpe de 1964, no Brasil? E do Chile em 1973? E da Indonésia, de 1965? Afinal, o que sabemos do explosivo episódio do “Maio Francês”, em 1968?
A rigor, quase nada, se sabe sobre os mais dramáticos episódios históricos. Tratemos pois, de um deles, o “Maio Francês” de 1968, quando, a partir de conflitos no movimento estudantil, houve uma explosão política geral, colocando em pânico, tanto a burguesia, quanto a burocracia soviética.
Em um piscar de olhos, as massas populares ganharam às ruas. As fábricas pararam expressando um descontentamento geral diante da ordem sócioeconômica vigente. Mas, essa explosão, fruto da acumulação de descontentamentos, não teve nenhuma direção, nenhum projeto, nenhuma proposta. O PC francês e o Partido Socialista, desesperados, tentaram conter as massas sublevadas. Restou então, espaço para os anarquistas que, sob a liderança de Cohn Bendit, levantaram a consigna: “é proibido proibir”. Toda proposta anarquista reduzia-se a esse refrão, e o resultado final foi o esvaziamento da sublevação popular e em seguida, convocadas eleições, o Gen. De Gaulle, expressão política da direita francesa, teve, nas urnas, uma vitória acachapante.

Esse episódio é rico em ensinamentos e prova o quanto sem perspectivas maiores, eram e são dotados, os movimentos anarquistas. Esses e outros tantos fatos precisam ser estudados, pois ricos em ensinamentos.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Falso binômio



Uma certa esquerda, francamente direitosa, ocupada em usufruir benesses no Estado burguês, em níveis, federal, estadual e municipal, empenha-se em nos colocar diante de falsos dilemas. Em nível nacional, eles colocam que existem dois projetos em disputa. Um, seria de direita, representado pelo PSDB, DEM e PPS que defende um modelo “neoliberal”, com o Plano Real e as políticas de Responsabilidade Fiscal, Câmbio Flutuante, Superávit Primário. O outro projeto, pretensamente de esquerda, giraria em torno do “nacional-desenvolvimentismo”, embora esse projeto de “esquerda” tenha mantido os princípios do “neoliberalismo” levado a cabo pelo governo do ex-presidente FHC.
Outro aspecto, deveras imoral, é pretender que o projeto nacional-desenvolvimentista encampado pela esquerda, formada umbilicalmente pelo PT e o PCdoB, conta com íntimos aliados como José Sarney, Jader Barbalho, Romero Jucá, Renan Calheiros, Michel Temer, Paulo Maluf, Fernando Collor e outros próceres do fisiologismo.
Fica evidente, que o falso binômio PT versus PSDB e seus respectivos aliados, não passa de uma manobra para esconder o caráter conservador e enganoso dessa disputa. Para nós, socialista revolucionários, não nos interessa esse binômio, tanto por seu conteúdo cinicamente fraudulento, quanto estritamente conservador, pois em nenhum momento, essa contenda coloca em discussão os interesses de classes e camadas sociais distintas.
Assim sendo, cabe-nos repudiar essa manobra, esse dualismo, que se estende por Estados e municípios, criando polarizações que se circunscrevem ao âmbito dos interesses de grupos e partidos comprometidos com a ordem sócioeconômica vigente. O nosso projeto é outro, muito distante de interesses menores que inspiram essa contenda, falsamente colocada, entre um presumido projeto neoliberal e um outro nacional-desenvolvimentista.

