quarta-feira, 31 de outubro de 2012

OBSESSÃO ANTICAPITALISTA


OBSESSÃO ANTICAPITALISTA

            Somos, frequentemente, acusados de obsessivamente anticapitalistas. Confessamos ser dotados dessa obsessão. Não se trata, entretanto de um sentimento gratuito, infundado. Essa nossa obsessão anticapitalista deve-se ao nosso irremediável amor à vida. Quando tomamos consciência de que a existência da humanidade e não só dela, está ameaçada pela caminhada desse sistema socioeconômico que, na sua busca desvairada pelo lucro para uns poucos, destrói, sistematicamente, vidas e ameaça pô-la em total colapso, caso a sua caminhada sinistra não seja interrompida.
             Vemos com bastante apreensão, os diversos discursos correntes que tentam combater os efeitos maléficos do capitalismo sem se centrarem em sua causa.  Mazelas sociais como a fome, o desemprego, a violência crescente, as drogas e tantas outras, não podem ser tratadas com a necessária eficácia, caso persistamos em desconhecer que essas mazelas são expressão do esgotamento de uma ordem econômica social que, se um dia foi progressista, tornou-se retrógrada e antihumana.
             Essa postura em se negar a fazer o combate cerrado e sistemático ao fato gerador das desgraças sociais, presta um grande desserviço à causa da humanidade. Em razão desse modo de encarar os fatos, é que levantamos bem alto a bandeira do anticapitalismo entendendo que somente a superação desse sistema não se dará pela vontade de um punhado de pessoas mas pela possível tomada de consciência e da vontade política das massas trabalhadoras.
             É oportuno dizer que as massas populares não haverão de se pôr de pé na luta  pela emancipação da humanidade dos grilhões desse sistema exaurido e assassino, caso não tomem a imprescindível consciência de quem realmente é o verdadeiro inimigo dos seus interesses. Daí a necessidade urgente de se promover um amplo trabalho de conscientização das massas populares, de forma que elas se dêem conta da verdadeira causa de seus infortúnios e, dessa maneira, se erga na luta consequente por uma nova ordem econômica e social que nos permita um mundo de justiça e paz.
             Essa devia ser a tarefa central dos partidos que se reivindicam de esquerda, mas não é isso o que presenciamos e o processo eleitoral revela muito bem a inadmissível ausência de um claro discurso anticapitalista. Esse quadro, leva-nos a redobrar a nossa obsessão anticapitalista, esperando que ela seja um dia, não tão distante, transformada em verdadeira pandemia.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

ORDEM PROSTITUÍDA


ORDEM PROSTITUÍDA
            A bandeira nacional trás consigo um lema de natureza positivista, como positivistas eram os conspiradores republicanos. Diz a referida insígnia: “Ordem e Progresso”. Quando eles se referem à ordem estão clamando pelo exercício da paz social, estão clamando pela permanência de um estado de acomodação de tal forma que o conjunto da sociedade consinta, tranquilamente, a existência da mais cruel desigualdade. Ordem, vale repetir, é o conformismo com os fatos de que poucos desfrutem de tudo, enquanto à imensa maioria falte o essencial para uma vida que possamos chamar de digna. A palavra ordem é seguida pela palavra progresso. Dizendo melhor, pretendem eles, os donos da república capitalista, que floresçam a ordem social e o progresso dos negócios que tanto servem para enriquecer uma ínfima minoria.
            Posto o quadro de nossa realidade nesses termos, poucos são os que percebem que por trás de uma presumida ordem, o que de fato reina, é a mais profunda prostituição dos valores mínimos que deviam reger a sociedade em que vivemos. A ordem prostituída é aquela que permite transitar livremente um dos maiores corruptos dessa república, o sr Paulo Maluf. A ordem prostituída é aquela que manda arquivar um processo criminal contra o larápio e ex-ministro Antonio Palocci. Essa ordem prostituída que através do Superior Tribunal Federal- STF, absolveu de qualquer culpa a figura emporcalhada do sr Fernando Collor de Melo é essa mesma ordem prostituída  que franqueia o retorno do sr Collor ao cenário político, hoje de mãos dadas com o petismo não menos prostituído, sob a liderança do ex-metalúrgico Luis Inácio da Silva.
            Os atos de prostituição “lícitos” e ilícitos, dessa pútrida república que ostenta em sua bandeira o lema “ordem e progresso”, são tantos que não haveria espaço e tempo para nominá-los. Quando num gesto singular, o STF julga e condena a quadrilha do mensalão, levantam-se vozes em protesto, dizendo que o ato de punição foi um ato golpista levado a cabo de forma irmanada entre o STF e a imprensa.
            Por que esses senhores não bradaram diante do “golpe” que absolveu o sr Fernando Collor de Mello? Por que esses mesmos senhores não levantaram os seus protestos quando foi mandado arquivar a denúncia do propineiro Antonio Palocci?
            Por tudo que foi dito, cabe-nos uma única conclusão: a ordem burguesa, a ordem capitalista, não passa de uma ordem profundamente prostituída e a serviço de uns poucos.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

