Existe falta de médicos em vários municípios do
Brasil. Diante disso, a sra. Dilma optou por importá-los. Deu-se, então, uma
disputa: de um lado os médicos se opunham, por motivos coorporativos; por outro
lado, o governo viu a oportunidade de ter ganhos eleitorais.
Não se há de negar a pertinência da “importação”. Pesa
sobre ela questões de natureza técnica e cientifica. Na questão técnica, levanta-se
o problema da língua, que não se pode desprezar, quando se sabe que o povo tem
uma linguagem beirando um dialeto e isso dificulta a relação médico e paciente.
Em resposta a isso, o governo se propõe a dar um curso de língua, de medicina e
de legislação em 120 horas. Isso é ineficaz para dotar alguém do domínio mínimo
do idioma, especialmente em se tratando da necessidade do médico se informar
das doenças e sintomas portados pelos pacientes.
No quesito da aptidão cientifica, é justo que se
avalie o grau dessa aptidão, mesmo que se diga que esses médicos só possam
praticar atendimentos básicos. Todas essas questões são colocadas em debate. Porém,
devemos estar atentos, diante do empenho das partes em utilizar esses fatos
para esconder, de um lado, o inaceitável corporativismo dos médicos e de outro,
a pressa eleitoreira do governo. Entretanto uma coisa deve ficar clara: o programa
Mais Médicos atende aos anseios da população, especialmente as que habitam os
confins do Brasil.
O caso dos médicos cubanos também suscita polêmicas
que vão desde as questões mencionadas, como uma outra de natureza trabalhista,
quando os médicos “alugados” por uma importância X só receberão o valor Y,
sendo a diferença apropriada pelo Estado cubano. Isso tem merecido dos críticos
dessa prática, o argumento de que médicos cubanos tornaram-se “commodities”
para o governo daquela ilha e isso não se coaduna com os valores aceitados.
O imbróglio criado serve para expor o conteúdo do
governo brasileiro, voltado, antes de tudo, para os interesses maiores do
capitalismo, recorrendo a medidas emergenciais diante da degradação dos
serviços de saúde, quando se deveria tratá-la como um ponto essencial e não
recorrer a essas atitudes apressadas e atabalhoadas.
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