Caminhamos por outras trilhas, marchamos por outros caminhos, cujo foco é a luta permanente e intransigente contra a ordem vigente. Não nos cabe, portanto, enfileirarmo-nos a esse ou aquele presumido projeto no âmbito dessa ordem exaurida e perversa que, em busca do lucro para uns poucos, não tem o menor pejo em destruir, sistematicamente, a natureza e submeter a humanidade as mais impiedosas crueldades.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Grave subversão


 A esquerda, de matriz stalinista, comete uma gravíssima subversão, quanto aos postulados socialistas. Destaquemos o fato de que essa esquerda, inverte os valores quando, ao invés de ser inflexível quanto aos princípios revolucionários, a eles dá as costas para ser inflexível na tática, nos encaminhamentos.
Dessa forma, por ignorância ou má fé, certos agrupamentos tornam-se intransigentes, nas questões táticas, mas se dispõe a fazer concessões de princípio. Trata-se de uma conduta que produz severas distorções. Aliás, a questão suprema para os revolucionários, é determinar com clareza os seus objetivos estratégicos e inarredáveis, e buscar atingí-los, jogando nas contradições do próprio sistema capitalista e no trabalho persistente e obstinado de persuasão, de convencimento, para a acumulação de força.
Infelizmente não é isso o que acontece. Alguns grupos ditos “marxista-leninistas” ou mesmo “marxista-leninistas-trotskistas”, não se cansam de abrir concessões programáticas, de princípio. Um exemplo dessa conduta, observamos no quesito nacionalismo. Como o stalinismo pôs de lado a luta de classes, desprezou o conceito de classe opressora versus classe oprimida, para substituí-lo pelo de nação opressora versus nação oprimida, abriu-se espaço para o nacionalismo, ou seja para uma prática social-patriota. Regra geral, a aludida esquerda, não tem o menor pejo em se compor com posições marcadas pelo mais estrito antiamericanismo, sem se dar conta de que ser antiamericano não implica em ser anticapitalista, enquanto o contrário leva-nos ser contra o imperialismo no seu sentido mais completo.
Dentre muitos exemplos de um nacionalismo vesgo, tivemos a ostentação, por muitos anos,  da bandeira “Fora a ALCA e o FMI”, como se aí residisse a causa dos problemas sociais do povo brasileiro. Outra conduta decorrente do nacionalismo, principalmente do antiamericanismo, está na mal contida simpatia que devota, uma grande parte dessa esquerda, ao fundamentalismo fascista dos muçulmanos.

Vêem-se, pois, graves atos de capitulação no que concerne aos princípios, enquanto observa-se intransigência descabida na condução das questões táticas e isso é uma horrível subversão conceitual, que produz efeitos nocivos ao nosso fazer político.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Imprensa Proletária



            Alguns “marxistas-leninistas” não se cansam em denunciar a imprensa burguesa. Ora, essa denúncia devia estar ligada a existência de uma imprensa proletária, a serviço dos interesses históricos dessa classe. O que observamos, porém, é o fato de não existir essa imprensa.
            Houve uma imprensa proletária no final do séc. XIX e começo do séc. XX  feita e dirigida pelos anarquistas e, num curto período, pelos comunistas. Entretanto, após o VI Congresso da Terceira Internacional, em 1928, o PC do Brasil reformulou sua política, abandonando o socialismo, para empunhar a bandeira do nacional-reformismo. Nesse momento foi selada a sorte da imprensa proletária, e se muito ruim foi a nova política do PCdoB, o processo de empobrecimento e degradação só veio aumentar, desde 1928 para cá.
            Pretender que os sindicatos fazem uma imprensa proletária é um absurdo. A mídia sindical transita nos limites do trabalhismo, quando não é governista. Restaria recorrer à imprensa dos partidos e movimentos “marxistas-leninistas”. Aí, para nosso pesar, registra-se a capitulação política e a difusão de mitos, lendas e mentiras, numa clara negação do que poderia ser uma imprensa a serviço dos interesses históricos dos trabalhadores.
            O nacionalismo, o reformismo são as marcas presentes na imprensa dos “marxistas-leninistas”. Nos “marxistas-leninistas-trotskistas”, encontramos a negação do livre debate. Partidos e movimentos trotskistas, se esmeram por ser fiéis às resoluções do X Congresso do PC Russo, de 1921 e, dessa forma, praticam o ultracentralismo, o monolitismo, o conceito de “povo eleito de Deus”, quando os infiéis devem ser excluídos. Ao invés de uma imprensa capaz de servir aos interesses do proletariado, o que se observa nessas publicações, é a negação de uma postura democrática e revolucionária.