MODO PSOL DE GOVERNAR?


MODO PSOL DE GOVERNAR?
            Participamos, como membros fundadores, da organização do Partido dos Trabalhadores- PT. Como antigos militantes, desconfiávamos de sua imprecisão política. Apostávamos, entretanto, no seu instinto de classe, na sua intuição. É evidente que esses atributos são insuficientes para assegurar um rumo político de grandes consequências. Na falta de um discurso elaborado, o velho PT limitava-se a se dizer “um partido diferente”. Quanto a nós, timidamente, perguntávamos: “mas em quê consiste tal diferença?” Seria diferente porque maior? Seria diferente porque mais aguerrido? Seria diferente porque possuído de miopia? Ou seria diferente por se tratar de um partido que traduzisse os interesses históricos dos trabalhadores? Ou seja, seria diferente porque teria os olhos voltados para a conquista de uma nova ordem econômica e social como negação radical da sociedade capitalista? Essa sim, uma diferença substancial!
            Nada se respondia e continuava a repetir-se: “o PT é um partido diferente.” À falta de estabelecer essa diferença, propôs-se o PT a espalmar a bandeira da moralização do capitalismo. Numa feliz expressão do político gaúcho Leonel Brizola, o PT foi chamado de UDN de macacão.  Pretender moralizar o capitalismo corresponde ao mesmo que pretender enxugar gelo.
            Mas, os “gênios” do PT não enxergavam essa verdade. Em 1984, como membro do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores, tornei público um artigo sob o título: “ PT, uma proposta e muitos riscos”. Neste artigo, dizia de forma peremptória, que essa nova agremiação política trazia para a burguesia o perigo de levantar bem alto a bandeira do anticapitalismo, a bandeira do socialismo. Por outro lado, essa nova e gloriosa organização política que brotava das fábricas, dos campos, dos meios estudantis poderia descambar para o reformismo e se transformar num instrumento eficaz de sustentação do próprio sistema capitalista.
            Infelizmente, foi justamente isso que aconteceu, quando os petistas lograram, através de expedientes espúrios chegar ao governo. E é grave que do seu ventre tenha  nascido o PSOL, proclamando “uma nova forma de fazer política”. É evidente, que essa  nova forma não existe, desde que ela não seja explicitamente anticapitalista e se negue a colocar-se como agremiação cujo intento é galgar postos nos diversos aparelhos de governo, sejam eles, federal, estadual ou municipal. Em outras palavras: ou teremos a bandeira do socialismo ou repetiremos a trilha sinistra do velho PT.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

LADRÃO OTÁRIO?


