quarta-feira, 30 de outubro de 2013

PT caiu na privada!



PT caiu na privada!

            A nossa desinformada esquerda direitosa tem como um dos seus postulados, o de que existe uma dicotomia entre o público e o privado. Para eles, devemos fazer a opção pelo público, que é do povo. Não enxergam que o público é o Estado e esse é uma instituição de classe. No capitalismo, o Estado representa o poder burguês e se organiza em torno da defesa desse sistema sócio-econômico. Portanto, trata-se de uma fantasia, de uma balela, pretender que o Estado seja do povo.
            Fruto dessa falsa dicotomia entre o público e o privado, imagina-se construir dois projetos políticos. Um, pretensamente de esquerda, que se propõe a defender a bandeira da “coisa pública”, através do Estado, e o outro, que seria nesse caso a direita, que tem por proposta a defesa e a exaltação da iniciativa privada. Nessa dualidade, trafega a “nossa” esquerda direitosa que não se atreve a assumir uma postura anticapitalista, pretendendo apenas o exercício de governos estaduais, municipais e federal sem extrapolar o âmbito da ordem econômica e social vigente, sem ameaçar o poder real, o poder da burguesia, representado pelo Estado como já dissemos.
            Fiéis a essa equivocada visão, o PT, o PCdoB e o PSB, autênticos representantes da esquerda direitosa, aferram-se ao discurso do público contra o privado, sem dizer que são faces de uma mesma moeda, são faces complementares da ordem capitalista.
            Após tantos anos de gritaria contra as privatizações e a denúncia cerrada de que o caminho da privatização como política neoliberal, encarnava o direitismo, quando direita são, tanto uma como a outra das forças políticas em litígio. Aconteceu, porém, que o Estado brasileiro não teve condição de realizar obras de infra-estruturas principalmente nos quesitos portos, aeroportos, rodovias e ferrovias e isso levou a um grave estrangulamento da economia, impedindo a burguesia brasileira de ter um maior grau de competitividade.
            Dessa maneira, o PT e os seus aliados, não tiveram outra saída senão recorrer à privatização que começou com os aeroportos e há de continuar em várias iniciativas de investimentos que se fazem necessários. Assim sendo, não é injusto dizer que o PT e a esquerda direitosa, terminaram por cair na privada, lugar de onde nunca deixaram de ter fortes laços, pois é a eles que seus governos prioritariamente servem.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

"Ordem e Progresso"




“Ordem e Progresso”

            A divisa da bandeira nacional, “Ordem e Progresso”, seria honesta caso se dissesse: ordem e progresso capitalistas. Mas, essa verdade, apesar de justa, não conviria à burguesia. É oportuno dizer que a ordem capitalista se mantém em função da cultura da desigualdade, apoiada em múltiplas mentiras, lendas e fantasias. É essa cultura que dá sustentação à ordem econômica e social vigente. Ela nos é imposta, anos a fio, pelos aparelhos ideológicos que a burguesia manipula. Quem primeiro planta a ideologia burguesa em nossas cabeças é a nossa família. Ela não cumpre esse papel de forma consciente, apenas reproduz tudo aquilo que já lhe foi colocado. Além da família, como aparelho de reprodução da ideologia das classes dominantes, temos outros, bastante eficazes, como são a escola e as igrejas.
            Família, escola e igreja são instrumentos que constroem em nossas mentes todo um pensar que dá segurança ao capitalismo, garantindo a sua sobrevivência. Não se reduz, porém, a esses instrumentos a responsabilidade única pela formação do nosso pensar. Ao lado da família, escola e igrejas, temos a grande mídia, plantando conceitos e preconceitos, que convergem para um objetivo único: garantir a manutenção da “ordem”, apesar do claro processo de crises que ela atravessa.
            Quem deveria demover o povo dessas inverdades, denunciar as mentiras, seriam os partidos que se reivindicam de esquerda. Porém, constatamos que, há muito, tais partidos e movimentos, abandonaram o preceito de que a sociedade capitalista tem consigo a existência, fundamental, de duas classes sociais: a burguesia e os trabalhadores, e que a contradição fundamental é o antagonismo dessas classes. Ao invés disso, elegeu-se o dogma de que a luta se dá entre nações opressoras e nações oprimidas. Essa formulação se prestou a colocar fora de pauta a busca do socialismo e eleger, nos países retardatários, como o Brasil, a bandeira da soberania nacional como a causa primeira dos nossos embates por uma nova realidade, que possa nos oferecer justiça e paz.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Quem é o Brasil?