            Dessa forma, reafirmamos não existir nenhuma imprensa proletária. É indiscutível a necessidade de criá-la e o princípio maior de uma imprensa dessa natureza é o livre debate, pois só através dele, poderemos recompor os princípios do socialismo, distorcidos por obra do stalinismo, nas suas mais diversas feições.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

São eles incompetentes?



Há poucos anos, um certo intelectual “marxista-leninista-trotskista”, veio a público com um artigo intitulado: “Elite Burra”. Não dizia se se tratava da elite do futebol ou do jogo do bicho. Porém, como uma certa esquerda, em consonância com a academia,tem substituído a palavra burguesia por elite, passamos a considerar que o autor, quando se referia à elite, estava falando da burguesia.
É necessário, termos em consideração, que a classe burguesa, nascida no seio do feudalismo, soube tanger os seus interesses com competência e habilidade. A sua primeira vitoria deu-se quando, em aliança com o rei, conseguiu que fosse implantado o absolutismo que punha fim ao poder fracionado da nobreza e servia ao progresso da prática mercantil. Foi no capitalismo mercantilista que se deram os grandes descobrimentos marítimos e enriqueceram a burguesia ligada a esses interesses. Por sua vez a burguesia, através de talentosos teóricos, elaborou um projeto para uma nova ordem econômica social. Esses teóricos, conhecidos como os “iluministas”, levaram a frente uma concepção de sociedade em contraposição à exaurida sociedade feudal. De posse de um projeto, a burguesia soube conspirar e estabelecer aliança política com os trabalhadores servis e o proletariado emergente, para levar a avante suas insurreições vitoriosas. Conquistado o poder político, a burguesia tratou de consolidar esse poder, o que fez com bastante competência.
Instalado e universalizado o capitalismo, ele se desenvolveu em ritmo acelerado, desaguando em sua fase superior, o imperialismo, quando então foram criadas as condições objetivas para o advento de uma nova ordem econômica e social.
Em sua fase imperialista, o novo sistema socioeconômico, entrou em processo de exaustão e hoje, atravessando sucessivas crises de caráter econômico, financeiro e social a burguesia, através de seus políticos, mostra uma inequívoca competência em manter a nau capitalista flutuando, apesar das tormentas, enquanto goza de inegável hegemonia política.

Quem, portanto é incompetente? Uma burguesia que cumpriu e cumpre o seu papel histórico, ou uma determinada esquerda, claramente expressiva, que só acumulou e acumula derrotas? É preciso refletirmos, com todo rigor, sobre esse questionamento e evitar resmungos ou falsos triunfalismos.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

“Imprensa Golpista” 2



            Estamos convencidos de que o PT, o PCdoB e assemelhados, devem tomar sérias providências contra a “imprensa golpista”. Vejamos que ela continua repercutindo, de forma ampla e detalhada, o escândalo em torno das licitações feitas para venda e manutenção de trens e metrôs no Estado de São Paulo. As maracutaias, as fraudes, foram todas cometidas pelos governos tucanos, que gozam, há muito, de hegemonia política naquele estado.
            Não bastasse a grande repercussão do escândalo dos tucanos, eis que vem a público outra grave denúncia. Dessa vez o alvo da “imprensa golpista” é o PMDB, que através de seus prepostos, inspirou práticas fraudulentas na Petrobrás, com as quais conseguiu auferir grandes ganhos. Aliás, a “imprensa golpista” não se limita às nossas fronteiras, pois repercutiram as denúncias em torno das espionagens, levadas a cabo na gestão de Barack Obama.
            Por sua vez, a imprensa, sediada nos EUA, não se cansa em denunciar as arbitrariedades, os maus tratos e as ilegalidades praticadas contra os presos políticos, mulçumanos, na prisão de Guantánamo, na ilha cubana. Por sinal, não podemos deixar de destacar a posição dessa imprensa na denúncia do uso de aviões não tripulados, os drones, acionados para liquidar pretensos terroristas.
            Por todo o conjunto desses e de outros fatos, é que se torna pertinente a grande vontade petista em submeter a imprensa a severos controles. O comportamento em denunciar falcatruas perpetradas pelo PT, PCdoB, PSDB, PMDB e congêrenes, leva-nos a compreender que o fisiologismo vem prevalecendo sob qualquer pretensão ideológica.
            Vivemos a República de Zé Dirceu, Antonio Palocci, José Genuíno, Barbalho, Maluf, Temer, Romero Jucá e outros meliantes da política. A essa robusta lista, vem agora se somar, pelo que pretende a denúncia contra os tucanos, figuras como Mario Covas, José Serra e Alckmin. Dessa maneira é evidente que nos faltam alternativas políticas no bojo dessa realidade. É hora de repudiarmos o dilema PT versus PSDB e construir uma alternativa que acalente as reais esperanças dos trabalhadores.