LADRÃO OTÁRIO?
            As palavras otário, bobo, vacilão e outras do gênero, servem para classificar aqueles que, no mundo do crime, não souberam tirar as devidas vantagens. Foi com muita surpresa que lemos de uma renomada jornalista da “Folha de São Paulo” a afirmação de que o ex-guerrilheiro, “ex-marxista-leninista-maoista”, herói da Guerra do Araguaia, envolvido no maior dos escândalos dessa pútrida república, O MENSALÃO, sr José Genuíno,  deveria ser inocentado pois continuava pobre, não havia feito fortuna, como os demais.
            O mínimo que se poderia dizer de tal argumento é que se trata de uma afirmação bastante hilária. É de se pensar, até, que esse sr José Genuíno, não seguiu os passos dados pelos seus parceiros mais espertos.  Destaque-se a conduta do sr Antonio Palocci, que num curto prazo de quatro anos, conseguiu amealhar uma fortuna de vinte milhões de reais. Neste caso, temos o roubo lícito, ou seja, aquele ilícito praticado dentro dos conformes das leis burguesas. Tanto é lícito o seu abominável comportamento, que ele participa ativamente do comando junto ao sr Lula e a sra Dilma, sem que seja censurado.
            Valeria a pena tentar auditar o volume de riquezas acumuladas pelo sr José Dirceu, na sua “consultoria”, que não passa de um eufemismo, para o desonroso tráfico de influência? E o que dizer do modesto e caipira professor Delúbio Soares, que passou a incorporar a seus bens e aos da família, alguns bons quinhões? Seriam esses senhores, os chamados larápios espertos, enquanto pessoas como José Genuíno, até pelo seu temperamento, pouco audacioso, apesar de sua comprovada participação no crime, um mero otário?
            A triste verdade é que aqui e ali, ouvimos afirmações do tipo: “ora, camarada, temos trinta, quarenta e até cinquenta anos de militância, e o que fizemos?” Por uma razão ou por outra, a sonhada revolução “foi para o brejo”. Por uma razão ou por outra, fomos, acachapantemente derrotados. Hoje, a burguesia oferece alguns bons trocados em pagamento pelos serviços que lhe pudemos prestar. E não seria um ato de “inteligência” nos negarmos a esse benefício em troca de duvidosos princípios, sejam eles, revolucionários ou morais?
            Como sabemos, não conquistamos o poder, mas conquistamos o governo, e no exercício da tarefa de governar os negócios do capitalismo, bem que nos cabe, algumas parcelas de vantagens. Aos graúdos, grandes montantes. Aos medianos, algo razoável. E aos “otários”, do tipo José Genuíno, um pouco ou quase nada em troca da imensa infâmia por ele praticada.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

HÁ MAIS DE DOIS MIL ANOS


HÁ MAIS DE DOIS MIL ANOS
            Sim, já faz mais de dois mil anos que nasceu o cristianismo. A espinha dorsal da doutrina cristã é fazer o bem, sobretudo amparar a massa do povo infelicitado. Até parece que os detentores de grandes fortunas terão condições de servir aos desprovidos, aos pobres e miseráveis ao seu bel prazer.
            Seria, justamente, esses ricos e aquinhoados que teriam o privilégio de praticar o bem, levando a cabo algumas iniciativas que deixam em evidência, aos olhos de Deus, quão bons são os seus corações. Quando um rico ou apenas um aquinhoado comete um ato de bondade ele está sendo observado e seu ato caridoso será devidamente registrado. Tudo funciona como se fosse uma poupança, “afinal, quem dá aos pobres, empresta a Deus”,e por Ele será beneficiado.
            Dessa forma, quem faz para os pobres está fazendo, sobretudo para si mesmo, pois merecerá as divinas graças na vida eterna. Ao pobre, ao miserável, àqueles que padecem de extrema pobreza, lhes é furtado o direito de serem bom e a cartilha que registra os atos caridosos não poderá ter o seu nome, pois ele vive sob a linha do desespero e assim, estará muito mais fadado a cometer pequenos ou grandes atos de delinquências, e, com certeza, merecerá registro em outra cartilha e nunca na cartilha da salvação.
            Por sua vez, é oportuno lembrar, que os ricos e os aquinhoados representam a extrema minoria da população. Calcula-se que o seu número não chega perto de atingir a parcela de dez por cento da humanidade. Caso esses ricos e aquinhoados fossem dividir o que têm com os pobres e miseráveis, estaria fundado o reino da miséria, o que seria uma estúpida insensatez.
            O cristianismo, como já foi dito, teria nos seus primados: o cuidar dos pobres. Faz mais de dois mil anos que eles levam avante essa missão. Como resultado, muitos foram contemplados como santos, anjos e, alguns asseguram outros lugares na corte celestial. Não se sabe de nenhum miserável, mesmo que eles representem a imensa maioria da população, tenha merecido tamanha honraria. Enquanto isso, o mundo continua dos ricos, dos aquinhoados, dos bilhões de pobres e miseráveis e assim será enquanto subsistir o capitalismo.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

