quarta-feira, 24 de outubro de 2012

LADRÃO OTÁRIO?


LADRÃO OTÁRIO?
            As palavras otário, bobo, vacilão e outras do gênero, servem para classificar aqueles que, no mundo do crime, não souberam tirar as devidas vantagens. Foi com muita surpresa que lemos de uma renomada jornalista da “Folha de São Paulo” a afirmação de que o ex-guerrilheiro, “ex-marxista-leninista-maoista”, herói da Guerra do Araguaia, envolvido no maior dos escândalos dessa pútrida república, O MENSALÃO, sr José Genuíno,  deveria ser inocentado pois continuava pobre, não havia feito fortuna, como os demais.
            O mínimo que se poderia dizer de tal argumento é que se trata de uma afirmação bastante hilária. É de se pensar, até, que esse sr José Genuíno, não seguiu os passos dados pelos seus parceiros mais espertos.  Destaque-se a conduta do sr Antonio Palocci, que num curto prazo de quatro anos, conseguiu amealhar uma fortuna de vinte milhões de reais. Neste caso, temos o roubo lícito, ou seja, aquele ilícito praticado dentro dos conformes das leis burguesas. Tanto é lícito o seu abominável comportamento, que ele participa ativamente do comando junto ao sr Lula e a sra Dilma, sem que seja censurado.
            Valeria a pena tentar auditar o volume de riquezas acumuladas pelo sr José Dirceu, na sua “consultoria”, que não passa de um eufemismo, para o desonroso tráfico de influência? E o que dizer do modesto e caipira professor Delúbio Soares, que passou a incorporar a seus bens e aos da família, alguns bons quinhões? Seriam esses senhores, os chamados larápios espertos, enquanto pessoas como José Genuíno, até pelo seu temperamento, pouco audacioso, apesar de sua comprovada participação no crime, um mero otário?
            A triste verdade é que aqui e ali, ouvimos afirmações do tipo: “ora, camarada, temos trinta, quarenta e até cinquenta anos de militância, e o que fizemos?” Por uma razão ou por outra, a sonhada revolução “foi para o brejo”. Por uma razão ou por outra, fomos, acachapantemente derrotados. Hoje, a burguesia oferece alguns bons trocados em pagamento pelos serviços que lhe pudemos prestar. E não seria um ato de “inteligência” nos negarmos a esse benefício em troca de duvidosos princípios, sejam eles, revolucionários ou morais?
            Como sabemos, não conquistamos o poder, mas conquistamos o governo, e no exercício da tarefa de governar os negócios do capitalismo, bem que nos cabe, algumas parcelas de vantagens. Aos graúdos, grandes montantes. Aos medianos, algo razoável. E aos “otários”, do tipo José Genuíno, um pouco ou quase nada em troca da imensa infâmia por ele praticada.

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