2.107

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

História que se conta



            Na verdade, na vigência do stalinismo em sua fase mais cruel, havia muitas histórias que eram sussurradas nos meios políticos e até nos recônditos dos lares. Dentre elas, queremos fazer alusão a uma. Dizia-se que, Krupskaia, companheira de Lênin, tornou-se muito incomodada com as atitudes de Joseph Stálin e das posições por ele levantadas, em nome do próprio Lênin, já falecido. Diante das atitudes de Krupskaia, conta-se que Stálin, na sua rudeza, dirigiu-se a ela dizendo: “Não pense que você por usar a mesma bacia sanitária de Lênin, tem poderes maiores que os nossos. Caso você insista em sua conduta, vai aparecer uma amante de Vladimir.”        A essa colocação retrucou Krupskaia: “Lênin nunca teve amante, então, isso não pode...”  A essa objeção Joseph Stálin teria dito: “Pode sim, pois o partido pode tudo.”
            Essa imagem de partido todo poderoso e infalível, tornou-se, com a Terceira Internacional Comunista, uma marca universal. Perdeu-se o conceito marxista de partido, enquanto instrumento da proposta socialista, para alçá-lo à condição de autoridade suprema. Ora, supremo deve ser o projeto, a proposta, e nunca o instrumento.
            Essa inversão de valores da qual não escapou o sr. Leon Trotski, causou e tem causado insanáveis distorções. O velho partido comunista, criado sob a inspiração da Revolução Russa, tomou outros rumos, descaracterizou-se, na medida em que deixou de ser instrumento da revolução socialista para se converter em instrumento a serviço da burocracia soviética.

            A postulação socialista, calcada na luta de classes, foi substituída por uma presumida contradição: nações opressoras versus nações oprimidas. Dessa forma, a Terceira Internacional tornou-se social patriota, e o partido comunista e seus assemelhados, enveredaram pela capitulação ideológica. Diante disso, uma grande massa de seguidores acríticos do partido, julgando-o infalível, acompanhou essa distorção, e daí passamos a colecionar sucessivas derrotas que explicam o fato, de hoje, o capitalismo imperialista exaurido, gozar de ampla hegemonia política. Daí, ser de bom grado, repudiar a idéia do partido infalível e vê-lo apenas como instrumento subalterno que pode e deve ser descartado quando não se prestar aos fins almejados.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

“Imprensa golpista”