COBERTOR CURTO


COBERTOR CURTO
            No capitalismo, para a imensa massa do povo pobre e miserável, a vida se constitui na inglória tarefa de querermos nos cobrir com cobertores bastante curtos. Isso quer dizer, quando cobrimos a cabeça, temos os pés descobertos e quando cobrimos os pés, passamos a ter a cabeça e até os braços descobertos.
            É assim que funciona o sistema capitalista. A burguesia inaugura um suntuoso hospital e clama ao mundo inteiro: “eis aí o quanto o sistema socioeconômico está voltado para atender as necessidades do povo.” Exemplo patente é o Hospital da Mulher em Fortaleza. Não dizem eles, quantas empreiteiras ganharam fortunas nas obras sobrefaturadas.  Não dizem, via de regra, que o monumental prédio que custou uma fortuna não dispõe de equipamentos suficientes para atender os necessitados. Quando tem equipamentos, falta o corpo técnico capaz de operacionalizar os instrumentos de que dispõe. Quando tem tudo funcionando naquele hospital, dezenas de milhares de postos de saúde não têm o funcionamento necessário, pois ali faltam, desde o médico, o enfermeiro, o técnico, e, sobretudo, medicamentos.
             Por sua vez, quando se despende uma atenção maior para a saúde, eis que faltam os meios necessários para a construção de escolas, contratação de profissionais e compra de equipamentos. O curto lençol do capitalismo, para atender as inúmeras demandas das massas necessitadas, terminam por não poder cumprir as imensas solicitações no campo da segurança pública, deixando de promover concursos e treinamentos capazes de possibilitar um mínimo de tranquilidade.
            Não bastassem essas carências, outras tantas se apresentam: são as malhas viárias, em estados deploráveis; são os portos, sem condição de carga e descarga; são os aeroportos, sucateados, e assim se vai o curto cobertor.
            Cabe, porém, uma pergunta: para onde vão os bilhões de riquezas produzidas nesse mundo a fora? A maior parte vai para os bolsos dos capitalistas, que não param de acumular riqueza, enquanto o mundo acumula fome, favela e miséria. Outra parte das riquezas são gastas para a manutenção do permanente estado de guerra em que vive o sistema capitalista, desembolsando fortunas para custear as suas forças armadas, estejam elas ativas ou inativas.
            É necessário acrescentar que uma legião imensa de pessoas se ocupam no triste oficio de trabalhar e nada produzir, como acontece com as máquinas burocráticas das empresas, repartições e ministérios. Somente uma outra sociedade, uma sociedade voltada para o real bem estar da população, poria fim a esse infernal quadro da existência humana.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

ELA DISSE...



ELA DISSE...
            Apesar de estarmos bastante calejados com os grandes desvios políticos praticados nesses últimos noventa anos de hegemonia stalinista, confessamos ter ficado   um tanto estupefatos quando ela disse: “Nós, que compomos a coligação PT, PCdoB e outros agregados, em nome da esquerda, fizemos uma opção pelos pobres.”
            Isso foi dito diretamente nas telas da televisão, tendo como ouvintes os moradores da cidade de Fortaleza. Nada existe de original na frase da prefeita Luiziane Lins, em afirmar sua opção pelos pobres. Essa opção já foi assumida há milhares de anos pela Santa Madre Igreja.
            Optar pelos pobres significa buscar formas de gerenciar a pobreza e torná-la menos aflitiva. É isso, justamente, que faz a Santa Madre Igreja sob a inspiração do Divino Espírito Santo. Ela não se propõe a erradicar a pobreza e a miséria e sim, a mitigá-la. E assim tem sido, durante esses mais de dois milênios, quando ricos continuaram cada vez mais ricos e pobres e miseráveis cada vez mais carentes. Enquanto os cristãos dispensam aos pobres a sua caridade, os socialistas, mais precisamente, os marxistas, se propõem a erradicar a pobreza e construir um mundo onde possa reinar, por conseguinte, a igualdade econômica e social, berço único da justiça, da paz e do amor.
             Numa manobra, muito ardilosa, os cardeais da Santa Madre Igreja prometem também esse reino de justiça, porém, não esquecem de deixar claro que tal reino só poderá existir após a morte. O que é o céu dos cardeais, se não o comunismo, do ponto de vista cristão? Aproveitando esses arremedos, essas fantasias, essas lendas e mentiras, vêm agora os militantes de uma chamada DEMOCRACIA SOCIALISTA, em nome de migalhas, aderir ao discurso fraudulento da burguesia quando diz: “ cuidar dos pobres como Lula ensinou.”
            Por essas e tantas razões, é que clamamos pela necessidade premente de desconstruir a esquerda direitosa, linha auxiliar de sustentação do capitalismo, ao mesmo tempo, que haveremos de nos empenhar em edificar uma outra esquerda, uma esquerda realmente revolucionária, cujo real objetivo, é o de desfazer os mentirosos discursos correntes, alimentados pela burguesia, no seu natural papel de enganar, e pela esquerda direitosa que, a troco de alguns quinhões se presta ao trabalho de manter o capitalismo de pé até a tragédia total.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