Quem é o Brasil?

            Constantemente, ouvimos dizer: o Brasil cresceu; o Brasil parou; a dívida do Brasil tem se mantido alta; os interesses do Brasil têm que ser preservados; as terras do Brasil são férteis; e por aí vão referências e mais referências ao Brasil, como se se tratasse de uma figura que reúne todos nós.
            É necessário, entretanto, que respondamos uma questão: quem é o Brasil? Seriam os seus milhões de quilômetros quadrados? Seriam as florestas, sistematicamente agredidas, em nome do lucro para uns poucos? Ou seria o Brasil um país inserido num mundo capitalista, onde convivem, fundamentalmente, duas classes sociais com interesses antagônicos: a burguesia, que usufrui todos os favores dessa suposta brasilidade e, de outro lado, as classes trabalhadoras, que amargam a exploração e a opressão que lhes são impostas?
            Falamos que o Brasil é composto, substancialmente, de duas classes sociais com interesses antagônicos e irreconciliáveis mas, devíamos acrescer o fato de que, além dessas duas classes, existem as camadas sociais. A chamada classe média, que se divide em vários segmentos, encontra-se entre a burguesia e os trabalhadores, propriamente ditos. Mas, abaixo dessa posição econômica e social, existe uma massa imensa de miseráveis, aqueles que nem sequer usufruem o direito de ser pobres e cabe perguntar: seriam desses miseráveis as terras do Brasil? Ou seria deles o parque industrial que aqui existe? Ou seria o Banco do Brasil, que a propaganda do governo diz ser do Paulo, da Maria, da Marta, do José e do João, realmente propriedade de todos?
        Quando viaja mundo afora, o sr. Lula da Silva, sempre procurando bons negócios para algumas empresas sediadas no Brasil, fala a verdade quando diz: estou trabalhando pela nossa pátria? Não estaria ele trabalhando para os patrões? Não seria apenas uma velha arma das classes dominantes nos envolver nessa artimanha de que o Brasil é um país de todos?     
          Por trás desse véu de mentiras, reside uma verdade, qual seja, o Brasil é, antes de tudo, propriedade de uma minoria e ao povo cabe apenas migalhas e, assim sendo, precisamos desnudar essa farsa e revelar a verdade para, a partir daí, construirmos um mundo novo.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Os deuses não protegem



Os deuses não protegem

            O noticiário do dia a dia nos informa que cristãos sofrem atentados de grupos islâmicos, no oriente médio, causando milhares de mortos e feridos. Em outro momento, é uma facção islâmica que produz um atentado contra uma mesquita, frequentada por outra facção do mesmo credo, provocando mortes e feridos.
            Aqui no Brasil, em escalas bem menores, assistimos alguns episódios que nos deveriam fazer pensar. Entretanto, como costumamos dizer, o exercício do pensar dói e as pessoas tendem a não querer “quebrar a cabeça”. Recentemente, vimos, pela televisão, com todos os detalhes, a história de uma senhora aposentada que foi buscar seus parcos rendimentos no banco e, dali saindo, dirigiu-se a uma igreja para pagar o seu dízimo, ocasião em que foi assaltada e violentamente agredida. Em todos esses casos, saltam aos nossos olhos a certeza de que os deuses não protegem os crédulos contra as ações daqueles que os agridem.
            Mesmo sendo assim, esses fatos não se prestam a impedir que cresça, em escala geométrica, o número de pessoas que buscam, nos diversos credos, uma tábua de salvação. Isso acontece em decorrência do fato de que o capitalismo, a cada dia, torna nossas vidas quase impraticáveis. A cada momento, assistimos se avultar as mazelas sociais, dentre elas a violência, não escapando, sequer, os templos religiosos.
            Face esse quadro, é natural que as pessoas busquem refúgio. Uns se refugiam nas drogas lícitas e ilícitas; outros se abrigam nas religiões. Devemos debitar esse comportamento à falta de perspectiva do povo e a um quadro de desesperança e desespero. Isso ocorre porque os partidos, ditos comunistas e socialistas, deixaram de cumprir o papel de apontar saídas para nossos dramas sociais.
            Para os interesses da burguesia imperialista, esse estado de orfandade política e ideológica, no sentido revolucionário, lhe é de bom grado. É com bons olhos que a burguesia, ciosa dos seus interesses, assiste ao crescimento vertiginoso do número de templos que são espalhados em todas as cidades e recantos, mundo afora.