O PT e o PCdoB, denunciam a “imprensa golpista”, isso porque a imprensa, sob o controle do capital, tem feito denúncias de corrupção e má conduta, de militantes dos partidos citados. Além do mensalão, a “imprensa golpista” denunciou o caso de Santo André; o do Toinho do PT, em Campinas; a “máfia das ambulâncias”; as trapalhadas dos “aloprados”; as irregularidades no Ministério dos Esportes; as improbidades no BNB... Agora essa “imprensa golpista” vem denunciar as maracutaias nas licitações para construção e manutenção de metrôs e trens no estado de São Paulo governado pelos tucanos.
Parece-nos que, se não fosse essa imprensa, não nos daríamos conta dos criminosos desmatamentos da Amazônia; do sucateamento da rede pública de saúde; da precariedade na educação; do crescimento devastador das drogas; e de tantas mazelas e crimes perpetrados, por esse sistema exaurido, que recebe o nome de capitalismo.
Na verdade, é inquestionável que a chamada grande imprensa, posta-se, em última instância, como instrumento político e ideológico de sustentação da ordem capitalista, entretanto, não podemos desconhecer que a liberdade de imprensa, o livre debate que ela possa permitir, é uma conquista da humanidade como são conquistas o voto universal e secreto, o direito de ir e vir, o direito das minorias e tantas outras trazidas no bojo da Revolução burguesa, particularmente as acontecidas nos EUA e na França de 1789.
É bom ressaltar, em resposta aos hipócritas ou desavisados, que essa imprensa burguesa acolheu e pagou artigos subscritos por Karl Marx, como foi o caso do jornal The New York Times.
Fala-se contra a imprensa burguesa, muito justo, mas onde anda a imprensa proletária? Seriam as mídias dos sindicatos e das centrais de trabalhadores e de estudantes, portadores dessa imprensa proletária? Ou seriam alguns jornais de partidos e movimentos de matriz stalinista que desconhecem o direito das minorias divergentes ou melhor, desconhece o próprio direito de divergir?

Sejamos responsáveis, não procuremos opor à imprensa burguesa tida como golpista, mecanismos de controle que assegurem a prática de uma abominável censura. Procuremos, sim, construir uma imprensa proletária que seja, fundamentalmente, democrática. Deve ser essa a nossa bandeira, o nosso propósito.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Cadê Amarildo?

Amarildo, ajudante de pedreiro, preto, pobre e favelado, tinha tudo para se tornar um suspeito, aos olhos da repressão. Na condição de suspeito, foi levado de sua casa para uma Unidade de Polícia Pacificadora – UPP, instalada na favela da Rocinha, na cidade do Rio de Janeiro. Foi levado para averiguação e nunca mais foi visto. Esse episódio tem servido para revelar o caráter de intolerância do Estado burguês, onde predominam os preconceitos.
Pobres, pretos e favelados devem ser vigiados e reprimidos com toda a violência que esse Estado possui. O caso tem repercutido mundo a fora, e põe por terra, o falso discurso de que vivemos uma plena democracia e que nela os direitos humanos são respeitados.
Outro fato que fica às claras, é que o deputado fascista, Marco (in)Feliciano, eleito presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Câmara Federal, com a aquiescência oportunista, tanto do PT quanto do PC do B, não vem a público clamar contra a violência cometida a pessoa de Amarildo, o desaparecido. Ao invés de se posicionar diante do fato, mesmo que saibamos ser os Direitos Humanos impossíveis de se viabilizar nos limites do capitalismo, o citado deputado mantém o mais vergonhoso silêncio.
Enquanto à pergunta “onde está Amarildo?” persiste, e atinge todos os rincões do planeta, o governo do sr. Sérgio Cabral, através dos seus prepostos, desmancha-se em desculpas e se empenha em manobrar os fatos para não turvar a já emporcalhada polícia.
Cabe-nos compreender que, não obstante a repercussão dada, ele, Amarildo, não é o único, pois, fatos semelhantes se repetem dia a dia, hora a hora e não podemos ter a esperança de ver superada essa realidade tão cruel que não seja através da superação da ordem socioeconômica vigente, a ordem capitalista, cuja essência está na busca do lucro, a qualquer custo, para uma minoria, a classe burguesa.

A partir dessa compreensão, não só devemos resistir à sanha violenta dos opressores, mas devemos tentar, de toda maneira, superar esses fatos tão avessos aos Direitos Humanos, e buscar a construção de uma nova ordem, onde possa reinar a igualdade e, por conseguinte, a justiça e a paz. 