E O DA GASOLINA?



E O DA GASOLINA?
            Não teria idade, para andar me assustando com os escândalos do dia-a-dia. Temos procurado mostrar que o processo de degradação no sistema capitalista, é generalizado. Anos atrás, a literatura socialista mostrava a classe burguesa como degradada, sem bons sentimentos, possuída de angústia, tédio e incapacidade de amar. Ficou famoso o filme “A doce vida”. Nessa película, para o degustar da intelectualidade “proletarizada”, os ricos eram possuídos da indiferença, tédio e tantos outros sofrimentos, que amargam a existência tornando-a tão insípida a ponto de se perder o gosto de viver.
             Por sua vez, a literatura “socialista” procurava pintar as massas proletárias alimentadas pelo gosto da vida, na medida em que eram possuídas da certeza, de que um dia haveria de surgir um mundo de justiça, paz, harmonia e sobretudo amor.
            Essa tagarelice, alimentada pelo stalinismo,e até antes, como prova a afirmação de Engels quando disse que a burguesia sentia o singular prazer em se cornearem, esqueciam que não existem dois mundos diferentes, apesar de haver classes e camadas sociais distintas e com motivações diversas.
            Nessa campanha eleitoral, chamou-me atenção, um diálogo que tive com uma professora universitária. Perguntei-lhe qual seria o seu candidato a vereador e ela de pronto respondeu: “meu candidato é o fulano, pois ele já me deu ‘o da gasolina’”.
            Pasmo, refleti: para essa senhora, pouco importava se “o da gasolina” teria provindo das falcatruas do BNB ou se fruto dos dólares da cueca, ou mesmo, das mãos de um traficante... Pouco lhe importava a origem; para ela, o importante era ter “o da gasolina” e a sua honrosa fidelidade seria cumprida com o seu voto. Desse episódio e de milhões de tantos outros, é que se fazem os políticos bem “sucedidos” do tipo Paulo Maluf, Antonio Palocci, o deputado do dólar na cueca, os bandidos do mensalão. É triste saber, mas a verdade é que o capitalismo está podre e sua podridão alastra-se para todos os cantos. Fora o capitalismo, viva a vida, enquanto é tempo.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

DIRCEU: “O CAPO”