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Empreendedor modelo

Um dos programas levados a cabo pelo governo, em prol da sociedade capitalista, é o empreendedorismo. Sob o argumento de que os empreendedores produzem emprego e renda, existe uma gama de incentivos para eles. Nessa campanha sucedem-se os depoimentos dos micros empresário. Aqui, é um simples trabalhador da construção civil, que aparece dizendo ter tido uma “boa ideia” e a partir dela ter enveredado por uma iniciativa de empreendimento e hoje ele, e a sua família, têm um padrão de vida que não teria na condição de simples empregado. Ali, temos o depoimento de uma ex-empregada doméstica, que enveredou pelo caminho do empreendimento. Quando ela aprendeu a arte de fazer bolos e confeitos partiu, com micros recursos, para montar o seu próprio negócio, e hoje é uma empresária bem sucedida.
Esse tipo de campanha, além de promover a existência de uma camada social com maior poder de consumo, produz também a ideia de que no capitalismo todos estão aptos a atingir patamares superiores. Escondem, esses senhores, que o sucesso de alguns é de natureza lotérica. Expliquemos, quando alguém consegue ser premiado no jogo lotérico, as atenções se voltam para o ganhador, e deixa-se de ver os milhões de perdedores que permitiram o “milagre” do enriquecimento de alguém. Todo esse comportamento da burguesia tem por propósito disseminar lendas e fantasias que lhes ofereçam a oportunidade de se manter usufruindo privilégios.

 Feitas essas observações em que o empreendedor é o grande herói, falemos o caso do sr. Eike Batista, tido como modelo de sucesso no capitalismo. Eike era exemplo de um capitalismo “progressista”. Era expressão da fase lulista desse sistema sócio econômico no Brasil. Como modelo, mereceu os favores do BNDS para as suas aventuras empresariais, e em troca de alguns favores, mereceu também, do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, todos os mimos. Pois bem, as aventuras do sr. Eike redundaram em fracasso e, pelo que tudo indica, é o Tesouro Nacional que haverá de pagar a conta, pois o BNDS arcará com prejuízos diante dessa grande fraude que foi Eike Batista.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

O não pensar


É incontestável o fato de que o exercício do pensar é doloroso. Por essa razão, é que costumamos dizer: pensar dói. Daí ser comum ouvirmos: “eu não quero quebrar minha cabeça”, “eu não quero pensar”. Esse comportamento das pessoas em preferir aceitar as afirmações que lhe são dadas como se fossem verdadeiras, sem colocá-las em dúvida, sem perceber que essa sociedade, de desigualdade e injustiça, se apóia, justamente, no império da mentira, é o mais comum.
Para que possamos nos libertar dos grilhões de uma sociedade que só favorece a uma ínfima minoria, para construirmos uma nova sociedade de igualdade, justiça e paz, é necessário desmontar as mentiras que nos cercam e, para tanto, devemos cultivar a capacidade de pensar, exercitando a dúvida e o questionamento.
Observa-se, nas diversas práticas religiosas, o exercício do não pensar. Vemos, nos seguidores do Islã, como crianças e jovens se colocam diante das palavras “santas”, repetindo-as exaustivamente e procedendo, seguidamente, um movimento do corpo para frente e para trás, de forma mecânica, robotizada. Esse é um exemplo claro do exercício do não pensar praticado pelo islamismo, porém quando observamos as práticas religiosas das Igrejas Católicas, vemos a repetição de gestos semelhantes, e a repetição incessante das mesmas palavras, das mesmas frases, das mesmas orações e isso é, sem dúvidas, o exercício do não pensar.
Nas igrejas evangélicas, nos seus mais diversos perfis, vemos o mesmo procedimento, acompanhado algumas vezes do exercício da histeria religiosa de fundo estritamente emocional.

Outro recurso usado pelas mais diversas igrejas, é o uso da música e da louvação irrefletida. De tudo se faz para mexer com os sentimentos e as fragilidades das pessoas, levando-as a um estado de prostração. Ora, a salvação dos grilhões do sistema capitalista, exige um comportamento oposto. Ao invés do não pensar precisamos, como já dissemos, que se pratique o ato do pensar, pois só assim poderemos nos libertar da rede de mentiras que nos cerca.