DIRCEU: “O CAPO”
            O linguajar, usado nos meios mafiosos, costuma-se chamar o chefe do bando criminoso de CAPO. A esse senhor, era devotada a mais absoluta, irrestrita e rastejante subalternidade nos afazeres delinquentes dessa corporação, sempre disposta a praticar seus delitos. Fato curioso, inédito era quando determinados CAPOS eram alcançados pelos curtos braços da justiça burguesa e eram lançados na prisão.
            A literatura sobre esse assunto é farta no sentido de colocar os “capos” como continuadores do comando criminoso, mesmo estando nas barras das penitenciárias, presos, continuavam no exercício pleno do crime. Sobre esse assunto, tornou-se célebre o best seller “O Poderoso Chefão”, provável leitura de cabeceira do sr Dirceu e seus asseclas.
            Noticiou a imprensa, com o devido destaque, que José Dirceu, chefe de proeminência no esquema criminoso denominado mensalão, afirmou em uma de suas peculiares bravatas: como preso, haverei de continuar exercendo minha parcela de comando junto ao Partido dos Trabalhadores, coisa que nunca deixei de fazê-lo. Assim como no PCC, Comando Vermelho, os Amigos dos Amigos ( ADAS) e outras facções criminosas. José Dirceu, porém, volta seus olhos para uma instância criminosa mais sofisticada, cujas matrizes estão na velha Itália siciliana, cheia de “glórias” no quesito crime organizado.
             Pelo andar da carruagem não podemos deixar de acreditar que a ameaça de Dirceu em comandar o velho Partido dos Trabalhadores, a partir das celas do presídio, não poderá deixar de ser um triste fato, uma verdadeira zombaria, bem ao gosto do Delúbio Soares, quando afirmou: “tudo isso, num futuro próximo, não deixará de passar de uma piada de salão.”
             Trata-se de um certo dissabor, mas a grande verdade é que esse e tantos outros pilantras, encontraram no crime um testemunho de que essa prática convém e é pródigas em lhes compensar com fartas riquezas, indiscutíveis prestígios.
            Veja-se o exemplo do sr Renan Calheiros, veja-se também os exemplos dos senhores Jader Barbalho, Romero Jucá, Michel Temer,  o próprio José Sarney, o silencioso Antonio Palocci que fizeram fortuna às sombras do governo. Por fim, não podemos deixar de falar no mais emblemático de todos, Paulo Maluf, hoje íntimo aliado do sr Lula da Silva.
            O sr José Dirceu não deixará de ser um famoso CAPO, mas é preciso lembrar que existe o capo dos capos, o chefe dos chefes, ou seja, existe o poderoso chefão e, raramente, as mãos da justiça chegarão até ele, pois o crime organizado trata de protegê-lo, a todo custo. E no nosso caso, cabe uma pergunta: quem será o capo do capo? Essa pergunta talvez não seja tão difícil respondê-la, uma vez que foi público o seu empenho em desconstruir uma acusação tão sólida quanto essa, feita em torno da quadrilha dos mensaleiros.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

AÇÃO SOCIAL E SOCIALISMO



AÇÃO SOCIAL E SOCIALISMO

            Há uma confusão reinante, que atinge setores da esquerda, em confundir ações sociais como se fossem ações socialistas. Não percebem, esses senhores de esquerda, deles até existem os que se proclamam “marxistas-leninistas” ou até mesmo “marxistas-leninistas-trotskistas”, que a política de promoção calcada em ações sociais, foi assumida pela burguesia internacional, particularmente nos países da Europa Ocidental, como forma de conter um possível avanço do projeto socialista.
             Assim é que, os senhores do capital implementaram uma política que entrou para a História como sendo a criação de Estados de “bem estar social”. Na vanguarda desses estados capitalistas, estavam os chamados países nórdicos e neles existiam e sobrevivem políticas assistencialistas, tão “avançadas”, que chegavam a se colocar como uma via para um presumido socialismo democrático. Na verdade, esses países apresentavam um nível de bem estar e segurança social muito acima dos padrões nos indevidamente chamados, países socialistas. Mas, não era somente nos países nórdicos que se fez presente o assistencialismo nos limites do capitalismo. Em países como Alemanha, França, Bélgica, Áustria e mesmo na Itália, observava-se a existência de políticas semelhantes.
            Esse perfil avançado de política social, vamos encontrar também nos EUA, no Canadá e no Japão, para citarmos alguns poucos exemplos. Ora, essa manobra de levar avante políticas assistencialistas para garantir o apoio das massas populares ao sistema capitalista, teve pleno sucesso e, não é, de bom alvitre, que partidos e militantes supostamente socialistas, acenem para o povo com promessas de ações sociais, cujo resultado final é, sem dúvida, o fortalecimento do próprio capitalismo, pois essa conduta, dá margem a que se imagine ser possível, no âmbito desse sistema, se promover a emancipação da humanidade dos grilhões espoliadores em que vive. Vale pois, nos desfazermos desses equívocos e pararmos de confundir ação social com o projeto emancipador de que o socialismo é instrumento.